O Instituto C&A anunciou a abertura das inscrições para o IC&A Black FashionLab, uma imersão técnica inovadora voltada para empreendedores de moda autoral negros e indígenas. Com inscrições abertas a partir do dia 8 de abril, a iniciativa oferece uma oportunidade única, com trilha de conhecimento conduzida por especialistas em moda e consultoria contratada, conduzindo e preparando os empreendedores para um pitch de investimento. O projeto também oferece visibilidade de marca para todos os participantes selecionados.
Com inscrições abertas até o dia 18 de abril, o projeto, criado com o intuito de promover a diversidade étnico-racial no cenário da moda, vai selecionar 10 empreendedores de moda autoral negros ou indígenas que possuam CNPJ ativo há pelo menos um ano. Eles terão a chance de aperfeiçoar seus conhecimentos em áreas como aprimoramento e sortimento de produto, além de estratégias de comunicação, em uma imersão programada para acontecer nos dias 15, 16 e 17 de maio no Escritório Central da C&A Brasil, localizado em Alphaville, Barueri, região da Grande São Paulo.
Durante a imersão, os empreendedores poderão desenvolver um projeto para o pitch de investimento. Uma banca avaliadora composta por especialistas do setor será responsável por selecionar a melhor proposta, a qual receberá R$ 10 mil como investimento para a marca.
O Instituto C&A também se responsabilizará pela passagem, alimentação e hospedagem de um representante de cada marca selecionada durante os dias da imersão técnica, ainda que sejam de fora da Grande São Paulo, garantindo acesso para empreendedores de todo Brasil.
Os interessados em participar do IC&A Black FashionLab podem realizar suas inscrições através do link oficial disponibilizado pelo Instituto C&A (CLIQUE AQUI).
A partir de 25 de abril até 1º de dezembro deste ano, o Sesc Pinheiros, localizado na Zona Oeste de São Paulo, será palco da exposição “Um Defeito de Cor”. Inspirada no livro homônimo da autora mineira Ana Maria Gonçalves, lançado em 2006, a exposição promete uma imersão profunda nos contextos sociais, culturais, econômicos e políticos do Brasil Império (1822-1889), bem como suas reverberações contemporâneas.
A curadoria, liderada pela própria autora em conjunto com Marcelo Campos e Amanda Bonan, busca através de 372 peças, entre arte têxtil, fotografias, instalações, cartazes, pinturas e esculturas, traçar uma narrativa complexa que confronta lacunas e apagamentos históricos, especialmente relacionados à população negra. O livro “Um Defeito de Cor” é reconhecido como um dos mais importantes clássicos da literatura feminista negra e nacional, tendo sido premiado pela Casa de las Américas.
Após passagens pelo MAR (Museu de Arte do Rio), no Rio de Janeiro, e pelo Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, a exposição chega à capital paulista com algumas novidades. Entre elas estão os figurinos e croquis das fantasias do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, assinados pelo artista e carnavalesco Antônio Gonzaga, que se inspirou na obra de Ana Maria Gonçalves para desenvolver o samba-enredo do Carnaval 2024.
Além disso, obras inéditas serão exibidas, como o “Retrato de Ana Maria”, quadro de Panmela Castro; “Bori – filha de Oxum”, do artista e babalorixá Moisés Patrício, e “romaria”, mural que será pintado por Emerson Rocha na entrada do Sesc Pinheiros. A exposição também contará com uma programação integrada de ações educativas ao longo do período expositivo.
Obra ‘Romaria’ do artista Emerson Rocha / Foto: Reprodução
Dividida em dez núcleos não-lineares, que se espelham nos dez capítulos do livro, a exposição busca transmitir uma visão multifacetada do Brasil, destacando momentos históricos e recortes sociais por meio de uma produção intelectual e visual presente na arte contemporânea. Temas como levantes negros, empreendedorismo, protagonismo feminino, culto aos ancestrais e a África Contemporânea serão abordados, reexaminando os caminhos da população afro-brasileira desde os tempos da escravidão até os dias atuais.
