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Lula sanciona lei que amplia para 30% cotas para negros, indígenas e quilombolas em concursos federais

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Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta terça-feira (3) o projeto de lei que eleva de 20% para 30% a reserva de vagas em concursos públicos federais para candidatos pretos, pardos, indígenas e quilombolas. A cerimônia foi realizada no Palácio do Planalto.

Ao discursar, Lula classificou a ampliação das cotas como um ato de reparação histórica. “Nós não estamos dando nada a ninguém. Estamos devolvendo parte do que foi tirado. Não estamos oferecendo privilégios, mas garantindo direitos. Essa lei é um passo importante para construirmos um país com mais justiça social”, afirmou.

A nova legislação, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), vale para órgãos da administração pública federal direta, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União. Também se aplica a processos seletivos para contratações temporárias.

A sanção contou com a presença das ministras Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Anielle Franco (Igualdade Racial), Marina Silva (Meio Ambiente), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Esther Dweck (Gestão e Inovação), entre outras autoridades políticas.

A ministra Macaé Evaristo disse que a ampliação das cotas representa um avanço na legislação brasileira. “Em 2012, aprovamos, pela primeira vez, a Lei de Cotas para estudantes de escolas públicas, pretos, pardos e indígenas no Ensino Superior. Na sequência, aprovamos a Lei de Cotas dos concursos públicos. Hoje, o presidente Lula homologou a Lei que amplia ainda mais, de 20% para 30%, as vagas de concursos para pessoas pretas, pardas, quilombolas e indígenas. É um grande avanço na nossa legislação, e tenho certeza de que isso fará do serviço público brasileiro a cara do Brasil na sua pluralidade, superando anos de desigualdade”, declarou.

Sônia Guajajara afirmou que a medida garante o acesso de povos indígenas às políticas afirmativas. “Não se trata somente de uma Lei, mas também de uma garantia concreta de acesso do povo negro e dos povos indígenas ao sistema de cotas.”

Pela nova lei, as cotas deverão ser aplicadas sempre que o concurso ou processo seletivo oferecer ao menos duas vagas. Candidatos cotistas poderão concorrer simultaneamente às vagas da ampla concorrência, desde que atinjam a nota mínima exigida.

O texto também determina a alternância e a proporcionalidade na convocação dos aprovados — candidatos da ampla concorrência e cotistas deverão ser chamados de forma proporcional à quantidade de vagas de cada grupo.

A nova norma amplia a Lei nº 12.990/2014, que previa reserva de 20% das vagas em concursos federais para pessoas negras, com validade de dez anos. Com a mudança, a política de cotas ganha novo impulso e passa a contemplar também indígenas e quilombolas.

Morre Vó Tutu, a mulher que fez do pão uma revolução de amor

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Maria Paulina, conhecida como Vó Tutu, faleceu nesta terça-feira, segundo comunicado publicado nas redes sociais de seu projeto. Reconhecida nacionalmente pela atuação no Jardim Lapena, zona leste de São Paulo, ela transformou a dor da perda e das dificuldades em uma obra de solidariedade que alimentou milhares de pessoas durante a pandemia e além.

O início de sua trajetória com o pão começou em um momento de desespero, após o fechamento do restaurante que havia montado com esforço. Sozinha em seu quarto e buscando respostas em oração, contou que ouviu uma voz dizendo: “faz pão, mulher”. A partir dali, Vó Tutu encontrou força para recomeçar e transformar sua cozinha em um centro de acolhimento comunitário. Seu neto filmou o início da empreitada, e a gravação viralizou, impulsionando uma rede de apoio formada principalmente por moradores da própria periferia.

Diariamente, ela e sua equipe chegaram a produzir entre 2.400 e 2.800 pães, distribuídos gratuitamente às famílias em situação de vulnerabilidade. O impacto de sua atuação, no entanto, ia além do pão: o espaço criado por ela oferecia apoio psicológico, doações de alimentos, equipamentos médicos e oficinas para mães aprenderem a fazer pão em casa. Sempre ao lado da família e de voluntários, Vó Tutu acreditava na educação e no cuidado como ferramentas para transformar realidades.

