“Concluir o MBA em uma das universidades mais seletas do mundo tem um significado especial para a nossa família.” Por meio de suas redes sociais, a jornalista da Globo Dulcineia Novaes celebrou a conquista histórica do filho, Fábio Vinícius Novaes Vieira, que concluiu o MBA na Universidade Duke, uma das instituições mais prestigiadas dos Estados Unidos.
Nascido em Londrina (PR), Fábio fez o ensino médio e a graduação em Curitiba. “Depois ele fez MBA na ESPM, trabalhou em uma multinacional em São Paulo e decidiu realizar o sonho de cursar um MBA nos Estados Unidos e construir uma carreira por aqui”, explicou Dulcineia.
Durante sua trajetória acadêmica na Duke, Fábio foi reconhecido como Fuqua Impact Scholar, presidiu o Duke FinTech Club e atuou como mentor para alunos prospectivos da Black Business Student Association, organização voltada à comunidade negra dentro da escola de negócios da universidade.
“Fabão, como os amigos e colegas de Duke o chamam, tem sido alvo de elogios por parte daqueles com os quais conviveu nesses dois anos. Pelo ser humano que é, pelo caráter, entrega, contribuição para a comunidade e senso de justiça. Para nós, pais, um imenso orgulho”, escreveu Dulcineia.
Além da formação acadêmica de destaque, Fábio foi selecionado para um dos programas de desenvolvimento de liderança mais concorridos do mundo: o Leadership Development Program da Amazon. Ele foi contratado pela empresa e, agora, será executivo da Amazon nos Estados Unidos. “Antes mesmo de concluir o MBA, participou de processos seletivos em empresas americanas e foi aprovado. Vai trabalhar na unidade da Amazon aqui”, celebrou a mãe.
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A adolescente de 15 anos, bolsista do 9º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, que foi encontrada desacordada no banheiro da escola no dia 29 de abril após sofrer bullying, assédio psicológico e injúria racial, recebeu alta médica e está em casa, mas se recusa a voltar às aulas por conta do trauma vivido na instituição. A informação foi confirmada pela mãe da estudante, Fernanda Mariano.
Apesar de a escola afirmar que ofereceu suporte psicológico e pedagógico, o tratamento atual da jovem — que inclui acompanhamento terapêutico voluntário — está sob responsabilidade da família. Segundo a mãe, a aluna ainda precisa de um psiquiatra, mas não há profissionais disponíveis de forma gratuita. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o caso foi registrado na Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi). As investigações foram concluídas e encaminhadas à Vara da Infância e Juventude, com os envolvidos identificados.
Fernanda Mariano relatou que a filha vinha sendo chamada de “lésbica preta” e “cigarro queimado” e que um vídeo íntimo da adolescente, gravado sem consentimento por um colega, foi ameaçado de ser divulgado. A mãe afirmou que antes do ocorrido chegou a enviar e-mails em dois momentos diferentes para a escola falando sobre os casos de bullying ou racismo, alegações que a escola negou existir. “Eles acabaram com a nossa família. Quis dar um futuro melhor e eles acabaram com o meu processo. É difícil superar o trauma. Porque ela não dorme”, revelou a mãe.
Em nota, o Mackenzie disse que prestou atendimento imediato para a adolescente quando a menina foi encontrada desacordada, ofereceu suporte médico e psicológico e que “qualquer manifestação de preconceito ou violência é tratada com máxima seriedade”. A instituição também afirmou que o acompanhamento segue sendo feito “com responsabilidade e discrição”.
Ações governamentais Questionado sobre políticas de combate ao racismo na educação, o Ministério da Igualdade Racial (MIR) citou iniciativas como o programa Afrotecas, intercâmbios acadêmicos com foco na diáspora africana e bolsas para pesquisadoras negras. Já a Secretaria de Educação de São Paulo afirmou que promove formações sobre diversidade e direitos humanos para docentes
Onde buscar ajuda O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional pelo telefone 188 ou via chat no site. Adolescentes entre 13 e 24 anos podem buscar o canal “Pode Falar”, parceria do CVV com o UNICEF.
Em entrevista ao podcast É Nóia Minha, apresentado por Camila Fremder, a cantora IZA comentou pela primeira vez sobre a reconciliação com Yuri Lima, pai de sua filha, Nala, de 6 meses. O casal havia anunciado o fim do relacionamento em outubro do ano passado, após a artista revelar, em um vídeo nas redes sociais, que o jogador a traiu. O casal reatou o relacionamento e tem sido vista publicamente ao lado de Yuri em eventos.
