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Os negros e as negras beijam divinamente na novela “Garota do momento”

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Foto: Reprodução/TV Globo

A novela “Garota do momento” foi surpreendente e vai deixar muitas saudades, um arco na teledramaturgia brasileira. Excelentes atores e atrizes, que pela juventude já fazem parte do futuro da televisão. Que mulheres fantásticas! Quem não se emocionou com Beatriz (Duda Santos), Glorinha (Mariana Sena), Iolanda (Carla Cristina Cardoso) e demais atrizes e atores negros.

A novela cumpriu diversos papeis no resgate da história dos negros no Brasil. Um deles foi o registro dos Clubes Sociais Negros, por meio do Clube Gente Fina. Locais de resistência, de união e de organização de pessoas negras ao longo do século XIX e XX, os Clubes Sociais Negros foram criados para além da proibição (vigente no final do século XIX e nos primeiros anos do século XX) da frequência de pessoas negras em clubes sociais da elite branca. Muitos destes Clubes ainda existem no Brasil em diversos estados, como São Paulo, Rio De Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e outros estados.

A família negra foi destacada pelo trabalho, na garantia da educação de seus filhos, com corajosos exemplos de iniciativas de empreendimentos econômicos construídos com muito esforço, enfrentando preconceitos e discriminações. Deixaram uma mensagem que a luta da família negra vem de muito longe.

A existência de famílias negras em novelas é uma conquista recente, resultado do trabalho do diálogo de atores e diretores. O trabalho dos atores e atrizes de pessoas negras não ficou só na interpretação dos textos da novela, ficou evidente que houve um diálogo e pesquisa sobre a realidade de ser negro no país, com cuidados para que se evitassem cenas estereotipadas.

As situações de discriminação racial que fazem parte do quotidiano das pessoas negras foram denunciadas com situações em que as pessoas negras reagiam e se organizavam para combater o racismo. Um caminho que provavelmente deverá ser trilhado por outras novelas com a presença de pessoas negras.

Um dos pontos muito importantes foram as cenas de amor construídas com muita delicadeza, envolvendo diferentes aspectos, e ressaltando a diversidade de idades, relacionamentos interraciais, homoafetivos na adolescência e de jovens negros.

Em “Garota do momento”, há outros episódios memoráveis, como a homenagem a nossas divas da música: Alcione, que interpreta a si mesma, Alaíde Costa, interpretada pela atriz Bárbara Sut que, na trama, cantou a música “Conselhos”, em homenagem à esta maravilhosa cantora pioneira.

Mas uma novela vive de emocionar os noveleiros como eu, e os beijos de Glorinha e Beatriz foram maravilhosos. As mulheres negras beijaram divinamente. Há um poema “Sanga.Mazza” do escritor Cuti que retrata um pouco a emoção ao ver os beijos de Glorinha e Beatriz com seus respectivos pares:

em festa rodopiem os desejos
este beijo é mais que o ensejo de sexo
mundos em melanina se fundem no afeto
reencontro de rios perdidos
selvas sagas mares
temperados com africanas algas
eletrizantes peixes pretos
e seus volts de memória atávica

Não são apenas os beijos em si, mas a união e o encontro de culturas, memórias e identidades, especialmente dentro do contexto do negro brasileiro. Obrigado aos atores e atrizes negros e negras que descortinam um mundo novo, de muito amor e esperança entre as pessoas negras.

Damola Adamolekun lidera a reinvenção do Red Lobster, o restaurante que virou referência até nas músicas de Beyoncé

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Foto; Divulgação

O Red Lobster, tradicional rede americana de frutos do mar, iniciou uma nova fase com o objetivo de recuperar relevância no mercado e reverter prejuízos acumulados. Sob o comando de Damola Adamolekun, que assumiu a função de CEO em setembro, a empresa vem apostando em uma combinação de remodelação de cardápio, ajustes na operação e mudanças na experiência do cliente.

