Autora dos livros de ‘Bridgerton‘, Julia Quinn defendeu as mudanças feitas pela Shondaland, produtora de Shonda Rhimes, na terceira temporada da série da Netflix, ao mudar o gênero do personagem Michel Stirling. Na trama, a personagem foi introduzida no final da última temporada como Michaela Stirling (Masali Baduza). Ela é prima do conde John Stirling (Victor Alli), que é casado com Francesca Bridgerton (Hannah Dodd).
A mudança causou polêmica entre muitos leitores do livro ‘O Conde Enfeitiçado‘ que não aceitaram a mudança, e muitos ainda destilaram ataques homofóbicos na web contra a produção e o elenco.
“Muitos fãs de ‘Bridgerton’ expressaram sua surpresa e, para alguns, sua decepção com a reviravolta no final da 3ª temporada da série – em que Michael Stirling, por quem Francesca eventualmente se apaixona em ‘O Conde Enfeitiçado’, seria Michaela”, começou Julia Quinn com texto publicado nas redes sociais, ao afirmar que foi consultada pela showrunner Jess Brownell e deu o seu aval para a alteração feita pela produtora Shondaland.
“Qualquer pessoa que tenha visto uma entrevista comigo nos últimos anos sabe que estou profundamente comprometida em tornar o mundo ‘Bridgerton’ mais diversificado e inclusivo à medida que as histórias passam do livro para a tela”, acrescentou a escritora, que defende a maior representatividade de pessoas negras e LGBTQIAPN+ na série.
“Mudar o gênero de um personagem principal é uma grande mudança; então, quando Jess Brownell me abordou pela primeira vez com a ideia de transformar Michael em Michaela para a série, eu precisava de mais informações antes de concordar. Confio na visão de Shondaland para ‘Bridgerton’, mas queria ter certeza de que poderíamos permanecer fiéis ao espírito do livro e dos personagens. Jess e eu conversamos muito sobre isso. Mais de uma vez. Deixei claro que era extremamente importante para mim que o amor duradouro de Francesca por John fosse mostrado na tela”, afirmou.
Julia Quinn ainda ressaltou que pediu às produtoras que o primeiro amor de Francesca, com John, fosse bem retratado na série. “Estou confiante agora de que quando Francesca tiver sua temporada em ‘Bridgerton’, será a história mais emocionante e comovente do seriado, assim como ‘O Conde Enfeitiçado’ sempre foi o verdadeiro arrancador de lágrimas da série de livros. Honestamente, pode ser ainda mais impactante, já que John está passando muito mais tempo na tela do que nas páginas, e acho que é justo dizer que todos nós nos apaixonamos um pouco por ele”, disse.
“Obrigado aos leitores e fãs pelo feedback. Estou grata pela sua compreensão e emocionada por seu profundo compromisso com os personagens do universo ‘Bridgerton’. Peço que vocês concedam a mim e à equipe Shondaland um pouco de fé à medida que avançamos. Acho que vamos acabar com duas histórias, uma nas páginas e outra na tela, e ambas serão lindas e comoventes”, finalizou a autora.
‘O Conde Enfeitiçado’ é o sexto de oito livros de ‘Bridgerton’. A série já está confirmada até a quarta temporada, mas ainda não foi revelado se o protagonismo será das histórias de amor de Francesca com John e Michaela.
As cidades da Grande São Paulo com maior proporção de jovens são também as que apresentam os maiores percentuais de população preta e parda, conforme o último Censo do IBGE. A análise da Agência Mural revela que a população negra representa 45,4% dos 20 milhões de habitantes da Região Metropolitana, e esse crescimento é especialmente notável em municípios com faixas etárias mais baixas.
Francisco Morato, situada na região norte, destaca-se como a cidade com a maior população negra, onde 62,1% dos moradores se identificam como pretos ou pardos. Esse percentual é um aumento significativo em relação aos 44,7% registrados no Censo de 2010.
Os dados indicam uma correlação entre a idade média da população e a diversidade racial. Em Francisco Morato, uma das cidades mais jovens da região, o percentual de pretos e pardos cresceu 17,4% nos últimos 12 anos. Embu das Artes, que ocupa a segunda posição, também viu sua população preta e parda atingir 61,4%, refletindo uma redução de 10,7% na população branca e 45,2% na população amarela desde 2010.