Mesmo com problemas de saúde, como dores nos pés e um episódio de derrame em um dos dedos, ela nunca deixou de trabalhar. “Hoje eu sou uma pessoa diferente. O pão me fez diferente, o povo me fez diferente”, dizia em entrevistas. Seu trabalho chegou a ser reconhecido por diferentes iniciativas sociais e por veículos de comunicação, mas sua motivação sempre foi o coletivo: “ninguém é tão pobre que não possa ajudar”.

A morte de Vó Tutu representa uma grande perda para o ativismo comunitário brasileiro. Seu legado segue vivo na memória de quem foi tocado por sua ação direta, generosa e feita com amor.

Com toque lúdico e inspiração na natureza, Yara Elias assina o “Quarto de Bebê” da CASACOR 2025

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Foto: Adriana Barbisa

Apaixonada pelo universo lúdico e pela arquitetura que desperta sentidos, Yara Elias, única arquiteta negra participante da 38ª edição da CASACOR, teve a oportunidade de assinar o exclusivo “Quarto de Bebê” que compõe os ambientes infantis deste ano.

“O ‘Quarto Gruta do Bebê’, é resultado da minha busca por abrigos da natureza que fossem acolhedores e pudessem trazer uma atmosfera encantadora e mágica. Minha intenção foi unir conceitos dos estilos brutalista e lúdico associados a arquitetura biomimética, e com isso criar um quarto inspirador e estimulante para desenvolvimento do bebê. A ideia é que o bebê descubra e explore gradativamente as belezas da vida fora do útero da mamãe.”, revela Yara.

Neste ano, a CASACOR apresenta um olhar voltado à conexão com a natureza e o desenvolvimento sustentável. No espaço idealizado por Yara Elias, o quarto de bebê foi pensado como uma gruta, um refúgio seguro e aconchegante que remete ao abrigo, ao encanto e à descoberta. A gruta, por suas formações naturais e sua relação com a passagem do tempo, simboliza a jornada do bebê ao explorar o mundo gradativamente, desde os primeiros estímulos sensoriais até a interação com o ambiente ao seu redor.

Quarto Gruta do Bebê (Foto: Guilherme Dinamarco)

Ao entrar na gruta do bebê, o visitante é imediatamente cativado pelas curvas e formas irregulares das paredes com fendas e nichos iluminados envolventes, brinquedos, adornos e enxovais trazendo o colorido aos tons neutros das paredes e do teto. Enquanto se passeia pelo quarto é possivel conhecer as possibilidades de cenas acionadas por comando de voz, geradas por automação que regulam a iluminação se adequando a diferentes atividades como “Alexa, hora de brincar”.

Embalados por uma leve música de ninar ao fundo é possivel encontrar detalhes como pequenos gnomos, belas luminárias de cristal murano e vegetação, que trazem a magia e desejo de explorar que Yara Elias buscou retratar.

Yara Elias recorreu à própria criatividade para desenhar peças exclusivas e as assinou uma nova linha de mobiliários em collab com a Muskinha, marca referência em móveis e decoração infantil criada por Amanda Chatah, escolhida para assinar o mobiliário e design em parceria com a arquiteta.

Yara Elias e Amanda Chatah, fundadora da Muskinha. (Foto: Divulgação)

Por ser sua maior inspiração as peças “Mesas Mel” e “Cômoda Doro” foram nomeadas como os nomes de seus afilhados Melina e Theodoro, já as outras peças desenhadas à mão pela arquiteta estão completamente relacionadas ao tema central “Gruta”, surgindo assim o “Espelho Portal”,“Tapete Cristal” e demais itens como berço e prateleiras em formato orgânico. Diversas peças de decoração foram elaboradas especialmente para que a arquiteta pudesse compor o quarto.

