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Raphael Elias é escolhido para interpretar Djavan no espetáculo musical sobre a vida do cantor

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Raphael Elias como Djavan (Foto: Andre Wanderley)

O ator Raphael Elias será o protagonista de ‘Djavan, o Musical: Vidas pra Contas’, peça de teatro que homenageia a trajetória do cantor e compositor alagoano. Escolhido entre mais de 250 candidatos, o ator de 30 anos, natural de Divinópolis (MG), surgiu caracterizado como Djavan nas primeiras imagens divulgadas nas redes sociais nesta quarta-feira (16).

Com uma preparação intensiva, o ator tem aulas de violão ministradas por João Castilho, guitarrista da banda original do artista, e treinamento vocal com Jules Vandystadt, além de estudar a postura e o modo de falar do cantor, sob a orientação da coreógrafa Marcia Rubin.

“Acordo e durmo com Djavan”, disse o ator. “Somos muito diferentes. Ele é introspectivo, elegante. Eu sou mais expansivo, de rir alto.”

Raphael Elias como Djavan (Foto: Andre Wanderley)

Elias encara o papel como um marco pessoal e simbólico. “Interpretar essa figura é um ato de reconhecimento e espelhamento. É importante que mais pessoas negras se vejam nesses lugares de protagonismo e sensibilidade”, afirmou.

Idealizado por Gustavo Nunes, o espetáculo tem direção de João Fonseca, direção musical de Fernando Nunes e João Viana (filho de Djavan), texto de Rodrigo França e Patrícia Andrade, e produção de elenco de Ciça Castello. O musical percorre a trajetória de Djavan, explorando um repertório que abrange todas as fases de sua carreira.

A estreia está prevista para 5 de junho no Teatro Multiplan, no Rio de Janeiro, e para 9 de agosto no Teatro Sabesp Frei Caneca, em São Paulo. Os ingressos já estão à venda.

Advogado anuncia ação contra SPFW por falha em segurança após agressão contra o comunicador Raphael Fonseca

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Imagens: Reprodução

O comunicador e diretor criativo Raphael Fonseca entrará com uma ação no Ministério Público contra o São Paulo Fashion Week (SPFW) e a médica neurologista Juliana Dias e seu marido após ser agredido e ameaçado pelo casal durante um desfile do estilista Walério Araújo na noite de quinta-feira (10). O advogado de Fonseca, Dr. Hédio Silva Jr., afirmou em entrevista ao Mundo Negro que a médica é “ré confessa” e que as provas do caso são “robustas”.

O advogado deve entrar com uma ação criminal contra o casal. “A agressora responde pelo crime de homofobia, tratado pela lei do racismo, e por vias de fato, porque ela empurra ele, ela o agride fisicamente”, disse. O marido da médica, segundo Silva Jr., responderá por ameaça e também por agressão física: “O conjunto probatório é muito robusto. Vários vídeos foram coletados, inclusive a partir da solidariedade de pessoas que amplificaram os ângulos das imagens”, afirmou o advogado. Ele também destacou que a médica admitiu.

O Dr. Hédio ressaltou ainda que o SPFW também será acionado por omissão. “As imagens demonstram a omissão dos organizadores em assegurar a incolumidade física dele e de quem mais estava ali”, disse. Além da ação indenizatória, o advogado afirmou que pretende “pedir que eles tomem uma série de medidas preventivas e de valorização da diversidade”, considerando que “há uma completa despreocupação dos organizadores com relação a isso”.

O que aconteceu

O episódio ocorreu durante o desfile de Walério Araújo no SPFW, na Sala JK Iguatemi, no shopping Iguatemi, em São Paulo. Fonseca relatou que o casal o hostilizou por estar atrapalhando a visão do desfile: “O desfile estava lotado, tinha gente sentada no chão. Eu fiquei em pé, assim como outras pessoas. Um casal, que estava sentado na última fileira, pediu para duas mulheres brancas se sentarem, e elas aceitaram. Depois, a mulher me disse: ‘Querido, você consegue sentar, por favor, para a gente assistir?’ Eu respondi que não”, contou Fonseca.

A situação escalou quando a mulher tocou seu braço, e o marido teria feito ameaças: “Ele chegou perto do meu ouvido e falou: ‘Você vai sentar agora, senão vai ver o que acontece com você. Quer um escândalo aqui?’”. Em vídeo, é possível ver a médica empurrando Fonseca, que estava encostado em uma pilastra.