Ana Maria Gonçalves, que faz sua estreia na curadoria da mostra ao lado de Amanda Bonan e Marcelo Campos, destaca a importância desse retorno ao universo de “Um Defeito de Cor”, afirmando que é uma experiência que mistura tanto o retorno no tempo quanto no espaço, reconhecendo o papel coletivo na construção de narrativas históricas.
A exposição “Um Defeito de Cor” estará aberta ao público no Espaço Expositivo do Sesc Pinheiros, localizado na Rua Paes Leme, 195. A visitação ocorrerá de terça a sábado, das 10h30 às 21h, e aos domingos e feriados, das 10h30 às 18h. A entrada é gratuita e haverá estacionamento disponível no local. Grupos interessados em agendar visitas podem entrar em contato através do e-mail: agendamento.pinheiros@sescsp.org.br.
O impacto do racismo, especialmente na progressão profissional das mulheres negras, que enfrentam múltiplas barreiras estruturais no Brasil, perpassa o desafio de conquistar uma posição de liderança. Embora a ascensão de lideranças negras, particularmente mulheres, a posições de destaque nos últimos anos seja um sinal positivo de mudança, o racismo sistêmico ainda cria barreiras significativas que limitam seu crescimento profissional. Este fenômeno, pode ser referido como o “teto de vidro racial”, uma metáfora que descreve como o racismo impõe limitações invisíveis, mas profundamente enraizadas, ao avanço profissional.
Mulheres negras frequentemente enfrentam uma interseção de discriminações baseadas em raça e gênero, o que complica ainda mais sua trajetória profissional. Essas barreiras não são apenas um obstáculo para a entrada em campos de trabalho bem remunerados e de alto status, mas também limitam as oportunidades de avanço uma vez dentro dessas carreiras. O racismo institucional se manifesta de várias maneiras, das clássicas atitudes que incluem preconceitos de contratação e disparidades salariais, até às micro agressões cotidianas, silenciamento e desvalorização de competências para aquelas poucas que alcançam a tão desejada posição de liderança.
Apesar da falta de representação, algumas mulheres negras têm quebrado barreiras significativas no Brasil. No entanto, os números gerais ainda refletem disparidades significativas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres negras compõem uma parcela substancial da força de trabalho brasileira, mas estão majoritariamente em posições de menor remuneração e menor status. Em cargos executivos e posições de liderança, a presença de mulheres negras é ainda mais escassa.
Um relatório de 2020 da Ethos, organização focada na promoção da diversidade nas empresas brasileiras, mostra que apenas uma pequena fração dos cargos de liderança é ocupada por mulheres negras. Em grandes empresas, a porcentagem de mulheres negras em posições de liderança é mínima, refletindo não apenas o racismo e sexismo institucional, mas também a falta de políticas eficazes para promover a diversidade e inclusão no ambiente corporativo.
Mas o que tem depois do “teto de vidro”? O que a branquitude teme ao dar acesso e oportunidades para uma parcela da sociedade (56%) tão fundamental para a sustentabilidade corporativa e social? Segundo a psicóloga, ativista e escritora, Cida Bento, no Livro Pacto da Branquitude, “Há um lugar da branquitude que é colocar todos que não são brancos em uma condição de inferioridade. Isso é um pacto. O branco tem muito medo de ser minoria e em alguma parte dele sabe que aquilo que ele tem como privilégio foi expropriado dos negros. Durante quase 400 anos de escravidão, entre pouco mais de 500 anos de Brasil, quem trabalhou no país foram os negros. Esse lugar do branco aciona o medo. Os negros são credores que incomodam”.
