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Taís Araujo revela que críticas ao papel de ‘Helena’ em ‘Viver a Vida’ a fizeram abraçar a negritude em suas atuações

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Imagem: Reprodução

Em entrevista para a jornalista Maju Coutinho, no Fantástico, na noite do último domingo (11), a atriz Taís Araújo relembrou as duras críticas que recebeu ao interpretar Helena, protagonista da novela Viver a Vida (2009), e como o papel marcou sua carreira. Ao lado da mãe, Mercedes Araújo, a atriz contou sobre como o papel a incentivou falar sobre sua negritude em seus trabalhos e ainda se emocionou ao falar sobre maternidade.

A atriz contou que deixou “tudo” na França, onde estudava, para voltar ao Brasil após ser convidada por Manoel Carlos para ser a primeira Helena negra. O sonho, porém, se tornou um desafio. A primeira Helena negra das novelas de Manoel Carlos foi alvo de rejeição do público. Taís contou com o apoio da mãe, Mercedes Araújo, para lidar com as críticas: “Eu vi a novela, e eu não achava que estava dando errado, eu achava que ela estava ótima, só que o público não aceitava”, disse Mercedes. “O povo odiou, e ela chorava. Eu falei: ‘Você não está fazendo nada errado, tá tudo certo, eu quero você viva, mentalmente boa. Isso é só um trabalho, vai passar’”, contou a mãe da artista. Emocionada, Taís refletiu sobre o momento: “Hoje eu sou mãe, ver um filho seu muito triste não é o que a gente quer na vida, né? Helena não foi só um trabalho, foi o trabalho”.

Apesar das críticas iniciais, a personagem se tornou um marco de representatividade. “Depois de Xica da Silva, a Helena foi a personagem que ampliou meu olhar artístico. Lembro que falei para um amigo: ‘Preciso botar minha negritude para fora em todos os meus personagens’. Tanto que minha carreira é uma antes e outra depois [da Helena]”, afirmou.

Taís também destacou as barreiras enfrentadas na publicidade. “Passei por muita coisa. ‘Ah, já temos uma negra na capa esse ano’. A gente não cansava, Maju, a gente batia na porta”, concluiu.

Ao final da entrevista, a filha mais nova de Taís Araujo e Lázaro Ramos, Maria Antônia, se juntou à mãe e à avó para homenagear Taís, dizendo: “Ela é uma pessoa muito especial para mim e merece muito estar onde está hoje”, disse. Ao falar sobre maternidade, Taís contou: “Esse Dia das Mães, eu acho que é um dos dias, assim, que mais me emocionam. Porque o exercício da maternidade é lindo.. Ele é muito transformador, assim. A minha vida depois dos meus filhos é completamente outra. Eu sou uma mulher, eu acho, muito melhor. Eu sou uma atriz melhor. Os meus filhos fizeram de mim tudo melhor…. Isso é muito lindo”.

Criadoras de ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’ falam sobre a importância de terapia para homens negros na TV: “Não vemos o suficiente”

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Hassan Johnson como Dr. Lawrence e Tone Bell como Khalil (Foto: Cortesia da Netflix © 2025)

Na segunda temporada de ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’, um dos momentos em especial marca a série em relação aos homens negros: quando o Khalil, interpretado por Tone Bell, aceita o convite para fazer terapia. “É algo que não deveria parecer inovador, mas não vemos isso o suficiente”, reflete Danielle Sanchez-Witzel, cocriadora da produção ao lado da atriz Michelle Buteau, em entrevista ao Tudum. 

A sequência, como elas explicam, é um convite para que homens negros também se reconheçam no autocuidado e na busca por saúde mental.

Nore Davis como Tony e Tone Bell como Khalil. (Foto: Cortesia da Netflix © 2025)

De volta com novos episódios na Netflix, a série continua acompanhando a estilista Mavis Beaumont ( Michelle Buteau) em sua jornada de amor-próprio, relacionamentos e recomeços profissionais. Mas não é só Mavis que cresce — personagens como Khalil e Marley (Tasha Smith) também ganham camadas emocionais mais profundas, em uma temporada que aposta na vulnerabilidade como ato de coragem.

“Você pode escrever um post para o Instagram e dizer: ‘Faça terapia e #saudementalnegra’. Ou você pode colocar isso em uma cena e deixar viver. Acho que essa é a beleza da televisão e do cinema”, destaca Buteau.

Hassan Johnson como Dr. Lawrence. (Foto: Cortesia da Netflix © 2025)

“Tínhamos vários homens negros na nossa sala de roteiristas, todos com perspectivas diferentes, obviamente. Todos os roteiristas têm alguma relação com a terapia”, disse Sanchez-Witzel, sobre os bastidores de ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’, que teve todos os episódios dirigidos por mulheres. 