Repercussão e silêncio do SPFW

Após o vídeo viralizar, a médica Juliana Dias restringiu seu perfil no Instagram, onde se apresenta como profissional de “atendimento humanizado”. O Hospital Santa Catarina, onde ela atua, emitiu nota dizendo que “não compactua com qualquer tipo de discriminação” e que apura o caso internamente.

O SPFW só se pronunciou dias depois, afirmando que “não é civilizado, tampouco aceitável, empurrar alguém ou insultá-lo publicamente”. A nota também declarou solidariedade a Fonseca, mas, segundo ele, nenhum contato direto foi feito.

“Até agora, não recebi nenhuma mensagem e nenhum suporte”, disse Fonseca ao Mundo Negro. O estilista Walério Araújo e a organização do SPFW não responderam aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.

Instituto que abriga cemitério de africanos escravizados recebe notificação de penhora por dívida de IPTU

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Foto: Divulgação

“Coincidência ou racismo institucional?”. A diretora do Instituto Pretos Novos (IPN), Merced Guimarães, foi surpreendida na manhã desta quarta-feira (16) com a chegada de uma oficial de justiça que entregou dois mandados de penhora relativos ao imóvel onde funciona a sede da entidade, localizada nas imediações do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro — sítio arqueológico reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco.

Segundo Merced, a notificação refere-se a parcelas em atraso do IPTU dos anos de 2019 e 2020, este último marcado pelo impacto da pandemia da Covid-19. “Compramos esse imóvel com muito custo, ele estava repleto de dívidas. Fomos pagando aos poucos, em parcelas. O IPN é uma organização sem fins lucrativos, que atua com enorme esforço para manter viva a história apagada da população negra no Brasil, mesmo enfrentando grandes desafios financeiros”, afirmou em entrevista ao Blog do Ancelmo Gois no jornal O Globo.

Além da ameaça de penhora, o Instituto relata dificuldades para exercer suas atividades educativas. Em 2024, segundo Merced, um fiscal da Prefeitura do Rio alegou que o alvará vigente não permite a realização de aulas presenciais no local, por conta da classificação de zoneamento urbano. O IPN chegou a ser multado por ofertar atividades pedagógicas em sua sede.

“O IPN está impedido de oferecer aulas presenciais — atividade que integra sua missão educativa e comunitária — mesmo tendo alvará. Recentemente, o Instituto foi multado por exercer atividades educativas em um espaço que o poder público não reconhece oficialmente como voltado à educação, apesar de ser um local de formação histórica e cultural”, disse a diretora.

Nas redes sociais, Merced questionou as motivações das ações recentes. “Hoje fomos surpreendidos por uma oficial de justiça com dois mandados de penhora nos imóveis onde funciona o IPN. Ano passado, um fiscal quis multar e interditar o Pretos Novos por darmos aula, mesmo tendo alvará. Coincidência? Ou racismo institucional?”, escreveu.

O imóvel onde hoje funciona o IPN abrigava, até ser descoberto em 1996, o Cemitério dos Pretos Novos — local de descarte de corpos de africanos escravizados que morriam ao desembarcar no porto do Rio de Janeiro. A descoberta foi feita durante uma reforma no casarão do século XVIII, na Rua Pedro Ernesto, quando ossos humanos e fragmentos de materiais como cerâmica, ferro e vidro foram encontrados.

Atualmente, o espaço funciona como centro cultural voltado à preservação da memória, da resistência e da identidade do povo negro no país.

Vídeo da PM com cruz em chamas e gestos semelhantes aos da KKK gera investigação e críticas

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Foto: Reprodução

A Polícia Militar de São Paulo abriu investigação sobre um vídeo publicado pelo 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto (interior de SP) em que agentes aparecem fazendo gestos semelhantes aos de grupos supremacistas, como a Ku Klux Klan, diante de uma cruz em chamas. O material, divulgado no Instagram da unidade na terça-feira (15/4), foi removido após críticas.

Nas imagens, ao menos 14 PMs erguem os braços à altura dos ombros — movimento associado a rituais nazistas e da KKK — enquanto uma cruz queima ao fundo, com sinalizadores vermelhos e a sigla “Baep” destacada. A trilha sonora e o tom do vídeo remetem a produções de grupos extremistas.