Para superar o “teto de vidro racial”, é crucial a implementação de políticas de igualdade racial e de gênero que não apenas abordem a contratação e promoção, mas também criem um ambiente de trabalho inclusivo e de suporte. Existem dezenas de listas de boas práticas corporativas facilmente encontradas nos sites de busca, e nenhuma delas fará sentido sem a intencionalidade e o compromisso de quem toma as decisões. Para que uma organização se torne verdadeiramente inclusiva, o primeiro passo é a intencionalidade. Lideranças comprometidas com os valores sociais e a intenção de uma política interna sustentável. O Pacto Global tem um programa de direcionamento chamado Liderança com ImPacto, voltado para líderes comprometidos com os valores sociais, consequentemente raciais, a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). E para focar nas questões raciais, tem o Pacto de Promoção da Equidade Racial, uma iniciativa que propõe implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro e atraindo a atenção de grandes empresas nacionais e multinacionais da sociedade civil para o tema. Ferramentas de transformação não faltam.
O caminho para desmantelar o “teto de vidro racial” que limita as mulheres negras no Brasil é desafiador, mas não intransponível. Às empresas: aumentar a representação de mulheres negras em posições de liderança não é apenas uma questão de justiça social; é também uma estratégia que enriquece o ambiente de trabalho, trazendo diversas perspectivas e experiências que podem impulsionar a inovação e o sucesso organizacional. Às mulheres negras: não aceitem trabalhar apenas nos bastidores. Busquem a luz, a visibilidade e o reconhecimento que lhes pertencem. Não se diminuam para caber em lugares que não a valorizem.
O Ministério Público Federal (MPF) lançou um parecer ao Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) solicitando justiça para João Cândido Felisberto, conhecido como o Almirante Negro e figura central na Revolta da Chibata, ocorrida em 1910. O parecer pede que a Marinha organize um acervo sobre Cândido para que a sociedade tenha acesso à história do ‘Almirante Negro’ e pede ao governo federal que estabeleça políticas de reparação a ele e seus descendentes.
No documento, emitido no dia 19 de março, o MPF afirmou que João Cândido é vítima de uma “perseguição sem fim”, destacando a importância de corrigir essa injustiça histórica. O documento integra um inquérito civil em curso, visando estabelecer medidas que não apenas reparem as violações sofridas pelo líder militar, mas também revalorizem sua memória, que tem sido subestimada há décadas.
A proposta do MPF solicita a criação de museus dedicados à história de João Cândido e da Revolta da Chibata, bem como a classificação de Cândido como anistiado político. Esta última medida concederia a ele direitos que lhe foram negados quando foi expulso da Marinha em 1912. Isso inclui promoções retroativas que teriam sido concedidas caso não tivesse sido expulso da Marinha e uma pensão para seus descendentes, como seu filho Adalberto Nascimento Cândido, que atualmente tem 85 anos.
Em pronta resposta, a Comissão de Anistia do MDHC anunciou no dia 25 de março que o procedimento foi instaurado, mas não estabeleceu um prazo para a análise do requerimento. O documento também foi encaminhado pelo MPF à Coordenação de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas do MDHC, para conhecimento e providências, e para a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, com o pedido de apreciação do Projeto de Lei 4046/2021 (originalmente PLS 340/2018), que prevê a inscrição de João Cândido no panteão dos heróis e heroínas da pátria.
“A manifestação da coordenadora-geral de Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas, Fernanda Thomaz, elenca uma série de episódios que, ocorridos após 1946, indicam não apenas a omissão prolongada do Estado brasileiro em anistiar o almirante negro, mas também uma atuação proativa em vigiar, perseguir e controlar a vida e o legado de João Cândido”, destacou o procurador Julio José Araujo Junior, que assina o documento, de acordo com matéria publicada pelo órgão.