Na conversa, IZA refletiu sobre a exposição pública de sua vida pessoal, afirmando que no momento em que fez o vídeo sobre o término “precisava controlar a narrativa” e a pressão por justificativas. “Eu abri um portal. Eu abri uma porta para as pessoas saírem de todos os lugares possíveis. Para falar todo tipo de coisa”, disse ela ao lembrar o momento em que foi às redes sociais, em outubro do ano passado, para contar que seu relacionamento havia acabado e como foi cobrada a dizer algo quando as pessoas notaram que ela tinha reatado o relacionamento.
A cantora afirmou ter recebido apoio, mas também críticas e invasão em suas decisões. “As pessoas começaram a querer controlar a minha vida como uma novela, como se a minha decisão fosse impactar diretamente na vida delas”, comentou. Ela ainda destacou que, após o episódio, aprendeu a lidar melhor com frustrações e a ignorar opiniões alheias.
Sobre o término, IZA havia se manifestado em outubro de 2023, quando divulgou mensagens trocadas entre Yuri Lima e outra mulher. Na época, ela classificou a situação como “a maior baixaria” de sua vida. Agora, a artista optou por não detalhar a reconciliação, reforçando que não deve explicações sobre escolhas pessoais.
“Eu peguei um foda-se tão bonito e espiritual para mim assim que me elevou tanto e me deixou tão tranquilo”, disse, acrescentando que a experiência a libertou criativamente. “Eu posso fazer o que eu quiser. A vida continua apesar das pessoas concordarem ou discordarem de você.”
Por Luciano Ramos, Consultor Masculinidades & Paternidades, Autor infantil “Quinzinho”
Em tempos de superficialidade e discursos prontos, há figuras que escapam do óbvio. Paulo Vieira é uma delas. Mais que comediante ou apresentador, ele é um verdadeiro showman — um artista completo que domina o tempo do humor como poucos, mas que também carrega, em cada gesto e palavra, uma profunda consciência racial, social e afetiva.
Assistir a Paulo Vieira é mergulhar em várias camadas da experiência negra brasileira. Seu humor não é escapismo. É denúncia, é afeto, é inteligência. É um riso que muitas vezes nasce da dor — mas que não se encerra nela. Paulo tem o tempo perfeito da piada, mas, ao mesmo tempo, tem a alma no tempo histórico do povo negro neste país. Ele sabe de onde veio, e sabe o peso e a beleza de ser um homem negro que ocupa o centro do palco.
Em suas falas públicas, como no recente episódio do podcast Mano a Mano com Mano Brown, Paulo deixa claro que sua masculinidade é construída com consciência e vulnerabilidade. Ele recusa a armadura da força bruta e fala das dores que carrega, das pressões que sofreu, da solidão e da sensibilidade. Sua trajetória evidencia que ser um homem negro é resistir a estereótipos impostos, mas também afirmar uma nova forma de existir: mais inteira, mais livre, mais potente.
Outro traço marcante de Paulo é sua paixão pelo Brasil. Mas não um Brasil folclórico e raso — ele ama o Brasil profundo, que descobriu nas viagens que fez pelas beiras, pelos interiores, pelos corpos e sotaques invisibilizados. Paulo narra o país real, sem purpurina, mas cheio de graça, afeto e memória. Sua arte é um espelho invertido: mostra quem somos e quem ainda podemos ser.
E há ainda um elo que Paulo faz questão de resgatar: sua relação com o continente africano. Ao invés de transformar a África num símbolo genérico de ancestralidade, ele a reconhece como presença viva, como horizonte, como força que funda sua identidade. Não se trata de uma África romântica, mas de uma África concreta, sentida, visitada, vivida — que pulsa em sua espiritualidade, no modo como pisa o chão, no respeito que tem por quem veio antes.
A religiosidade de Paulo também é um capítulo à parte. Ele fala da fé como retorno, como reencontro com raízes, como reencontro com sua avó e com a sabedoria popular que o formou. Em tempos de intolerância e mercantilização da fé, Paulo a recoloca no lugar de potência ancestral e cuidado.
Paulo Vieira é um corpo político em movimento. Um homem negro que ocupa com dignidade e talento o centro da cena — e que, ao fazer isso, abre espaço para tantos outros. Ele é riso, mas também crítica. É leveza, mas também firmeza. É Brasil — do jeito que ele é, do jeito que a gente precisa enxergar.
