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Moda, ancestralidade e negócios: o afroempreendedorismo como potência cultural e econômica

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Foto: Santa Resistência/Victor Vieira

Texto: Rachel Maia

Há algo de revolucionário quando uma mulher negra amarra um turbante, quando um homem negro veste uma estampa inspirada em símbolos africanos, quando uma marca nasce com o propósito de exaltar raízes que, por muito tempo, foram marginalizadas. Isso não é apenas moda — é um ato de resistência, identidade e movimento. 

Num país onde a população preta e parda é maioria — 56% dos brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — e enfrenta os maiores índices de desigualdade social, empreender torna-se, muitas vezes, uma questão de sobrevivência. Mas também é, cada vez mais, um ato de reinvenção e afirmação. É sobre criar com propósito, gerar renda com consciência e romper com narrativas que nos foram impostas.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 51% dos empreendedores no Brasil são negros. A maioria começa sem capital, sem crédito e sem apoio. Mas o que eles têm — e não é mensurado em planilhas — é força ancestral, visão de futuro e uma criatividade que pulsa em cada detalhe.

Afroempreendedorismo: transformar o presente e desenhar o futuro

A moda afro-brasileira é a vitrine desse movimento, marcas como Santa Resistência, Meninos Rei, Dendezeiro, Moikana Afro Wear, Ateliê Mão de Mãe, entre tantas outras, estão ganhando espaço não apenas nas passarelas, mas nas conversas, nos editoriais, nas ruas e nas redes. Não é só sobre vender roupas — é sobre pertencimento, cultura e economia.

O relatório Afroempreendedorismo Brasil, da PretaHub, mostrou que 80% dos negócios liderados por pessoas negras foram criados por necessidade. Mas o que nasceu da urgência, hoje, se transforma em potência cultural e econômica. E a pergunta que precisa ser feita é: como fomentar o acesso a recursos financeiros para esses talentos? Não há mais tempo para invisibilidade — agora é hora de reconhecer, valorizar e investir em quem transforma o país com criatividade, coragem e ancestralidade.

Cada empreendedor negro que rompe o ciclo da informalidade contribui para o aquecimento da economia, impulsiona a geração de empregos com foco em diversidade e fortalece a inclusão produtiva. Iniciativas como o Programa Nacional de Fomento ao Empreendedorismo Negro, lançado em 2023 pelo governo federal, são fundamentais — mas ainda insuficientes diante do que precisa ser feito. 

Chega de romantizar a resiliência. É preciso transformar discurso em ação e garantir que os empreendedores tenham acesso a políticas públicas com recorte racial e de gênero, crédito, presença em editais e espaço nas mídias. Pois essas soluções criativas que, mesmo diante da escassez, protagonizam uma revolução silenciosa, potente, transformadora e de impacto positivo para toda a sociedade, podem fazer ainda com os recursos necessários. 

O afroempreendedorismo não é tendência. É futuro. E o futuro não pede licença — ele chega, colorido, estampado, com gingado, com propósito e com memória. E se o Brasil quiser se reinventar como nação, precisa reconhecer essa força criativa que faz a diferença na economia e na sociedade — inserindo, potencializando e reconhecendo a cultural afro-brasileiro. Porque, quando um povo se reconecta com suas raízes, não há estrutura que o contenha. Há apenas espaço para florescer e vencer.

Raquel rasga o vestido de noiva de Maria de Fátima em cena histórica de ‘Vale Tudo’, que vai ao ar nesta semana

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Foto: Globo

Prepare-se para um dos momentos mais intensos da novela ‘Vale Tudo’. Nos próximos capítulos, Raquel (Taís Araujo) finalmente encara Maria de Fátima (Bella Campos) e a verdade vem à tona: a filha foi responsável por destruir seu casamento com Ivan (Renato Góes) e ainda está envolvida com César (Cauã Reymond).

Nos bastidores exibidos pelo Fantástico no domingo (6), Raquel irá agredir a Maria de Fátima e rasgar o vestido de noiva, assim como ocorreu no clássico de 1988. A tensão que marcou a televisão gera expectativas para os fãs que aguardam ansiosamente pelo embate entre mãe e filha, que pode marcar um rompimento definitivo. “Agora eu sei exatamente quem você é”, afirma Raquel em um desabafo doloroso.