No entanto, a resistência persistente da Marinha tem sido um obstáculo nesse processo. Membros da instituição já se manifestaram contra homenagens a Cândido, argumentando que sua liderança na Revolta da Chibata representou uma quebra de hierarquia e colocou o Rio de Janeiro em risco. Documentos mostram que não havia disposição da ditadura civil-militar em parar com o silenciamento sobre a história da Revolta da Chibata mesmo depois da morte de João Cândido. De acordo com o biógrafo de Cândido, Álvaro Nascimento, a canção “Mestre-Sala dos Mares”, escrita por Aldir Blanc e João Bosco, foi vetada pelo regime militar com a justificativa de que possuía “conteúdo esdrúxulo”, “mensagem negativa”, por abordar a “chibata na Marinha”, “prostituição no cais” e “lutas inglórias”, “do trabalhador do cais e sua negritude sofrida”.
Revolta da Chibata
Em 1910, diante das injustiças e castigos cruéis impostos aos marinheiros, João Cândido e seus colegas optaram por resistir, buscando melhores condições de trabalho e o fim dos castigos corporais.
No entanto, a traição do governo veio logo após a conquista de suas demandas. Em vez de reconhecer sua luta como uma defesa legítima pelos direitos humanos, os revoltosos foram expulsos e perseguidos. O racismo e a perseguição política persistiram por décadas, evidenciados por episódios de censura, violência e intimidação contra aqueles que tentaram manter viva a memória da revolta.
O MPF enfatiza que a história de João Cândido e seus companheiros é uma lição sobre agência negra, solidariedade entre trabalhadores e os valores fundamentais da cidadania e dos direitos humanos. A luta deles deve servir como inspiração para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
O juiz Michael Gaffey recusou o pedido da defesa do ator Jonathan Majors de anular as condenações por agressão e assédio, mantendo o veredicto proferido pelo júri no dia 18 de dezembro passado. Como a decisão do juiz, Majors enfrentará a sentença conforme programado para a próxima segunda-feira, 8 de abril.
O ator de “Creed III”, pode enfrentar até um ano de prisão, conforme indicado pelas autoridades. A defesa de Majors, liderada pela advogada Priya Chaudhry, não emitiu comentários sobre a recente decisão. Enquanto isso, o escritório do promotor do distrito de Manhattan optou por não fornecer declarações à imprensa.
Na decisão, o juiz Gaffey rebateu cada ponto da objeção da defesa. Ele afirmou que a acusação de agressão imprudente foi corretamente submetida ao júri como uma alternativa à acusação de agressão intencional. Além disso, o juiz considerou que as evidências apresentadas no julgamento foram suficientes para estabelecer a culpa de Majors pelo assédio.
A controvérsia em torno do caso de Majors se intensificou após sua ex-namorada, Grace Jabbari, entrar com uma ação por difamação contra ele. Apesar das alegações e dos desenvolvimentos subsequentes, incluindo acusações adicionais por parte de outras mulheres, Majors manteve sua posição de inocência.
A carreira de Majors tem sido afetada profundamente pelos acontecimentos recentes. Ele foi dispensado por suas empresas de gerenciamento e RP logo após o incidente com Jabbari, e perdeu papéis importantes, incluindo sua participação no Universo Cinematográfico da Marvel, interpretando o supervião ‘Kang’. No entanto, o ator continha sendo agenciado pela WME.
Antes de qualquer coisa: se você não assistiu, assista antes de seguir a leitura deste texto, principalmente se você é atuante, participante ou líder de qualquer grupo de diversidade racial em sua empresa. Minha análise não é gerada a partir de um ponto de vista acadêmico e sim construída a partir de um ponto de vista de vivências, de quem está desde 1997 falando e vivendo o tema racial no mundo corporativo. Da vivência de quem ajudou a criar grupos de inclusão racial em empresas e fora delas, com um único objetivo: ascensão da população preta através da educação e oportunidades legítimas e igualitárias nas empresas.