Buteau relembra que a Marley também fazia terapia na primeira temporada. “Teve uma cena de terapia que viralizou nas redes sociais da Netflix, acho que porque é uma janela para uma conversa que não conseguimos ver. O fato de termos conseguido fazer isso com Khalil é muito importante.”

Michelle Buteau como Mavis, Tone Bell como Khalil, e Tasha Smith como Marley. (Foto: Vanessa Clifton/Netflix © 2024)

Além da pouca retratação da terapia para homens negros na televisão, ‘Sobrevivendo em Grande Estilo’ ainda mostrou na trama como esse assunto ainda é um tabu entre eles ao buscar ajuda, e destaca a importância de procurar por profissionais negros para lidar com as questões raciais que interferem na saúde mental.

O verdadeiro obstáculo nunca foi a maternidade: um complexo na carreira das mulheres negras

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Foto: Freepik

Por muito tempo, o mercado tentou nos convencer de que sucesso e maternidade não podiam andar juntos. Afinal, o tabu de ser mãe sempre foi visto como um obstáculo, algo que compromete a eficiência, o foco e até mesmo a ambição de uma mulher. Mas quem definiu essas métricas? E, mais importante: quem disse que elas estão corretas?

Eu, mãe de dois filhos e executiva, posso afirmar que a maternidade não “atrapalha” o caminho profissional — ela redesenha esse caminho. Ela desafia as estruturas lineares do mercado e nos convida a pensar além da dualidade “casa ou carreira”.

Por outro lado, precisamos reconhecer que para as mães negras, a questão é ainda mais complexa. A elas é imposta uma dupla jornada de enfrentamento: primeiro, precisam romper com os estigmas que todas as mães enfrentam no mercado; e, depois, lidar com o racismo estrutural que ainda permeia a vida profissional. A maternidade nos confere um olhar ainda mais sensível e estratégico, mas essa potência é invisibilizada por um sistema que as enxerga de forma estereotipada e que muitas vezes as relega a postos subalternos.

Por que o mercado trata a maternidade como algo que diminui uma mulher? E, mais importante: por que insiste em delimitar ainda mais o espaço de mães negras em importantes posições de liderança? Por que o tempo que passamos cuidando, educando e moldando seres humanos é visto como uma pausa na carreira e não como uma extensão das nossas competências?

A verdade é que todas as mães — e, especialmente, as mães negras — são penalizadas por trazer para o mercado algo que ele mais precisa: humanidade. Nas mãos destas mulheres, o trabalho evolui para algo maior, mais coletivo, mais inclusivo.

Infelizmente, enquanto você lê esse texto, uma mãe negra está enfrentando não apenas barreiras invisíveis e violências silenciosas ligadas à maternidade, mas também os desafios de ser vista e ouvida em um espaço onde o privilégio branco determina as barreiras de entrada. Sendo questionada sobre sua “dedicação” e tendo que provar que não só pode desempenhar múltiplos papéis com excelência, mas que esses papéis são válidos.

E, enquanto o mercado não reconhece a capacidade única das mães nas suas habilidades inatas de adaptação, resolução de problemas e inteligência emocional, a maternidade segue sendo uma fortaleza. Ela treina todas as mulheres, e em particular as mães negras, para enfrentar negociações complexas, gestão de crises e planejamento estratégico, num nível que nenhum treinamento corporativo poderia simular.

Do lado de cá, eu sigo lutando para que o cenário corporativo, ao invés de se “preocupar” em como uma mãe vai conseguir equilibrar maternidade e trabalho, se conscientize em como reestruturar suas bases para que o sucesso não seja medido pela exclusão de quem somos — principalmente nós, mulheres negras, periféricas e mães.

Afinal, o verdadeiro obstáculo nunca foi a maternidade, mas um mercado que insiste em exigir que as mulheres deixem partes fundamentais de si para serem consideradas inteiras.

Mãe, o Medo e o Racismo

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Foto: Freepik

Durante a adolescência, eu não compreendia o porquê do excesso de preocupação que a minha mãe tinha comigo. Bastavam os meus amigos me convidarem para batermos uma bola, ou irmos ao baile e samba de roda, ou dar volta pelo bairro, entre outras coisas, que o desassossego de Dona Lourdes se apresentava. A triste verdade é que a paz das pessoas negras nunca é duradoura.

Antes que eu saísse de casa com os amigos, a minha mãe verbalizava a lista de recomendações: não corra, não arrume confusão, peça desculpas sempre que necessário, não volte tarde, não esqueça de levar os documentos (mesmo que fosse para ir à esquina), evite usar boné e touca, etc.