Fátima confessa que só não fugiu com César porque pretende se casar com Afonso, pensando no dinheiro. A resposta deixa Raquel indignada: “Você vendeu a casa que a gente morava, destruiu a minha relação com o Ivan, roubou um dinheiro que não era seu”.

O embate termina com Raquel expulsando Fátima de casa e profetiza: “Você pode até ficar rica agora, mas um dia vai cair. Você vai tombar, Maria de Fátima”. É o momento em que Raquel se liberta da filha que sempre a desrespeitou e deixa claro que não vai mais estender a mão, nem se ela implorar.

Enquanto isso, Gilda (Letícia Vieira) tenta proteger Fátima, mas a verdade escapa e a foto que revela seu caso com César chega até Raquel. A desconfiança aumenta. Gilda ainda chega a levantar a suspeita de que Fátima possa estar ligada ao atropelamento que sofreu.

O capítulo vai ao ar às 21h20, na TV Globo.

Cadeira Peacock: símbolo de poder, ancestralidade e resistência negra

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Imagem: The New York Times

Conheça a história que vai além do luxo.

A cadeira Peacock, feita em vime com encosto alto que lembra a cauda de um pavão, nasceu nas Filipinas, fruto de artesanato local, usando materiais como rattan e bambu. Apesar de sua origem asiática, foi na diáspora africana que ela conquistou um novo significado.

Nos anos 1960 e 1970, ela deixou de ser apenas um item decorativo para se tornar um símbolo de poder e identidade preta. Tudo começou com a icônica fotografia de Huey Newton, cofundador do Partido dos Panteras Negras, sentado em um exemplar, segurando um rifle e um escudo tradicional africano; essa imagem consagrou o modelo como um trono da resistência negra

Além disso, a cadeira se consolidou como um símbolo visual forte ao aparecer em cenas de filmes importantes como Black Panther e Wakanda Forever, e também foi usada por personalidades como Lenny Kravitz, reforçando seu status de trono simbólico da comunidade negra.

Para muitos, a cadeira representa potência silenciosa: ela se impõe como “um trono de identidade”, reforçando mensagens de orgulho e centralidade. Michelle Wilkinson, curadora do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, destaca que a cadeira Peacock foi adotada como símbolo de empoderamento e pertencimento cultural.

Até hoje, continua viva em produções que exaltam o protagonismo preto. Em Black Panther, os tronos de T’Challa e Ramonda são inspirados no design da cadeira, reforçando a ideia de liderança e majestade preta, fundindo tradição e modernidade .

Conhecer essa trajetória é mais do que entender um item de decoração: é reconhecer como a diáspora negra ressignificou um objeto de origem filipina e o transformou em símbolo de liderança, acolhimento e resistência, um trono que carrega história, ancestralidade e poder.

50 Cent: Ele saiu das ruas de Queens e hoje comanda séries, marcas e milhões.

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Curtis Jackson, mais conhecido como 50 Cent, é um daqueles nomes que atravessam gerações. Saiu das ruas do Queens, em Nova York, e construiu um império que vai muito além do rap. Hoje, é referência em empreendedorismo, audiovisual e estratégia de marca. Mas o caminho até aqui foi tudo, menos simples.

Crescido em uma realidade difícil, 50 Cent teve contato com as ruas desde cedo. Ainda jovem, começou a escrever letras que refletiam o cotidiano que via e vivia. A música era tanto válvula de escape quanto plano de futuro.

Em 2003, ele explodiu mundialmente com o álbum Get Rich or Die Tryin’. Hits como “In Da Club” e “21 Questions” dominaram as paradas e colocaram 50 Cent entre os nomes mais influentes do rap. Mas, antes da fama, ele passou por um episódio que marcaria sua vida para sempre: em 2000, sobreviveu a nove tiros, algo que não só interrompeu temporariamente sua carreira, como deu outro peso à sua história de superação.

O sucesso na música abriu portas para algo ainda maior. 50 Cent percebeu que poderia crescer para além dos palcos e dos estúdios. Investiu em diferentes setores: bebidas, moda, cinema, livros e, claro, televisão.

E foi na TV que ele virou o jogo de vez.

Como criador e produtor executivo da série Power, exibida pela Starz, 50 Cent colocou sua assinatura em uma das produções mais assistidas da década. A série não só virou fenômeno entre o público, como também foi responsável por alavancar a audiência da plataforma, que até então não tinha tanta força. Depois de Power, vieram novos projetos, como Power Book II, Raising Kanan e BMF — todos sob o selo de sua produtora, G-Unit Film & Television.

