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5 restaurantes com chefs negros para conhecer no feriado prolongado 

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Chef Kelma Zenaide. (Foto: Reprodução/Instagram)

Você gosta de conhecer novos restaurantes em dias de folga? Em celebração ao feriado prolongado que inicia nesta Sexta-feira Santa, 18 de abril, até o dia 21 de abril, próxima segunda-feira, o Mundo Negro e o Guia Black Chefs selecionou 5 restaurantes de diferentes regiões do Brasil, comandados por chefs negros, cujo alguns estabelecimentos incluem o Menu Páscoa.

Confira abaixo a lista completa!

Kitutu: Gastronomia Afro-brasileira, comandado pela chef Kelma Zenaide. 

Onde: Belo Horizonte (MG) | Instagram: @kitutugastronomiafrobrasileira

Foto: Reprodução/Instagram

Culinária de Terreiro, comandado pela chef Solange Borges.

Onde: Camaçari (BA) | Instagram: @culinariadeterreirorestaurante

Foto: Reprodução/Instagram

Dois de Fevereiro, comandado pelo chef João Diamante.

Onde: Rio de Janeiro (RJ) | Instagram: @dois.de.fevereiro

Foto: Reprodução/Instagram

Santo Colomba, comandado pelo chef Alencar. 

Onde: São Paulo (SP) | Instagram: @santocolomba

Foto: Reprodução/Instagram

La Cucina, comandado pelo chef Guilherme Lara.

Onde: Blumenau (SC) | Instagram: @laracucinaa

Foto: Reprodução/Instagram

Após polêmica, Maju Santos se torna Creator da Negra Rosa e estrela campanha do Burger King

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Foto: Reprodução

A influenciadora digital Maju Santos, de Alagoas, anunciou nesta quinta-feira (17) sua nova parceria como Creator da marca de beleza Negra Rosa. A novidade chega semanas após a polêmica envolvendo a Salon Line, que enviou uma mensagem ofensiva à criadora de conteúdo. Maju também divulgou uma campanha com o Burger King, que acumula quase 400 mil visualizações em dois dias nas suas redes sociais.

A colaboração com a Negra Rosa foi revelada em um vídeo publicado por Maju e pela marca no Instagram. A parceria com a Negra Rosa acontece após a Salon Line, que havia se envolvido em uma controvérsia após responder de forma pejorativa a um post da influenciadora promovendo seus produtos sem patrocínio.

No episódio, a conta oficial da Salon Line enviou à criadora uma mensagem com tom de deboche: “Amiga, você tá igual o cachorro na frente da padaria, olhando o frango girar e só sentindo o cheiro, kkkk”. O caso ganhou repercussão, e a empresa emitiu um pedido de desculpas público em vídeo, criticado por misturar justificativas corporativas com o mea-culpa.

Maju, que já demonstrou desconfiança em relação à retratação, afirmou esperar que outras influenciadoras não passem por situações semelhantes. Enquanto isso, sua parceria com o Burger King e a Negra Rosa consolida sua presença no mercado de influência, agora com maior visibilidade após o episódio.

Colecionador é criticado por vender livros de registros raros sobre escravização do século XIX

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Foto: Reprodução

O escritor e colecionador Eduardo Helbert Urban viralizou nas redes sociais ao publicar um vídeo mostrando livros cartoriais do século XIX com registros de escravizados — incluindo penas aplicadas e alforrias. No material, ele exibe a ficha de um homem chamado Tobias, descrito como “cor preta, cabelos crespos”, preso por “andar nas ruas fora de hora” e punido com “50 açoites”.

