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Após caso de negligência médica, mulher cria plataforma para gestantes negras nos EUA: ‘Quase morri por não ser ouvida’

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Foto: Reprodução/Freepik

A norte-americana Rayna Clay anunciou nesta semana a criação da plataforma Pregnant And Black (Grávida e Negra), dedicada a apoiar mulheres negras grávidas após sofrer um caso grave de negligência médica que quase tirou sua vida e a de sua filha. O projeto visa conectar gestantes negras a profissionais de saúde comprometidos com um atendimento adequado, mas a realidade que Clay enfrentou não é exclusiva dos EUA—no Brasil, dados mostram um cenário ainda mais crítico.

Clay estava com 30 semanas de gravidez quando começou a sentir fortes dores. Mesmo bebendo quatro litros de água por dia, recebeu repetidos diagnósticos de “desidratação” em um pronto-socorro. “Os médicos diziam que a gravidez era dolorosa e que eu precisava lidar com isso”, contou à revista Essence. Graças à insistência de sua família, descobriu uma apendicite necrosante aguda, que exigiu cirurgia de emergência. “Se tivéssemos sido mandados de volta para casa, eu provavelmente teria morrido”, afirmou.

A experiência negativa da norte-americana a inspirou a criar um aplicativo, que está em desenvolvimento, para que outras mulheres negras possam receber suporte e tenham suas necessidades atendidas por profissionais atentos. O que Clay viveu reflete a crise de mortalidade materna entre mulheres negras nos EUA, mas no Brasil, os números são ainda mais alarmantes, considerando que aqui elas morrem o dobro no pré e pós-parto, revelando a urgência de políticas públicas que tenham como foco o combate ao racismo no atendimento às mulheres negras grávidas.

No Brasil, mulheres negras morrem o dobro no pré e pós-parto

Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que mulheres negras têm quase o dobro do risco de morte materna em comparação com brancas. Dados do Ministério da Saúde confirmam que a população negra tem os piores índices gerais de saúde, incluindo as maiores taxas de mortalidade materna e infantil.

O estudo, publicado na Revista de Saúde Pública em junho de 2024, mostrou que, entre 2017 e 2022, a taxa de mortalidade materna foi de 125,8 por 100 mil nascidos vivos entre mulheres negras, contra 64 por 100 mil para brancas e pardas.

Débora Santos, professora e coautora da pesquisa, explica: “No Brasil, nós percebemos que as principais causas são evitáveis. Essas taxas elevadas não estão ligadas às questões de idade ou de óbito em si, mas sim às questões sociais, em especial a racial.”

A pandemia de Covid-19 agravou o cenário, com aumento de mortes por causas evitáveis, como infecções e hipertensão, em 2020 e 2021.

Um problema global

Assim como nos EUA, onde Clay criou o Pregnant And Black para combater a negligência, no Brasil a intersecção entre racismo e saúde pública continua a custar vidas. Enquanto o aplicativo de Clay está em desenvolvimento (com atualizações em www.pregnantandblack.com e no Instagram @pregnantandblack), especialistas brasileiros reforçam a urgência de políticas públicas que enfrentem o viés racial no atendimento médico.

“Mulheres negras merecem ter suas vozes ouvidas e suas necessidades atendidas pelo sistema médico”, disse Clay.

Dicas de filmes e séries com protagonismo negro para assistir no feriado

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O Livro de Clarence (Foto: Legendary Entertainment / MORIS PUCCIO)

Nada melhor do que um feriado prolongado para descansar e colocar as séries e filmes em dia. Para ajudar a proporcionar este momento que começou nesta Sexta-Feira Santa, 18 de abril, até segunda-feira, 21, Dia de Tiradentes, o Mundo Negro preparou uma lista com produções audiovisuais que vão do drama à comédia, e até um novo reality show de streaming, tudo com protagonismo negro. Confira a lista completa abaixo! 

Cidade dos Homens 

Com duas temporadas disponíveis, o clássico nacional retrata a realidade de Acerola (Douglas Silva) e Laranjinha (Darlan Cunha), dois amigos que enfrentam o poder do tráfico de drogas e a falta de dinheiro em uma comunidade carente. Disponível no Globoplay.

O Livro de Clarence  

Estrelado por LaKeith Stanfield, o filme apresenta Clarence, um jovem negro que se esforça para sobreviver, apostando em corridas e se envolvendo com o comércio de alucinógenos. Num certo momento, ele fica impressionado com o poder e a influência que os 12 apóstolos têm e logo decide que quer se juntar a eles, embora não acredite exatamente que Jesus seja o Messias. Disponível na Max.