A trajetória de 50 Cent virou até filme: Get Rich or Die Tryin’ (2005), uma cinebiografia que mistura ficção com elementos reais da sua caminhada. O longa mostra desde a infância difícil até o estrelato, passando pela relação com a rua, a música e a tentativa de reconstrução.

Hoje, 50 Cent é mais que um artista. É empresário, produtor e estrategista. Do rap pros negócios, da rua pra TV. Construiu um caminho que poucos imaginavam, e segue mostrando como se faz quando se assume o controle da própria narrativa.

7 inspirações de tranças para quem gosta do estilo, mas tem tempo curto

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Foto: Tyren Redd

Além de muita beleza, as tranças são para a comunidade negra uma expressão de identidade e pertencimento. Mas com a correria do dia a dia, nem sempre é possível dedicar o dia inteiro para fazer estilos de tranças mais elaboradas, isso não significa abrir mão do prazer de renovar os penteados para se enaltecer. 

Existem opções de tranças que levam até cerca de 12 horas para ficarem prontas, mas se você é uma dessas pessoas com a agenda mais apertada seja pela maternidade, pelo trabalho ou pelos estudos, você pode optar por opções que levam em média 4 horas, que aliam beleza e praticidade.

“É importante lembrar que o tempo de entrega varia de cada profissional pois estamos falando de um trabalho manual”, destacou a trancista Ana Vitória, dona do salão de beleza Kinah Beauty Hair, em conversa com o Mundo Negro. “Organizar o material viabiliza o tempo de entrega, ser objetivo e a cliente já vir com o cabelo preparado fazem com que a entrega seja feita com maior agilidade.”

Ana orienta todos os seus clientes a irem ao salão com o cabelo higienizado, sem nenhum resíduo e pré-escovado. Confira as dicas que o Mundo Negro selecionou junto com a trancista: 

Bantu

Foto: Divulgação/Kinah Beauty Hair

Boxeadora

Foto: Pinterest

Fulani

Foto: Divulgação/Kinah Beauty Hair

Ghana Braids

Foto: Divulgação/Kinah Beauty Hair

Lamonade

Foto: Divulgação/Kinah Beauty Hair

Nagô

Foto: @bynegabraids/Pinterest

Rabo enraizado

Foto: Pinterest

Kirby Howell-Baptiste volta como Morte em Sandman: um papel que mudou sua visão sobre a vida

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A aguardada segunda temporada de Sandman estreou nesta semana na Netflix, trazendo de volta personagens que marcaram a série — e um deles carrega uma presença tão intensa quanto reconfortante. Interpretada por Kirby Howell-Baptiste, a Morte segue encantando o público por ser muito diferente da figura assustadora que tantas vezes se imagina.

Na adaptação da HQ de Neil Gaiman, Morte é uma das entidades conhecidas como os Perpétuos, seres que personificam aspectos universais da existência, como Sonho (Morpheus), Desejo e Destino. Ao contrário das representações sombrias comuns em outras histórias, ela surge como uma presença serena que guia as almas com empatia e dignidade. “Ela quer que tudo seja digno, cuidadoso e gentil”, contou Kirby em entrevista ao Tudum, da Netflix. “Acho que essa é uma ideia utópica tão bonita da morte.”

Desde sua estreia na primeira temporada, a personagem se tornou um dos maiores símbolos da série por trazer uma nova forma de pensar o luto e o fim da vida. Para Kirby, esse foi um processo transformador. “Eu passei tanto tempo mergulhada neste papel… e a morte é um tema que a gente evita normalmente”, disse durante um painel na CCXP. “Percebi com Sandman que não há tempo para fazermos tudo o que queremos… Temos uma quantia finita de oportunidades e precisamos fazer todas elas contarem.”

A atriz britânica já havia se destacado em séries como The Good Place, mas admite que interpretar Morte teve um impacto profundo em sua jornada pessoal. Antes mesmo do convite oficial, Kirby já era fã da obra de Neil Gaiman e se sentia conectada à personagem. “Nunca tinha visto a morte ser explorada desse jeito. É algo muito especial.”

A forma como a série trata o tema ressoa com quem assiste, muitas vezes de maneira inesperada. “O mais difícil de filmar foi a cena com o violinista idoso”, revelou Kirby. “Foi um dos dias mais emocionantes que já tive em um set. A ideia de conduzir aquele homem longe da família era muito comovente.”

