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“Não há como eu criar um prato sem incluir uma parte da minha história”, diz o chef sergipano Lucas Amâncio

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Foto: Reprodução/Instagram

Radicado no Rio de Janeiro há cinco anos, o sergipano Lucas Galindo Amâncio estudou gastronomia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), tendo a sua mãe como referência. Cozinheiro do restaurante Rudä, especializado em comida brasileira contemporânea, ele também é autor do Movimento Maniva, que une jantares harmonizados com coquetéis elaborados por André Ribeiro, inspirado na culinária brasileira.

“Por ter crescido em uma região litorânea (Aracaju – SE), peixes e frutos do mar sempre fizeram parte do meu cotidiano. Por isso, posso dizer que minha especialidade é essa e que a demonstro nos jantares harmonizados”, disse Lucas ao Mundo Negro e Guia Black Chefs.

Lucas Amâncio e André Ribeiro (Foto: Reprodução/Instagram)

O Movimento surgiu de um desejo antigo, guardado por mais de um ano, até que Lucas conheceu o bartender André. “Maniva é a folha da mandioca usada para fazer maniçoba. Escolhi esse nome porque ele brinca com a questão das raízes brasileiras e com as nossas próprias raízes”, explicou o cozinheiro. 

Os jantares itinerantes e intimistas, realizados mensalmente para até dez pessoas, são sempre diferentes: cada encontro tem um tema, uma playlist própria e, claro, pratos e coquetéis criados especialmente para a ocasião. Ainda não divulgado os detalhes da sétima edição.

Pratos do chef Lucas Amâncio (Foto: Reprodução/Instagram)

“Acredito que o Maniva está me permitindo fazer essas conexões, pois preparo pratos com ingredientes afro-brasileiros que refletem o que eu sou, fui e de onde vim. Não há como eu criar um prato sem incluir uma parte da minha história”, contou Lucas.

Com planos ambiciosos para o futuro, Lucas sonha em lançar um livro sobre peixes e pescados, além de criar um projeto social voltado à capacitação de pessoas de baixa renda que enfrentam dificuldades para se inserir no mercado de trabalho.

Gustavo Marques, especialista em Cibersegurança, transforma golpes reais em podcast imersivo para alertar sobre riscos digitais

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Foto: Reprodução/Instagram

Casos reais de golpes digitais, contados com a dramaticidade de uma série policial, mas com um propósito claro: alertar e educar. Essa é a proposta de “O Golpe Tá Aí!”, novo contocast criado por Gustavo Marques, especialista em cibersegurança. A estreia está marcada para 7 de maio, com episódios semanais nas principais plataformas de áudio.

O formato mistura storytelling imersivo, efeitos sonoros e uma narrativa acessível para mostrar como fraudes – de WhatsApp a criptomoedas – acontecem no cotidiano. Cada episódio, com 6 a 8 minutos de duração, reconta um crime real ocorrido no Brasil e termina com uma “lição prática” para evitar que ouvintes caiam em armadilhas similares.

A primeira temporada terá sete episódios, abordando temas como promoções falsas, engenharia social e fraudes financeiras. O projeto visa atingir além do público técnico: “Golpe não escolhe idade, classe social ou região. Se você tem um celular, pode ser um alvo”, ressalta o criador do contocast, que também comanda o TecSec Podcast, líder em audiência no segmento de tecnologia e segurança no país.

Marques, que atua em áreas como governança e compliance, vê na conscientização a chave para reduzir riscos. “A comunicação precisa furar a bolha. Queremos que as pessoas entendam os perigos sem precisar de jargões complexos”, explica.

O hidratante queridinho de Tyla (e cinco versões potentes que você encontra no Brasil)

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Foto: Sony Music

A cantora sul-africana Tyla, vencedora do Grammy e uma das vozes mais promissoras da música global, revelou em entrevistas que usa o Weleda Skin Food Clássico como um de seus segredos de beleza. Lançado em 1926, o creme é conhecido por sua fórmula espessa e nutritiva, perfeita para peles secas ou ressecadas, ideal para manter o viço e o glow mesmo sob os holofotes.

Mas não é só o Skin Food que entrega hidratação intensa com ingredientes potentes. Selecionamos cinco cremes que oferecem nutrição profunda e que você encontra com facilidade no Brasil.