Muitos dos nossos, que hoje ganham reconhecimentos públicos, decorrentes de atuação no combate antirracista no mundo dos CNPJs e querem (ou alegam o desejo de) tornar as empresas mais inclusivas para a população preta, estavam na zona do silêncio-conveniente, até o momento em que “George Floyd” ou “ESG” viram motivadores para posicionamento.
Por estas razões, o filme Ficção Americana, do diretor Cord Jefferson, adaptação do livro “Erasure”, de Percival Everett, é uma obra prima que desafia as expectativas e explora questões profundas sobre identidade racial e o movimento negro no mundo literário, mas cabe muito bem para qualquer segmento de mercado. Este filme se torna um marco que vai muito além de uma série de indicações ao Oscar: ele se torna obrigatório, ao lado do filme Uma Noite em Miami, da Regina King, para todas pessoas pretas que querem entender porque o movimento preto corporativo se perdeu.
O filme segue a história de Thelonious “Monk” Ellison, um escritor negro que luta para encontrar sucesso em um mundo literário dominado por pessoas não negras, demonstrando através do seu trabalho suas competências técnicas que são inquestionáveis, mas não são um sucesso devido à ausência do “pack rotulável de estereótipo para pessoas pretas”: histórias tristes com plot twist de superação. Monk, desiludido com as expectativas que lhe foram colocadas, decide escrever um livro satírico através de um pseudônimo, retratando estereótipos raciais e sociais de forma exagerada como uma forma de protesto e reflexão.
O livro vira um sucesso para o desespero do personagem. Neste momento do auge, dinheiro, fama, poder, convites vips e popularidade que começam a surgir para o pseudônimo do Monk, a dualidade da causa racial aparece em uma questão que o principal desafeto de Monk apresenta em uma única frase: É ruim atender ao gosto (imaginário) das pessoas (não negras)?
Este “desafeto”, representado pela personagem Sintara Golden, é a justamente a miopia que vemos nas subcelebridades pretas do mundo corporativo, que usam a causa racial baseadas no pensamento de que mal há em “ganhar” alguma coisa dando a “eles” o que “eles” querem de nós? As complexidades do racismo sistêmico e da luta por reconhecimento e validação dentro da comunidade preta e na sociedade em geral nos levaram a este patamar.
E o que é certo e errado neste sentido? Até que ponto ser o “Monk” pode ser ruim para o discurso antirracista nas empresas? Até que ponto ser a “Sintara” pode ser ruim para o discurso antirracista nas empresas? Não sei. E quem souber, tem a resposta de milhões em mãos. A parte triste é que todos nós em algum momento já fomos a um dos dois e, portanto, não podemos julgar aqui que ponto de vista é o certo ou o errado, mas podemos falar que, ao menos no Brasil, temos muito mais ‘Sintaras’ do que Monks e isso está no levando para um lugar perigoso de regressão e não evolução.
A regressão é decorrente da ausência de equilíbrio em questões pessoais x causas coletivas e, nos tornando um bando de Sintaras, permitimos que novamente as pessoas não negras nos coloquem nos rótulos atualizados que elas desejam nos ver. A adaptação do racismo em tempos de mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) é transparente e óbvia para quem já entendeu que o individual sobrepôs o coletivo a partir de 2020. É fato que conseguimos hackear o sistema. Também é fato que o antivírus do sistema é mais eficiente e inteligente do que a zona de conforto estruturada mais em fatos isolados do que fatos concretos criados a partir do imaginário de quem se coloca no lugar de porta-voz de Wakanda.
As Sintaras do mundo corporativo deram o ok para isso acontecer. Os novos rótulos que nos deram e nós aceitamos estão aí, no modus operandi claro de vários dos nossos que perderam o foco em discussões reais para nossa evolução racial nas empresas e não aceitamos mais ouvir verdades incômodas para retorno a causa coletiva e estamos confortáveis com mentiras sinceras que me interessam (individual) e que eles podem nos contar, seja esta mentira um prêmio, uma capa de revista ou uma participação internacional especial em algum evento “topzera” que teremos que produzir conteúdo e compartilhamos em futuros “downloads de conhecimento” com zero pessoas pretas tendo acesso a este conteúdo.