Cidades como Itapevi, Itaquaquecetuba, Pirapora do Bom Jesus, Itapecerica da Serra, Ferraz de Vasconcelos, Rio Grande da Serra, Franco da Rocha e Diadema estão entre os municípios com maior concentração de jovens e apresentam também os maiores índices de população preta e parda.
Crescimento da população negra na Grande São Paulo
A Região Metropolitana de São Paulo, com 20,7 milhões de habitantes, mostra que a composição racial tem mudado ao longo dos anos. No censo de 2010, os pardos representavam 32,8% da população e os pretos, 6,4%, totalizando 39,2%. Em 2022, a proporção de negros aumentou para 45,4%, divididos em 35,6% de pardos e 9,7% de pretos. Esse aumento se deu em ritmo superior ao crescimento total da população na região.
Os dados do IBGE também indicam que os brancos agora representam 52,8% da população, enquanto os amarelos e indígenas somam 1,7%.
As cidades com maior população idosa, como São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, Mairiporã e Guararema, exibem menor diversidade racial. São Caetano do Sul, por exemplo, é a cidade mais branca da Grande São Paulo, com apenas 18% de negros. No entanto, o número de pretos e pardos na cidade subiu de 19.203 para 30.687 entre 2010 e 2022, um crescimento de 59,8%.
São Lourenço da Serra, Mairiporã e Guararema são exceções entre as cidades mais idosas, apresentando um grande aumento na população negra nos últimos 12 anos, com Mairiporã e Guararema registrando um crescimento de mais de 50%.
Redução de outras raças A análise dos dados também revela que 24 municípios da Grande São Paulo viram uma redução nas populações de outras raças. Juquitiba, em particular, registrou uma diminuição de 50% em sua população amarela, 14,6% na branca e 5,6% na indígena, resultando em uma perda total de 4,6% de seus moradores. No entanto, o número de pretos e pardos aumentou em 13,2% no mesmo período.
Contexto nacional Esse fenômeno não se limita à Região Metropolitana de São Paulo. Nacionalmente, pela primeira vez desde 1991, a maioria dos brasileiros se declara parda, representando 45,3% da população. Quando somados aos que se identificam como pretos, a proporção chega a 55,5%, segundo o IBGE.
O estudo reflete uma transformação na composição racial do Brasil, com uma tendência de crescimento mais acelerado entre a população negra, especialmente em áreas urbanas e entre os mais jovens.
Sucesso no Brasil, a comédia “As Branquelas”, lançada em 2004, está completando 20 anos. Em comemoração, Marlon Wayans e Terry Crews, se reuniram para recriar uma das cenas mais memoráveis do longa. A reinterpretação ocorreu durante uma gravação do programa “The Kelly Clarkson Show” e foi compartilhada no último domingo, 23, nas redes sociais dos artistas.
No vídeo, Terry Crews aparece saindo de seu camarim vestindo um terno todo branco. Em seguida, a clássica “A Thousand Miles”, de Vanessa Carlton, começa a tocar, e Crews não perde a chance de relembrar sua performance original no filme, onde seu personagem, Latrell Spencer, se deixa levar pela música em uma mistura de canto e dança. Enquanto recria a cena, Marlon Wayans se junta a ele, completando a nostalgia ao reviver seu papel como Marcus Copeland.
No filme, Wayans e seu irmão Shawn Wayans interpretam Marcus e Kevin Copeland, dois agentes do FBI que se disfarçam de mulheres brancas para se infiltrar em uma festa da alta sociedade e resolver um caso de sequestro. Terry Crews, por sua vez, dá vida ao extravagante Latrell Spencer, um jogador de basquete que se apaixona pelo personagem de Marlon Wayans, sem saber de sua verdadeira identidade.
A recriação da cena foi recebida com entusiasmo pelos fãs nas redes sociais e a publicação rapidamente viralizou, destacando a popularidade do filme e o impacto que ele continua a ter, duas décadas após sua estreia.