DNA do Crime 

A série policial inspirada em fatos reais, gira em torno de uma força-tarefa da Polícia Federal que investiga um ousado assalto a uma transportadora de valores na fronteira entre o Brasil e o Paraguai — considerado um dos maiores roubos da história da América Latina. O elenco inclui nomes como Thomas Aquino, Pedro Caetano, e mais. A segunda temporada estreia em 2025. Disponível na Netflix.

Paradise 

Ambientada em uma comunidade aparentemente perfeita, habitada por pessoas influentes e poderosas, a série explora como um brutal assassinato coloca tudo em xeque. A paz desse paraíso artificial é rompida, e a trama se desenrola em meio a uma investigação cheia de segredos e perigos. Estrelada por Sterling K. Brown, a série já foi renovada para segunda temporada e está disponível na Disney+.

No Coração do Mundo 

Dirigida por Gabriel Martins e estrelada por Grace Passô, o filme se passa na cidade de Contagem, quando as histórias de Selma, Marcos e Ana se cruzam. O desejo por uma vida melhor e sua busca pelo “Coração do Mundo” os levam a cometer um crime. Disponível na Telecine.

Pop the Balloon 

Com apresentação da icônica Yvonne Orji, estrelas de realities e pessoas comuns testam se rola alguma química entre elas neste experimento romântico. O programa já conta com dois episódios disponíveis no catálogo da Netflix e toda quinta-feira, às 21h, é transmitido ao vivo.

Manhãs de Setembro 

Com duas temporadas, a série é protagonizada por Liniker. Ela vive Cassandra, uma mulher trans que conquista pela primeira vez a chance de viver de acordo com seus próprios termos. Ela trabalha como entregadora em São Paulo e sonha em seguir carreira como cantora, inspirada por sua grande ídola, Vanusa. No entanto, tudo muda quando uma ex-namorada, reaparece com Gersinho (Gustavo Coelho), um menino de dez anos que diz ser seu filho. Disponível no Prime Video. 

Sneaks: De Pisante Novo 

Com dublagem de Christian Malheiros, Rayssa Leal e Jottapê, o filme de animação traz uma história repleta de aventura, humor e uma celebração da cultura dos sneakers e do hip-hop. O longa estreou nos cinemas nesta semana. 

Vidas Processadas 

Estrelada por David Oyelowo, a série é uma comédia surrealista sobre a excêntrica família Chambers, ambientada em 1969, no Vale de San Fernando (Califórnia, EUA). A trama se desenrola com a libertação de Hampton da prisão, que desestabiliza a dinâmica familiar já estabelecida por sua esposa e filhos. Lançada nesta semana, a primeira temporada está disponível na Apple TV+.

9 obras de autores afro-brasileiros para celebrar o Dia Nacional do Livro Infantil

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Lhaiza Morena (Foto: Reprodução/Instagram)

Em continuidade à celebração das obras infantis de autores negros, o Mundo Negro selecionou uma nova rodada de livros escritos por afro-brasileiros que foram indicados pelos nossos leitores no Instagram, para promover a literatura com representatividade para as crianças nesta sexta-feira, 18 de abril, Dia Nacional do Livro Infantil. Veja a lista completa abaixo!

Lili, a rainha das escolhas

Escrita pela autora Elisa Lucinda, a obra acompanha Lili, uma menina que se assusta e se confunde, mas é sempre muito importante. “Há até quem ache que ela é quem nos faz o que somos. Para entendê-la, é só observar o que ela diz!”, diz a descrição. 

Calu: uma menina cheia de histórias 

O livro das autoras Cássia Valle e Luciana Palmeira, acompanha Calu, que procura uma forma de transformar o bairro em que mora em um museu a céu aberto. A obra ressalta a importância de trabalhar o sentimento de pertencimento da população para o patrimônio material e imaterial.

Quinzinho

A obra escrita por Luciano Ramos conta a história do menino Quinzinho e sua família, que trazem a reflexão da importância do orgulho de ser preto e preta, o empoderamento das crianças pretas para enfrentar o racismo e a relação da criança com o seu pai mostra, que apresenta uma dimensão de uma masculinidade alternativa e afetuosa. 

Sonhe Alto, Menina! 