Ser “Monk” é entender que a causa nunca foi sobre likes, ostentação ou sobre julgar o verbo em primeira pessoa e sim sobre mostrar a potência da população preta e como a sociedade de modo geral só perde quando não conseguem aceitar este ponto. E por isso precisamos voltar a ter o equilíbrio, recalcular a rota e voltar a termos mais “Monks” urgentemente na liderança das nossas causas para alcançar o equilíbrio de quem sabe minimizarmos os impactos do antivírus que estão ativos e bugarmos o sistema de verdade, por coletivo e por o que nós queremos e não o que eles podem nos conceder.
O filme traz questões pessoais, familiares e de interseccionalidade muito válidas para reflexão dos Monks e das Sintaras e vale cada minuto. Mas especificamente para o mundo dos cnpjs, o filme traz um “acorda geral” e que também casa com a música do MV Bill Rapstência: Botar em prática a vocação, pra quem tá, entender como que foi construído. Transição com atualização pra deixar nosso verso um pouco mais evoluído. F* as visualizações, a meta continua adentrar nos corações. Rapstência, tem potência, somos cria, só família, com vivência.
Nesta semana, o site Mundo Negro atingiu a marca de 30 mil seguidores no LinkedIn, o que levou a página de um dos portais de imprensa negra pioneiros no Brasil, a atingir a marca de maior perfil de mídia negra na rede profissional. Os números, nesse caso, representam uma grande conquista para a imprensa se considerarmos a grande quantidade de veículos brancos que possuem uma vertical voltada para a editoria de “Carreira & negócios”, e que poucas vezes falam sobre os empreendimentos e profissionais de destaque que existem na comunidade negra.
“Acho que nosso engajamento no LinkedIn só comprova o que nós negros já sabíamos: a gente quer oportunidades, para trabalhar, para aprender e também para ensinar”. A CEO e Head de Conteúdo do Mundo Negro, Silvia Nascimento, celebra os 30 mil seguidores que o site Mundo Negro conquistou no LinkedIn.
Para ela, além do crescimento do perfil, o número de assinantes da newsletter “Mundo Negro Insights”, lançada em setembro de 2023, também foi uma boa surpresa. “O crescimento da newsletter foi muito rápido. Conseguimos 10 mil assinantes em pouco mais de dois meses, o que para um perfil de mídia negra, em uma plataforma ainda muito masculina e branca, é para gente uma grande conquista e um estímulo para produzir novos conteúdos”, afirmou a CEO.
Time de colunistas têm Top Voices e executivas influentes
Além das notícias feitas pelos jornalistas do portal, o Mundo Negro conta com uma equipe de colunistas de carreira e negócios de grande influência no LinkedIn e em suas áreas de atuação no segmento corporativo, sendo alguns deles Top Voice na plataforma como a Diretora Executiva da Fundação 1bi, Kelly Baptista, e a Especialista em Neurociência do Comportamento, Camilla Mamede. Outros nomes que compõem a lista de colunistas é o da Presidente do Conselho Administrativo no Pacto Global da ONU no Brasil, Rachel Maia, a executiva, Viviane Elias Moreira, a Conselheira consultiva, Sauanne Bispo, fundadora do Instituto Afroella, Priscilla Arantes, a Psicóloga Clínica Especialista em Diversidade, Shenia Kalsson e a Juliane Sousa, coordenadora de Comunicação e Marketing do Sistema B Brasil.
Se você é uma pessoa que não gosta de sair e deixar o seu animal de estimação sozinho em casa, existem restaurantes e bares que aderem ao pet friendly, tornando o estabelecimento agradável para levar o seu cachorro ou gato para passear.