Os livros, segundo Urban, foram resgatados de um incêndio em um local de descarte de uma biblioteca, que ele não identificou. Ele afirmou que comprou os documentos e está vendendo um deles — o livro de óbitos já foi negociado. A postagem, no entanto, gerou críticas de quem defende que tais registros deveriam estar sob a guarda de museus ou arquivos públicos: “Espera. Você está vendendo esse livro? Espero que não porque é um documento de interesse público e as informações nele contidas precisam chegar ao conhecimento de todos, gratuitamente”, comentou um usuário. “Não importa se foi salvo de um incêndio, existem muitos locais públicos onde esses documentos históricos seriam perfeitamente preservados”, escreveu uma internauta.

Nas respostas ao vídeo, usuários argumentaram que os documentos são patrimônio público e deveriam estar em instituições como o Museu Afro ou o Museu Nacional. “São registros importantíssimos sobre a ancestralidade do nosso povo”, escreveu uma pessoa em mensagem direta. Nas redes, Urban se defendeu, alegando que age com “responsabilidade e pesquisa”. Disse ainda que não doará os livros, mas que restaurará e digitalizará o livro de alforrias para disponibilizar o conteúdo.

Urban rebateu: “Se não fosse pelo alfarrabista que me vendeu, esse livro estaria queimado”. Ele acrescentou que cartórios em cidades históricas não permitem acesso a esses registros e que, com a divulgação, está ajudando a preservar a memória.

Em stories, o colecionador desabafou sobre ataques pessoais e explicou que pegou um empréstimo para comprar os livros. “Não tem ninguém me apoiando nesse trabalho. Sou eu sozinho”, disse. Afirmou ainda que entrou em contato com órgãos públicos para vender os documentos, mas não obteve retorno.

Questão patrimonial

A polêmica envolve tanto a guarda desses materiais quanto o acesso a eles, já que muitos registros similares permanecem em condições precárias ou inacessíveis em arquivos oficiais.

Urban reiterou que venderá os livros “para colecionadores ou quem quiser comprar e doar”, mas que não tem condições de doá-los. “É um resgate histórico”, afirmou. “Se alguém quiser adquirir para doar, fica à vontade.”

Família registra B.O após adolescentes negros sofrerem abordagem racista no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo

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Foto: Reprodução/Freepik

Uma família registrou um boletim de ocorrência após uma adolescente negra de 12 anos e um amigo terem sido vítimas de uma abordagem racista por parte de uma segurança do shopping Pátio Higienópolis, na região central de São Paulo, na tarde de quarta-feira (16). Os dois são estudantes do colégio Equipe, vizinho ao shopping, e foram ao local para almoçar antes das aulas da tarde, acompanhados de uma amiga branca.

Segundo relatos, a segurança teria se aproximado da jovem branca e perguntado se os adolescentes negros estavam “incomodando e pedindo dinheiro”. Horas antes, os alunos haviam participado de uma aula extra sobre letramento racial e condutas antirracistas. Um professor do colégio, que estava na praça de alimentação no momento do ocorrido, prestou depoimento. Membros da coordenação da escola também compareceram ao shopping para registrar uma queixa formal.

Leni Pires das Mercês, mãe da adolescente, afirmou que a filha ficou muito abalada. “Ela e os outros colegas choraram muito. Mas eu disse que ela iria até o shopping comigo para registrar o ocorrido. Ela precisa saber que pode frequentar esses espaços”, disse em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo.

Este não é o primeiro caso do tipo envolvendo estudantes do colégio Equipe no Pátio Higienópolis. Em 2022, Evie Santiago, líder da comissão antirracista de pais e alunos da instituição, registrou um boletim de ocorrência após seu filho, Isac, então com 14 anos, ser seguido por uma segurança dentro de uma loja do shopping. Na época, ela conversou com a administração do local, mas afirma que nenhuma medida foi tomada.

EUA justificam erro em visto de Erika Hilton com política binária ‘desde o nascimento’

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A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil afirmou, em nota enviada à imprensa na última quarta-feira (15), que a política do país é reconhecer apenas dois sexos — “masculino e feminino” —, considerados “imutáveis desde o nascimento”. A declaração foi emitida após a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) denunciar que teve seu gênero registrado como “masculino” em um visto diplomático, apesar de seus documentos brasileiros a identificarem como mulher.