O restaurante ganhou projeção cultural ao ser citado por Beyoncé no refrão do hit Formation, lançado em 2016. A menção ajudou a popularizar ainda mais a marca, conhecida por pratos como lagosta, caranguejo e os famosos cheddar bay biscuits. Nos últimos anos, porém, o Red Lobster enfrentou desafios financeiros, culminando em pedidos de recuperação judicial e queda na frequência de clientes.

Adamolekun iniciou sua trajetória profissional como estagiário no banco Goldman Sachs e trabalhou em private equity antes de liderar a compra do P.F. Chang’s em um acordo de 700 milhões de dólares. Durante a pandemia, assumiu o comando do P.F. Chang’s e aplicou uma estratégia de remodelação que hoje serve como inspiração para o plano de retomada do Red Lobster.

Foto: Divulgação

Entre as medidas prioritárias está a revisão de promoções que impactaram severamente a receita, como o rodízio ilimitado de camarão que gerou prejuízos milionários. Em vez de apostar em ofertas desse tipo, a gestão passou a destacar os diferenciais do cardápio, lançando novas receitas de caranguejo e frutos do mar, além de coquetéis sazonais. “Há muitos restaurantes, mas só um serve lagosta e caranguejo como nós fazemos”, afirmou Adamolekun em entrevista ao The Breakfast Club.

O plano inclui também a renovação gradual das 545 unidades nos Estados Unidos. Enquanto o cronograma de reformas avança, pequenas mudanças já começaram a ser implementadas, como ajustes na trilha sonora, melhorias no serviço de mesa e atualização das informações de preço nos forros. O índice interno de satisfação dos clientes, medido pelo chamado sentiment score, subiu de 30 para 60 pontos desde o início da nova gestão.

O Red Lobster também mantém uma unidade no Brasil, localizada no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A expectativa é que essas ações tornem a rede novamente competitiva em um segmento que enfrenta transformações rápidas no comportamento do consumidor. A marca planeja continuar investindo em inovação e reforçar o posicionamento como referência no preparo de frutos do mar.

Autópsia indica que Juliana Marins teria morrido cerca de 20 minutos após queda em vulcão na Indonésia

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

A publicitária Juliana Marins teria morrido cerca de 20 minutos após sofrer uma queda durante uma escalada no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, segundo a autópsia realizada no Hospital Bali Mandara, em Denpasar. A estimativa foi divulgada nesta sexta-feira (27) pelo médico legista Ida Bagus Putu Alit.

Segundo o legista, “o impacto foi intenso e ocorreu nas costas da vítima. Estimamos que a morte tenha ocorrido por volta de 20 minutos após o ferimento”, afirmou em coletiva de imprensa.

Indagado sobre relatos de que a brasileira teria apresentado sinais de movimento após a queda, ele se limitou em dizer que as conclusões se baseiam exclusivamente nos dados da autópsia. “Não há evidências de que a vítima tenha sobrevivido por um longo período após o acidente”, declarou.

A morte de Juliana teve ampla repercussão internacional especialmente em razão do tempo que o resgate levou para ocorrer, que levou quatro dias e precisou contar com voluntários. Família e internautas apontaram a negligência dos procedimentos adotados pelas equipes locais.

As circunstâncias da queda seguem sob investigação pelas autoridades indonésias. O corpo passou por autópsia em Bali, onde também estão sendo conduzidos os trâmites para repatriação. O Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso por meio da embaixada brasileira na Indonésia.

Relembre o caso

Natural de Niterói (RJ), Juliana Marins viajava pela Ásia desde fevereiro. Antes de chegar à Indonésia, havia passado por Filipinas, Tailândia e Vietnã.

O acidente ocorreu em 20 de junho, quando a brasileira teria tropeçado e escorregado, caindo cerca de 300 metros abaixo da trilha. Turistas testemunharam a situação cerca de três horas depois e alertaram familiares pelas redes sociais, compartilhando a localização, fotos e vídeos, incluindo imagens feitas com drone.