Com essa participação, Yara deseja despertar o aconchego e calmaria para que todos se sintam serenos e acolhidos ao visitar o “Quarto Gruta do Bebê”.

Yara Beatris Elias é arquiteta e urbanista, com formação também em Design de Interiores, Edificações e pós-graduação em Engenharia Civil. À frente do escritório Lynhas Arquitetura, ela alia experiência técnica e sensibilidade criativa na gestão e execução de projetos residenciais e comerciais, além de novas construções. Com passagem pelo SENAC como professora e presença ativa nas redes sociais, sua atuação vem se destacando como uma profissional versátil e inovadora no mercado.

Ryan Coogler descarta sequência de ‘Pecadores’: “Queria que parecesse uma refeição completa”

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Fotos: Getty Images for Warner Bros. Pi e Eli Adé/Warner Bros. Entertainment

Apesar de muitos fãs gostarem da ideia de sequências, esse não será o caso de ‘Pecadores’. Estrelado por Michael B. Jordan, o filme não vai ganhar uma continuação. O diretor Ryan Coogler já havia afirmado, em entrevista concedida antes mesmo da estreia nos cinemas, que não tem planos para um segundo filme.

Em entrevista à Ebony, o diretor explicou que pensou em ‘Pecadores’ como uma obra fechada. “Já faz algum tempo que estou envolvido em fazer franquias de filmes, então queria me afastar disso”, contou. “Eu estava ansioso para trabalhar em um filme que fosse original e pessoal para mim e tivesse vontade de entregar algo original e único ao público.”

Segundo o cineasta de ‘Creed’ e ‘Pantera Negra’, a ideia era criar algo que se “parecesse uma refeição completa: aperitivos, entradas, pratos principais e sobremesas, eu queria tudo ali. Eu queria que fosse algo holístico e completo. Foi assim que me perguntaram sobre tudo. Essa sempre foi a minha intenção.”, disse.

Lançado em 17 de abril nos cinemas brasileiros, ‘Pecadores’ superou expectativas e arrecadou US$ 48 milhões só nos EUA no fim de semana de estreia — e US$ 63 milhões no total global.

Em janeiro, o Mundo Negro participou de um evento exclusivo para jornalistas de diferentes países com a presença de Coogler. “O filme, para mim pessoalmente, foi uma recuperação de um período de tempo e um lugar sobre os quais minha família não fala muito. Porque são muitos sentimentos associados à nossa história aqui. E mostrando essas pessoas na íntegra, no auge de seus poderes, como a glória, mas também, que enganam a humanidade. E uma grande questão era tipo, eram nossos avós, eles eram como nós”, disse na época.

Além do Michael B. Jordan, também integram o elenco outros nomes de peso como Wunmi Mosaku, Delroy Lindo, Omar Benson Miller e Hailee Steinfeld.

No Brasil, ‘Pecadores’ está disponível para locação no Prime Video, Apple TV e YouTube.

Festival Sesc Culturas Negras resgata herança do tempo para celebrar a existência negra

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Fotos: Divulgação

Em 2025, o Festival Sesc Culturas Negras celebra sua segunda edição e traz como tema a “Existência Negra”, conceito que vai além do simples ato de viver para assumir a trajetória histórica de saberes, da resistência, da resiliência e dos afetos moldados por ensinamentos ancestrais. A programação com atrações gratuitas e pagas, que ocorre entre 10 e 15 de junho em São Paulo, transforma o festival em um grande quintal que celebra passado, presente e futuro entrelaçando-os por meio de apresentações artísticas, oficinas, rodas de conversa e vivências.

A abertura acontece no Sesc Vila Mariana, localizado na zona sul da capital paulista e recebe a intervenção “Encruzilhadas”, um encontro artístico multicultural com Zé Manuel, Ayô Tupinambá e Safira, seguido da apresentação da Orquestra e Balé Afrikanse, que une o pensamento do renomado jornalista e intelectual com o talento de músicos, percussionistas e dançarinos africanos e/ou imigrantes residentes no Brasil.