Porém, apesar da lista, dificilmente eu cumpria todos os itens. Tanto que, retornar para casa de madrugada, nos finais de semana, era bem comum. Nessas ocasiões, eu chegava de mansinho para não acordar a Dona Lourdes (quem disse que ela dormia?). Com as luzes apagadas de toda a casa, a minha mãe já estava me esperando na sala: “Já falei que tem muita gente ruim. Não gostam de pessoas negras; pare de andar por aí até tarde, é perigoso!”, eu ouvia caladinho. No geral, a força das palavras, que soavam tão ásperas, também deixava nítido o sentimento de alívio por não ocorrer nenhuma violência comigo. 

A situação piorou muito quando dois dos meus amigos, num curto espaço de tempo, foram assassinados; um pela polícia, o outro não sabemos quem o assassinou. Lembro que a minha mãe ficou muito mal. Ela acreditava que o meu destino seria o mesmo “roteiro trágico” dos meninos. Era somente questão de tempo. Agora me responda, como nutrir outro pensamento, diante de um mar de lágrimas escoando dos lares das famílias negras? Violências em cima de violências; assassinatos, prisões e dependência química comumente presentes na vida dessas pessoas. Permanecer otimista e equilibrado emocionalmente é quase heroico. Em reportagem, a Agência Brasil (2025) apontou que os negros são 3,7 vezes mais vítimas em intervenções letais da polícia paulista. Moramos na periferia de São Paulo; acho que essa informação e os dados da reportagem ajudam você a compreender — ainda mais — o meu ponto. 

Lá se foram mais de quarenta anos. Mas o temor da minha mãe não acaba, e com razão. Ela sabe que o racismo no Brasil não descansa um só momento. Nas ocasiões em que vou visitá-la, Dona Lourdes comenta sobre as violências racistas que viu nos noticiários da TV, e aproveita para reforçar a preocupação que tem comigo. Eu só escuto. Diferente do passado, entendo não haver como tranquilizar-se sabendo que neste país o seu filho é um potencial cadáver.

Grávida de gêmeos, Mariana Nunes fala sobre maternidade solo após diagnóstico de perimenopausa: “ela me escolheu”

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Foto: Isadora Relvas

Aos 44 anos, a atriz Mariana Nunes vive um momento de realização pessoal: a gravidez de gêmeos. Em entrevista para o Mundo Negro, ela compartilhou sua trajetória rumo à maternidade solo, um caminho que incluiu diagnósticos equivocados, a descoberta da menopausa precoce e a superação através da reprodução assistida: “Eu não escolhi a maternidade independente, foi ela quem me escolheu.
As coisas foram acontecendo e minha história foi se dando do jeitinho que tinha que ser”, destacou.

A atriz revela que sempre sonhou em ser mãe, mas imaginava uma família tradicional. Esse planejamento foi revisto quando, aos 42 anos, entrou na perimenopausa sem sequer perceber. “Foi muito triste me reconhecer e ter que aceitar já estar nessa fase da vida ainda nessa idade. Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo comigo e os profissionais que encontrei foram muito limitados. Eles não associavam meus sintomas a uma possível perimenopausa, acredito que, principalmente, por conta da minha idade”, lembrou. Mariana conta que só depois de um ano uma endocrinologista a diagnosticou corretamente.

“Uma vez sabendo já estar na menopausa só me restava aceitar que, se eu realmente quisesse engravidar, teria que ser através da ovodoação [doação de óvulos] e como nesse momento eu não estava dividindo esse planejamento com ninguém, parti para essa jornada por minha própria conta”, lembra a artista, que conta também ter encontrado apoio espiritual para viver essa jornada.

Mariana buscou na rede privada profissionais e clínicas para ter acesso ao tratamento para engravidar, mas ela alerta que os custos dos procedimentos são bem altos. Para mulheres em situação semelhante que não podem arcar com esses custos, existe a opção pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2012, uma portaria do Ministério da Saúde garante acesso a procedimentos como fertilização in vitro em centros credenciados. O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para avaliação e encaminhamento.

Desafios e preconceitos de profissionais

Nunes não esconde as dificuldades enfrentadas: “São raros os olhares mais atentos para a mulher ou para o corpo de uma mulher que está em busca de garantir sua maternidade, independente da configuração em que isso venha a acontecer. É muito diferente a recepção que você recebe quando chega a um consultório acompanhada de um parceiro ou parceira de quando você chega sozinha. A impressão que tenho é que eles custam a entender a maternidade solo como uma possibilidade normal. Talvez por lidarem pouco com essa realidade?”, questiona. Ela destaca, porém, o apoio fundamental que recebeu de médicos como a Dra. Camila Ramos, que a encorajou.