Uma mobilização online reuniu voluntários, socorristas e autoridades locais. Após quatro dias de buscas, o corpo de Juliana foi localizado sem vida.

Brandy e Monica anunciam a primeira turnê conjunta da carreira; relembre os grandes sucesso

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Foto: Divulgação

Elas estão de volta! Brandy e Monica vão dividir o palco na primeira turnê conjunta da carreira, e o nome não poderia ser mais simbólico: “The Boy Is Mine”. Trata-se de uma homenagem ao clássico de 1998 que marcou uma geração e dominou o topo da Billboard por 13 semanas seguidas.

Duas das vozes mais poderosas e influentes do R&B anunciam uma turnê que vai passar por 24 cidades dos EUA, começando no dia 16 de outubro e encerrando com chave de ouro no dia 7 de dezembro. A tour ainda contará com participações especiais de Kelly Rowland, Muni Long e do novo vencedor do American Idol, Jamal Roberts.

Além do hit “The Boy Is Mine”, que virou símbolo de uma era no R&B, Brandy e Monica também brilharam juntas em “It All Belongs to Me” (2012) e no recente remix com Ariana Grande, que rendeu à dupla uma nova indicação ao Grammy, mais de duas décadas após o estouro inicial.

Relembre os clipes de sucesso das cantoras:

“The Boy Is Mine” (1998)

“It All Belongs to Me” (2012)

“The Boy Is Mine (Remix)” – Ariana Grande (2024)

“Angel of Mine” (1998) – Monica

“Have You Ever?” (1998) – Brandy

Museu Afro Brasil se posiciona após denúncias de ex-diretor artístico: “Não foi possível alcançar um acordo”

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Foto: Vida Sem Paredes

Após a repercussão da carta pública do curador Hélio Menezes e das renúncias de Rosana Paulino e Wellinton Souza ao Conselho de Administração, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo se manifestou oficialmente nesta quinta-feira (26). Em nota, a instituição afirma que a saída do então Diretor Artístico ocorreu “com base em critérios técnicos, após deliberação formal dos órgãos competentes da entidade, o Conselho de Administração e a Assembleia Geral, em estrita observância aos ritos legais e estatutários”.

Segundo a AMAB (Associação Museu Afro Brasil), que faz a gestão da entidade, a decisão teria sido motivada por divergências entre os objetivos de atuação do diretor e os limites orçamentários da instituição. O comunicado também afirma que foi oferecida a Hélio Menezes a possibilidade de permanecer como Curador Contratado, mas que não houve retorno por parte dele até o momento.

“A medida foi motivada pela ausência de consenso quanto aos termos de atuação do diretor. Apesar dos esforços mútuos, não foi possível alcançar um acordo que equilibrasse as expectativas do diretor então com os limites orçamentários que regem a atuação da AMAB, enquanto entidade responsável pela gestão de recursos públicos”, diz o texto.

Em carta aberta publicada nas redes sociais nesta quarta-feira (25), Hélio havia mencionado que sua demissão ocorreu em meio a um período de grave problema de saúde e relatou que a instituição não teve respeito e práticas éticas desejáveis durante a sua internação hospitalar.

Entre as denúncias feitas pelo curador, ele também destacou que dois conselheiros do Museu Afro Brasil que renunciaram ao cargo, estavam entre as poucas pessoas negras com poder real de decisão dentro da instituição.

Em nota divulgada pelo Museu, eles lamentam o que chamou de “ataques pessoais”. A instituição defendeu os membros do Conselho, afirmando que foram eleitos por unanimidade e que atuam com base em “critérios técnicos, experiência em governança e compromisso com a sustentabilidade institucional da AMAB”. E destacaram que “a pluralidade de trajetórias profissionais, inclusive de lideranças executivas negras em espaços de cultura, é um valor que deve ser respeitado e valorizado”.