Em nota, a PM afirmou que o vídeo foi gravado durante o encerramento de um treinamento noturno e tinha como objetivo “representar simbolicamente a superação de limites físicos e psicológicos”. A corporação negou qualquer intenção de associar o conteúdo a ideologias racistas ou políticas falando sobre “a possibilidade de interpretações distorcidas” e afirmou que as circunstâncias estão sendo apuradas. O Ministério Público de São Paulo foi acionado e o caso foi encaminhado a um promotor de Justiça Criminal. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) emitiu comunicado reforçando que a PM “repudia toda manifestação de intolerância” e que responsáveis por eventuais desvios serão punidos.

A deputada federal Erika Hilton entrou com um ofício para “exigir explicações da corregedoria da PM, do Governador Tarcísio de Freitas e do Secretario de Segurança Pública Guilherme Derrite”.

Histórico da KKK

A Ku Klux Klan, fundada nos EUA em 1865, promoveu ataques violentos contra negros, judeus e defensores de direitos civis. A cruz em chamas, presente no vídeo do Baep, é um de seus símbolos históricos.

Erika Hilton vai denunciar Trump na ONU após receber visto dos EUA com gênero masculino

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A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou nesta quarta-feira (15) que o visto concedido pelos Estados Unidos a ela a identifica com o gênero masculino, contrariando seus documentos civis brasileiros, que a reconhecem como mulher. A parlamentar afirmou que acionará o país na ONU (Organizações das Nações Unidas) e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) por considerar o caso um ato de transfobia e um desrespeito à sua identidade.

O visto anterior, emitido pelos EUA em 2023, registrava corretamente seu gênero como feminino. Hilton declarou que apresentou certidão de nascimento e passaporte diplomático com a identificação adequada durante o processo. “Não se trata apenas de um caso de transfobia. É um documento sendo rasgado sem pudor. Vou acionar judicialmente o presidente [Donald] Trump na ONU e na CIDH. Queremos que o Itamaraty chame o embaixador [dos EUA] para explicações”, disse a deputada em entrevista à Folha de S. Paulo.

Ela ainda criticou o presidente americano, chamando-o de “homem doente que se sente dono da verdade”. A Embaixada dos EUA no Brasil ainda não se manifestou sobre o ocorrido. Hilton cancelou uma viagem aos Estados Unidos, onde participaria no sábado (12) de um painel na Brazil Conference, evento organizado pela comunidade brasileira das universidades Harvard e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). A deputada alegou medo de sofrer constrangimentos no aeroporto devido à divergência entre o gênero no visto e em seus documentos. “Senti medo, para ser sincera. Não aceitei me submeter a essa violência. Perdi uma atividade importante, mas não mereço esse desrespeito”, afirmou. O PSOL anunciou que levará o caso a instâncias internacionais, pressionando também o governo brasileiro a se posicionar. A deputada é a primeira mulher trans eleita para o Congresso Nacional e tem sido vocal sobre pautas de gênero e direitos humanos.

Câmara aprova aumento de pena para injúria racial contra mulheres e idosos; texto segue para o Senado

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A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (15) um projeto de lei que aumenta a pena para o crime de injúria racial quando cometido contra mulheres e idosos. O texto, que segue agora para análise do Senado, modifica a Lei 7.716/89, que define os crimes de preconceito de raça e cor. 

De autoria da deputada Silvye Alves (União-GO), o PL 5701/23 recebeu parecer favorável da relatora Daiana Santos (PCdoB-RS). Pela proposta, a pena base para injúria racial — atualmente de 2 a 5 anos de reclusão e multa — será elevada em 1/3 a 2/3 se a vítima for mulher ou pessoa idosa. 

A injúria racial, tipificada como crime desde a Lei 14.532/23, ocorre quando alguém ofende a dignidade de outra pessoa com base em sua raça, cor, etnia ou origem nacional. Atualmente, o único agravante previsto na legislação é quando o crime é cometido por duas ou mais pessoas, caso em que a pena aumenta em metade. 

A autora do projeto, deputada Silvye Alves, destacou que mulheres e idosos são os principais alvos de injúria racial no país. “Esses grupos sofrem com insultos preconceituosos de forma recorrente, e a legislação precisa refletir a gravidade desses atos”, afirmou. 

A relatora Daiana Santos citou um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com a Faculdade Baiana de Direito e o Jusbrasil, que aponta mulheres como maioria das vítimas desse tipo de crime. “A proposta busca dar a devida proporção à severidade dessas condutas”, disse. 

Debate no Plenário

O tema gerou discussão entre os parlamentares. O deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ) afirmou que o racismo estrutural se intensifica quando associado a outros preconceitos. “Muitas vezes, o racismo e a injúria racial são ainda mais graves quando atingem mulheres e idosos”, declarou. 

