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“Irê Ewá – A Caixa de Brinquedos” transforma moda e ancestralidade em espetáculo para crianças e adultos

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Foto: Divulgação

O coletivo Focus Arte Social e Sustentável, referência cultural na periferia de Salvador desde 2014, estreia neste final de semana o espetáculo “Irê Ewá – A Caixa de Brinquedos”, uma montagem que mistura poesia, música e imaginação para encantar crianças e adultos. A peça será realizada no Espaço Cultural SESI Casa Branca, em Salvador, no dias 30 e 31 de agosto, às 16h.

A peça se passa em um quarto cheio de brinquedos esquecidos e quebrados que, ao ganharem vida, revelam memórias, afetos e a força da ancestralidade africana. Mais do que uma história infantojuvenil, a produção se apresenta como uma experiência sensível que valoriza o protagonismo negro e o poder transformador da arte.

Foto: Divulgação

Recentemente, o Projeto Focus teve acesso a uma tonelada de fardamentos de instituições, que está sendo transformada em roupas civis de patchwork e também em elementos de cenografia. A iniciativa é resultado da parceria com a marca de moda AXÓMI, conhecida por seu olhar inovador e engajado.

Jonas Bueno, fundador e diretor do Projeto Focus, é um multiartista, estilista e dramaturgo, com a trajetória marcada pela construção de uma moda engajada socialmente. Já levou sua arte para eventos como a São Paulo Fashion Week e o Afro Fashion Day, sempre apostando na valorização da identidade negra e no diálogo entre moda, cultura e ancestralidade.

Foto: Divulgação

Atualmente, o Focus funciona em espaços emprestados — no Pelourinho e em um terreiro de candomblé no subúrbio ferroviário de Salvador — mas segue firme em seu propósito de transformar vidas por meio da arte.

Serviço
Espetáculo Irê Ewá – A Caixa de Brinquedos: Bonecos Pretos
Local: Espaço Cultural SESI Casa Branca – Salvador/BA
Datas: 30 e 31 de agosto de 2025
Horário: 16h

Dr. Sahna Wilbonh de Barros explica por que a Urologia é essencial em todas as fases da vida

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O urologista Dr. Sahna Wilbonh - Foto: Divulgação

A Urologia é a especialidade médica que atua no diagnóstico e no tratamento de doenças do aparelho urinário e do aparelho genital masculino. Assim, doenças que acometem os rins, os ureteres, a bexiga, a uretra, a próstata, os testículos, o pênis e demais órgãos desses sistemas são o foco da Urologia. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz das doenças urológicas são objetivos da especialidade, visando a melhora da saúde da população.

O urologista desempenha um papel ímpar na Medicina, tratando homens e mulheres em todas as faixas etárias: antes do nascimento, na infância, na adolescência, na idade adulta e em idosos. A avaliação inicial por meio de história clínica e exame físico bem realizados pode ser complementada por exames diversos, dentre os quais se destacam os laboratoriais e os de imagem (como ultrassonografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas), mas exames endoscópicos e biópsias também são frequentemente utilizados.

A especialidade não se limita a aspectos técnicos e científicos, tendo importância sociocultural, religiosa e econômica, muitas vezes. A saúde urogenital suscita debates amplos sobre hábitos (e a falta deles) na promoção de saúde, como em campanhas diversas com enfoque na saúde masculina e no incentivo ao autocuidado, muitas vezes negligenciados por desconhecimento e preconceitos. Sintomas como disfunção erétil e incontinência urinária têm forte impacto no convívio social e na saúde mental das pessoas afetadas, uma vez que podem limitar a qualidade de vida e provocar isolamento. 

A retirada do prepúcio (circuncisão ou postectomia) é prática milenar e praticada por tantos povos, culturas e religiões ao redor do mundo como rito de passagem, mas também é forma de tratamento de doenças (fimose e parafimose, por exemplo) e de profilaxia, com melhora da higiene íntima, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, proteção contra câncer de pênis e contra câncer de colo uterino.  

E dentro das esferas laboral e econômica, as doenças urológicas muitas vezes acometem a população economicamente ativa e podem ser causas frequentes de faltas em atividades profissionais, perdas de tempo de trabalho e custos elevados com diagnóstico, tratamento e seguimento (como nos frequentes casos de infecções do trato urinário, cólicas renais e tumores). 