Ainda em relação às saídas de Rosana Paulino e Wellinton Souza, o Museu anunciou que a Rosana enviou sua decisão por e-mail no dia 24 de junho, e Wellinton formalizou sua saída no dia seguinte. A entidade afirmou que “endereçaremos os casos de acordo com o que rege a governança de nossa instituição”.

Além de relatar como foi a sua demissão, Hélio Menezes também destacou que o Museu Afro Brasil tem práticas de pessoalismo, pouca transparência e pessoas em cargos de poder que são contra a diversidade e o protagonismo negro. “Se nossos trabalhos criativos, nossas articulações políticas, estéticas e intelectuais não conseguem atingir o tutano do poder institucional, por que prosseguir?”, deixou o questionamento na carta aberta. A instituição não se aprofundou nesses detalhes em nota divulgada.

Leia a nota do Museu Afro Brasil na íntegra:

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, gerido pela Associação Museu Afro Brasil (AMAB), informa que a decisão de encerrar a relação institucional com o então Diretor Artístico foi aprovada com base em critérios técnicos, após deliberação formal dos órgãos competentes da entidade, o Conselho de Administração e a Assembleia Geral, em estrita observância aos ritos legais e estatutários. A medida foi motivada pela ausência de consenso quanto aos termos de atuação do diretor. Apesar dos esforços mútuos, não foi possível alcançar um acordo que equilibrasse as expectativas do diretor então com os limites orçamentários que regem a atuação da AMAB, enquanto entidade responsável pela gestão de recursos públicos. Inclusive, foi oferecida ao ex-diretor a possibilidade de seguir como Curador Contratado, proposta para que, até o momento, não houve retorno. A Associação também lamenta os ataques pessoais dirigidos à Presidência do Conselho de Administração, eleitos por unanimidade, e cuja atuação é pautada por critérios técnicos, experiência em governança e compromisso com a sustentabilidade institucional da AMAB. A pluralidade de trajetórias profissionais, inclusive de lideranças executivas negras em espaços de cultura, é um valor que deve ser respeitado e valorizado. Com relação à menção de renúncia de dois membros do nosso Conselho de Administração, Rosana Paulino informou por e-mail no final do dia 24/06/2025 o seu pedido e Wellington Souza no início da tarde de hoje, dia 25/06/2025. Endereçaremos os casos de acordo com o que rege a governança de nossa instituição. 

“Enquanto a publicidade pinta de verde seus slogans, o colapso climático afoga a periferia”, diz Domitila Barros

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Foto: @yared

Enquanto marcas se preparam para o marketing verde visando a COP30, Domitila Barros fala ao Mundo Negro sobre racismo ambiental e cobra rastreabilidade ética na publicidade brasileira 

A publicidade está preparando suas lonas verdes para a COP30, mas em muitos bairros do Brasil, o que se estende é a lona do desespero. Enquanto marcas e agências se mobilizam para aparecer bem na foto da próxima Conferência do Clima da ONU, que será realizada em Belém (PA) em novembro, comunidades negras e periféricas já enfrentam, cotidianamente, os efeitos de um colapso climático silencioso, seletivo e perverso.

“É impossível falar em sustentabilidade sem falar em racismo. O colapso climático tem cor, território e histórico. E ele se agrava toda vez que a publicidade decide fingir que não vê”, dispara Domitila Barros, ativista, comunicadora e consultora internacional em sustentabilidade e marketing ético, em entrevista exclusiva ao Mundo Negro.

Natural da periferia do Recife, Domitila carrega no corpo e na fala o atravessamento de duas urgências: a da justiça social e a da justiça ambiental. Ela já palestrou em 12 países, foi reconhecida como Influenciadora do Ano em Sustentabilidade pelo WIBA Awards em Cannes, atua como embaixadora das Fronteiras Planetárias nos Jogos Mundiais Universitários FISU 2025 e colabora com o Greenpeace. Mas é a partir de sua vivência nos territórios racializados do Brasil que ela constrói sua crítica mais urgente: sustentabilidade sem compromisso com a equidade é só mais um privilégio pintado de verde.