Com novos episódios agora disponíveis, Sandman segue mostrando que, mesmo em um universo de deuses e sonhos, a morte pode ser o momento mais humano de todos.

Ayo Edebiri e Lionel Boyce escrevem episódio de O Urso que expõe microagressões contra mulheres negras

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A quarta temporada de O Urso marca um momento especial nos bastidores da série: Ayo Edebiri e Lionel Boyce, intérpretes de Sydney e Marcus, se tornaram os primeiros atores do elenco a assinar juntos o roteiro de um episódio. A colaboração inédita reforça a relevância dos dois artistas como vozes criativas na produção vencedora de mais de 20 prêmios Emmy.

O episódio em questão é o quarto da temporada, intitulado “Worms”, que acompanha Sydney em um período de reflexões sobre carreira, limites e decisões que podem transformar seu futuro no The Bear. Sem revelar detalhes da história, o capítulo explora de maneira sensível os desafios que surgem quando mulheres negras precisam equilibrar ambição profissional e autocuidado em um ambiente competitivo.

Em entrevista ao CBS Mornings, Lionel Boyce relembrou como esse convite surgiu de forma natural e, ao mesmo tempo, desafiadora. “Nesta temporada, nós coescrevemos um episódio. Ayo me ligou e disse: ‘Acho que vou escrever este roteiro. Me conte o que você acha.’ Ela começou a compartilhar todas as ideias e eu pensei: ‘Isso é muito legal.’ Tivemos uma conversa, desligamos o telefone e depois ela me mandou uma mensagem: ‘Você quer escrever isso comigo?’”, contou.

Mesmo acostumado com o sucesso da série, Boyce confessou que, a princípio, pensou em recusar. “Meu instinto foi dizer não. E isso era só medo. Porque eu pensava: este show já faz tantas coisas incríveis, e o que eu faço aqui funciona. Eu não queria balançar esse barco”, explicou. Mas, ao perceber que era apenas insegurança, decidiu aceitar o convite. “Acabou sendo uma experiência incrível.”

Ayo Edebiri, que já havia dirigido o elogiado episódio Napkins na temporada anterior, segue se consolidando como uma das artistas mais versáteis de sua geração. Ela venceu o Emmy, o Golden Globe e o SAG Award por sua atuação como Sydney, além de ter sido indicada ao Directors Guild of America pelo trabalho na direção.

O Urso tem explorado temas como pertencimento, ambição e identidade com profundidade, e a união de Edebiri e Boyce na criação do roteiro fortalece a representação de artistas negros também por trás das câmeras. Com a quinta temporada já confirmada, o público pode esperar mais histórias contadas com autenticidade e coragem.

Nina Silva vence prêmio internacional do BRICS e reforça sua liderança na inovação com propósito

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Fundadora do Movimento Black Money e do D’Black Bank, a empresária e investidora Nina Silva reafirma sua liderança na construção de um ecossistema de inovação mais diverso e inclusivo.

Em junho, ela realizou em São Paulo mais uma edição do Inovahack MBM, o maior hackathon voltado à inovação e à economia negra e periférica do país. O evento reuniu profissionais de tecnologia, lideranças e investidores para desenvolver soluções voltadas a desafios urgentes enfrentados pelas periferias, como mudanças climáticas, saúde mental, empregabilidade e logística.

A iniciativa acontece em parceria com a metodologia Afreektech, uma tecnologia social criada pelo Movimento Black Money, que já impactou mais de 20 mil pessoas em diferentes estados do Brasil, por meio de formações, desenvolvimento de soluções e inclusão produtiva de talentos nas novas economias.

Agora, Nina avança ainda mais no cenário internacional. Ela foi anunciada como uma das finalistas do BRICS Women Innovation Startups Contest 2025, competição que reconhece e conecta mulheres que lideram negócios de impacto nos países que integram o bloco (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros do eixo sul global). No total, foram selecionadas 18 finalistas.

Organizado pela BRICS Women’s Business Alliance (WBA) e coordenado no Brasil pelo Sebrae, o concurso destaca iniciativas nas áreas de saúde, educação, sustentabilidade, transformação digital e energia. As finalistas participam de uma missão técnica no Rio de Janeiro entre 1º e 8 de julho, com visitas a hubs de inovação, encontros com investidores e presença no Fórum Empresarial dos BRICS. A premiação será entregue durante a Cúpula do BRICS, também no Brasil.