No Dia da Profissão na escola, Ziza decide compartilhar com seus colegas o seu grande sonho para quando crescer, mas as coisas não saem como ela esperava. Sonhe alto, menina! é uma incrível história sobre persistência e determinação para que todas as meninas atinjam seus objetivos e possam ser o que quiserem. O livro é da autora Lhaiza Morena.

O black power de Akin

A tristeza invadiu o coração de Akin, jovem negro de 12 anos, que cobre a cabeça com um boné ao ir para a escola. Ao seu avô, Dito Pereira, ele não conta que tem vergonha do seu cabelo, motivo de chacota dos colegas. Antes que Akin tome uma atitude brusca, o sábio avô, com a força das histórias da ancestralidade, leva o neto a recuperar a autoestima. Agora confiante, Akin ergue seu cabelo black power e se sente um príncipe. O livro é escrito pela autora Kiusam de Oliveira.

Por onde anda meu pai? 

A obra é uma narrativa de paternidade negra, a partir do olhar de um menino que demonstra todo seu carinho e afeto por seu papai. É uma história de amor, que também apresenta referenciais ligados à identidade, como o cabelo, a ancestralidade e a representatividade negra. O livro é resultado de uma pesquisa de mestrado, que identificou uma ausência nas produções infantis, na qual homens negros aparecessem exercendo papel de cuidado com os pequenos. Escrito por Yago Eloy.

Diário de uma quarentena

O livro ‘Diário de uma quarentena’ traz narrativas de Yalle Tárique, uma criança negra no seu primeiro período na pandemia. “Comecei a escrever após ter escrito a carta para meu tio que pegou Covid-19. Aqui, na minha casa, todos estavam aflitos com essa situação do meu tio e para mim não estava bem em ver tudo isso, então, resolvi escrever para compartilhar”, descreve o garoto. 

O Jardim

O livro acompanha, MATÚ, uma criança que, ao perder um tesouro precioso, se deixa levar pelo vento e descobre novos lugares e novas experiências de afeto. Durante essa jornada ela encontra um novo tesouro ao contemplar o nascimento de um girassol. A obra da Tatiana Sa será lançada em maio. 

Do Òrun ao Àiyé – A criação do mundo

Existem muitas crenças e teorias sobre de onde viemos e como tudo começou. Neste livro, os pequenos leitores encontrarão uma versão sobre a criação do mundo segundo os iorubás, recontada pela escritora Waldete Tristão.

5 restaurantes com chefs negros para conhecer no feriado prolongado 

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Chef Kelma Zenaide. (Foto: Reprodução/Instagram)

Você gosta de conhecer novos restaurantes em dias de folga? Em celebração ao feriado prolongado que inicia nesta Sexta-feira Santa, 18 de abril, até o dia 21 de abril, próxima segunda-feira, o Mundo Negro e o Guia Black Chefs selecionou 5 restaurantes de diferentes regiões do Brasil, comandados por chefs negros, cujo alguns estabelecimentos incluem o Menu Páscoa.

Confira abaixo a lista completa!

Kitutu: Gastronomia Afro-brasileira, comandado pela chef Kelma Zenaide. 

Onde: Belo Horizonte (MG) | Instagram: @kitutugastronomiafrobrasileira

Foto: Reprodução/Instagram

Culinária de Terreiro, comandado pela chef Solange Borges.

Onde: Camaçari (BA) | Instagram: @culinariadeterreirorestaurante

Foto: Reprodução/Instagram

Dois de Fevereiro, comandado pelo chef João Diamante.

Onde: Rio de Janeiro (RJ) | Instagram: @dois.de.fevereiro

Foto: Reprodução/Instagram

Santo Colomba, comandado pelo chef Alencar. 

Onde: São Paulo (SP) | Instagram: @santocolomba

Foto: Reprodução/Instagram

La Cucina, comandado pelo chef Guilherme Lara.

Onde: Blumenau (SC) | Instagram: @laracucinaa

Foto: Reprodução/Instagram

Após polêmica, Maju Santos se torna Creator da Negra Rosa e estrela campanha do Burger King

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Foto: Reprodução

A influenciadora digital Maju Santos, de Alagoas, anunciou nesta quinta-feira (17) sua nova parceria como Creator da marca de beleza Negra Rosa. A novidade chega semanas após a polêmica envolvendo a Salon Line, que enviou uma mensagem ofensiva à criadora de conteúdo. Maju também divulgou uma campanha com o Burger King, que acumula quase 400 mil visualizações em dois dias nas suas redes sociais.