A face racial do colapso

No Brasil, 85% das pessoas que vivem em áreas de risco ambiental são negras ou pardas, segundo o IBGE. A cada novo desastre, seja no litoral norte de São Paulo, nas encostas do Rio de Janeiro, nas enchentes do Rio Grande do Sul ou nos bairros baixos do Recife, o padrão se repete: as mortes não são apenas causadas pela chuva, mas pela negligência política, pelo racismo estrutural e pela lógica de um país que normaliza a exclusão.

Domitila é direta: “Quem morre nas tragédias ambientais do Brasil é quem sempre foi empurrado para a margem. Não adianta encher os aeroportos de banners sobre biodiversidade se o povo preto continua sendo removido sem política de moradia, se os quilombolas são assassinados e os indígenas são silenciados. A publicidade precisa parar de posar de ambientalista enquanto lucra com o silêncio.”

Com a proximidade da COP30, cresce a pressão para que o Brasil assuma protagonismo na agenda climática global. Mas, internamente, o país enfrenta retrocessos sérios, como a recente aprovação no Senado do PL 2159/2021, conhecido como PL da Devastação, que desmonta o licenciamento ambiental e abre caminho para obras e empreendimentos em áreas sensíveis sem avaliação adequada de impacto.

“Ao mesmo tempo que diz liderar a pauta ambiental, o Brasil afrouxa leis que protegem biomas e ignora as vozes das comunidades tradicionais. Isso é greenwashing institucional. E muitas marcas embarcam nesse discurso superficial porque é mais fácil vender utopia do que encarar a verdade: não existe futuro possível sem reparação histórica e redistribuição de poder”, critica Domitila.

Na visão da ativista, a publicidade brasileira, especialmente a de grandes marcas, tem sido covarde. “Estamos em 2025, às vésperas da COP30, e ainda vemos campanhas genéricas sobre sustentabilidade, com slogans recicláveis, mas práticas descartáveis. Onde estão os quilombolas nas campanhas? Onde estão os catadores? Onde estão os corpos reais que fazem a economia circular girar neste país?”

Ela lembra que a publicidade ajudou a construir símbolos de consumo, beleza e pertencimento no Brasil e, por isso, tem o dever de desconstruí-los. “Não é sobre vender produtos ecológicos a quem pode pagar. É sobre devolver dignidade a quem sempre sustentou esse país com trabalho invisível. É sobre quem a marca escolhe colocar no centro da história ou deixar de fora dela.”

Rastreabilidade é poder

Para Domitila, marcas que desejam ocupar espaço com coerência na COP30 precisam mais do que presença institucional. Precisam fazer autocrítica, rever cadeia de produção, abrir os bastidores e garantir rastreabilidade ética. “Não adianta estar na COP com tenda climatizada se não sabe dizer quem costurou seu uniforme, quem colheu o que você serve no coquetel, ou onde vai parar seu lixo. O consumidor negro e periférico está atento. A era da ingenuidade passou.” Ela afirma que regeneração é o novo prestígio. “Saber de onde vem, para onde vai, com que impacto… Tudo isso é status. E se a publicidade não entender isso agora, vai ficar obsoleta.”

Domitila encerra com uma provocação direta ao mercado: “Não é mais tempo de influenciar sem responsabilidade. Celebridades, agências e empresas precisam decidir de que lado da história vão estar. O mundo está observando. E as periferias também”.

Prefeitura de Niterói assume custos de traslado de Juliana Marins, morta em vulcão na Indonésia

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Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Prefeitura de Niterói (RJ) informou, na noite desta quarta-feira (25), que irá arcar com os custos do traslado do corpo da publicitária Juliana Marins, 26, morta após uma queda no vulcão Rinjani, na Indonésia, e sofrer com a negligência nas operações de resgate.