Protestos contra um novo projeto de lei que prevê o aumento de impostos no Quênia resultaram na morte de pelo menos 14 pessoas e deixaram dezenas de feridos na capital, Nairóbi, de acordo com informações compartilhadas pelo portal Deutsche Welle. A polícia abriu fogo contra os manifestantes que invadiram o Parlamento e a Prefeitura da capital queniana na última terça-feira, 25. A Comissão de Direitos Humanos do país fala em 22 vítimas fatais.
Os protestos começaram de forma pacífica na semana passada, com milhares de jovens em Nairobi e em outras cidades do país com a população descontente com o projeto de lei que o Governo pretende usar para arrecadar cerca de US$ 2,7 bilhões, visando pagar dívidas do Estado. Os manifestantes temem que os aumentos de impostos agravem a pobreza no país.
As manifestações ganharam força nas redes sociais com a hashtag #OccupyParliament e, ao contrário de protestos anteriores liderados por membros de partidos da oposição, foram impulsionadas por cidadãos comuns, principalmente jovens. De acordo com várias ONGs, entre elas a Anistia Internacional no Quênia, a polícia disparou contra os manifestantes na tentativa de controlar a situação, o que teria incitado a multidão a romper as barreiras de segurança e invadir o Parlamento.
Durante a invasão ao parlamento, os manifestantes pediam a saída do presidente William Ruto, além de quebrarem móveis e janelas e incendiaram algumas áreas. Em resposta, a polícia disparou contra a multidão. A agência noticiosa EFE confirmou as mortes e relatou os vários feridos no local.
A violência suscitou reações da comunidade internacional. A União Africana expressou “profunda preocupação” com os eventos e apelou à calma no país. Embaixadas de 13 países ocidentais, incluindo Estados Unidos e Alemanha, lamentaram a “trágica perda de vidas” e o uso de munições reais, pedindo contenção de todas as partes e incentivando soluções pacíficas através do diálogo.
Diante da pressão dos protestos, o Governo anunciou que iria eliminar muitas das disposições mais polêmicas do projeto de lei, como os impostos sobre o pão e os automóveis. Apesar disso, a desconfiança e a insatisfação popular permanecem altas.
Impacto e Análises
Desde a pandemia de COVID-19, o Quênia enfrenta um aumento do custo de vida, e os críticos alertam que a situação pode piorar com os novos impostos propostos. Wanjiru Gikonyo, do Instituto para a Responsabilidade Social, destacou que os jovens protestam de forma pacífica e sem o envolvimento de partidos políticos, diferentemente do passado. Zaha Indimuli, da Organização Amali, criticou o uso da força contra manifestantes pacíficos e instou o governo a dialogar com a população para resolver a crise.
Auma Obama, ativista e meia-irmã do ex-presidente americano, Barack Obama, estava entre os manifestantes na frente do Parlamento, na terça-feira, e foi atingida por gás lacrimogênio, de acordo com a CNN. Em entrevista, ela contou o motivo de estar no protesto: “Estou aqui porque veja o que está acontecendo. Os jovens quenianos estão se manifestando por seus direitos. Eles estão se manifestando com bandeiras e faixas. Não consigo nem enxergar mais”, disse ela enquanto começava a tossir por conta do gás jogado pela polícia. “O colonialismo nunca acabou no Quênia”, dizia um cartaz carregado por um homem atrás de Obama.
Nesta terça-feira (25), o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal. Com a manifestação da maioria dos ministros que já votou, o porte de maconha permanece ilegal. No entanto, as punições para os usuários passam a ser de natureza administrativa, e não mais criminal. Assim, não haverá mais registro de reincidência penal nem a obrigação de cumprir prestação de serviços comunitários. Ou seja, não será mais crime, como é hoje, portar a planta para consumo próprio.
A Corte ainda precisa definir qual a quantidade de maconha que deve caracterizar uso pessoal, e não tráfico de drogas. A medida deve ficar entre 25 e 60 gramas ou seis plantas fêmeas de cannabis. “Meu voto é claríssimo no sentido de que nenhum usuário, de nenhuma droga, pode ser criminalizado”, disse o ministro Dias Toffoli, responsável por formar a maioria dos votos.
O julgamento examina a constitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas de 2006, que tipifica como crime “adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou portar drogas para consumo pessoal sem autorização ou em desacordo com a legislação ou regulamentações vigentes”.