Diante do comportamento desses profissionais, a atriz aconselha: “Para as mulheres que tem o desejo de se tornarem mães mesmo depois dos 40 ou até mesmo depois da menopausa, eu diria que, com paciência e disposição, procurem especialistas no assunto. Hoje em dia a oferta de clínicas que trabalham com reprodução assistida é enorme, mas nem todos vão lidar com você com paciência e afeto. A busca é árdua e pode ser muito demorada, mas há de haver uma clínica com profissionais que melhor se encaixem no seu perfil”, diz.

“Desde já me sinto grata e feliz”

Vivendo o segundo trimestre de gestação, Mariana Nunes fala sobre a mistura de sentimentos que enfrentou no início. “Eu não tinha noção que o primeiro trimestre poderia ser tão sofrido. Já tinha ouvido falar dos enjoos e do sono, mas não sabia que podia ser tão desafiador na parte emocional. Para além de dores de cabeça fortes e constantes, tive rinite gestacional (nem sabia que isso existia) e uma tristeza tão profunda, que precisei de ajuda profissional. Uma irritabilidade muito aflorada, uma intolerância social bem maior que a que já enfrento normalmente”. De alguma forma, seu corpo entende que está se transformando e que você já não será mais a mesma pessoa e essa transformação acontece em diferentes camadas do seu ser”, revela.

Após os desafios do primeiro trimestre, a atriz celebra o momento de “lua de mel” da gravidez. “Estou no momento que chamam de lua de mel da gravidez. Me sinto bonita, as pessoas na rua me veem grávida e sorriem. O peso da barriga tá aumentando e me sinto bem cansada, mas já é bem mais concreto! Vejo meus bebês nas ultras e bate uma alegria!”, comemora.

Solidão e exemplo para outras mulheres

A artista conta que mesmo vivendo esse momento feliz na gestação, “as emoções coexistem”. “Ainda me sinto muito sozinha e acho importante falar disso. Sozinha não porque sou uma mãe solo, mas porque o processo da gravidez é bem sozinho mesmo. São sensações únicas que só o seu corpo está vivendo e como nenhuma gravidez é igual a outra, se torna uma experiência individual. Tem toda a beleza e tem os desconfortos também. Não é sempre que você conta com a gentileza e delicadeza das pessoas. Muitas perguntas indiscretas, até mesmo dentro da própria família, sobre o seu peso, opiniões sobre o tamanho da sua barriga, se tá grande, se tá pequena… muitas mãos indesejadas te tocando. São muitas as sensações. Uma experiência muito única e difícil de explicar. Algo impossível de definir”, relata.

Ela acredita que sua história pode ser exemplo para outras mulheres que têm o desejo de se tornar mães. “Meu desejo é de que a minha experiência possa ajudar a normalizar todo e qualquer tipo de maternidade e formato de família. Acho que a sociedade não está acostumada a ver pessoas falando sobre esse tema de forma naturalizada”, destaca. “Quando iniciei minhas pesquisas, todo e qualquer relato de maternidade a partir da ovodoação renovava meu propósito e me enchia de coragem, me mostrando que não estava sozinha. Quando vejo os exemplos de maternidade solo, então, é como se renovasse toda a minha coragem e disposição. Nunca ninguém me disse que seria fácil. Mas desde já me sinto grata e feliz”, finaliza.

Quando o samba é só festa: o apagamento da ancestralidade negra no pagode e no samba

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Foto: Divulgação

Texto: Luciano Ramos

O samba nasceu do corpo negro. Nasceu das dores e da reinvenção dos afetos de um povo que foi escravizado, perseguido e silenciado. Cada batida do tambor, cada cadência do surdo, cada lamento que virou melodia é herança de resistência. O samba é reza. Mas há quem insista em transformar essa herança em apenas entretenimento — esvaziada, embranquecida, despolitizada.

Nos últimos anos, observamos o crescimento de rodas de samba e grupos de pagode frequentados majoritariamente por pessoas brancas, em especial nas grandes cidades brasileiras. A princípio, pode parecer positivo ver o samba e o pagode atravessando fronteiras raciais e ganhando espaço. Mas há uma fronteira que não deveria ser cruzada com desrespeito: o esquecimento da origem.

Quando pessoas brancas consomem o samba como se fosse apenas “música boa para dançar e beber”, sem reconhecer a ancestralidade negra que pulsa em cada acorde, praticam um tipo de apropriação cultural que não é ingênua — é política. É o mesmo mecanismo colonial que esvaziou o axé de seu sentido espiritual, que transformou o jongo em atração turística, que tenta pasteurizar o funk para torná-lo palatável às elites.