Em publicação nas redes sociais, o prefeito Rodrigo Neves (PDT) afirmou ter conversado com a irmã da brasileira, Mariana Marins, e garantido o apoio da gestão municipal. “Reafirmei o compromisso da prefeitura de Niterói com o translado da jovem para nossa cidade, onde será velada e sepultada. Que Deus conforte o coração da linda família de Juliana e de todos os seus amigos e amigas”, disse.

Em nota, a administração municipal informou que também será responsável pelos trâmites do sepultamento, que ocorrerá em Niterói, na região metropolitana do Rio.

A decisão ocorre após o Ministério das Relações Exteriores informar que, por lei, não pode custear esse tipo de despesa. Segundo o Itamaraty, a assistência consular não inclui o pagamento de traslado ou sepultamento de brasileiros no exterior, salvo em situações humanitárias.

Diante da negativa, o ex-jogador de futebol Alexandre Pato chegou a se oferecer para financiar o traslado do corpo. A repatriação deve ser organizada nos próximos dias.

O corpo de Juliana foi localizado na terça-feira (24), após quatro dias de buscas, e deve passar por necrópsia nesta quinta-feira (26). Ele foi içado da encosta do vulcão na manhã de quarta-feira (25) e levado ao Hospital Bayangkara.

Relembre o caso

Juliana estava desaparecida desde sexta (20), quando caiu de uma trilha no Monte Rinjani, em Lombok. Segundo familiares, ela tropeçou e escorregou por cerca de 300 metros. Mesmo consciente e com os braços em movimento, não conseguiu sair do local. Foi avistada por turistas horas depois, que alertaram a família com a ajuda de imagens e coordenadas de geolocalização.

Além da negligência denuncia pelos familiares com a demora para resgatarem Juliana, as operações ainda enfrentaram dificuldades por conta da topografia íngreme, das pedras escorregadias e da intensa neblina, o que retardou o acesso das equipes ao local do acidente.

Desde 2020, ao menos oito pessoas morreram e cerca de 180 se acidentaram no vulcão, um dos principais destinos turísticos da Indonésia. Visitantes e especialistas apontam falhas na infraestrutura de segurança, como ausência de sinalização, socorro lento e falta de equipamentos adequados.

Museu Afro Brasil é alvo de denúncias de ex-diretor artístico e sofre renúncia de dois conselheiros

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Foto: Divulgação/Museu Afro Brasil

Um símbolo da arte e culturas africanas e afro-diaspóricas no mundo, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo está sendo alvo de denúncias graves como a prática de pessoalismo, pouca transparência e pessoas em cargos de poder que são contra a diversidade e o protagonismo negro, divulgada em carta aberta do Hélio Menezes, que ocupou a Direção Artística da instituição por um ano e cinco meses. 

O curador anunciou a sua demissão, além da renúncia dos conselheiros Wellington Souza e Rosana Paulino. “Se nossos trabalhos criativos, nossas articulações políticas, estéticas e intelectuais não conseguem atingir o tutano do poder institucional, por que prosseguir?”, iniciou o texto publicado nas redes sociais, nesta quarta-feira (25). 

Hélio contou sobre os avanços conquistados durante sua gestão, junto com outros profissionais, como a produção de mais de uma dezena de exposições temporárias, o primeiro inventário da história do museu e a criação da Rede de Acervos Afro-Brasileiros, que conecta espaços culturais negros em todo o Brasil. 

“Assumi essa função com o compromisso de contribuir para a reestruturação de um museu que enfrentava graves fragilidades em todas as suas diversas áreas de atuação, para além da dimensão artística”, destacou. 

Apesar dos bons resultados, segundo o curador, o processo de reestruturação encontrou barreiras profundas: “Enfrentar estruturas decisórias consolidadas por práticas marcadas por informalidade, pessoalismo e pouca transparência, ainda majoritariamente compostas por perfis alheios à diversidade e ao protagonismo negro que o Museu representa (ou deveria representar), sem envolvimento com o mundo das artes plásticas e visuais, revelou-se uma coreografia impossível de habitar”, afirmou. 