No segundo dia do festival, o Sesc Pompeia celebra sua programação especial como Quintal do Samba, fazendo uma homenagem aos mestres do samba rock que fizeram história nos bailes da cidade. O show Os Opalas: da Batucada ao Groove traz um repertório que propõe uma viagem nostálgica pelos sucessos do gênero, além da interpretação de canções autorais da banda. Já o Sesc Santana abre a noite com o Podcast +PRETA ao vivo, apresentado pela jornalista Adriana Couto, que possui uma trajetória profissional no jornalismo musical, com participação do cantor Salgadinho, ícone do pagode dos anos 90.

A infância também terá um espaço especial nos quintais do festival, em especial no Sesc Consolação, nomeado como Quintal dos Erês. Que receberá um bate-papo sobre Infâncias Negras, com a presença da professora e escritora Kiusam de Oliveira, Leticia Nascimento e mediação de Jerusa Gomes. O encontro levará uma reflexão sobre as potencialidades das crianças como portadoras de legados e saberes ancestrais. Além disso, a unidade oferecerá uma aula aberta intergeracional que celebra o canto e as danças congolesas, conduzida pela multiartista congolesa, atriz, dançarina, ativista em prol dos direitos humanos e promotora de oficinas de afrobeats e de cultura do Congo, Prudence Kalambay

Parte fundamental da experiência negra, a moda terá espaço no Quintal da Imagem, no Sesc Campo Limpo, com o desfile da coleção Acredite no seu Axé, da estilista Isa Silva, que apresenta um manifesto de identidade, resistência e beleza negra através de suas criações carregadas de brasilidade e ancestralidade negra.

Confira a programação completa no site: sescsp.org.br/culturasnegras

Devido a questões de saúde, Muniz Sodré não participará mais do bate-papo no dia 10/6, no Sesc Vila Mariana.

Esse conteúdo é fruto de uma parceria entre Mundo Negro e Sesc São Paulo

Primeiro prefeito negro de Tulsa anuncia fundo de US$ 105 milhões para descendentes do Massacre de 1921

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O prefeito de Tulsa Monroe Nichols - Foto AP

Em um gesto histórico, Monroe Nichols, o primeiro prefeito negro da cidade de Tulsa, anunciou neste domingo (1º) a criação de um fundo privado de US$ 105 milhões para tentar reparar os impactos duradouros do Massacre Racial de 1921. O plano inclui recursos voltados à moradia, bolsas de estudo, preservação cultural e apoio a pequenos negócios de descendentes das vítimas do ataque.

O anúncio aconteceu no Greenwood Cultural Center, no coração do distrito de Greenwood — área que, no início do século 20, era uma das comunidades negras mais ricas dos Estados Unidos. Conhecida como “Black Wall Street”, Greenwood foi destruída em 1921 por uma turba branca armada, em um dos maiores atos de violência racial da história americana. Estima-se que até 300 pessoas negras foram assassinadas, mais de 10 mil ficaram desabrigadas, e mais de mil residências e negócios foram incendiados.

Hoje, mais de 100 anos depois, ainda há sobreviventes vivos do massacre, como Viola Fletcher e Lessie Randle, ambas com mais de 110 anos, que seguem cobrando reparações e reconhecimento pelos danos sofridos.

“Eu estou aqui querendo justiça” disse Viola Fletcher. “Eu estou aqui pedindo para o meu país reconhecer o que acontece em Tulsa, em 1921”. Foto: Reprodução NPC.

O fundo, chamado Greenwood Trust, será dividido em três eixos: US$ 24 milhões para garantir acesso à moradia e propriedade a famílias descendentes; US$ 60 milhões para reabilitar estruturas históricas, revitalizar espaços urbanos e remover áreas degradadas; e US$ 21 milhões voltados a microcrédito, bolsas de estudo e aquisição de terrenos para empreendimentos liderados por pessoas negras.