Pior: muitas vezes, nesses espaços, pessoas negras não se sentem acolhidas. São vistas como intrusas naquilo que ajudaram a construir. O racismo, aqui, opera com sutileza cruel — não é o da exclusão direta, mas o da expropriação simbólica.

Isso não é sobre impedir pessoas brancas de cantarem ou celebrarem o samba. É sobre o compromisso com a memória, o respeito à origem, a valorização de quem historicamente construiu esse território musical como lugar de afirmação cultural, religiosa, política e afetiva. O samba é resistência. O pagode é afeto preto. E não existe afeto verdadeiro quando há apagamento.

Cantar samba exige escuta. Dançar pagode exige reverência. Participar desses espaços demanda consciência de que eles foram — e ainda são — territórios de luta negra.

Se queremos um Brasil onde a cultura una, ela precisa, antes, reconhecer as raízes de onde veio. E o samba, meus amigos, não nasceu em Ipanema.

Feira gastronômica no RJ recebe refugiados com sabores de diferentes países do mundo

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Foto: Erbs Jr.

A tradicional feira gastronômica organizada pelo Sesc Tijuca, conhecida por reunir receitas preparadas por refugiados de várias partes do mundo, sai do seu endereço habitual e ocupa a Praça Mauá, no Centro do Rio, no dia 17 de maio, a partir das 11h.

Ao todo, serão 20 barracas com quitutes, bebidas, roupas e artesanato típicos de países como Síria, Venezuela, Colômbia, Haiti, Nigéria e República Democrática do Congo. A proposta é celebrar culturas diversas e a resiliência de quem precisou deixar seu país de origem por conta de guerras, perseguições ou crises humanitárias.

O evento faz parte da Semana S do Rio de Janeiro, com uma agenda gratuita que inclui um show da cantora Iza, o tradicional Baile Charme do Viaduto de Madureira, arenas esportivas, oficinas, ações de saúde e apresentações culturais.

A programação é promovida pelo Sesc, Senac, Fecomércio e CNC. Confira nos sites a grade completa sescrio.org.br e rj.senac.br.

SERVIÇO

Semana S na Praça Mauá, Rio de Janeiro

Dia 17 de maio de 2025

Das 11h às 20h30

Realização: CNC, Fecomércio RJ, Sesc RJ e Senac RJ

Grátis

Livre

Mais informações: www.sescrio.org.br e www.rj.senac.br

COMIDAS E BEBIDAS INTERNACIONAIS

– Comida Tex-Mex

– Burritos

– Nachos

– Bacalhau com natas

– Cachupa (feijoada angolana)

– Bolinho de Bacalhau

– Batata frita com frango a passarinho

– Suco de múcua

– Suco e bolinho

– Comida Nigeriana: Arroz jollof com banana da terra frita com carne, frango ou camarão.

– Feijão-fradinho com banana da terra frita com camarão

– Batata recheada, açaí e bebidas

– Doces árabes, esfihas e kibes

– Shawarma: Carne de cordeiro e boi, pasta de alho, salada fresca, tahine e harissa (pimenta síria), enrolados no pão árabe

– Arroz colombiano: Arroz com legumes, banana da terra e salada. Camarão, carne de boi, porco e frango

– Patacon: Banana da terra, grão de bico, feijão e lentilha. Salada e camarão, carne de boi de porco e frango a sua escolha

– Arepas: banana da terra, grão de bico, feijão e lentilha. Salada e Camarão, carne de boi de porco e frango a sua escolha.

– Batata recheada: batata com carne ou frango

– Empanadas: massa de milho com carne ou frango

– Água de panela: rapadura com limão

– Limonada de coco (coco e limão)

– Arepas e pasteis e suco de rapadura com limão

– Cachapas e Papelón com Limão

– Kibe de carne

– Falafel

– Sambousek de couve

– Sambousek de ricota

– Pastel integral de berinjela

– Pastas

– Pães

– Gastronomia africana

– Churrasco com arepas

Drinks

– Made in Colombia: Limonada de coco e bebida a sua escolha

– Drinks da Junta

Morango, kiwi, sumo de limão siciliano, gengibre, açúcar e whisky

– Cactus café

Café, limão, açúcar e tequila

– El diablo

Melancia, limão, gengibre, açúcar e tequila

– Coco loco

Limão, água de coco, leite de coco, açúcar, Bacardi e vodka

– Piña colada

Abacaxi, leite de coco, açucar e Bacarde.

– Mojito

Limao, hortelã, tônica e Bacardi

– Gin Tônica

Limao siciliano, tônica e gin.

– Aperol Gin

Limao siciliano, tônica, Aperol e gin

– Aperol spritz

Laranja, tônica e espumante.