Já o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) defendeu que leis mais rígidas podem inibir a prática. “Com penas duras, as pessoas pensarão duas vezes antes de cometer esse crime bárbaro, que ainda persiste no século 21”, argumentou. 

Em contraponto, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) criticou a diferenciação de penas. “A injúria racial deveria ter a mesma punição, independentemente de gênero ou idade da vítima”, disse. 

O projeto segue agora para votação no Senado. Se aprovado sem modificações, será enviado para sanção presidencial. 

Com informações da Agência Senado

Marco Temporal: a Supremacia Racial é a premissa de tudo

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Foto: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Texto: Tainara Ferreira

O Brasil está vivendo um momento histórico. Após mais de 500 anos da invasão portuguesa não conseguimos fazer a reparação em prol dos povos tradicionais. Continuamos a viver sob regramentos e entendimentos de uma colônia.

A PL 14.701/2023 mais conhecida como Marco Temporal vem para reafirmar isso. A proposta define que os povos originários só têm direito aos territórios que ocupavam (ou pelos quais lutavam) na data em que foi promulgada a Constituição Federal, em outubro de 1988. 

Ora, o que dizem os parlamentares sobre a invasão portuguesa em 1500 e todo processo colonizatório que desumanizou e nunca concedeu direitos civis aos povos originários que continuam sendo vítimas de genocídio. 

Mas, o que o racismo estrutural tem a ver com isso tudo? Ele simplesmente é a base de todo esse processo histórico.

Costumamos referenciá-lo para denominar a escravidão no Brasil e toda tortura sofrida pelos africanos vindos pelos navios negreiros e postos em condição de escravos. Mas, até pelo próprio epistemicídio, pouco discutimos sobre o mesmo processo que recaiu sob os povos indígenas que foram reduzidos pela metade e continuam a ser dizimados.

O distanciamento e segregação desses processos pelas ditas “minorias” contribuem para a desunião de populações que têm a natureza como cerne de suas culturas.

Acredito que o Marco Temporal e a discussão da demarcação de terras indígenas seja a oportunidade de unir quilombolas, religiões de matriz africana e demais povos tradicionais na emancipação de suas sobrevivências, que garantem por consequência a sobrevivência de todos os brasileiros.

O mesmo sangre negro que corre nas nossas veias é o indígena, ambos precisamos parar se sangrar e estancar essa ferida aberta na estrutural social racista e supremacista que o Brasil ainda vive.

“Geni e o Zepelim”: canção clássica de MPB vira filme protagonizado por Thainá Duarte e Seu Jorge

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Fotos: Divulgação

A clássica canção “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, composta em 1978, ganha vida nas telonas com Thainá Duarte (“Cangaço Novo”) no papel de Geni e Seu Jorge (“Marighella”) interpretando o Comandante do Zepelim.

Segundo a sinopse oficial, o longa inspirado na canção homônima, narra a história de Geni, prostituta de uma cidade ribeirinha, no coração da floresta amazônica. “Amada pelos desvalidos e odiada pela sociedade local, ela vê sua cidade sendo invadida por tropas lideradas por um tirano, conhecido como Comandante, que chega voando em um imponente zepelim, com um verdadeiro projeto de poder predatório para a região. Ele obriga todos a fugirem rio adentro, onde acabam presos. Porém, quando o Comandante vê Geni, ela percebe que talvez ainda haja uma chance de virar o jogo”, descreve.

O filme é dirigido e roteirizado por Anna Muylaert (“A Melhor Mãe do Mundo”), e as filmagens serão realizadas na Cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre.

Em entrevista ao jornal O Globo, Thainá Duarte comentou sobre o novo projeto. “Geni é uma personagem que vive no imaginário coletivo de muitos. Participar de uma releitura de uma das músicas que são parte da trilha da minha vida é uma grande alegria. Ser dirigida por Anna e contar essa história na Amazônia torna tudo ainda mais especial e potente”, celebrou.

“Geni e o Zepelim” é uma produção da Migdal Filmes, com coprodução da Paris Entretenimento e Globo Filmes. As gravações estão programadas para ocorrer entre os meses de maio e junho. A data de estreia ainda não foi divulgada.