Com um trabalho reconhecido globalmente, Nina Silva já foi eleita pela ONU como uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo e, em 2021, recebeu o título de “Mulher Mais Disruptiva do Planeta” pelo Women in Tech Global Awards. Suas ações conectam tecnologia, impacto social e equidade racial, levando soluções concretas para desafios históricos enfrentados por pessoas negras e periféricas.

“Falar de inovação é também falar de território, de tecnologias para democratização de oportunidades. Estar entre as finalistas do BRICS Women Startups reforça que o nosso modelo de negócio, que une desenvolvimento econômico sustentável e tecnologia, é uma proposta global de futuro”, destaca Nina.

A conquista reforça o protagonismo do Brasil na criação de soluções inovadoras e inclusivas, e destaca como lideranças negras seguem moldando o futuro da economia global.

Dona de mim: uma novela de conflitos com aparência de leveza

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Foto: Globo

A novela “Dona de mim” é instigante pois traz atores e atrizes que estão muito próximos de nossa realidade, fazem parte do nosso quotidiano. Há ainda temas que precisam ser vistos de maneira crítica pois suscitam bons debates: as relações de trabalho na fábrica e na residência, a história de mulheres idosas, o amor com uma pessoa com deficiência, a beleza e o protagonismo da mulher negra, vida dos presidiários e o papel da defensoria pública.

A protagonista Clara Moneke, que interpreta Leona (Leo), tem uma desenvoltura que alimenta o sonho de milhões de jovens, embora mantendo relações amorosas muitas vezes críticas. No Brasil, as histórias das relações sociais com as empregadas domésticas negras têm um registro triste de exploração e violência. Ainda vivemos um período de negação dos direitos fundamentais das trabalhadoras domésticas, com casos de escravidão doméstica em pleno século XXI.

Os depoimentos das trabalhadoras domésticas no país denunciam diversas violações de direitos, incluindo trabalho análogo à escravidão, condições degradantes, suspensão de contratos sem garantia de quarentena e falta de pagamento de salários. O filme em que Regina Casé interpreta uma empregada doméstica, “Que Horas Ela Volta?”, é um bom exemplo de como as relações sociais e desigualdades se manifestam no Brasil, muito mais próximo de nossa dura realidade.

Vivemos um momento de renovação na teledramaturgia brasileira que traz novos desafios, e Clara Moneke representa este novo momento pelo desempenho monumental como atriz. Sua presença incomoda. É altiva, criativa e guerreira, uma mulher negra do século XXI. Ela incomoda.

Entre os diversos núcleos na novela “Dona de mim”, há o núcleo que envolve as famílias negras nos quais as mulheres são idosas, como Cida Moreno, que dá vida a Yara e carrega a marca da solidão da mulher negra e do cuidado com os netos. Sempre é bom destacar que elas são mulheres fortes e guardiãs da educação, que é incentivada e valorizada na família negra.

Camila Pitanga apareceu nos capítulos iniciais como um cometa. Maravilhosa, deslumbrantemente linda, divina uma atriz que pode aparecer alguns segundos e você se apaixona. Que mulher espetacular. Uma atriz que só melhora com o tempo.

Mas há uma atriz que tem despertado atenção pela beleza e delicadeza: Haonê Tinar, que dá vida a Pam, uma mulher negra que teve sua perna amputada na infância. Esta personagem já vale a existência da novela. Ela surge para romper todos os estereótipos de beleza, de independência e de sensibilidade.

A novela tem nos levados a refletir e discutir sobre o desafio de sair do sistema penitenciário e reconstruir a vida depois da prisão. O papel que a Defensoria Pública desempenha no folhetim persegue um ideal digno de registro. Uma tarefa corajosa e digna de uma epopeia grega. A vida de uma pessoa no sistema penitenciário brasileiro, não tem merecido atenção das pessoas. É como se o lugar onde são alocados devesse ser parecido com que o que há de pior nas instituições públicas.

As cenas ambientadas na prisão são duras, sem glamour. Uma viagem ao fundo do inferno a volta para a vida em sociedade. Uma realidade de milhares de famílias. Temos que exaltar a ousadia e a coragem dos diretores e redatores da novela “Dona de mim” por se esforçar em mostrar essa realidade. Não deixa de ser conflitante ver como os criminosos que desviam dinheiro da empresa, sonegam impostos, lutam pelo poder na família, vivem como se o mundo fosse feito para alguns usufruírem da riqueza e outros só trabalharem.