– Moscow mule.

Limão, gengibre, espuma de gengibre, açúcar e vodka

– Whisky sour

Sumo de limão siciliano, açúcar e whisky

– Caipirinha de rapadura

Rapadura, limao e cachaça.

– Caipirinha de café

Café, limão, açúcar e cachaça

– Caipirinha de frutas

Fruta a sua escolha, açúcar e cachaça

– Caipiroska

Fruta a sua escolha, açúcar e vodka

– Saquerita

Fruta a sua escolha, açucar e saquê

Sem álcool

– Limonada de coco

– Limão, coco, leite de coco e açúcar.

Campanha pede doações para mãe de estudante vítima de bullying no Mackenzie durante internação da filha

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Foto: Reprodução

⚠️ Alerta de Gatilho: Este conteúdo aborda temas sensíveis e deve ser lido com cautela

Fernanda Mariano, mãe da estudante de 15 anos internada após ser encontrada desacordada no banheiro do Colégio Presbiteriano Mackenzie, enfrenta dificuldades financeiras para arcar com despesas básicas enquanto acompanha a filha, hospitalizada há nove dias. A adolescente, bolsista na instituição, foi vítima de bullying, racismo e exposição não consentida de sua imagem por colegas, segundo relatos da família à reportagem.

Mãe solo e autônoma, Fernanda precisou interromper suas atividades para cuidar da filha e não terá como arcar com o pagamento do aluguel, alimentação e custos médicos. Uma campanha de doação foi criada para ajudá-la no período em que estiver longe das atividades profissionais para acompanhar a filha. Os interessados em ajudar podem fazer suas doações através da chave PIX de Fernanda A. Mariano: 11982268160 – Banco: Itaú Unibanco (Esse é o único pedido oficial de ajuda para onde as doações devem ser direcionadas).

A adolescente de 15 anos, estudante bolsista do 9º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo foi encontrada desacordada no banheiro da instituição na última terça-feira (29) após meses de bullying, assédio psicológico e ataques racistas dentro da escola. Em entrevista para a jornalista Silvia Nascimento, Fernanda A. Mariano, relatou que a filha vinha sendo vítima de xingamentos como “lésbica preta” e “cigarro queimado”, além de ter sido exposta em um vídeo íntimo gravado sem consentimento por um colega mais velho.

O Mundo Negro entrou em contato com a assessoria de imprensa do Colégio que afirmou que durante o episódio, ela foi socorrida pela equipe da escola.

Onde buscar ajuda

Se você estiver enfrentando um momento difícil e precisar de ajuda imediata, o Centro de Valorização da Vida (CVV) está à disposição. O CVV oferece um serviço gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio, disponível para qualquer pessoa que precise conversar. Para falar com um voluntário, você pode enviar um e-mail, acessar o chat pelo site ou ligar para o número 188. O atendimento é confidencial e está disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. Além disso, o CVV, em parceria com o UNICEF, disponibiliza um canal de escuta exclusivo para adolescentes entre 13 e 24 anos chamado “Pode Falar”. Este serviço, também anônimo, é voltado para adolescentes que precisam de acolhimento e desejam conversar sobre suas dificuldades. O atendimento pode ser feito via chat online ou WhatsApp. Para mais informações sobre horários de atendimento, consulte o site.

Nota do Colégio Presbiteriano Mackenzie

O Colégio foi surpreendido com uma aluna do 9º ano que foi encontrada precisando de auxílio no banheiro do Mackenzie. O primeiro atendimento foi realizado pelo bombeiro civil, juntamente com a médica pediatra do colégio. A aluna foi encaminhada à Santa Casa pela ambulância do próprio colégio, acompanhada pela coordenação pedagógica e pela pediatra. O contato e o apoio à família têm sido contínuos.

A orientação educacional e a psicóloga escolar, que já acompanhavam a aluna e sua família, seguem prestando suporte. A direção e a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido, nos dias seguintes e continuam acompanhando a situação de perto.

Nos últimos dias, algumas ilações sobre o episódio têm sido divulgadas, muitas delas desprovidas de fundamento. Em respeito à aluna e à sua família, optamos por não alimentar especulações. Todo o acompanhamento está sendo conduzido com responsabilidade, cuidado e discrição, diretamente entre as partes envolvidas.

Não é possível afirmar quais foram as causas do evento. Trata-se de uma adolescente que goza de todo o respeito, dignidade e consideração por parte do Colégio, assim como todos os nossos alunos. Internamente, estamos apurando todas as informações que possam elucidar a ocorrência. A aluna será ouvida assim que estiver em condições de se pronunciar no ambiente pedagógico.