Uma pesquisa do Centro de Estudos Raciais do Insper revela que a cor da pele influencia significativamente na classificação de indivíduos detidos com drogas pela polícia de São Paulo. O estudo aponta que pessoas pretas e pardas são mais frequentemente enquadradas como traficantes em comparação a pessoas brancas, mesmo em casos com pequenas quantidades de maconha.
Entre 2010 e 2020, 31 mil pessoas pretas e pardas foram categorizadas como traficantes em circunstâncias semelhantes às de brancos, que, em contrapartida, foram tratados como usuários. Essa disparidade é suficiente para lotar 40 dos 43 Centros de Detenção Provisória (CDPs) masculinos do estado, todos enfrentando superlotação, conforme dados recentes da Secretaria de Administração Penitenciária.
Em uma entrevista concedida para a revista norte-americana Nylon e publicada no dia 22 de junho, a cantora Chlöe Bailey comentou sobre ter seu estilo musical definido como R&B. Na entrevista, ela destacou que isso acontece por ser uma mulher negra e ainda pontua: “Se alguém que não tivesse o meu tom de pele fizesse a mesma música, estaria nas categorias pop”.
A artista contou que depois de compartilhar uma prévia do single animado “Boy Bye”, no mês de abril, um usuário do ‘X’ (ex-Twitter) escreveu um comentário pedindo a ela que “voltasse ao R&B de verdade” e insinuando que ela estava tentando agradar pessoas brancas. Chlöe afirmou que em seu trabalho sempre experimentou diferentes sons e pontuou que não tem interesse em escolher um estilo. “Qualquer música que eu faça será facilmente e rapidamente categorizada como R&B porque sou uma mulher negra”, disse. “Se alguém que não tivesse o meu tom de pele fizesse a mesma música, estaria nas categorias pop. É assim que sempre foi na vida.”
Ela lembrou que Whitney Houston também tinha problemas com pessoas que queriam rotular seu estilo musical: “No início de sua carreira, quando ela estava fazendo os grandes discos pop, recebeu muitas críticas por isso: diziam que ela não era negra o suficiente e que não estava atendendo à base que a fez”, relembrou. “Ver como ela perseverou e se tornou uma das artistas mais icônicas e lendárias que já vimos mostra que a música não tem raça, não tem gênero, não tem nada disso. É apenas um sentimento e uma vibração. E é por isso que eu fiquei muito orgulhosa de Beyoncé fazer Cowboy Carter, porque os negros originaram a música country. Está mostrando que as possibilidades são infinitas.”
Chlöe Bailey lembrou da parceria com a irmã Halle Bailey, com quem dividiu os vocais por muitos anos: “Sou muito grata por ter crescido nessa indústria com minha irmã porque é como uma mentalidade de irmandade [inerente], mas a competição saudável é incrível”, disse. “Isso te impulsiona. Permite que você se torne melhor. É OK celebrar outras mulheres incríveis e também pensar: ‘Tenho que melhorar meu jogo!’”.
O apresentador, jornalista e influenciador ARTH está com novidades. Destaque nas redes sociais, o comunicador acaba de lançar o podcast ‘aspas sinceras’, apresentando histórias curiosas, inspiradoras e reflexivas sobre o mundo dos famosos. A ideia, segundo ele, é criar o senso de identificação com o público a partir de um olhar negro sobre o que é tendência no entretenimento.
“Esse podcast nasceu com a ideia de exaltar histórias de pessoas que estão transformando o mundo a partir do agora, trazendo ainda uma perspectiva sobre o que é novidade no mundo do entretenimento”, diz o jornalista, que possui mais de 300 mil seguidores nas redes sociais. “Acho que todos nós gostamos de uma boa inspiração, de uma boa história, de observar a diversidade de possibilidades em nossa comunidade e o ‘aspas sinceras’ nasce a partir desse ponto de vista”.