“De acordo com a Ordem Executiva 14168, é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”, disse a embaixada, sem comentar diretamente o caso da parlamentar. O órgão também afirmou que, por lei americana, os registros de visto são confidenciais.

A resposta dos EUA ocorre após Hilton denunciar que seu novo visto, emitido para uma viagem a eventos acadêmicos em Harvard e no MIT, ignorou sua identidade de gênero. A deputada afirmou que, em 2023, um visto anterior havia sido emitido corretamente com a marcação “feminino”. A deputada, primeira mulher trans eleita para o Congresso, anunciou que acionará o governo americano na ONU e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). O PSOL também pressiona o Itamaraty a se manifestar.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Mascavo é criticada por Gabi de Pretas por tratamento desigual em ação com influenciadoras

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Foto: Reprodução/Instagram

Gabi de Pretas, conhecida por sua atuação em temas ligados à representatividade negra na indústria da beleza há uma década, usou o seu perfil no X (antigo Twitter) para criticar a abordagem da Mascavo, marca de Mari Saad, lançada em outubro do ano passado. A equipe procurou a influenciadora e youtuber por e-mail para enviar um blush e um iluminador, dois produtos da nova linha de maquiagem, “para ela conhecer um pouco da marca”, alegando que acompanha o trabalho da Gabi nas redes sociais e gostaram muito conteúdo.

A própria Gabi respondeu o e-mail. “Se vocês acompanhassem meu trabalho, acho que perceberiam o quanto essa abordagem não é legal (ainda mais vindo de uma marca como a Mascavo)”, escreveu.

A youtuber lembrou que a empresa enfrentou críticas com o lançamento da primeira coleção com produtos que não contemplavam peles negras retintas. A influenciadora Mirella Qualha foi uma das criadoras de conteúdo negra que se decepcionou ao testar um bronzer que prometia fototipos mais escuros e viralizou no TikTok na época.

“Vocês fizeram um lançamento que excluiu boa parte da população, incluindo pessoas com tonalidade de pele semelhante a minha. Mas isso vocês já sabem. Pediram desculpas e lançaram novos produtos. Agora, receber um e-mail me oferecendo apenas 1 blush e 1 iluminador? Rs”, ironizou.

A comunicadora também questionou os critérios para a entrega dos kits, sem mencionar nomes. “Estou na internet há 10 anos, e esse tipo de mensagem foge ‘e muito’ do padrão de comunicação de qualquer marca grande. Qual é o critério para alguns influenciadoras receberem toda a linha de lançamentos e outros apenas um ou dois itens? Gostaria de entender melhor”.

Após revelar os prints na publicação, Gabi ainda reafirmou o seu posicionamento e a sua relevância no mercado de beleza. “Antes da marca pensar em existir eu já estava na internet falando sobre falta de produtos pra pele negra, minha filha. Tá duro, dorme!”, escreveu.

Em nota, a Mascavo afirmou que está revendo seus “processos para que situações como essa não se repitam”.

Confira a nota da Mascavo na íntegra:

Nós, da marca Mascavo, acompanhamos a trajetória e reconhecemos a relevância da influenciadora Gabi Oliveira, conhecida como GabiDePretas. Lamentamos que o contato com nossa equipe tenha gerado desconforto. Estamos revendo nossos processos para que situações como essa não se repitam.

Recentemente, realizamos o lançamento de novas tonalidades de blushes, contornos e bronzers para atender a diversidade de peles do Brasil. Como marca, estamos nos conectando com grandes referências do mercado e formadores de opinião para conhecerem nossos produtos.

Vale ressaltar que a campanha foi planejada em fases, de forma estruturada e alinhada com o calendário de lançamentos de nossos produtos. Algumas dessas fases são pontuais, focadas em produtos específicos, enquanto outras possuem maior alcance e gama de produtos. Em todas as fases, contemplamos diferentes perfis de influenciadores, respeitando a pluralidade de tons de pele, trajetórias e comunidades representadas.