Nem todas as histórias de maternidade são afetuosas: os relatos de Tina Turner e Oprah

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O Dia das Mães costuma ser celebrado com homenagens calorosas e mensagens de gratidão. No entanto, para algumas pessoas, essa data pode evocar sentimentos complexos, especialmente quando a relação com a mãe foi marcada por ausência ou rejeição. As histórias de Tina Turner e Oprah Winfrey ilustram como, mesmo diante de vínculos maternos difíceis, é possível construir trajetórias de superação.

Tina Turner, nascida Anna Mae Bullock, enfrentou uma infância desafiadora. Aos 11 anos, sua mãe, Zelma Bullock, deixou a família. Em sua autobiografia I, Tina (1986), Tina relata que, mesmo após o reencontro, a mãe nunca demonstrou carinho ou orgulho por suas conquistas. Em uma entrevista, Tina expressou: “Ela nunca quis essa criança. Quando cresceu e teve sucesso, ela não aceitou porque era algo que não queria. Talvez fosse inveja. Existe algo como inveja materna? Não sei.”

Oprah Winfrey também teve uma relação complexa com sua mãe, Vernita Lee. Filha de uma jovem de 17 anos, Oprah foi criada nos primeiros anos por sua avó, em condições de extrema pobreza. Aos seis anos, passou a viver com a mãe em Milwaukee, onde enfrentou negligência e episódios de abuso. Em relatos, Oprah compartilhou que, ao ser convidada a falar sobre sua mãe em um evento religioso, não conseguiu lembrar de um único momento afetivo. Ela expressou gratidão apenas pelo fato de sua mãe não ter interrompido a gravidez.

Apesar das dificuldades, ambas buscaram a reconciliação. Tina esteve ao lado da mãe antes de sua morte em 1999, mesmo sem reciprocidade emocional visível. Oprah, em 2018, reescreveu o fim da história com sua mãe ao cuidar dela nos últimos dias de vida. Ela declarou: “Agradeço, porque sei que foi difícil para você. Foi difícil para você como uma jovem tendo um bebê, no Mississippi. Sem educação. Sem treinamento. Sem habilidades. Dezessete anos, você engravida desse bebê. Muitas pessoas teriam dito para você dar esse bebê. Muitas pessoas teriam dito para você abortar esse bebê. Você não fez isso. Eu sei que isso foi difícil. Quero que você saiba que, não importa o quê, eu sei que você sempre fez o melhor que sabia fazer.” Oprah Daily

Essas histórias revelam que nem todas as relações maternas seguem o roteiro idealizado pela sociedade. Para muitas pessoas, o Dia das Mães é uma data de sentimentos ambíguos, onde o amor se mistura à dor e à busca por aceitação. Reconhecer e validar essas experiências é fundamental, oferecendo espaço para que cada indivíduo possa viver essa data de acordo com sua realidade emocional.

Para aprofundar-se nas histórias de Tina Turner e Oprah Winfrey, recomenda-se as seguintes obras:

  • I, Tina – Autobiografia de Tina Turner.
  • Tina – Documentário da HBO que explora a vida e carreira de Tina Turner.

The Life You Want – Livro de Oprah Winfrey que aborda sua jornada de autoconhecimento e superação.

Colégio Mackenzie é alvo de nova denúncia de racismo contra menina de 8 anos

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Após a recente repercussão de uma adolescente negra que foi vítima de racismo no Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, um novo caso de ofensa racial na unidade escolar veio à tona, desta vez contra uma menina de 8 anos. 

Segundo o boletim de ocorrência que a equipe do Mundo Negro teve acesso exclusivo, no dia 22 de abril, dentro da sala de aula, foi iniciada uma discussão entre quatro crianças, a respeito de uma atividade escolar, quando um garoto se direcionou a duas meninas negras e disse: “bem tipo de empregadinha pobre”, em referência depreciativa ao cabelo crespo das crianças. 

A fala foi ouvida por uma assistente de sala, que também é negra, e logo interveio e alertou o menino que se tratava de racismo.  Porém, antes do início da discussão, a menina chegou a procurar pela professora de inglês, que teria orientado que as quatro crianças resolvessem o conflito entre si, sem a intervenção de qualquer adulto ou mediador, o que resultou posteriormente em um episódio racista. 

Ainda de acordo com o boletim, também não houve nenhuma providência imediata de responsabilização por parte da escola. A família afirma que não houve mediação com os pais depois do ocorrido. 

Eles pediram que a coordenadora pedagógica, cuja figura causa desconforto e insegurança emocional na criança, devido a um histórico com o irmão mais velho, não tivesse contato direto com ela, mas a escola manteve-a como figura central no encaminhamento do caso.