O prefeito pretende captar todo o valor por meio de doações privadas até junho de 2026, com administração independente e conselho gestor próprio. “Vamos fazer esses investimentos para reconstruir o distrito de Greenwood e devolver a Tulsa a comunidade que deveríamos ter sido”, declarou Nichols durante a cerimônia, marcada também pela criação de um feriado municipal em memória às vítimas do massacre.

Embora o plano não ofereça compensações financeiras diretas aos sobreviventes, Damario Solomon-Simmons, advogado das vítimas e fundador da organização Justice for Greenwood, elogiou o anúncio. “Muitas das propostas refletem o que nossa comunidade vem exigindo há anos. Estamos prontos para transformar essas ideias em resultados concretos”, afirmou.

Além dos investimentos, Nichols anunciou a liberação de mais de 45 mil registros históricos e documentos públicos sobre o massacre, muitos deles inéditos. “É hora de tirar nossa história das sombras”, disse.

50 Cent quer impedir que Diddy receba perdão presidencial de Trump: “Não é aceitável”

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Fotos: Jamie McCarthy/ Getty Images; Paras Griffin/Getty Images; e Getty Images

50 Cent continua fazendo barulho nas redes sociais com tudo o que envolve o caso Diddy. O rapper e empresário deixou claro que pretende conversar diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para desencorajar qualquer possibilidade de perdão presidencial ao magnata Sean “Diddy” Combs.

Ele quer garantir que Trump não considere a hipótese de clemência para o colega da indústria musical, atualmente envolvido em uma série de acusações que incluem assédio, abuso sexual, violência doméstica e tráfico sexual.

“Ele disse que consideraria o perdão para qualquer pessoa injustiçada, não é o caso do Puffy Daddy”, rebateu em um post afiado nas redes sociais. Nos comentários, ainda declarou: “Ele [Diddy] já disse coisas muito ruins sobre o Trump, não é aceitável. Vou entrar em contato com ele [Trump] para que ele saiba o que penso a respeito desse cara”.

Em seguida, o rapper também publicou o print de uma matéria internacional sobre sua intenção de conversar com Trump, e na legenda escreveu: “Donald Trump não leva desrespeito para casa e não se esquece de quem opta por ir contra ele… Em meio aos seus trabalhos para tornar a América grande outra vez, não há espaço para distração”.

Durante um evento na Casa Branca, na última sexta-feira (30), Trump falou sobre a possibilidade de perdoar o rapper. “Primeiro, eu daria uma olhada no que está acontecendo”, afirmou. “Não tenho acompanhado com muita atenção. Ele gostava muito de mim, mas acho que quando me candidatei, esse relacionamento acabou.” E completou: “Bem, ninguém perguntou. Eu sei que as pessoas estão pensando nisso. Eu olharia os fatos”. Em 2015, Diddy elogiou o republicano durante uma entrevista. “Donald Trump é um amigo meu e ele trabalha pesado”.

Em meio a uma série de postagens sarcásticas e provocativas de 50 cent sobre o caso Diddy, a mais recente traz o print de um tabloide britânico afirmando que ele pretende “bombardear as chances de perdão” ao artista. Ele rebateu direto: “Não disse que vou bombardear nada, só falei que faço questão que o Trump saiba das coisas”.

Os advogados do magnata Diddy negam veementemente as acusações, alegando que todos os relacionamentos sexuais do artista foram consensuais. Ainda assim, ele segue detido em uma penitenciária federal em Nova York, depois que diversos pedidos de fiança foram rejeitados, e segue em julgamento.

Caso Miguel completa 5 anos e mãe ainda luta por justiça

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Foto: Reprodução

Hoje, 2 de junho, completa-se cinco anos da morte de Miguel Otávio Santana da Silva, 5, que caiu do 9º andar de um prédio de luxo no Recife (PE) após ser deixado sozinho em um elevador. O caso, ocorrido em 2020, teve grande repercussão nacional e ainda aguarda um desfecho judicial definitivo.