Sua demissão ocorreu em meio a um delicado processo de saúde. “A deliberação e o anúncio da minha destituição ocorreram durante um período de grave problema de saúde, ao longo de uma internação hospitalar delicada e de convalescença ainda em curso, sem a observância de práticas institucionais que prezem por critérios mínimos de respeito e cuidado, e distantes de qualquer protocolo ético desejável”, relatou com mais denúncias.

Rosana Paulino e Wellinton Souza, que renunciaram ao Conselho de Administração da Associação do Museu Afro Brasil, estavam entre as poucas pessoas negras com poder real de decisão dentro da instituição, segundo o comunicado.

Com a saída das lideranças negras, houve recuo de artistas, instituições culturais e parceiros que haviam firmado compromissos para o biênio 2025/26, afetando projetos, doações de obras e o plano de reestruturação da exposição de longa duração do museu.

Apesar do tom de despedida, Hélio finaliza com esperança de que o projeto visionário de Emanoel Araujo, o fundador do Museu,  possa florescer sob novas formas de governança, à altura de sua importância simbólica. “Não o deixemos morrer em vida”, alerta.

Conheça os chefs negros do ‘Chef de Alto Nível’, novo reality show gastronômico

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Foto: Globo/Beto Roma

Com estreia marcada para o dia 15 de julho, logo após a novela ‘Vale Tudo’, o reality show Chef de Alto Nível promete aquecer a disputa na cozinha. Entre quase 15 mil inscritos, 24 participantes foram selecionados para mostrar seu talento e disputar o prêmio de R$ 500 mil, mentoria com chefs renomados e o título inédito que nomeia o programa.

Divididos em três categorias — cozinheiros da internet, profissionais e amadores — os participantes vêm de diversas partes do Brasil e levam para a Torre das Cozinhas uma rica mistura de sotaques, técnicas e histórias de vida. Entre eles, se destacam nomes negros que já chegam fazendo história e levando representatividade em espaços de visibilidade nacional.

Conheça os participantes negros abaixo:

Allan Mamede | Cozinheiro da internet

Vencedor do Que Seja Doce (GNT) em 2023, Mamede soma quase 200 mil seguidores nas redes, onde compartilha sua vivência e receitas autorais que mesclam afeto e sofisticação. No Chef de Alto Nível, ele quer ser referência para jovens negros e periféricos como ele.

Foto: Globo/Beto Roma

Bruno Manoel, o Preto | Cozinheiro da internet

Conhecido como Preto na Cozinha, o pernambucano soma mais de 800 mil seguidores e conquistou o Brasil ao vencer o Que Delícia! no Mais Você. Criado pela irmã após perder a mãe na adolescência, Preto vê na culinária uma ponte entre sua história e seu futuro.

Foto: Globo/Beto Roma

Adriana Veloso | Cozinheira profissional

Natural do Maranhão, com raízes no Pará e vida no Rio de Janeiro, Adriana é referência em gastronomia amazônica e comanda um restaurante premiado. Ela chega com a missão de valorizar a comida raiz.

Foto: Globo/Beto Roma

Kelma Zenaide | Cozinheira profissional

Mineira, neta de quilombola, Kelma é um verdadeiro patrimônio da culinária afro-brasileira. Com um buffet voltado à comida de terreiro e uma formação que une gastronomia e literatura afro, ela é a tradução da memória viva no prato.

Foto: Globo/Beto Roma

Lucas Correia | Cozinheiro profissional

Lucas, o paranaense que hoje vive em Pernambuco, e com experiência internacional em Moçambique, une diversidade, repertório e visão social em sua trajetória. Já foi professor de gastronomia e aposta em uma gastronomia humanizada.