A colaboração com a Negra Rosa foi revelada em um vídeo publicado por Maju e pela marca no Instagram. A parceria com a Negra Rosa acontece após a Salon Line, que havia se envolvido em uma controvérsia após responder de forma pejorativa a um post da influenciadora promovendo seus produtos sem patrocínio.

No episódio, a conta oficial da Salon Line enviou à criadora uma mensagem com tom de deboche: “Amiga, você tá igual o cachorro na frente da padaria, olhando o frango girar e só sentindo o cheiro, kkkk”. O caso ganhou repercussão, e a empresa emitiu um pedido de desculpas público em vídeo, criticado por misturar justificativas corporativas com o mea-culpa.

Maju, que já demonstrou desconfiança em relação à retratação, afirmou esperar que outras influenciadoras não passem por situações semelhantes. Enquanto isso, sua parceria com o Burger King e a Negra Rosa consolida sua presença no mercado de influência, agora com maior visibilidade após o episódio.

Colecionador é criticado por vender livros de registros raros sobre escravização do século XIX

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Foto: Reprodução

O escritor e colecionador Eduardo Helbert Urban viralizou nas redes sociais ao publicar um vídeo mostrando livros cartoriais do século XIX com registros de escravizados — incluindo penas aplicadas e alforrias. No material, ele exibe a ficha de um homem chamado Tobias, descrito como “cor preta, cabelos crespos”, preso por “andar nas ruas fora de hora” e punido com “50 açoites”.

Os livros, segundo Urban, foram resgatados de um incêndio em um local de descarte de uma biblioteca, que ele não identificou. Ele afirmou que comprou os documentos e está vendendo um deles — o livro de óbitos já foi negociado. A postagem, no entanto, gerou críticas de quem defende que tais registros deveriam estar sob a guarda de museus ou arquivos públicos: “Espera. Você está vendendo esse livro? Espero que não porque é um documento de interesse público e as informações nele contidas precisam chegar ao conhecimento de todos, gratuitamente”, comentou um usuário. “Não importa se foi salvo de um incêndio, existem muitos locais públicos onde esses documentos históricos seriam perfeitamente preservados”, escreveu uma internauta.

Nas respostas ao vídeo, usuários argumentaram que os documentos são patrimônio público e deveriam estar em instituições como o Museu Afro ou o Museu Nacional. “São registros importantíssimos sobre a ancestralidade do nosso povo”, escreveu uma pessoa em mensagem direta. Nas redes, Urban se defendeu, alegando que age com “responsabilidade e pesquisa”. Disse ainda que não doará os livros, mas que restaurará e digitalizará o livro de alforrias para disponibilizar o conteúdo.

Urban rebateu: “Se não fosse pelo alfarrabista que me vendeu, esse livro estaria queimado”. Ele acrescentou que cartórios em cidades históricas não permitem acesso a esses registros e que, com a divulgação, está ajudando a preservar a memória.

Em stories, o colecionador desabafou sobre ataques pessoais e explicou que pegou um empréstimo para comprar os livros. “Não tem ninguém me apoiando nesse trabalho. Sou eu sozinho”, disse. Afirmou ainda que entrou em contato com órgãos públicos para vender os documentos, mas não obteve retorno.

Questão patrimonial

A polêmica envolve tanto a guarda desses materiais quanto o acesso a eles, já que muitos registros similares permanecem em condições precárias ou inacessíveis em arquivos oficiais.

Urban reiterou que venderá os livros “para colecionadores ou quem quiser comprar e doar”, mas que não tem condições de doá-los. “É um resgate histórico”, afirmou. “Se alguém quiser adquirir para doar, fica à vontade.”

Família registra B.O após adolescentes negros sofrerem abordagem racista no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo

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Foto: Reprodução/Freepik

Uma família registrou um boletim de ocorrência após uma adolescente negra de 12 anos e um amigo terem sido vítimas de uma abordagem racista por parte de uma segurança do shopping Pátio Higienópolis, na região central de São Paulo, na tarde de quarta-feira (16). Os dois são estudantes do colégio Equipe, vizinho ao shopping, e foram ao local para almoçar antes das aulas da tarde, acompanhados de uma amiga branca.

Segundo relatos, a segurança teria se aproximado da jovem branca e perguntado se os adolescentes negros estavam “incomodando e pedindo dinheiro”. Horas antes, os alunos haviam participado de uma aula extra sobre letramento racial e condutas antirracistas. Um professor do colégio, que estava na praça de alimentação no momento do ocorrido, prestou depoimento. Membros da coordenação da escola também compareceram ao shopping para registrar uma queixa formal.