Para marcar a data e reforçar a cobrança por justiça, a mãe Mirtes Renata, junto a Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), e outros coletivos e movimentos sociais, organiza um ato a partir das 15h, em frente ao Edifício Maurício de Nassau — conhecido como Torres Gêmeas — no bairro do Cais de Santa Rita, área central da capital pernambucana.

A manifestação deve seguir em caminhada até o Tribunal de Justiça de Pernambuco, no bairro de Santo Antônio. A mobilização busca manter viva a memória do menino e denunciar o que movimentos sociais apontam como um caso emblemático de negligência, racismo estrutural e desigualdade social.

Sari Corte Real e Sérgio Hacker, ex-patrões de Mirtes Renata. (Foto: Reprodução)

Nas redes sociais, Mirtes publicou um vídeo no domingo (1º), no qual relembra o dia da morte do filho e lamenta a lentidão da Justiça. Em desabafo, ela criticou a impunidade da ex-patroa Sari Corte Real, que deixou Miguel sozinho no elevador enquanto a mãe realizava tarefas domésticas. “Miguel não caiu. Miguel foi deixado cair”, afirmou.

“Quem cometeu esse crime, uma mulher branca, rica, que deveria ter a empatia de cuidar do meu filho, porque me obrigou a trabalhar, segue livre, estudando medicina, vivendo sua vida em paz, enquanto eu coleciono noites insones e passos firmes por justiça”, completou.

Sari Corte Real chegou a ser presa em flagrante por homicídio culposo — quando não há intenção de matar —, mas foi liberada no mesmo dia após pagar fiança de R$ 20 mil. Desde então, responde ao processo em liberdade. Ela é casada com Sérgio Hacker (PSB), ex-prefeito de Tamandaré, em Pernambuco.

A história de Miguel também foi levada à televisão no especial ‘Falas Negras’, exibido pela TV Globo. No episódio de 2020, a atriz Tatiana Tiburcio viveu o papel da Mirtes Renata em um monólogo que emocionou o público e reforçou a denúncia sobre o racismo estrutural no Brasil. A performance evidenciou a dor de uma mãe e a força de sua luta por responsabilização.

Povo negro: da invisibilidade ao protagonismo

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Foto: Claudio Gatti

Texto: Rachel Maia

Após a abolição da escravatura no Brasil em 13 de maio de 1888, nossos ancestrais enfrentaram inúmeros desafios, como a falta de políticas de inclusão, racismo estrutural e exclusão social. Ainda assim, ao longo do tempo, conquistaram importantes avanços em diversas áreas. E nós como frutos dessa resistência seguimos o legado dos que vieram antes de nós, ocupando com pertencimento cada lugar alcançado, abrindo portas e janelas para os que vêm depois.

Ser o primeiro — e muitas vezes o único — em espaços de tomada de decisão não é fácil. Os julgamentos, os olhares desconfiados, as cobranças sempre estiveram lá. Mas nós sabemos: nossa missão é maior. Por isso, seguimos plantando tamareiras, mesmo sabendo que talvez não sejamos nós a colher os frutos mais doces. Pois a certeza de que as gerações futuras encontrarão sombra e um caminho mais justo, proporcional às lutas e conquistas de séculos, nos impulsiona continuar. 

Tudo que alcançamos até aqui mostra, para além da nossa dor, que somos capazes e que seguiremos lutando. A educação e o acesso ao ensino superior são exemplos do resultado da luta do povo negro. Um grande feito é a política de cotas, implementada oficialmente em 2012, que possibilitou o aumento significativo da presença de pessoas negras nas universidades federais.

A produção e crescimento da intelectualidade negra nas mídias, com nomes como Lélia Gonzalez, Abdias do Nascimento, Sueli Carneiro e tantos outros, que contribuíram com reflexões essenciais sobre racismo, cultura e identidade, são um marco no século XXI. Potencializando o nosso saber e levando para a sociedade debates contundentes. 