O câncer de próstata vem ganhando destaque em campanhas, com vista em diagnóstico precoce, o que possibilita índices elevados de tratamento, cura e melhora na qualidade de vida. Assim, o conhecimento da doença e dos seus fatores de risco, que incluem o avanço da idade, o histórico familiar (hereditariedade), a etnia (o risco é maior em homens negros) e a obesidade, têm se mostrado pilares de conscientização sobre esta doença tão comum (o tumor não-cutâneo mais prevalente em homens, com um novo caso diagnosticado a cada 8 minutos no Brasil) e com potencial de letalidade alto sem tratamento (o segundo câncer em mortalidade masculina no país, com um óbito a cada 40 minutos).

Também, outras doenças da próstata (hiperplasia benigna e prostatite), cálculos urinários (“pedras” nos rins), distúrbios hormonais, disfunções de ereção, infecções sexualmente transmissíveis, disfunções urinárias, alterações da fertilidade, demais tumores urológicos (como os de rins e bexiga) e acompanhamento do processo de adolescência (desenvolvimento e início da vida sexual) e do envelhecimento masculinos também são extremamente importantes e merecedores da atenção e do conhecimento geral.

Assim, sintomas como sangramento da urina (com ou sem coágulos), dores urogenitais (renais, uretrais, vesicais, prostáticas, testiculares ou penianas), alterações na micção (aumento de frequência e redução de jato, entre outros), incontinência urinária, impotência ou perda do desejo sexual, alterações na ejaculação, corrimento uretral e lesões genitais devem sem ser avaliadas por um urologista.

Os tratamentos das diversas doenças incluem, de forma isolada ou combinada, orientações gerais e específicas, medicamentos, cirurgias, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Dentro do tratamento cirúrgico destacam-se as minimamente invasivas (endoscópicas, laparoscópicas e robóticas), sendo a Urologia uma das especialidades médicas que mais faz uso de inovações tecnológicas no seu arsenal diagnóstico e terapêutico, com nítidos aumentos de bons resultados e redução de complicações.

Deve-se lembrar que, mesmo na ausência de sintomas, há necessidade de acompanhamento urológico nas diversas faixas etárias e que hábitos de vida saudáveis, com boa higiene, boa alimentação e redução de índices de obesidade, infecções, etilismo e tabagismo são fundamentais para o bom funcionamento e preservação dos órgãos urogenitais, bem como na redução das suas doenças. O urologista é um aliado importante na promoção e na manutenção da saúde de todos. 

Por Dr. Sahna Wilbonh de Barros 

Médico urologista e titular da Sociedade Brasileira de Urologia 

(CRM-SP 144.578 / RQE 65.633)

Negràz: Márcia Paula transforma legado da família em bistrô afro-brasileiro em São Paulo

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Foto: @tudooquevejo_

Em maio deste ano, a chef e empreendedora Márcia Paula e Silva realizou um sonho: abrir um bistrô afro-brasileiro que traz para São Paulo. Mas a decisão não foi simples. “Abrir o Negràz foi um ato de coragem: eu saí do trabalho CLT, sendo mãe de três filhos e morando de aluguel, para viver do que eu realmente amo. Esse amor se transformou em cozinha, em afeto e autenticidade”, contou a chef em entrevista ao Mundo Negro e o Guia Black Chefs. 

“Desde pequena, eu era a ‘salsinha’ da minha avó Olívia Cherubin, uma dona de casa impecável, e também herdei a força da minha avó Maria, uma senhora de 1,40m que caminhava todos os dias para trabalhar na cozinha de um colégio interno. Elas me ensinaram que cozinhar é disciplina, cuidado e presença. Foi desse legado, e da fé de acreditar que o momento é agora, que nasceu o Negràz”, compartilhou a chef, que aprendeu a cozinhar aos nove anos, sob a influência da avó materna e a mãe, uma confeiteira.

Foto: Reprodução/Instagram

Esse legado tem atravessado gerações e hoje, o Negráz é um projeto de família, incluindo os filhos de Márcia, os Cauê e Maria Eduarda, e a Kelly Karoline. “Minha irmã [Claudia Paula] e eu colocamos nossas histórias aqui dentro, e junto com uma equipe pequena, mas muito dedicada, damos vida ao bistrô todos os dias. O dia a dia é desafiador, mas também muito gratificante. Eu costumo dizer que cozinho ‘a olho’ ou com ‘um punhado de amor’, porque não é sobre seguir receita, é sobre verdade e afeto”, completou Márcia. 