Leni Pires das Mercês, mãe da adolescente, afirmou que a filha ficou muito abalada. “Ela e os outros colegas choraram muito. Mas eu disse que ela iria até o shopping comigo para registrar o ocorrido. Ela precisa saber que pode frequentar esses espaços”, disse em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo.

Este não é o primeiro caso do tipo envolvendo estudantes do colégio Equipe no Pátio Higienópolis. Em 2022, Evie Santiago, líder da comissão antirracista de pais e alunos da instituição, registrou um boletim de ocorrência após seu filho, Isac, então com 14 anos, ser seguido por uma segurança dentro de uma loja do shopping. Na época, ela conversou com a administração do local, mas afirma que nenhuma medida foi tomada.

EUA justificam erro em visto de Erika Hilton com política binária ‘desde o nascimento’

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A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil afirmou, em nota enviada à imprensa na última quarta-feira (15), que a política do país é reconhecer apenas dois sexos — “masculino e feminino” —, considerados “imutáveis desde o nascimento”. A declaração foi emitida após a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) denunciar que teve seu gênero registrado como “masculino” em um visto diplomático, apesar de seus documentos brasileiros a identificarem como mulher.

“De acordo com a Ordem Executiva 14168, é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”, disse a embaixada, sem comentar diretamente o caso da parlamentar. O órgão também afirmou que, por lei americana, os registros de visto são confidenciais.

A resposta dos EUA ocorre após Hilton denunciar que seu novo visto, emitido para uma viagem a eventos acadêmicos em Harvard e no MIT, ignorou sua identidade de gênero. A deputada afirmou que, em 2023, um visto anterior havia sido emitido corretamente com a marcação “feminino”. A deputada, primeira mulher trans eleita para o Congresso, anunciou que acionará o governo americano na ONU e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). O PSOL também pressiona o Itamaraty a se manifestar.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Mascavo é criticada por Gabi de Pretas por tratamento desigual em ação com influenciadoras

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Foto: Reprodução/Instagram

Gabi de Pretas, conhecida por sua atuação em temas ligados à representatividade negra na indústria da beleza há uma década, usou o seu perfil no X (antigo Twitter) para criticar a abordagem da Mascavo, marca de Mari Saad, lançada em outubro do ano passado. A equipe procurou a influenciadora e youtuber por e-mail para enviar um blush e um iluminador, dois produtos da nova linha de maquiagem, “para ela conhecer um pouco da marca”, alegando que acompanha o trabalho da Gabi nas redes sociais e gostaram muito conteúdo.

A própria Gabi respondeu o e-mail. “Se vocês acompanhassem meu trabalho, acho que perceberiam o quanto essa abordagem não é legal (ainda mais vindo de uma marca como a Mascavo)”, escreveu.

A youtuber lembrou que a empresa enfrentou críticas com o lançamento da primeira coleção com produtos que não contemplavam peles negras retintas. A influenciadora Mirella Qualha foi uma das criadoras de conteúdo negra que se decepcionou ao testar um bronzer que prometia fototipos mais escuros e viralizou no TikTok na época.

“Vocês fizeram um lançamento que excluiu boa parte da população, incluindo pessoas com tonalidade de pele semelhante a minha. Mas isso vocês já sabem. Pediram desculpas e lançaram novos produtos. Agora, receber um e-mail me oferecendo apenas 1 blush e 1 iluminador? Rs”, ironizou.

A comunicadora também questionou os critérios para a entrega dos kits, sem mencionar nomes. “Estou na internet há 10 anos, e esse tipo de mensagem foge ‘e muito’ do padrão de comunicação de qualquer marca grande. Qual é o critério para alguns influenciadoras receberem toda a linha de lançamentos e outros apenas um ou dois itens? Gostaria de entender melhor”.

Após revelar os prints na publicação, Gabi ainda reafirmou o seu posicionamento e a sua relevância no mercado de beleza. “Antes da marca pensar em existir eu já estava na internet falando sobre falta de produtos pra pele negra, minha filha. Tá duro, dorme!”, escreveu.

Em nota, a Mascavo afirmou que está revendo seus “processos para que situações como essa não se repitam”.