“Por experiências anteriores, já enfrentamos diversos problemas com a atual coordenadora pedagógica, que durante três anos foi responsável pelo acompanhamento de nosso filho mais velho. Nossa filha sente-se intimidada e tem receio dessa profissional”, diz um trecho da representação enviada à Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, sobre  comentários racistas proferidos por parte da própria diretoria contra o ex-aluno. 

Em entrevista ao Mundo Negro, a advogada da família, Thais Proença Cremasco, contou que a diretoria do colégio fez a menina pedir desculpas para o colega que a insultou, pois entendeu que houve ofensas mútuas. “O Mackenzie não estava preparado. Quando o racismo não é combatido com intencionalidade, as violências vão se reproduzindo de forma infinita”, afirma. 

Para a família, houve omissão institucional grave e foi solicitada uma apuração da conduta da escola diante do episódio de racismo explícito, que “afetou profundamente a dignidade e o bem-estar” da criança.

O que diz o Mackenzie

Em nota encaminhada para o Mundo Negro nesta sexta (9), o Colégio Presbiteriano Mackenzie relatou que “durante uma atividade em sala de aula, foi registrado um desentendimento verbal entre alunos do 4º ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais. A situação foi prontamente percebida pelas professoras responsáveis, que intervieram no momento e acionaram a equipe de orientação educacional”

A nota diz ainda que os alunos foram ouvidos de maneira individual “ambiente acolhedor”. O colégio também alega que os alunos receberam orientação pedagógica adequada à sua faixa etária e que os pais foram chamados paralelamente para reuniões presenciais: “Por se tratarem de crianças de aproximadamente 8 anos, ainda em processo de desenvolvimento emocional e social, a sanção aplicada foi uma advertência formal, acompanhada de um plano de acompanhamento contínuo, com foco no acolhimento, na mediação de conflitos e na formação de atitudes respeitosas no convívio escolar”, descreve a nota.

Implementação de programa antirracista

Diante das denúncias, a família entrou com uma ação, solicitando que os acusados sejam citados para se defenderem e condenados a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$100 mil cada — ou outro valor que a Justiça considere justo. O processo está sendo movido sob representação das advogadas Thais Cremasco e Flávia Marino.

Além disso, os pais pedem que a coordenadora pedagógica seja imediatamente afastada do contato com a criança e que a aluna possa ser transferida de turma. Também solicita que a escola apresente um plano urgente de combate ao racismo. A ação exige que a escola, o município e o Estado de São Paulo implementem um programa antirracista e ofereçam apoio psicológico aos alunos, com acompanhamento da Justiça. O processo inclui o pedido para produção de provas, como depoimentos e documentos. 

Thais Cremasco ficou conhecida por representar o caso da Samara Felippo, que resultou na primeira condenação por injúria racial em escola no Brasil, e na defesa do próprio filho, que garantiu a primeira expulsão em escola particular por racismo no país. 

Confira a nota completa do Mackenzie

O Colégio Presbiteriano Mackenzie informa que, no dia 22 de abril, durante uma atividade em sala de aula, foi registrado um desentendimento verbal entre alunos do 4º ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais. A situação foi prontamente percebida pelas professoras responsáveis, que intervieram no momento e acionaram a equipe de orientação educacional.

Todos os alunos envolvidos foram ouvidos individualmente em ambiente acolhedor, com escuta ativa e orientação pedagógica adequada à sua faixa etária. Em paralelo, a escola convocou os pais e responsáveis para reuniões presenciais, nas quais prestou todos os esclarecimentos sobre o episódio, as providências adotadas e os caminhos pedagógicos a seguir.

Por se tratarem de crianças de aproximadamente 8 anos, ainda em processo de desenvolvimento emocional e social, a sanção aplicada foi uma advertência formal, acompanhada de um plano de acompanhamento contínuo, com foco no acolhimento, na mediação de conflitos e na formação de atitudes respeitosas no convívio escolar.

A escola reforça que a participação ativa das famílias é essencial nesse processo, permitindo o diálogo transparente, o fortalecimento da parceria entre escola e lar e a construção de soluções conjuntas orientadas pelo cuidado, pela escuta e pela formação integral dos estudantes.

O episódio também reafirma a importância dos projetos já implementados pelo Colégio Mackenzie, como o “Fala Sério!”, que estimula a comunicação consciente e empática, e o “Projeto Respeito – Um Caminho para o Bem Viver”, que promove valores como diálogo, escuta e convivência ética desde os primeiros anos da Educação Básica.

O Colégio repudia qualquer forma de desrespeito ou violência e segue comprometido com um ambiente escolar seguro, inclusivo e formativo, no qual situações como esta sejam sempre tratadas com seriedade, empatia e responsabilidade compartilhada.

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