O acarajé é o cartão de visita do bistrô, mas o cardápio tem uma variedade de pratos para os clientes. “Os xinxins de frango e de frutos do mar são muito pedidos, assim como o arroz cremoso de costela. Temos também a carne seca com abóbora, com opções de acompanhamento como farofa, vinagrete mandioca ou banana terra. Cada prato traz a força da culinária afro-brasileira.”

Foto: Reprodução/Instagram

Trajetória profissional 

Márcia morou por 10 anos em Salvador que Márcia se aproximou das raízes da culinária baiana e nordestina. “Foi lá que aprendi, na prática e na vivência, os sabores marcantes e sagrados de uma cultura que me atravessa até hoje. Acarajé, abará, vatapá, xinxim de frango, tudo isso foi entrando na minha história e ganhando espaço no meu coração e nas minhas panelas.”

Foto: Reprodução/Instagram

De volta a São Paulo, ela começou a caminhada profissional como freelancer em eventos gastronômicos e assim nasceu o seu primeiro negócio, que ela continua trabalhando simultaneamente com o Negràz: o Buffet Marcia Paula Gastronomia. “Nosso foco se tornou o catering corporativo, brunch afetivos, coquetéis elegantes e experiências gastronômicas personalizadas.”

Com uma trajetória inspiradora, Márcia deseja capacitar  outras mulheres, especialmente mães solo, a encontrarem na cozinha um caminho de autonomia e renda. “Eu sigo me posicionando com coragem, quebrando estereótipos e abrindo caminhos para que outras mulheres negras também possam brilhar na gastronomia como protagonistas.”

Serviço

Bistrô Negraz

Endereço Rua Pais da Silva, 185 – Chácara Santo Antônio (Zona Sul), São Paulo

Instagram: @bistro_negraz

“Se eu cair 100 vezes, eu vou levantar 101”

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Foto: TV Globo

A queda de Raquel, a personagem interpretada por Taís de Araujo na novela “Vale Tudo”, nos negócios de alimentação, nos deixou muito tristes, pois embora saibamos que se trata de nossa realidade, que estamos habituados a conviver com fracassos, é duro encarar a falência de algo que parecia tão promissor.

Em entrevista à Quem, Taís Araújo, a intérprete da cozinheira, diz ter “levado um susto” quando leu no texto da novela que sua personagem voltaria a vender sanduíche na praia. A fala de dela é reveladora: “Esse momento da Raquel voltar a vender sanduíche na praia, confesso que recebi com um susto. Não era a trama original. Para mim, a Raquel ia numa curva ascendente. Quando vi aquilo, falei: ‘Ué, vai voltar para a praia, gente?'”, falou.

Ver a novela nos transporta para momentos de tristeza e alegria e Taís Araujo sintetiza este sentimento de frustração. “Quando peguei a Raquel para fazer, falei: ‘A narrativa dessa mulher é a cara do Brasil. Ela vai ter uma ascensão social a partir do trabalho. Ela vai ascender e vai permanecer. Isso vai ser uma narrativa muito nova do que a gente vê sobre representação da mulher negra na teledramaturgia brasileira'”, disse.

Na vida real, aquelas mulheres negras que têm sucesso sempre ascendente pelo trabalho são minoria, mas mesmo elas relatam períodos de insucessos motivados por crises com sócios, fornecedores e consumidores. As pessoas bem-sucedidas fracassam. E isso não é uma contradição. O fracasso é parte do caminho para o sucesso. Você ganha novas informações que o ajudam a evitar erros.

Estamos habituados a imaginar que o sucesso é decorrência de trabalho e dedicação, mas, na maioria dos casos, essas histórias estão ocultando os erros que existem por trás dessas conquistas. Um químico, para formular uma substância, faz testes, muitos testes que dão errado antes de chegar na fórmula certa.

Devemos nos preparar com bons planejamentos, mas entender que o fracasso faz parte de quem quer empreender. E saber tirar as boas lições dos erros, dos enganos e daquilo que não prevíamos e acontece.

Um exemplo é a iniciativa de empreendimentos de homens mulheres negras, mas fracassam muitas vezes por falta de recursos, de estrutura, planejamento, de capital de giro e conhecimento do mercado. O fracasso os desanima e muitos desistem depois dos problemas que não são poucos.

Numa história de um sucesso, sempre estão presentes histórias de pequenos e grandes fracassos. Mas todos que sobreviveram souberam arranjar forças, aliados, amigos e parentes para construir o sucesso.