Baiano e um verdadeiro fenômeno criativo, ARTH construiu uma verdadeira base de seguidores nas redes, sempre antenado com o que é notícia. Sob o nome de ‘eolor’, ele também chamou atenção de grandes personalidades, como IZA, Marvvila, Negra Li, Hugo Gloss e muito mais, ao criar vídeos com histórias curiosas e interessantes sobre o universo da música, cinema e televisão. Atualmente, as redes do comunicador possuem um alcance de 7 milhões de pessoas.
“Acho que esse sucesso parte do entendimento que o público negro é diverso. Muitas histórias que eu compartilho nas redes sociais nascem a partir desse olhar e o ‘aspas sinceras’ também vai seguir essa linha. Quero mostrar que nos interessamos sim por jazz, blues, mas que também queremos ouvir histórias de cientistas negras, de designers brasileiros, de pessoas que estão conquistando e transformando o mundo, sabe? Acredito que é maravilhoso ter uma boa dose de inspiração. Gosto de ter esse olhar amplo, mas verdadeiro, sobre as infinitas possibilidades do que podemos ser”.
No primeiro episódio do ‘aspas sinceras’, que está disponível gratuitamente no Spotify, ARTH analisa a nova fase da carreira de Beyoncé e a forma inspiradora como a cantora lida com a liberdade, abrindo portas para outros talentos negros, a exemplo de Rafael Pavarotti, o fotógrafo negro brasileiro que participou da era ‘RENAISSANCE’. “Esse podcast nasceu a partir de um projeto de aceleração feito pelo Spotify, que é o Amplifika Labs. Então, eu fiquei muito feliz quando me convidaram para participar dessa ação. Meu desejo em criar um podcast já era antigo, mas as dicas e curadoria do Spotify ajudaram e muito no processo criativo”, relata o influenciador.
ARTH. Foto: Vini Marques.
Disponível no Spotify, a primeira temporada do podcast vai contar com 7 episódios, disponíveis semanalmente, toda segunda-feira, a partir das 06h. “Quero que as pessoas já acordem me escutando, seja em casa, no trabalho, a caminho do trabalho, quero ser capaz de inspirar positivamente os meus seguidores”, diz ARTH, que traz para essa primeira temporada, uma curadoria com histórias que passam por Rihanna, Shakira, Tyla, Marco Ribeiro, Edward Enninful, SZA, Kizzmekia Corbett e muito mais.
Diferente do que acontece quando pessoas negras são retiradas de voos em aeroportos e apenas contestam as medidas, sem agredir ninguém, uma advogada de 39 anos foi detida no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na tarde de domingo, 23, sob acusações de injúria racial e agressão contra um gerente operacional da companhia aérea Azul. As câmeras de segurança registraram o momento em que Luana Otoni de Paula ataca verbal e fisicamente o funcionário.
Luana era passageira de um voo com destino a Natal (RN), programado para às 13h30 do mesmo dia. Segundo o boletim de ocorrência, ao entrar na aeronave, ela apresentava sinais de embriaguez, o que levou o gerente operacional da Azul a abordá-la conforme os protocolos de segurança da aviação civil.
Após ser convidada a deixar o avião para ser realocada em outro voo, Luana proferiu uma série de ofensas racistas e verbais contra o funcionário da empresa. De acordo com a vítima, Luciana Otoni o chamou de “macaco”, “preto”, “vagabundo”, entre outros termos pejorativos, além de agredi-lo fisicamente com chutes, socos e tapas.
Além das injúrias raciais dirigidas ao funcionário da Azul, Luana também insultou o comandante do voo, chamando-o de “comandantezinho”, e dirigiu ofensas a um agente aeroportuário e aos policiais federais chamando-os de “pobres”, “ferrados”, “babacas”, “moleques” e “playboys que viraram policiais”.
Luana Otoni de Paula, que ocupava o cargo de presidente da Comissão de Direito da Moda da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), foi destituída do cargo pelo presidente da entidade após o episódio. Nas redes sociais, ela se identifica como superintendente jurídica de uma empresa de locação e venda de equipamentos, além de ser sócia de uma rede de networking para mulheres de negócios.
A advogada foi detida em flagrante pelos crimes de injúria racial, perturbação do trabalho alheio, desacato e vias de fato, sendo encaminhada para uma delegacia da Polícia Civil em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. A companhia aérea Azul se manifestou oficialmente repudiando as agressões e ofensas, afirmando que tomará as medidas cabíveis diante do ocorrido.