Reconhecimento facial de SP confunde aposentado negro com foragido branco; Homem fica 10 horas sob custódia da polícia

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Fotos: Edson Lopes Jr./SECOM

O sistema de reconhecimento facial Smart Sampa, da Prefeitura de São Paulo, identificou erroneamente um aposentado de 80 anos como um estuprador foragido. Francisco Ferreira da Silva foi abordado por guardas civis metropolitanos (GCM) enquanto cuidava do jardim de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), onde atua como voluntário, e ficou cerca de 10 horas em delegacias até ser liberado. A família planeja acionar a Justiça.

O episódio ocorreu em 20 de dezembro de 2024, em Cidade Tiradentes, zona leste da capital. Francisco trabalhava como voluntário na UBS Jardim Dom Angélico, no bairro onde mora, quando foi cercado por agentes da GCM e levado para a delegacia. Uma das netas do aposentado, que estava na UBS para uma consulta, presenciou a abordagem e tentou intervir, sem sucesso. O homem procurado pela Justiça tem semelhanças físicas com Francisco, mas nome e dados pessoais não coincidem: “Eles se parecem, mas o homem é branco, e meu pai é pardo”, disse Adriana Ferreira, 36, filha do aposentado em entrevista ao Uol. “Disseram que verificariam as digitais.”

A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) afirmou, em nota, que o sistema é eficiente e que “ninguém foi preso por equívoco após reconhecimento facial”. Disse ainda que Francisco foi levado à delegacia porque, durante a abordagem, “não foi possível confirmar sua identidade”. O idoso passou cerca de 10 horas sob custódia – foi levado primeiro para uma delegacia em Itaquera e depois para outra em São Mateus. “Fiquei muito preocupada. Ele tem diabetes e nem tinha tomado café da manhã”, relatou Adriana.

“Não o trataram mal, mas fizeram brincadeiras, dizendo que ele ia dormir lá. E todo esse processo demorou. Deveria ser mais rápido, principalmente pela idade que ele tem”, completou. A família afirma que Francisco passou a sair de casa “camuflado” após o erro. “Ele agora só sai de óculos escuros e moletom”, contou Adriana.

Apesar de liberado, a polícia alertou que o equívoco pode se repetir. “Nem pediram desculpas. Disseram que não têm muito o que fazer e que ele pode ser abordado de novo, porque a imagem não apaga”, disse a filha.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou não ter registro do caso nas delegacias citadas. A família, no entanto, registrou um boletim de ocorrência.

O advogado da família, Alexandre Pacheco Martins, defende que a Prefeitura e o consórcio responsável pelo Smart Sampa sejam responsabilizados: “Talvez o sistema não seja tão ‘smart’ assim”, disse, em referência ao termo em inglês para “inteligente”. “É crime privar alguém da liberdade fora das hipóteses legais.”

Guilherme Madeira Dezem, professor de Direito da USP e Mackenzie, especialista em inteligência artificial, critica a divulgação de um “prisômetro” pelo governo municipal enquanto erros do sistema são omitidos: “Em geral, as vítimas desses equívocos são pessoas negras e periféricas”, afirmou. “Precisamos discutir os limites da privacidade e o uso dessas imagens.”

Em nota, a Prefeitura afirmou que o Smart Sampa já capturou 990 foragidos e fez mais de 2.200 prisões em flagrante, afirmando que o sistema possui “ampla aprovação popular”. Quanto ao caso de Francisco, reiterou que ele foi liberado após exame de digitais e que o sistema segue “protocolos rígidos”.

(Com informações de UOL)

Milton Nascimento recebe título de Doutor Honoris Causa da Unicamp em cerimônia privada

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Foto: Brunini

O cantor Milton Nascimento recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em novembro de 2024, mas a honraria foi entregue apenas em 25 de fevereiro deste ano, em uma cerimônia reservada na casa do artista, no Rio de Janeiro. A apresentação formal à comunidade universitária ocorreu na última quinta-feira (10).

A homenagem foi concedida pelo reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e contou com a presença do diretor do Instituto de Artes da universidade, Fernando Hashimoto, que propôs a honraria. A decisão pela cerimônia privada levou em consideração questões de saúde do músico e sua agenda durante o período do Carnaval.

Em vídeo compartilhado nas redes sociais, o cantor, que recentemente teve sua última turnê retratada em um documentário, comemorou a honraria. “Muito feliz em receber o título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp. Obrigado por confiarem a mim essa honra tão significativa”, disse.

O título de Doutor Honoris Causa é concedido a personalidades que tenham contribuído de forma significativa em suas áreas de atuação. Milton Nascimento, ícone da música brasileira, soma-se agora a outros nomes homenageados pela universidade, como o grupo Racionais MCs.

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