Resiliência faz parte de histórias de vida de negros e negras que ousaram enfrentar e de se recuperar de fortes crises ou perdas pessoais com habilidade e ginga. Ser negro é ser sobrevivente e um aprendiz de superação das intempéries da vida. Como diria o líder angolano Agostinho Neto: A luta continua e a vitória é certa

4ª edição da OJU – Roda Sesc de Cinemas Negros traz produções como ‘Malês’ e ‘Milton Bituca Nascimento’; veja os destaques

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Fotos: Divulgação

A OJU – Roda Sesc de Cinemas Negros chega à sua 4ª edição celebrando a potência da negritude nas telas. Entre 3 e 11 de setembro, a mostra ocupa unidades do Sesc na capital, Grande São Paulo, interior, litoral e também o campus da Universidade Zumbi dos Palmares, com uma programação que reúne filmes, debates, oficinas, rodas de conversa e shows, quase sempre gratuitos e abertos ao público.

A abertura acontece no Cinesesc, no dia 3/09, às 20h, com a pré-estreia de Suçuarana (2024), de Clarissa Campolina e Sérgio Borges. O longa acompanha Dora, uma mulher de espírito nômade que percorre estradas brasileiras em busca de uma terra misteriosa citada por sua mãe.

Entre os destaques da programação estão longas que reforçam a memória e a força do cinema negro. Malês, dirigido e estrelado por Antônio Pitanga, inspirado na Revolta dos Malês – a maior revolução organizada por pessoas negras escravizadas no Brasil; Kasa Branca, de Luciano Vidigal, premiado no Festival Internacional de Cinema de Torino; e Milton Bituca Nascimento, de Flavia Moraes, que acompanha a turnê de despedida de um dos maiores nomes da música brasileira.

A mostra também traz Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil, de Joel Zito Araújo, eleito melhor projeto de documentário no Brasil Cinemundi 2017; e Os Afrosambas: O Brasil de Baden e Vinicius, de Emílio Domingos, que revisita o processo criativo do clássico álbum de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Além dos longas, a OJU apresenta 10 curtas-metragens de diferentes regiões do país, mostrando a pluralidade e a descentralização da produção audiovisual negra.

A mostra vai além das telas e promove encontros de formação e debate. No Sesc 24 de Maio, acontece a roda de conversa Representatividade, Subjetividades e Narrativas Negras, com Vivi Pistache, Rosane Borges e Joyce Prado. Já no Sesc Bauru, o tema Produção Independente no Cinema Negro Contemporâneo reúne Fagner Bruno, Eddie Mansan e Thainara Pereira. O Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF) recebe ainda a mesa Festivais e Mostras de Cinema Negro, com Joel Zito Araújo, Thais Scabio e Fernanda Lomba.

No Cinesesc, 14 dos 25 filmes selecionados serão exibidos. Entre eles, o documentário Luiz Melodia – No Coração do Brasil, dirigido por Alessandra Dorgan, que celebra a vida e a obra do cantor e foi indicado ao Prêmio Grande Otelo do Cinema Brasileiro.

Idealizada pelo Sesc São Paulo, a OJU é um espaço de celebração e reflexão, onde o cinema se conecta com o fortalecimento das identidades negras e à construção de experiências mais democráticas e acessíveis para diferentes públicos.

Veja aqui a programação completa!

Remake de Vale Tudo gera polêmica sobre inconsistências no roteiro de Manuela Dias

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Foto: reprodução

O remake de Vale Tudo, adaptado por Manuela Dias, tem gerado debates intensos tanto do público quanto do elenco. A novela original, de 1988, marcou época com personagens fortes e conflitos memoráveis. Raquel, interpretada por Regina Duarte, representava a mulher honesta em busca da verdade e justiça, enquanto Maria de Fátima, vivida por Glória Pires, personificava a ambição e a disputa pelo sucesso a qualquer custo. A antagonista Odete Roitman, inesquecível por sua frieza e manipulação, completava o núcleo de vilãs que cativou o público da época.

No remake, essas personagens têm sofrido mudanças que geraram controvérsias. Raquel, agora interpretada por Taís Araújo, retorna a situações consideradas rebaixadas, como vender sanduíches na praia, contrariando a expectativa de trajetória ascendente da personagem. Maria de Fátima mantém sua ambição, mas algumas decisões de roteiro tornaram suas ações menos impactantes do que na versão original. Odete Roitman, por sua vez, aparece com um tom mais suavizado, o que deixou fãs questionando a fidelidade à essência da personagem. Além disso, o público nas redes sociais tem criticado a superficialidade do enredo, a falta de coesão em algumas tramas e mudanças que desvirtuam o clima de suspense e intriga que marcou a novela de 1988.