Luana Otoni de Paula permanece sob custódia das autoridades enquanto o caso é investigado pela polícia.
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, gerou discussão depois de uma publicação no ‘X’ (ex-Twitter), na noite da última segunda-feira, 24, em que afirma que médicos, advogados e engenheiros são “castas historicamente privilegiadas” e que se consideram “donas do país”. O comentário, que criticou o papel dessas categorias na sociedade brasileira, acompanha uma matéria do jornal O Globo, que compara a postura do Conselho Federal de Medicina (CFM) com a de regimes autoritários em relação à autonomia reprodutiva das mulheres.
Em sua publicação, Barbosa destacou: “Anotem aí: Médicos, Advogados, Engenheiros. São castas historicamente privilegiadas que se acham donas do país. Não se limitam a cumprir o papel e a ocupar o espaço que lhes é reservado na sociedade, gostam de ditar normas ao país, com % de legitimidade”.
A postagem de Barbosa refere-se a um artigo que analisa a influência e as ações do CFM, especialmente na discussão sobre direitos reprodutivos femininos. A matéria publicada por O Globo argumenta que o monopólio dos médicos sobre a saúde reprodutiva tem sido um obstáculo à autonomia das mulheres no Brasil. O texto sugere que a resistência do CFM em democratizar o acesso a métodos contraceptivos e a informação reprodutiva assemelha-se às práticas autoritárias do Talibã, que impõem severas restrições à liberdade feminina.
https://t.co/EpkFxkPgsx Anotem aí: Médicos, Advogados, Engenheiros. São castas historicamente privilegiadas que se acham donas do país. Não se limitam a cumprir o papel e a ocupar o espaço que lhes é reservado na sociedade, gostam de ditar normas ao país, com % de legitimidade.
Segundo o artigo, países da África Subsaariana conseguiram avanços significativos na autonomia reprodutiva das mulheres ao implementar programas que retiraram o monopólio médico sobre a distribuição de anticoncepcionais. Em muitos casos, agentes comunitárias passaram a oferecer métodos contraceptivos diretamente, facilitando o acesso das mulheres a esses serviços sem a necessidade de consultar profissionais médicos, o que também contribuiu para a diminuição da gravidez na adolescência e aumento da participação feminina no mercado de trabalho.
O debate sobre a autonomia feminina ocorre em meio às críticas sobre uma possível aprovação do Projeto de Lei 1904/2024, em discussão no Congresso Nacional e que quer criminalizar o aborto realizado após 22 semanas, nos casos em que o procedimento é legalizado no país, para vítimas de estupro e da gravidez em que o feto é anencefálico.
Conservador “à la carte”
Joaquim Barbosa também criticou o presidente Lula pela demora em se posicionar sobre o assunto: “Infelizmente, em inúmeras “questões de sociedade”, o país é acéfalo. O Congresso, omisso, retrógrado, um horror! O Presidente da República, também omisso em muitas questões, em cima do muro em outras, conservador “à la carte”, é incapaz de liderar o país em várias áreas em que poderíamos avançar significativamente se o natural poder de liderança e persuasão conferido ao ocupante da cadeira presidencial fosse inteligentemente usado para fazer avançar certas pautas que nos colocam na “vanguarda do obscurantismo”!”, disse ele.
Infelizmente, em inúmeras “questões de sociedade”, o país é acéfalo. O Congresso, omisso, retrógrado, um horror! O Presidente da República, também omisso em muitas questões, em cima do muro em outras, conservador “à la carte”, é incapaz de liderar o país em várias áreas em que
poderíamos avançar significativamente se o natural poder de liderança e persuasão conferido ao ocupante da cadeira presidencial fosse inteligentemente usado para fazer avançar certas pautas que nos colocam na “vanguarda do obscurantismo”!
O Sesc Vila Mariana, em São Paulo, em parceria com a Editora Boitempo, receberá, a partir de quarta-feira, 26 de junho, a exposição baseada na produção intelectual de Lélia Gonzáles(1935 – 1994). “Lélia em nós: festas populares e amefricanidade”, que fica em cartaz até 24 de novembro de 2024, foi inspirada pelo livro “Festas populares no Brasil” (que ganha nova edição no dia da abertura da mostra) e promove uma celebração da cultura afro-brasileira – ou amefricana, como propõe a autora – a partir de um recorte que estabelece diálogos e reflexões suscitados pela produção intelectual de Gonzalez, cuja morte completará 30 anos no dia 10 de julho.