Reforçamos que todos os detalhes, tanto das ações já realizadas quanto das etapas futuras da campanha, após o ocorrido, foram compartilhados diretamente com a influenciadora GabiDePretas, por meio da CEO da Côrtes e Companhia, Egnalda Côrtes. Com total transparência, nosso canal segue aberto para ouvir, acolher e construir novas possibilidades, de forma respeitosa e colaborativa.

Diretora de ‘Geni e o Zepelim’ abre diálogo com a comunidade trans após críticas: “A gente vai repensar o filme”

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Fotos: Larry Busacca/ Getty Images e Divulgação

Anna Muylaert, diretora de ‘Geni e o Zepelim’, filme inspirado na clássica canção de Chico Buarque lançada em 1978, se pronunciou nas redes sociais sobre a escolha da atriz Thainá Duarte, uma mulher cis, para viver a personagem Geni. A decisão anunciada na terça-feira (15) gerou forte reação da comunidade LGBTQIAPN+, que levantou o debate sobre “transfake” — quando artistas cis interpretam papéis de pessoas trans.

A canção integra a ‘Ópera do Malandro’, peça de Chico Buarque, na qual é revelado que Geni é uma travesti, cujo nome de batismo é Genivaldo.

Conhecida também por dirigir os filmes ‘Que Horas Ela Volta?’ e ‘A Melhor Mãe do Mundo’, Anna tentou contextualizar a criação do projeto para justificar a decisão e convidou pessoas trans e cis para um debate juntos, no vídeo postado em seu Instagram nesta quarta-feira (16).

“Durante o processo de criação deste filme, a gente entendeu que a letra do Chico e o conto do [autor] Guy de Maupassant, ‘Bola de Seda’, no qual o Chico diz ter se inspirado, poderiam ter várias leituras: poderia ser uma mulher trans; poderia ser uma mãe solteira; poderia ser a Fabiana Silva da Favela do Moinho, uma carroceira; poderia uma presidente tirada do poder sem crime de responsabilidade; poderia ser uma floresta atacada diariamente por oportunistas”, explicou.

A diretora revelou que a escolha por uma personagem cis foi intencional. “A gente por uma questão de lugar de fala, escolheu fazer uma prostituta cis na Amazônia. Uma inspiração, influência de Iracema [o livro], do que acontece no Maranhão que o filme ‘Manas’ retrata. A gente entendeu que essa poesia poderia ter várias interpretações, e que a gente poderia fazer essa versão amazônica cis com a atriz Thainá Duarte”, continuou.

Ela ainda disse que o processo criativo pode não ter ficado claro para o público. “Falaram que a gente estava fazendo transfake, e não era essa a ideia. A ideia era realmente fazer a personagem cis. Mas, diante da reação da comunidade trans, quero vir aqui abrir o debate e jogar a pergunta: essa letra do Chico, essa poesia, hoje em 2025 só pode ser interpretada como a Geni, o mito Geni, só pode ser interpretada como um uma mulher trans?”, perguntou.

Anna também deixou a porta aberta para reflexão, com a possibilidade de rever a abordagem do filme. “Eu quero debater isso, porque se a sociedade, não apenas a comunidade trans, mas também todos os fãs do Chico e do conto do Guy de Maupassant, o ‘Bola de Seda’, se a gente computar que hoje em 2025 só pode interpretar a Geni como trans, a gente vai repensar o nosso filme. Na verdade a história não vai mudar porque os corpos femininos ou trans estão sempre sobre perigo. Queria muito ouvir tanto a comunidade trans como todos os fãs da música do Chico”, finalizou.