Venus Williams relata anos de dores causadas por miomas e negligência médica: “Disseram que era normal”

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Foto: Reprodução/Instagram

A tenista Venus Williams, 45, afirmou que conviveu por anos com dores menstruais incapacitantes, sangramentos intensos e náuseas severas sem que os sintomas fossem corretamente diagnosticados. Em entrevista ao Today, exibido nos Estados Unidos na quarta-feira (3), ela disse ter tido os sinais ignorados por médicos, que classificavam a condição como “normal”.

Todos os meses, ela ficava “abraçada no vaso sanitário, esperando que aquilo passasse”. Ao longo da carreira, Williams sabia tinha miomas — tumores benignos que se formam no útero —, mas os profissionais de saúde nunca associaram as dores, náuseas e episódios de anemia grave à condição. Em alguns momentos, ela precisou de transfusões de ferro para repor os níveis baixos.

“A situação ficou muito ruim e eu não consegui lidar com isso”, disse. “Fiquei indignada por não saber que isso era possível. Ninguém nunca me disse que o que eu vivia não era normal”, relatou a sete vezes campeã do Grand Slam.

Segundo Venus, os primeiros sinais surgiram ainda na adolescência, com sangramentos menstruais intensos. “Meus médicos me disseram que era normal. Nunca percebi que (algo) estava errado”, relatou. Ao longo dos anos, os sintomas se intensificaram. Nos exames antidoping, era comum ser diagnosticada com anemia. Inicialmente, ela atribuiu o quadro à síndrome de Sjögren, uma doença autoimune, que ela foi diagnosticada em 2011.

Mais tarde, descobriu que, além dos miomas, tinha adenomiose — quando o tecido semelhante ao endométrio invade a musculatura uterina, também provocando dor e sangramentos abundantes.

A tenista contou que em Wimbledon, em 2016, a dor que a impediu de comer e jogar. “Tínhamos uma final de duplas para jogar em seguida, e eu estava deitada no chão do vestiário, tipo, ‘Vai passar. Vai passar’. Graças a Deus, a Serena conseguiu o médico… e eu consegui me levantar, comer e começar a jogar — azar para as adversárias.”

Mesmo com dores se intensificando, ela seguiu competindo. Aos 37 anos, ouviu de um médico que os sintomas eram “parte do envelhecimento”. Em outra ocasião, escutou que o que sentia funcionava como “um controle de natalidade natural”. “Eu não fazia ideia do que isso significava. Ninguém me explicou. Olhando para trás, não tem graça nenhuma tirar a oportunidade de alguém ter um filho ou constituir família, se quiser. Não é brincadeira.”

Busca por tratamento e cirurgia

No ano passado, ao ver uma publicação nas redes sociais que dizia “você não precisa viver assim”, Williams decidiu investigar melhor. Acabou encontrando o NYU Langone Health Center, especializado no tratamento de miomas, e se consultou com a ginecologista Taraneh Shirazian. Foi a primeira vez que ela se sentiu acolhida e percebeu que sua experiência não era normal para as mulheres.

Shirazian foi a primeira especialista que recomendou a Venus uma miomectomia, cirurgia que remove os miomas preservando o útero, mas ela hesitou de início. “Achei que talvez ela estivesse dizendo o que eu queria ouvir. Era mais invasivo do que imaginei. Fiquei assustada.”

Mas após refletir, realizou a cirurgia e melhorou a sua qualidade de vida. “Espero que alguém veja esta entrevista e diga: ‘Posso obter ajuda. Não preciso viver assim’. Estou muito apaixonada por isso neste momento, porque sei que outras pessoas podem viver melhor do que eu vivi.”

Miomas afetam mais mulheres negras

Os miomas afetam cerca de 70% das mulheres brancas e 80% das negras antes dos 50 anos. Mesmo assim, muitas não recebem diagnóstico ou tratamento adequado, segundo especialistas. Os sintomas incluem dores menstruais, sangramentos excessivos, inchaço abdominal e problemas gastrointestinais.

“As mulheres não recebem o tratamento necessário para a doença dos miomas. Para mim, essa é a parte em que todos deveríamos pensar. Atleta de classe mundial, superestrela. Tem acesso a todos os médicos, a todas as instalações, a todas as opções. Ela consultou muitas outras pessoas antes de receber tratamento”, disse Shirazian.

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