Com uma seleção de produções contemporâneas e de diferentes períodos, reunida em cinco eixos temáticos, a exposição apresenta pinturas, fotografias, documentos históricos, objetos, performances, instalações e vídeos de artistas como Alberto Pitta, Heitor dos Prazeres, Januário Garcia, Maria Auxiliadora, Nelson Sargento, e Walter Firmo, além de 12 trabalhos inéditos, de artistas como Coletivo Lentes Malungas, Eneida Sanches, Lidia Lisboa, Lita Cerqueira, Manuela Navas, Maurício Pazz, Rafael Galante e Rainha Favelada.
A mostra também apresenta um recorte de sonoridades e musicalidades, tanto do universo das festas e festejos brasileiros quanto das intervenções do DJ Machintown e do trombonista Allan Abbadia, além de registros fonográficos da discoteca pessoal de Lélia. Parte do acervo do Instituto Memorial Lélia Gonzalez (IMELG), a coleção reúne álbuns de artistas como Wilson Moreira e Nei Lopes,Luiz Gonzaga, Tamba Trio, Clementina de Jesus, Jamelão e Lazzo Matumbi.
Bumba meu boi (Crédito: Walter Firmo)
Partindo de conceitos teóricos desenvolvidos por Lélia Gonzalez, como a categoria político-cultural de amefricanidade – termo cunhado pela acadêmica em contraposição à ideia hegemônica de afro-americanidade para, segundo ela, “ultrapassar as limitações de caráter territorial, linguístico e ideológico” e redimensionar a influência da diáspora atlântica para a formação das Américas do Sul, Central, do Norte e Insular –, a mostra convida o público à compreensão do potencial da cultura popular afro-brasileira como tecnologia de identidade e resistência.
Com curadoria de Glaucea Britto e Raquel Barreto, a exposição foi inspirada pelas proposições feitas por Lélia Gonzalez em Festas populares no Brasil. Único título publicado em vida pela intelectual exclusivamente como autora, o livro foi publicado originalmente em 1987. A obra não foi oficialmente lançada no mercado, tendo sido patrocinada por uma empresa multinacional e distribuída como presente de fim de ano. No mês de abertura da exposição, a publicação ganhará nova edição da Boitempo, a primeira voltada à circulação no mercado editorial.
Com textos da acadêmica que evidenciam laços indissociáveis entre Brasil e África por meio de manifestações populares como o Carnaval, o Bumba-Meu-Boi, as Cavalhadas e festas afro-brasileiras como as Congadas e o Maracatu, a obra reúne mais de cem imagens de cinco fotógrafos: Leila Jinkings, Marcel Gautherot, Maureen Bisilliat, Januário Garcia e Walter Firmo (os dois últimos, integrando a exposição). A nova edição inclui também materiais inéditos, textos de apoio, fac-símiles, prólogo de Leci Brandão, prefácio de Raquel Marreto, posfácio de Leda Maria Martins, texto de orelha de Sueli Carneiro e quarta capa de Angela Davis e Zezé Motta.
Crédito: Hariel Revigne/Cortesia Galeria Mitre/Mina de Ouro
ARTISTAS E EIXOS TEMÁTICOS
Reunindo obras de acervos pessoais, públicos e institucionais, além dos 12 trabalhos inéditos, a exposição Lélia em nós: festas populares e amefricanidade desenvolve-se a partir dos cinco eixos temáticos listados a seguir:
1) Festas populares: o livro
Espaço expositivo que reafirma Lélia Gonzalez como uma intérprete do Brasil por meio de excertos textuais de Festas populares no Brasil e reproduções fac-similares de artigos publicados na imprensa e documentos históricos, como os extraídos do pioneiro curso Cultura Negra, ministrado pela intelectual em 1976, na EAV – Escola de Artes Visuais do Parque Laje (RJ). Nesse mesmo núcleo também estão presentes obras de, entre outros, Ivan da Silva Morais, Simba, José Luiz Soares e Kevin da Silva, além de fotografias de Walter Firmo e Adenor Godim.