Segundo o levantamento inédito realizado pelo Mundo Negro e Guia Black Chefs, plataforma que mapeia profissionais e estabelecimentos da gastronomia negra, 32% dos ambientes com chefs e sommeliers negros são pet friendly. Confira alguns selecionados abaixo:
Virô bistrô
Endereço: Rua haddock, 374, São Paulo – SP | Instagram: @virôbistrô
Em uma conversa recente em seu podcast, “Tea Time With Raven & Miranda”, que apresenta com a esposa Miranda Pearman-Maday, a atriz Raven-Symoné abriu o jogo sobre os comentários que fez em uma entrevista com Oprah Winfrey, transmitida em 2014, onde declarou: “Sou americana, não sou afro-americana”. Na época, o tema gerou polêmica porque as pessoas entenderam que a atriz havia negado que era negra.
A estrela de “As visões da Raven” comentou as interpretações que circularam na internet sobre sua declaração, destacando: “Muita gente na internet achou que eu disse que não era negra, e nunca disse isso. Há uma diferença entre ser negro e africano.”, afirmou.
“Quando digo que o afro-americano não se alinha comigo, esse rótulo, não significa que estou negando minha negritude ou que não sou negra”, explicou Raven-Symoné . “Isso significa que eu sou deste país [Estados Unidos], nasci aqui, minha mãe, meu pai, meu tataravô-e é isso que estou dizendo. A pura logística disso.”, continuou.
Ao se justificar, ela reconheceu a luta de seus ancestrais, afirmando saber: “quanto sangue, suor e lágrimas eles encharcaram esta terra para criar a América em que vivo hoje: livre, feliz, pagador de impostos, cidadão americano.”, disse. E continuou a defender sua visão, dizendo que fora do país as pessoas dizem: “Há um americano, pura e simplesmente” e não: “Olhe aquele afro-americano ali”.
Além disso, Raven-Symoné falou sobre como a entrevista com Winfrey foi conduzida, destacando que originalmente deveria ser apenas uma revelação pessoal, mas acabou se tornando uma discussão sobre rótulos e identidade. Ela contou que saiu da entrevista sentindo que “disse algo ruim, que contradiz quem eu sou como humano”.
No dia 5 de abril de 2024, durante o simposium “Don’t Jive Me: Gender and Jazz”, realizado na Low Library em Nova York, a renomada professora emérita da Universidade da Califórnia, Angela Davis, proferiu uma palestra que além de discutir a interseção entre gênero e jazz, trouxe à tona questões cruciais relacionadas à justiça social e aos direitos humanos. Durante o evento, o colaborador do Mundo Negro e ativista brasileiro Antonio Isupério entrevistou Angela.
Davis compartilhou suas reflexões sobre o caso de Marielle Franco, expressando sua preocupação com a demora na resolução do crime: “Acho que demorou muito para apontar aqueles que são realmente responsáveis pelo assassinato de Marielle”.
Ela também ressaltou o legado da ativista: “Mesmo que Marielle tenha tido sua vida tirada dela, há tantas pessoas em todo o mundo que se veem como o legado de Marielle Franco e continuarão a fazer o trabalho que ela estava fazendo.”
Angela Davis revelou sua própria conexão pessoal com Marielle: “Pessoalmente, sempre fui muito inspirada por ela em minhas próprias batalhas contra o racismo, a violência policial e a homofobia”.
A ativista americana ainda disse que em sua casa, no seu espaço de reflexão e estudo, ela tem um quadro da vereadora brasileira.” Muitas vezes sinto o espírito de Marielle e tenho um belo quadro dela em meu espaço de estudo, que é onde passo a maior parte do meu tempo quando estou em casa”.
A professora Davis concluiu reiterando a importância de honrar o legado de Marielle Franco: “Temos que demonstrar que sua morte não foi em vão. Eles acharam que poderiam matá-la, mas não podem matar seu legado.”
Texto: Silvia Nascimento Entrevista: Antonio Isupério