Assim como a Lei n° 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, valorizando a contribuição do povo negro à formação do país. O Estatuto da Igualdade Racial (2010), que assegura a igualdade de oportunidades e combate a discriminação racial, também impulsiona os avanços da sociedade brasileira. 

Sabemos que estamos longe do cenário ideal, mas, identificar, nos veículos de grande mídia, uma representatividade significativa da sociedade é a prova que nossas lutas não são em vão e de que a diversidade de pessoas, culturas e saberes contribui para uma sociedade mais justa. 

Estamos percebendo o fortalecimento das manifestações culturais negras — samba, capoeira, candomblé, maracatu e outras expressões afro-brasileiras — como patrimônio cultural. A representatividade na mídia promove um debate discriminatório e possibilita desmistificar estereótipos atribuídos às pessoas negras, assim como aos povos originários. 

O conhecimento amplo ofertado à sociedade em sua totalidade permitirá que todos os indivíduos tenham seus direitos garantidos. E, assim sendo, a sociedade brasileira terá acesso a uma diversidade cultural ampla, que conduzirá o país de maneira orgânica e crescente a uma economia equilibrada.

O aumento da presença de pessoas negras em cargos políticos, nas mídias, na educação, em cargos executivos e na publicidade faz parte de uma luta histórica e necessária para que mais de 50% da população brasileira saia da invisibilidade. O pódio pode até ser o lugar de poucos, mas é certo que todos têm o direito de concorrer a ele. Estamos ainda mais próximos de chegar lá, mas sabemos que ainda há muito a fazer. 

Juiz Edinaldo César Santos Júnior, referência na luta por direitos humanos e equidade racial, morre aos 45 anos

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Foto: Reprodução/Instagram

O juiz Edinaldo César Santos Júnior, conhecido por sua atuação em direitos humanos, defesa da infância e juventude e combate ao racismo institucional no Judiciário, foi encontrado morto neste domingo (1º), aos 45 anos. A causa da morte não foi divulgada.

Natural de Aracaju (SE), Edinaldo era juiz de Direito no Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE) e atuava como juiz auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ocupava posições estratégicas no sistema de Justiça e se destacava por seu trabalho técnico e político em prol de uma Justiça mais inclusiva.

Doutorando em Direitos Humanos pela Universidade de São Paulo (USP), era mestre na mesma área pela Universidade Tiradentes. Ao longo da carreira, teve papel central na formulação de políticas públicas voltadas à proteção de crianças e adolescentes, tanto no TJ-SE quanto no CNJ.

No CNJ, também esteve à frente de iniciativas para promoção da equidade racial. Foi um dos idealizadores do Encontro Nacional de Juízes e Juízas Negros (Enajun), que discute anualmente o enfrentamento ao racismo institucional no sistema judiciário brasileiro.

A morte do Dr. Edinaldo tem sido lamentada por muitas figuras políticas e do movimento negro. Entre elas, Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos, fez uma publicação nas redes sociais, se despedindo do juiz. No mês passado, ambos estiveram na 99ª Sessão do Comitê dos Direitos da Criança da ONU na Suíça.

“Estivemos juntos na missão para Genebra, representando o Brasil. Me encantei com seu jeito doce e alegre, com sua inteligência e com seu comprometimento com a defesa dos direitos da criança e do adolescente.”, escreveu a ministra, ao recordar da 99ª Sessão do Comitê dos Direitos da Criança da ONU em Genebra, “Minha solidariedade à família e aos amigos. O Brasil perde hoje um grande defensor dos direitos humanos.”, finalizou o texto.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também lamentou a morte: “Deixa um legado inestimável para o Direito e para a promoção da justiça racial no Brasil. Sua trajetória é exemplo para toda a magistratura.”

Além da atuação institucional, Edinaldo era autor e organizador de obras jurídicas, professor universitário e colaborador na formação de novos profissionais do Direito. Colegas de diferentes regiões destacaram sua generosidade, firmeza ética e o compromisso com os direitos fundamentais.

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