O primeiro longa-metragem da diretora pernambucana Milena Times, Ainda Não É Amanhã, ganha trailer exclusivo antes de sua estreia nos cinemas em 5 de junho. O filme, que já percorreu uma trajetória de sucesso em festivais, teve sua estreia internacional no Festival de Mar del Plata e a nacional no Festival do Rio, onde Mayara Santos levou o prêmio de Melhor Atriz na Premiere Brasil Novos Rumos (2024). Na Competitiva Nacional do 20º Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador, a obra conquistou ainda Melhor Direção para Milena Times e Melhor Atuação para Santos.
Ainda Não É Amanhã acompanha Janaína (Mayara Santos), uma jovem negra de 18 anos criada pela mãe (Clau Barros) e pela avó (Cláudia Conceição) em um conjunto habitacional da periferia do Recife. Bolsista em uma faculdade de Direito, ela tem a chance de ser a primeira da família a obter um diploma superior, mas uma gravidez inesperada a leva a repensar seus planos e enfrentar os dilemas de uma sociedade que criminaliza o aborto.
Com um olhar íntimo, o filme aborda os conflitos de uma gravidez indesejada em um contexto de desigualdade e conservadorismo. “As restrições sociais e legais só contribuem para que o aborto seja uma prática insegura e desassistida, especialmente para quem tem menos instrução e poder aquisitivo”, afirma Milena Times.
O roteiro, desenvolvido desde 2016, passou por laboratórios como BrLab e Cabíria Lab e foi influenciado pelas mudanças políticas no Brasil. “Ao invés de avançar na discussão, vemos direitos já previstos por lei serem sistematicamente ameaçados”, diz a diretora. Produzido por Dora Amorim, Júlia Machado e Thaís Vidal, o longa é uma coprodução da Espreita Filmes, Ponte Produtoras e Ventana Filmes, com distribuição da Embaúba Filmes.
O elenco ainda conta com Bárbara Vitória (vencedora do Fest Aruanda como Melhor Atriz Coadjuvante) e Mário Victor, com direção de arte de Lia Letícia e fotografia de Linga Acácio. O som, assinado por Martha Suzana e Nicolau Domingues, reforça a atmosfera sensorial do conflito vivido pela protagonista.
O cineasta brasileiro Luís Lomenha, diretor da série ‘Os Quatro da Candelária’, participa nesta sexta-feira (16) do AfroCannes, evento que promove discussões sobre narrativas africanas e da diáspora durante o Festival de Cannes.
Lomenha, que começou sua carreira como ator no aclamado Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, será o convidado especial do painel AfroCannes Presents: In Conversation with Ernest White II. A conversa abordará temas como identidade, cultura global e o poder da narrativa em comunidades marginalizadas.
O AfroCannes, realizado desde 2022 pela Fundação Yanibes, sem fins lucrativos, tem como tema em 2025 “o poder transformador do afrofuturismo”, com foco em inovação, identidade e produção cultural negra. Além de Lomenha, a programação inclui debates com nomes como, Aaron Rashaan Thomas e Frédéric Chau, além de painéis sobre a indústria cinematográfica nigeriana e conexões entre África e Ásia.
“Além do brilho e do glamour do Festival de Cannes, o AfroCannes destaca a importância da representação — não se trata apenas de quem está no palco, mas de quem está na sala”, disseram os organizadores. O evento, gratuito mediante inscrição, ocorre até o dia 19 na Villa des Ministres, em Cannes, e reúne profissionais do cinema, como produtores, diretores e financiadores.
Serviço AfroCannes Presents: In Conversation with Ernest White II Com Luís Lomenha Quando: 16/05, às 9h05 (horário local) Onde: Villa des Ministres, Cannes Inscrições: www.afrocannes.com
O cantor Chris Brown foi preso na madrugada desta quinta-feira (15) em um hotel de luxo em Manchester, na Inglaterra, sob suspeita de agredir um produtor musical com uma garrafa em uma boate londrina em fevereiro de 2023. A informação foi divulgada pelo tabloide britânico The Sun.
Brown, conhecido por hits como “Run It!” e “Loyal”, foi detido por volta das 2h do lado de fora do Lowry Hotel, um estabelecimento cinco estrelas. A prisão está relacionada a um incidente ocorrido em fevereiro de 2023 na casa noturna Tape, localizada no exclusivo bairro de Mayfair, em Londres.
De acordo com o The Sun, o artista foi acusado de causar lesão corporal grave ao produtor Abe Diaw, que alega ter sido atacado sem provocação. Diaw afirmou ao veículo que Brown “bateu em sua cabeça duas ou três vezes com uma garrafa”, além de tê-lo socado e chutado. “Meu joelho também cedeu”, disse o produtor, que precisou ser hospitalizado após o ocorrido.