Foto: Globo/Beto Roma

Raphael Santos | Cozinheiro profissional

Nascido no Rio e radicado há 9 anos em Lisboa, Raphael quer voltar ao Brasil para abrir um restaurante com o pai, seu maior ídolo. Formado na escola clássica francesa, o chef carrega orgulho da gastronomia de matriz africana.

Foto: Globo/Beto Roma

Dih Vidal | Cozinheira amadora

Dona de casa e vendedora de roupas, a baiana Dih mora em São José dos Campos (SP) e quer realizar o sonho de abrir o seu próprio restaurante. Casada e mãe de dois filhos, quer mostrar a força da mulher preta que sonha e realiza.

Foto: Globo/Beto Roma

Flan Souza | Cozinheira amadora

Baiana de Salvador, Flan mora em São Paulo e carrega no tempero as memórias da mãe e da avó. Técnica de enfermagem, estudante de gastronomia e pesquisadora acadêmica da alimentação, ela é puro amor pela cozinha.

Foto: Globo/Beto Roma

Gilmar Francisco | Cozinheiro amador

Capixaba de nascimento e carioca por escolha, Gilmar é médico nutrólogo e anestesista. Após enfrentar a obesidade, se dedica em ajudar outras pessoas a cultivarem uma conexão mais equilibrada com a comida.

Foto: Globo/Beto Roma

Marina Cabral | Cozinheira profissional

Paraense de Belém, Marina vive em São Paulo e comanda uma empresa que distribui insumos amazônicos para restaurantes do Sudeste. Aprendeu a cozinhar com o pai e é movida pela relação afetuosa com a filha, que a incentivou a entrar no reality.

Foto: Globo/Beto Roma

Para a família de Juliana Marins, ela ter morrido fazendo o que amava “conforta um pouco o coração”

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Amante da natureza, do esporte e das viagens, Juliana Marins cresceu em uma família que valorizava experiências ao ar livre. E foi justamente esse amor compartilhado que traz um certo conforto ao pai da jovem publicitária, após sua morte trágica durante uma trilha no Monte Rinjani, um vulcão ativo de 3.726 metros em Lombok, na Indonésia.

Depois de um trabalho de mais de sete horas, o corpo de Juliana foi finalmente retirado do desfiladeiro onde ela caiu no último dia 20 de junho, durante uma caminhada. As condições climáticas e o terreno íngreme dificultaram o resgate, que precisou ser feito manualmente por uma equipe local de salvamento. O corpo agora segue para um hospital da região para os trâmites legais.

O pai de Juliana, Manoel Marins, usou as redes sociais para falar sobre a filha, que teve a morte confirmada enquanto ele ainda viajava para a Indonésia, vindo de Niterói, onde ela vivia. Para ele, o fato de a filha ter partido fazendo o que mais amava dá à família um pequeno alívio em meio à dor:

“E como você estava feliz realizando esse sonho. E como nós ficamos felizes com a sua felicidade. Você se foi fazendo o que mais gostava e isso conforta um pouco o nosso coração.”

Em seu depoimento, Manoel revelou detalhes da personalidade da filha, uma jovem independente que tinha como compromisso cuidar dos pais no futuro:

“Você sempre foi muito especial. Sapeca, inquieta, de sorriso lindo e uma imensa vontade de viver intensamente. Sempre preocupada comigo e com a Estela. Dizia que iria cuidar de nós na nossa velhice, embora eu lhe dissesse que isso não era necessário, que você deveria viver a sua vida.”

As fotos de Juliana nas redes sociais mostram que a paixão pela aventura, pelo esporte e pelo contato com a natureza era uma marca da família. Esse vínculo ficou também nas palavras do pai, na despedida emocionada que ele publicou:

“Ficaremos, na certeza de nos reencontrarmos um dia e fazer aquele voo de parapente que estávamos programando para o seu aniversário. Lá no céu, o bom Deus há de nos proporcionar isso. Daqueles que sempre te amaram: papi, mami e Mari.”

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