Em entrevista à revista Quem, Taís Araújo expressou surpresa ao descobrir que sua personagem retornaria à venda de sanduíches na praia, após ter conquistado uma posição de destaque na trama. Ela afirmou que imaginava que Raquel seguiria uma trajetória ascendente e disse: “Para mim, a Raquel ia numa curva ascendente. Quando vi aquilo, falei: ‘Ué, vai voltar para a praia, gente?'”

Além disso, o público tem questionado os estereótipos atribuídos à personagem Raquel, reforçando a ideia de que a mulher negra na trama sofre constantemente, perde e, quando ganha, não consegue permanecer vencedora. Uma seguidora do site Mundo Negro comentou: “Heleninha é a mocinha da novela, tudo gira em torno dela. Já a Raquel, só sofrimento, sofrida.”

Segundo o blog F5 da Folha de S.Paulo, a declaração de Taís trouxe à tona um desconforto que já circulava entre o elenco. Humberto Carrão, intérprete de Afonso, considerou seu personagem apagado; João Vicente de Castro, como Renato Fillipelli, viu seu papel perder força; e Malu Galli, como Celina, enfrentou críticas do público pela ingenuidade de sua personagem.

O remake continua em exibição, mas as escolhas narrativas de Manuela Dias permanecem sob debate. A tentativa de atualizar o clássico para o público contemporâneo gerou polarização: enquanto alguns espectadores valorizam a adaptação, outros afirmam que a essência e a profundidade da novela original se perderam.

Comunidade negra rachada fortalece a branquitude (não caia nessa!)

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Foto: Freepik

Amo minha raça, luto pela cor.

— Racionais MC’S 

Não sei você, mas cheguei num nível de estafa com o rumo das discussões nas redes sociais. O pior é que hoje o ambiente virtual tornou-se um espaço importante, tanto para a busca de informações no campo de estudos, profissional, política, etc. Não tem como abandonar definitivamente. Atualmente, a discussão está em torno de uma pauta que não soma em nada com as lutas e conquistas históricas na agenda política dos movimentos negros. Numa sociedade como a nossa, onde discursos reacionários se potencializaram na onda do governo Bolsonaro, a vigilância se tornou necessária em todos os aspectos.

De maneira irresponsável, surgiram pessoas negras defendendo e aplaudindo teses que, se olharmos criticamente, estão alinhadas com o sistema racista. Tenho certeza de que a branquitude está festejando! Como pode a ousadia dessas pessoas, que estão muito longe de ter legitimidade no campo do conhecimento, estimular as pessoas pardas a reivindicarem um campo político dissociado da categoria racial “negro”? 

Sabemos que no Brasil os negros são considerados a junção de pretos e pardos, uma conquista histórica dos movimentos negros e inclusa em diferentes pesquisas sociais, desempenhando papel fundamental na elaboração de políticas públicas de combate ao racismo estrutural. No entanto, estão querendo esfacelar o consenso construído com muito custo. A armadilha “dividir para conquistar” é antiga, não podemos cair nisso. Nesse contexto, é como se as lições e informações produzidas pelos movimentos, intelectuais, políticos e ativistas negros não servissem de nada. 

É um tamanho retrocesso darmos as costas para os valiosos ensinamentos de Lélia Gonzalez, Abdias Nascimento, Clóvis Moura, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro, Hélio Santos, Nilma Lino Gomes, Jurema Werneck, Solano Trindade, entre tantas outras pessoas comprometidas com a autonomia e emancipação do povo negro.

A militância irresponsável ignora os problemas concretos. Negros agonizando nas filas dos hospitais, morando em condições habitacionais precárias; educação sem qualidade, crianças negras sofrendo racismo nas escolas, negros desempregados e explorados, mulheres negras no topo das vítimas de feminicídio, letalidade policial ininterrupta. A lista de problemas é imensa.

Por outro lado, eu entendo que exista tratamento ligeiramente distinto entre pretos e pardos na sociedade. Não há dúvida. Mas, as questões para a sobrevivência da comunidade negra clamam por solução. Devemos nos conscientizar que a marginalização nos abraça independentemente da variação da tonalidade de nossa pele. Vamos acordar para isso, irmão, antes que seja tarde!