Em nota à imprensa, a polícia de Manchester confirmou a prisão: “Um homem de 36 anos foi detido sob suspeita de lesão corporal grave. Ele permanece sob custódia, e a investigação, relacionada a um incidente em Hanover Square em 19 de fevereiro de 2023, segue em andamento.”
Processo por agressão
Em outubro de 2023, Diaw moveu uma ação judicial contra Brown, alegando que o cantor o agrediu com uma garrafa de tequila Don Julio 1942, causando “ferimentos graves e duradouros”. O produtor também afirmou que Brown o pisoteou e chutou sua nuca, deixando-o inconsciente por cerca de 30 segundos.
Este é o mais recente de uma série de episódios violentos envolvendo o astro do R&B. Em 2009, Brown foi condenado por agredir sua então namorada, a cantora Rihanna, após fotos dela brutalmente machucada vazarem na internet. Na época, ele se declarou culpado e cumpriu pena em liberdade condicional.
Desde então, o cantor acumula processos e acusações de violência, incluindo brigas em clubes e alegações de agressão por ex-funcionários. Seu advogado não se pronunciou sobre o caso.
As buscas arqueológicas iniciadas nesta quarta-feira (14) no estacionamento da Santa Casa Bahia, em Salvador, podem revelar o maior cemitério de escravizados da América Latina. Estima-se que até 150 mil corpos de pessoas escravizadas, pobres, suicidas e outros marginalizados tenham sido enterrados no local entre os séculos 18 e 19.
De acordo com a pesquisadora Silvana Oliveiri, responsável pela identificação do cemitério no terreno da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, estudos preliminares indicam a possibilidade de 80 mil a 150 mil corpos no local. A equipe arqueológica pretende encontrar pelo menos parte das ossadas nos próximos dez dias. A arqueóloga Jeanne Almeida, integrante do projeto, afirmou ao jornal Correio da Bahia que o cemitério pode ser o maior da América Latina e o mais antigo do Brasil, datando do século 18. “Já escolhemos locais pontuais com maior potencial arqueológico para as intervenções. Vamos trabalhar até localizar os indivíduos que buscamos”, disse.
Se confirmada a existência do cemitério, outras áreas de Salvador poderão ser investigadas, como o Largo do Campo da Pólvora, onde escravizados muçulmanos foram assassinados durante a Revolta dos Malês (1835). A Conen (Coordenação Nacional de Entidades Negras) já pede a renomeação da estação de metrô local para “Estação Campo da Pólvora Malês”.
Na manhã de quarta, líderes religiosos, pesquisadores e autoridades participaram de um ato inter-religioso no local. A promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz (MP-BA) destacou a importância simbólica da iniciativa: “Não temos notícia de nenhum achado como esse que tenha incluído um ato religioso para pedir licença e agô [permissão espiritual]. Essa é uma forma de resgatar nossa história. Hoje, 14 de maio, é considerado o dia que nunca acabou pelos movimentos negros, porque não houve libertação efetiva em termos de dignidade. Nossa libertação está por vir.”
Samuel Vida, professor de Direito da UFBA, ressaltou a dimensão espiritual da descoberta: “Essas pessoas foram enterradas sem ritos funerários ou dignidade. Entendemos que também nesse plano cabem reparações.”
As escavações ocorrerão de segunda a sábado, das 7h às 16h, com expectativa de resultados preliminares em até dez dias.
Junto com as pesquisadoras Carla Akotirene e Tainara Ferreira, o pioneiro na discussão antirracista e impacto pós-Abolição no país aponta riscos de apagamento histórico e denuncia retrocesso no combate ao racismo sistêmico.Na última terça-feira (13) foi relembrado os 137 anos da Abolição da Escravidão, não como um momento de celebrações, mas sim de lutas ainda abertas e não resolvidas para o povo negro na sociedade brasileira. A questão da invisibilidade e marginalização deste público é um dos pontos principais que movimentam o ativismo em prol de uma solução conjunta e célere, que busca respostas desde a Lei Áurea.
Pautando a agenda de discussões acerca do assunto, três intelectuais do movimento negro de variadas gerações se uniram para refletir sobre avanços e retrocessos neste dia.
O professor doutor em administração Hélio Santos, pioneiro a trabalhar impacto social no pós-Abolição; a pesquisadora e doutora Carla Akotirene, especialista em interseccionalidade e direitos humanos; e a pesquisadora e pós-graduanda em Teologia e Cosmologia Africana, Tainara Ferreira, consultora de gênero e raça ressaltaram o atual cenário reacionário que busca desarticular as ações afirmativas que até então foram conquistadas.