Raphael Elias é escolhido para interpretar Djavan no espetáculo musical sobre a vida do cantor

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Raphael Elias como Djavan (Foto: Andre Wanderley)

O ator Raphael Elias será o protagonista de ‘Djavan, o Musical: Vidas pra Contas’, peça de teatro que homenageia a trajetória do cantor e compositor alagoano. Escolhido entre mais de 250 candidatos, o ator de 30 anos, natural de Divinópolis (MG), surgiu caracterizado como Djavan nas primeiras imagens divulgadas nas redes sociais nesta quarta-feira (16).

Com uma preparação intensiva, o ator tem aulas de violão ministradas por João Castilho, guitarrista da banda original do artista, e treinamento vocal com Jules Vandystadt, além de estudar a postura e o modo de falar do cantor, sob a orientação da coreógrafa Marcia Rubin.

“Acordo e durmo com Djavan”, disse o ator. “Somos muito diferentes. Ele é introspectivo, elegante. Eu sou mais expansivo, de rir alto.”

Raphael Elias como Djavan (Foto: Andre Wanderley)

Elias encara o papel como um marco pessoal e simbólico. “Interpretar essa figura é um ato de reconhecimento e espelhamento. É importante que mais pessoas negras se vejam nesses lugares de protagonismo e sensibilidade”, afirmou.

Idealizado por Gustavo Nunes, o espetáculo tem direção de João Fonseca, direção musical de Fernando Nunes e João Viana (filho de Djavan), texto de Rodrigo França e Patrícia Andrade, e produção de elenco de Ciça Castello. O musical percorre a trajetória de Djavan, explorando um repertório que abrange todas as fases de sua carreira.

A estreia está prevista para 5 de junho no Teatro Multiplan, no Rio de Janeiro, e para 9 de agosto no Teatro Sabesp Frei Caneca, em São Paulo. Os ingressos já estão à venda.

Advogado anuncia ação contra SPFW por falha em segurança após agressão contra o comunicador Raphael Fonseca

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Imagens: Reprodução

O comunicador e diretor criativo Raphael Fonseca entrará com uma ação no Ministério Público contra o São Paulo Fashion Week (SPFW) e a médica neurologista Juliana Dias e seu marido após ser agredido e ameaçado pelo casal durante um desfile do estilista Walério Araújo na noite de quinta-feira (10). O advogado de Fonseca, Dr. Hédio Silva Jr., afirmou em entrevista ao Mundo Negro que a médica é “ré confessa” e que as provas do caso são “robustas”.

O advogado deve entrar com uma ação criminal contra o casal. “A agressora responde pelo crime de homofobia, tratado pela lei do racismo, e por vias de fato, porque ela empurra ele, ela o agride fisicamente”, disse. O marido da médica, segundo Silva Jr., responderá por ameaça e também por agressão física: “O conjunto probatório é muito robusto. Vários vídeos foram coletados, inclusive a partir da solidariedade de pessoas que amplificaram os ângulos das imagens”, afirmou o advogado. Ele também destacou que a médica admitiu.

O Dr. Hédio ressaltou ainda que o SPFW também será acionado por omissão. “As imagens demonstram a omissão dos organizadores em assegurar a incolumidade física dele e de quem mais estava ali”, disse. Além da ação indenizatória, o advogado afirmou que pretende “pedir que eles tomem uma série de medidas preventivas e de valorização da diversidade”, considerando que “há uma completa despreocupação dos organizadores com relação a isso”.

O que aconteceu

O episódio ocorreu durante o desfile de Walério Araújo no SPFW, na Sala JK Iguatemi, no shopping Iguatemi, em São Paulo. Fonseca relatou que o casal o hostilizou por estar atrapalhando a visão do desfile: “O desfile estava lotado, tinha gente sentada no chão. Eu fiquei em pé, assim como outras pessoas. Um casal, que estava sentado na última fileira, pediu para duas mulheres brancas se sentarem, e elas aceitaram. Depois, a mulher me disse: ‘Querido, você consegue sentar, por favor, para a gente assistir?’ Eu respondi que não”, contou Fonseca.