Encerro este texto com as palavras de Kabengele Munanga, importante intelectual congolês que muito contribui para a luta negra: “Conheço muitas pessoas pardas, homens e mulheres, que assumem a sua negritude, lutam como negro para transformar a sociedade. Embora tenham consciência que são geneticamente mestiços, mas politicamente elas assumem sua negritude na luta contra o inimigo comum.” E continua: “Nossa luta não vai ganhar com esse colorismo e essa divisão entre os pardos e os pretos (…)”. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo racismo, negritude e mestiçagem. Entrevista concedida a Nilma Lino Gomes et al. Teoria e Debate, São Paulo, 14 nov. 2023. Disponível em: https://teoriaedebate.org.br/2023/11/14/rediscutindo-racismo-negritude-e-mesticagem. Acesso em: 28 ago. 2025.

Flamengo anuncia medidas antirracistas sem detalhar valores de investimento

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Foto: Rodrigo Lima/ Coluna do Fla

Recentemente, os conselheiros do Flamengo fecharam o maior contrato de patrocínio no futebol brasileiro com a casa de apostas Betano, no valor total de R$ 895 milhões, até o fim de 2028, e aprovaram no mesmo dia, a inclusão de medidas antirracistas no estatuto. O documento afirma que o combate ao racismo deve guiar todas as ações do clube, nas áreas esportivas, sociais, culturais e de formação profissional.

Questionado pelo Mundo Negro, o Flamengo não informou quanto será destinado especificamente para as ações de combate ao racismo. O clube disse que essas iniciativas fazem parte do orçamento anual de Responsabilidade Social, aprovado pelos conselhos, e que também abrange áreas como educação, sustentabilidade, inclusão social e saúde. Além dos patrocínios, os recursos também vêm da Lei de Incentivo ao Esporte e verba própria.

“O Flamengo vem atuando na causa antirracista há muito tempo. Diversas ações têm sido conduzidas pela área de Responsabilidade Social do clube, criada em 2019. Na sessão de votação do último Conselho Deliberativo, foi apresentada, e aprovada por aclamação, uma emenda ao estatuto social do CRF que, além de combater o racismo e a discriminação racial em todas as suas formas, ainda promove a implementação de políticas de conscientização, prevenção, inclusão e repressão a quaisquer atos ou manifestações racistas, buscando auxiliar na construção de uma sociedade inclusiva, justa, respeitosa e livre de qualquer forma de discriminação”, disse à reportagem.

Para realizar essas ações, o clube tem feito parcerias com entidades como a CUFA (Central Única das Favelas), ID_BR (Instituto Identidades do Brasil) e MUHCAB (Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira). Até o fechamento da reportagem também não foi mencionado se as entidades têm sido pagas pelo trabalho, mas detalhou o que tem feito nos últimos meses. 

“Com a CUFA, já atuamos em inúmeros projetos e ações sociais em praticamente todas as nossas linhas de atuação. O ID_BR e o MUHCAB são parceiros mais recentes e se juntaram a nós para apoio na capacitação sobre Identidade Racial para colaboradores e atletas, que é parte de nossa agenda de combate ao racismo”, compartilhou. 

“Finalizamos enfatizando que o combate ao racismo é uma prioridade no Flamengo. Tornar-se uma referência nesta luta é um dos principais objetivos do clube e da área de Responsabilidade Social do CRF”, afirmou. 

Após anunciar as medidas antirracistas, a Educafro entrou com uma ação civil pública contra o Flamengo na Justiça do Rio, acusando o clube de racismo institucional e omissão no combate à discriminação racial. O processo pede uma indenização de R$ 100 milhões. Entre uma das motivações para a ação, foi uma declaração do diretor da base rubro-negra, o português Alfredo Almeida, que em julho afirmou que “a África tem valências físicas” enquanto “a parte mental está em outras zonas da Europa”.

Leia na íntegra a entrevista do Flamengo ao Mundo Negro:

MN: O Flamengo já tem feito ações antirracistas. Gostaríamos de saber quanto do aporte financeiro que vocês receberam, será investido em questão de combate ao racismo? 

Flamengo: O Flamengo vem atuando na causa antirracista há muito tempo. Conforme descrito na matéria citada, diversas ações têm sido conduzidas pela área de Responsabilidade Social do clube, criada em 2019. Na sessão de votação do último Conselho Deliberativo, foi apresentada, e aprovada por aclamação, uma emenda ao estatuto social do CRF que, além de combater o racismo e a discriminação racial em todas as suas formas, ainda promove a implementação de políticas de conscientização, prevenção, inclusão e repressão a quaisquer atos ou manifestações racistas, buscando auxiliar na construção de uma sociedade inclusiva, justa, respeitosa e livre de qualquer forma de discriminação.