A questão do pardo na luta
Uma delas, recentemente repercutida, é a separação ou exclusão dos pardos da chamada comunidade negra. Para os três, isso é um completo erro que vai de encontro com todo o histórico de enfrentamento alcançado até aqui, já que desde os primórdios pretos e pardos são considerados um único grupo, vítimas dos mesmos crimes cometidos pela elite.
“Desde o primeiro Censo, em 1872, eles aparecem juntos, ou seja, 16 anos antes da Abolição. A mistura é nossa base, fruto do estupro que ocorreu com nossas mulheres pretas escravizadas e indígenas por séculos. Quem quer tirar isso são os jovens, desinformados por essas novas ondas, e isso me deixa muito bravo. Isso é desconhecer a nossa própria história”, exclamou Hélio.
Seguindo a mesma linha, Akotirene relembra que este plano de dissociação prejudicará fortemente ambos, já que os avanços alcançados até aqui abarcam negros (grupo que une pretos e pardos no país).
“Ao longo das últimas décadas, construímos políticas públicas de igualdade racial, contemplando-se os dois, de maioria negra/indígena. O que vemos é um projeto de apagamento, não há outro nome a dar para isso, pois aqueles que antes tentaram desestimular nossa luta agora conseguem sob outra forma, a de divisão”, completou Carla Akotirene.
Por fim, Tainara alertou sobre movimentos nas redes sociais que estimulam o ódio, onde de um lado é visto pautas ditas ‘mestiças’ que repudiam e esnobam do movimento negro, e por outro, manifestações que apoiam essa divisão, alegando que pardos nunca fizeram parte desta luta, o que é um completo retrocesso.
“Nessa data simbólica e não comemorativa é importante lembrar, mais do que nunca, que a justiça social e racial vem através do combate unificado. Pretos e pardos sempre estiveram do mesmo lado e ver esse racha me entristece muito. É preciso mais letramento, mais consciência e conhecimento de causa, porque há muitos oportunistas que agora pregam que somos rivais. É isso que os causadores de nossas dores sempre quiseram e, infelizmente, estão conseguindo”, lamentou a consultora.
Com menos de um ano de existência, a marca brasileira ÁBLIOR vive um momento importante ao ter uma de suas peças usadas por Maju Coutinho na última edição do programa Fantástico. A apresentadora vestiu um conjunto exclusivo feito sob medida. “Quando comecei a idealizar as peças e o que seria a marca, a Maju Coutinho foi a nossa principal inspiração. Ela foi o primeiro rostinho a entrar na aba ‘persona’. Quase um ano depois, vestimos ela”, contou Bruno Gomes, sócio-fundador da marca.
Bruno é conhecido por seu trabalho como creator no mercado de moda e luxo e participa da direção criativa da ÁBLIOR desde a fundação. A marca surgiu com o objetivo de produzir roupas duráveis, confortáveis e elegantes, com foco no conceito de slow fashion e na liberdade de gênero. As peças seguem uma modelagem oversize que favorece a diversidade de corpos e situações de uso. “A ÁBLIOR fala muito sobre uma elegância nada óbvia e sem rótulos de gênero. Uma sofisticação sem ser careta, um clássico com o pé firme no futuro”, afirma.
O modelo em questão foi visto por Maju em um story publicado por Bruno. Após o contato feito pela stylist da apresentadora, a equipe do ateliê da ÁBLIOR paralisou momentaneamente outras demandas para adaptar a peça e ajustá-la ao corpo de Maju. O conjunto, confeccionado na cor baby blue, tonalidade que integrou a primeira identidade visual da marca, foi produzido exclusivamente para ela. “Essa cor fala muito da identidade da marca, fala sobre uma elegância sem esforço, uma elegância despojada e com muito conforto”, afirma Bruno.
As peças da marca são confeccionadas manualmente por artesãs, com foco em acabamento e versatilidade. Bruno destaca a importância do conforto como um valor estético. “Nada mais chique e elegante do que uma pessoa visivelmente confortável no que está vestindo.” Para ele, a modelagem ampla das camisas não é apenas uma escolha de estilo, mas também um posicionamento que amplia o acesso e o pertencimento.
A ÁBLIOR continua em processo de consolidação, mantendo sua proposta de criar roupas atemporais, sem gênero e com atenção ao detalhe. O uso das peças por Maju é, segundo Bruno, um marco simbólico para o que a marca pretende construir.
“Foi muito significativo para a gente. A Maju é uma mega inspiração para todos nós.”