2) Racismo e sexismo na cultura brasileira. Cumé que a gente fica?
Nesse eixo temático, cinco artistas, mulheres negras, são convidadas para, por meio de obras inéditas, darem uma expressão artística visual ao texto mais icônico e significativo de Lélia Gonzalez, “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, ensaio publicado em 1984 na Revista Ciências Sociais Hoje. Com essa intervenção, Lidia Lisboa, Eneida Sanchez, Manuela Navas, Hariel Revignet e Rainha Favelada realizam uma interpretação contemporânea e vibrante da mensagem atemporal de Lélia, enquanto também homenageiam sua influência e legado.
3) Pele Negra, máscaras negras
O título desse núcleo dialoga com um dos livros mais importantes e influentes para a ascensão dos movimentos da luta antirracista, Pele negra, máscaras brancas, publicado em 1952 pelo psiquiatra martiniquense Frantz Fanon, um autor fundamental para o pensamento de Lélia e a construção de perspectivas para as reflexões sobre os efeitos subjetivos do racismo na gênese do indivíduo. Na proposta das curadoras, esse eixo temático é uma celebração à presença das máscaras e dos mascarados em inúmeras festas populares do Brasil, estabelecendo uma relação ancestral com as máscaras da cultura africana em festividades e rituais. O núcleo reúne: fotografias de Carlos Humberto TDC, Jandir Gonçalves, Ismael Silva e Márcio Vasconcelos; obras de Simba, Bea Machado, Uberê Guelê; e uma instalação e performance comissionadas de Guinho Nascimento.
4) Beleza Negra, ou: ora-yê-yê-ô
Nesse eixo, a exposição evidencia a beleza e a dimensão política de afoxés, cortejos conduzidos por reis e rainhas – como Badauê, Filhas d’Oxum, Korin Efan, Ataojá, Ilê Oyá, Monte Negro e Filhas de Ghandy – que agregam multidões e que possuem estreita relação de origem com os terreiros de candomblé de Salvador. No espaço expositivo estão reunidos: objetos pessoais de Lélia; fotografias de Januário Garcia, Antônio Terra, Bauer Sá, Lita Cerqueira, Bruno Jungmann, Arquivo Zumvi (Lazaro Roberto e Jonatas) e Mônica Cardim; obras de J Cunha, Alberto Pitta, Maria Auxiliadora e Isa do Rosário de Maria; e trabalhos comissionados de Nádia Taquary e do Coletivo Lentes Malungas.
5) De Palmares às escolas de samba, tamo aí!
Exaltando o papel das mulheres negras como perpetuadoras dos valores culturais afro-brasileiros, o núcleo estrutura-se a partir da consideração de Lélia de que Palmares forjou uma nacionalidade brasileira baseada na igualdade. Nesse sentido, a contribuição das mulheres negras estaria presente desde a criação de Palmares, passando por todas as experiências socioculturais do povo brasileiro, com destaque para a experiência na criação de instituições negras, como as escolas de samba, e de instituições religiosas, como os terreiros de candomblé. No espaço expositivo estão reunidas: fotografias de Eustáquio Neves, Letícia Mercier, Januário Garcia, Walter Firmo e Lita Cerqueira; e pinturas de Sergio Vidal, Raquel Trindade, Heitor dos Prazeres, Maria Auxiliadora, Nelson Sargento, Wallace Pato, Mulambö e Bea Machado. O núcleo reúne ainda Escolas de Samba de São Paulo, vídeo de Rafael Galante e Maurício Pazz, comissionado para a exposição.
Capa do livro Festas populares
SERVIÇO
Exposição Lélia em nós: festas populares e amefricanidade
Sesc Vila Mariana Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana – São Paulo Abertura da exposição e lançamento do livro em 26 de junho, quarta-feira, às 19h
Horário de visitação: de 27 de junho a 24 de novembro de 2024; terça a sexta, das 10h às 21h; aos sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h. Agendamento de grupos: agendamento.vilamariana@sesc.org.br Entrada gratuita