Sobre o aporte financeiro, informamos que as ações de combate ao racismo estão alocadas no orçamento da Responsabilidade Social, devidamente definido e aprovado pelos conselhos do clube anualmente. A implementação das ações de combate ao racismo assim como as iniciativas das demais linhas de trabalho – educação, sustentabilidade, inclusão social e saúde e qualidade de vida – são custeadas, ao longo do ano, a partir desse orçamento. Informamos ainda que este orçamento é constituído por recursos oriundos de diferentes fontes, incluindo: lei de incentivo ao esporte, patrocínios e verba própria.

MN: Como funcionam essas parcerias com as entidades? 

Flamengo: A Política de Responsabilidade Social do Flamengo possui 4 frentes de trabalho, são elas: Educação, Inclusão social, Saúde e Qualidade de Vida e Sustentabilidade. Em 2025, acrescentamos o Enfrentamento ao Racismo como pilar orientador dessa estrutura, entendido que o racismo transversaliza todas essas linhas de trabalho. Dentro desta visão, buscamos trabalhar em parceria com consultores de diversidade e organizações sociais, privadas e governamentais, projetos sociais, escolas e quaisquer entidades que possam contribuir neste papel de agente transformador da sociedade.

Na reportagem, foram citadas as parcerias com a CUFA, ID_BR e MUHCAB. Com a CUFA, já atuamos em inúmeros projetos e ações sociais em praticamente todas as nossas linhas de atuação. O ID_BR e o MUHCAB são parceiros mais recentes e se juntaram a nós para apoio na capacitação sobre Identidade Racial para colaboradores e atletas, que é parte de nossa agenda de combate ao racismo.

Finalizamos enfatizando que o combate ao racismo é uma prioridade no Flamengo. Tornar-se uma referência nesta luta é um dos principais objetivos do clube e da área de Responsabilidade Social do CRF.

A presença de mulheres nos conselhos de administração: Onde estão as mulheres negras?

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Foto: Freepik

Embora os dados mostrem avanços graduais na representação feminina nos conselhos de administração das empresas listadas no Ibovespa, a ausência de um recorte racial escancara uma realidade crucial: as mulheres negras praticamente não figuram nesses espaços de poder. Entre os 21% de mulheres que ocupam tais conselhos, qual é a parcela que corresponde a mulheres negras? O fato de que essa estatística muitas vezes não é sequer coletada ou divulgada já aponta para a invisibilidade do tema.

Historicamente, essas mulheres enfrentam barreiras duplas — de gênero e raça — para acessar cargos de alta liderança no Brasil. Os números apresentados pelo estudo “Liderança Empresarial 2025” revelam que apenas 3,6% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres. Contudo, dentro dessas estatísticas, o recorte racial não é exposto, ocultando as dificuldades específicas enfrentadas por mulheres negras para adentrar ambientes majoritariamente brancos e masculinos.

A falta de diversidade racial nos conselhos e na alta liderança é mais do que uma questão de representatividade; é uma questão de justiça e inovação. Empresas mais diversas tendem a ser mais bem-sucedidas. No entanto, o atraso do Brasil em incluir mulheres negras nessa equação reflete o problema estrutural do racismo combinado com o sexismo. Mesmo ao analisar os cargos de conselheiras, os desafios se intensificam: quantas mulheres negras têm a mesma oportunidade de acessar redes de contatos, qualificação e processos seletivos frequentemente desenhados para excluir marcadores de diversidade?

Além disso, a questão da equidade salarial permanece. Os salários médios de conselheiros que chegam a R$ 775 mil por ano levantam a seguinte questão: mesmo quando conseguem romper as barreiras e ocupar tais posições, será que as mulheres negras recebem remuneração justa em relação aos seus pares brancos?

A luta por equidade de gênero nos conselhos precisa incluir a interseccionalidade entre gênero e raça, promovendo políticas de ação afirmativa e programas que incentivem não apenas a presença de mulheres, mas especificamente a de mulheres negras. É preciso passar do discurso para ações concretas que desafiem o racismo estrutural e empurrem as empresas brasileiras para um futuro onde liderar também signifique incluir.

Recentemente li no livro  Nossa Luz Interior da ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, “Quando se trata de nos levantarmos e nos posicionarmos de uma maneira que nos inspire, as mulheres que nos inspiram de forma mais profunda e duradoura são aquelas que são honestas e vulneráveis, que se recusam a esconder suas lutas ou a fingir que não as sentem.” Essa ideia ressoa profundamente com a experiência de mulheres negras que, apesar de suas lutas, continuam a se destacar, inspirando outras a buscar seu lugar em todos os espaços de poder. A inclusão delas não é apenas uma obrigação moral, mas uma necessidade para a construção de um futuro mais justo e próspero.