Confira a nota da Mascavo na íntegra:

Nós, da marca Mascavo, acompanhamos a trajetória e reconhecemos a relevância da influenciadora Gabi Oliveira, conhecida como GabiDePretas. Lamentamos que o contato com nossa equipe tenha gerado desconforto. Estamos revendo nossos processos para que situações como essa não se repitam.

Recentemente, realizamos o lançamento de novas tonalidades de blushes, contornos e bronzers para atender a diversidade de peles do Brasil. Como marca, estamos nos conectando com grandes referências do mercado e formadores de opinião para conhecerem nossos produtos.

Vale ressaltar que a campanha foi planejada em fases, de forma estruturada e alinhada com o calendário de lançamentos de nossos produtos. Algumas dessas fases são pontuais, focadas em produtos específicos, enquanto outras possuem maior alcance e gama de produtos. Em todas as fases, contemplamos diferentes perfis de influenciadores, respeitando a pluralidade de tons de pele, trajetórias e comunidades representadas.

Reforçamos que todos os detalhes, tanto das ações já realizadas quanto das etapas futuras da campanha, após o ocorrido, foram compartilhados diretamente com a influenciadora GabiDePretas, por meio da CEO da Côrtes e Companhia, Egnalda Côrtes. Com total transparência, nosso canal segue aberto para ouvir, acolher e construir novas possibilidades, de forma respeitosa e colaborativa.

Diretora de ‘Geni e o Zepelim’ abre diálogo com a comunidade trans após críticas: “A gente vai repensar o filme”

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Fotos: Larry Busacca/ Getty Images e Divulgação

Anna Muylaert, diretora de ‘Geni e o Zepelim’, filme inspirado na clássica canção de Chico Buarque lançada em 1978, se pronunciou nas redes sociais sobre a escolha da atriz Thainá Duarte, uma mulher cis, para viver a personagem Geni. A decisão anunciada na terça-feira (15) gerou forte reação da comunidade LGBTQIAPN+, que levantou o debate sobre “transfake” — quando artistas cis interpretam papéis de pessoas trans.

A canção integra a ‘Ópera do Malandro’, peça de Chico Buarque, na qual é revelado que Geni é uma travesti, cujo nome de batismo é Genivaldo.

Conhecida também por dirigir os filmes ‘Que Horas Ela Volta?’ e ‘A Melhor Mãe do Mundo’, Anna tentou contextualizar a criação do projeto para justificar a decisão e convidou pessoas trans e cis para um debate juntos, no vídeo postado em seu Instagram nesta quarta-feira (16).

“Durante o processo de criação deste filme, a gente entendeu que a letra do Chico e o conto do [autor] Guy de Maupassant, ‘Bola de Seda’, no qual o Chico diz ter se inspirado, poderiam ter várias leituras: poderia ser uma mulher trans; poderia ser uma mãe solteira; poderia ser a Fabiana Silva da Favela do Moinho, uma carroceira; poderia uma presidente tirada do poder sem crime de responsabilidade; poderia ser uma floresta atacada diariamente por oportunistas”, explicou.

A diretora revelou que a escolha por uma personagem cis foi intencional. “A gente por uma questão de lugar de fala, escolheu fazer uma prostituta cis na Amazônia. Uma inspiração, influência de Iracema [o livro], do que acontece no Maranhão que o filme ‘Manas’ retrata. A gente entendeu que essa poesia poderia ter várias interpretações, e que a gente poderia fazer essa versão amazônica cis com a atriz Thainá Duarte”, continuou.

Ela ainda disse que o processo criativo pode não ter ficado claro para o público. “Falaram que a gente estava fazendo transfake, e não era essa a ideia. A ideia era realmente fazer a personagem cis. Mas, diante da reação da comunidade trans, quero vir aqui abrir o debate e jogar a pergunta: essa letra do Chico, essa poesia, hoje em 2025 só pode ser interpretada como a Geni, o mito Geni, só pode ser interpretada como um uma mulher trans?”, perguntou.

Anna também deixou a porta aberta para reflexão, com a possibilidade de rever a abordagem do filme. “Eu quero debater isso, porque se a sociedade, não apenas a comunidade trans, mas também todos os fãs do Chico e do conto do Guy de Maupassant, o ‘Bola de Seda’, se a gente computar que hoje em 2025 só pode interpretar a Geni como trans, a gente vai repensar o nosso filme. Na verdade a história não vai mudar porque os corpos femininos ou trans estão sempre sobre perigo. Queria muito ouvir tanto a comunidade trans como todos os fãs da música do Chico”, finalizou.

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