A situação escalou quando a mulher tocou seu braço, e o marido teria feito ameaças: “Ele chegou perto do meu ouvido e falou: ‘Você vai sentar agora, senão vai ver o que acontece com você. Quer um escândalo aqui?’”. Em vídeo, é possível ver a médica empurrando Fonseca, que estava encostado em uma pilastra.

Repercussão e silêncio do SPFW

Após o vídeo viralizar, a médica Juliana Dias restringiu seu perfil no Instagram, onde se apresenta como profissional de “atendimento humanizado”. O Hospital Santa Catarina, onde ela atua, emitiu nota dizendo que “não compactua com qualquer tipo de discriminação” e que apura o caso internamente.

O SPFW só se pronunciou dias depois, afirmando que “não é civilizado, tampouco aceitável, empurrar alguém ou insultá-lo publicamente”. A nota também declarou solidariedade a Fonseca, mas, segundo ele, nenhum contato direto foi feito.

“Até agora, não recebi nenhuma mensagem e nenhum suporte”, disse Fonseca ao Mundo Negro. O estilista Walério Araújo e a organização do SPFW não responderam aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.

Instituto que abriga cemitério de africanos escravizados recebe notificação de penhora por dívida de IPTU

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Foto: Divulgação

“Coincidência ou racismo institucional?”. A diretora do Instituto Pretos Novos (IPN), Merced Guimarães, foi surpreendida na manhã desta quarta-feira (16) com a chegada de uma oficial de justiça que entregou dois mandados de penhora relativos ao imóvel onde funciona a sede da entidade, localizada nas imediações do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro — sítio arqueológico reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco.

Segundo Merced, a notificação refere-se a parcelas em atraso do IPTU dos anos de 2019 e 2020, este último marcado pelo impacto da pandemia da Covid-19. “Compramos esse imóvel com muito custo, ele estava repleto de dívidas. Fomos pagando aos poucos, em parcelas. O IPN é uma organização sem fins lucrativos, que atua com enorme esforço para manter viva a história apagada da população negra no Brasil, mesmo enfrentando grandes desafios financeiros”, afirmou em entrevista ao Blog do Ancelmo Gois no jornal O Globo.

Além da ameaça de penhora, o Instituto relata dificuldades para exercer suas atividades educativas. Em 2024, segundo Merced, um fiscal da Prefeitura do Rio alegou que o alvará vigente não permite a realização de aulas presenciais no local, por conta da classificação de zoneamento urbano. O IPN chegou a ser multado por ofertar atividades pedagógicas em sua sede.

“O IPN está impedido de oferecer aulas presenciais — atividade que integra sua missão educativa e comunitária — mesmo tendo alvará. Recentemente, o Instituto foi multado por exercer atividades educativas em um espaço que o poder público não reconhece oficialmente como voltado à educação, apesar de ser um local de formação histórica e cultural”, disse a diretora.

Nas redes sociais, Merced questionou as motivações das ações recentes. “Hoje fomos surpreendidos por uma oficial de justiça com dois mandados de penhora nos imóveis onde funciona o IPN. Ano passado, um fiscal quis multar e interditar o Pretos Novos por darmos aula, mesmo tendo alvará. Coincidência? Ou racismo institucional?”, escreveu.

O imóvel onde hoje funciona o IPN abrigava, até ser descoberto em 1996, o Cemitério dos Pretos Novos — local de descarte de corpos de africanos escravizados que morriam ao desembarcar no porto do Rio de Janeiro. A descoberta foi feita durante uma reforma no casarão do século XVIII, na Rua Pedro Ernesto, quando ossos humanos e fragmentos de materiais como cerâmica, ferro e vidro foram encontrados.

Atualmente, o espaço funciona como centro cultural voltado à preservação da memória, da resistência e da identidade do povo negro no país.

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