Fontes:

Nossa luz interior: Superação em tempos incertos– Michelle Obama.

Avança aos poucos a presença de mulheres em conselhos, O valor.

Votação popular aberta: o público decide a Powerlist Mundo Negro – Mulheres Negras Mudam Histórias 2025

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Celebração da Powerlist 2024

A Powerlist Mundo Negro – Mulheres Negras Mudam Histórias 2025 inicia a fase mais aguardada de sua história: a votação popular. Pela primeira vez, a comunidade participa diretamente da escolha das homenageadas em quatro categorias fixas, somando engajamento social ao rigor histórico do prêmio.

Desde 2022, a Powerlist reconhece mulheres negras que transformam cultura, ciência, negócios e comunicação. O legado já reúne nomes de alto impacto midiático e setorial como Samantha Almeida (diretora de Marketing da Globo), Camila Farani (investidora e empreendedora), Érika Hilton (deputada federal), Rosangela Silvia (fundadora da Negra Rosa), Dra. Katleen Conceição (dermatologista referência em pele negra) e Mônica Anjos (estilista). Em 2025, a abertura do voto popular amplia a legitimidade coletiva do reconhecimento e convida o público a escrever, junto do prêmio, os próximos capítulos.

Categorias com voto popular

  • Criadora Digital – Mulheres negras que produzem conteúdo original em plataformas como Instagram, YouTube, TikTok e podcasts, com impacto cultural, social ou político.
  • Empreendedora do Ano – Lideranças que criam e expandem negócios próprios em diversos segmentos, fortalecendo o ecossistema empreendedor.
  • Destaque em Gastronomia – Chefs, cozinheiras e empresárias que preservam saberes tradicionais ou inovam na culinária, reafirmando a potência da gastronomia negra.
  • Profissional da Beleza – Especialistas que transformam autoestima por meio de cabelo, maquiagem e estética, consolidando um mercado em expansão.

Como votar

O processo é simples e seguro. Acesse o hotsite oficial, selecione a candidata, informe um e-mail válido e clique em votar.

Na tela, aparecerá a mensagem “Voto Registrado Com Sucesso”.

Cada pessoa tem direito a um voto por categoria por e-mail.

👉 Vote: powerlist.mundonegro.inf.br/votar

📄 Regulamento e FAQ: disponíveis no hotsite

Categorias com júri técnico

Seis categorias permanecem sob avaliação de especialistas: Comunicação e Cultura, Liderança Corporativa, Diversidade e Inclusão, Medicina e Ciências, Tecnologia e Inovação, Artes e Entretenimento. A curadoria é composta por lideranças como Helena Bertho, Viviane Elias, Sauane Bispo, Kelly Batista, Priscila Arantes, Marcele Giordano, Samantha Almeida, Luana Genot, Nina Silva, Rita Oliveira e Elaine Moura.

Indicações ao júri técnico: entre 15 de agosto e 16 de setembro, pelo e-mail powerlist@mundonegro.inf.br.

Patrocínio

A edição 2025 conta com patrocínio confirmado de Natura e Grupo L’Oréal, marcas globais comprometidas com diversidade e impacto social. A presença dessas empresas reforça a vocação da Powerlist em conectar reconhecimento, inovação e alcance.

Datas importantes

  • Indicação júri técnico: 15 de agosto a 16 de setembro
  • Votação Popular – Fase 1 (Indicação): 26 a 31 de agosto
  • Votação Popular – Fase 2 (Top 5 de cada categoria): 3 a 16 de setembro
  • Divulgação das selecionadas pelo público e júri técnico: 11 de outubro
  • Evento Powerlist: 17 de outubro de 2025, Casa Manioca – São Paulo (evento fechado para convidados e imprensa)

Serviço

Powerlist Mundo Negro – Mulheres Negras Mudam Histórias 2025

  • Votação Popular Fase 1: 26 a 31 de agosto
  • Votação Popular Fase 2: 3 a 16 de setembro
  • Divulgação das homenageadas: 11 de outubro
  • Evento: 17 de outubro de 2025, Casa Manioca – São Paulo (evento fechado)

🔗 Site oficial e votação: powerlist.mundonegro.inf.br/votar

📩 Indicações ao júri técnico: powerlist@mundonegro.inf.br

Redes sociais: @sitemundonegro

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