Nivea Creme (latinha azul)
Preço: R$ 18,90 (56g)
Um clássico acessível e versátil. Sua fórmula densa forma uma barreira protetora que suaviza áreas ressecadas como mãos, cotovelos e pés.

Fenty Skin Butta Drop Whipped Oil Body Cream
Preço: R$ 159,00 (75ml – Sephora Brasil)
Com textura cremosa e rica em óleos tropicais, é a aposta da Rihanna para peles que pedem brilho, hidratação e luxo no sensorial.

Weleda Skin Food Clássico
Preço: R$ 66,90 (30ml)
Produto cult que mistura extratos vegetais e óleos naturais. Ideal para regiões extremamente secas ou para selar a hidratação em dias frios.

Manteiga Uniformizadora de Tom Tododia – Jambo Rosa e Flor de Caju
Preço: R$ 65,50 (200g)
Da linha Tododia da Natura, essa manteiga entrega hidratação prolongada e ajuda a uniformizar o tom da pele com ativos botânicos.

Manteiga Corporal Calêndula – Granado
Preço: R$ 71,00 (200g)
Com extrato natural de calêndula e fórmula vegana, oferece hidratação intensa com toque aveludado e fragrância delicada.

Quando o assunto é pele negra, investir em fórmulas que realmente nutrem, protegem e valorizam o brilho natural faz toda a diferença. Seja com uma fórmula centenária ou com lançamentos de grandes marcas, o importante é encontrar aquele creme que fala com a sua rotina e identidade.

“Pai contra mãe ou você está me ouvindo?”: uma peça inspirada em conto de Machado de Assis

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Foto: Marcelle Cerutti

Na noite da quinta-feira 24 de abril chovia em São Paulo, mas muitos negros e negras foram ao teatro do SESC da Consolação para assistir ao espetáculo “Pai contra mãe ou você está me ouvindo?”, com o Coletivo Negro. Foi uma grande noite, em que a plateia se emocionou e vibrou com a atuação de Aysha Nascimento, Flavio Rodrigues e Raphael Garcia. Excelentes atores que entregaram beleza, leveza e criatividade nesta bela homenagem a nosso grande escritor Machado de Assis.

A trama do espetáculo é construída com cenas belíssimas de um casal de negros que se apaixona nos vagões do metrô de São Paulo. Ver cenas de amor, com delicadeza e alegria nos leva a uma cumplicidade na interpretação da Aysha. Utilizando recursos de filmagens e um cenário bem cuidado, ela nos aproxima do amor de duas pessoas negras. Cenas do nosso quotidiano paulistano que, nas idas e vindas apressadas da rotina da cidade, deixamos passar sem nos darmos conta da beleza de um casal que se ama.

O Coletivo Negro é um grupo de teatro preocupado com a presença de pretos e pardos nos palcos e, com muita coragem, decidiu encenar de forma corajosa o livre diálogo com o conto de Machado de Assis. Entre as diferentes histórias contadas, uma tem um tom mais dramático, que deixa a respiração da plateia em silêncio em suspenso. É a de Zaíra da Conceição, mulher negra, grávida, que vai ao mercado com uma lista de compras para comparar preços e é perseguida por Oswaldo, homem negro que conseguiu emprego de segurança de supermercado. História que nos remete ao conto machadiano Pai contra Mãe.

No monumental conto de Machado de Assis “Pai contra Mãe”, que relata a história de Candinho, desempregado, endividado e recém-casado com Clara, sobrinha da Tia Mônica. O casal está grávido de oito meses, morando de favor na casa da tia. Candinho vive um drama da ameaça de ser despejado, pois deve alguns meses de aluguel. A tensão é intensa. Caso não consiga trabalho, deverá entregar seu filho à roda dos enjeitados, onde abandonavam-se crianças que ficariam sob os cuidados de instituições de caridade. Candinho, no papel de capitão do mato avulso, captura Arminda, que estava grávida, no texto de Machado de Assis:

“Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava abriu a carteira e tirou os cem mil-réis de gratificação. Cândido Neves guardou as duas notas de cinquenta mil réis, enquanto o senhor novamente dizia à escrava que entrasse. No chão, onde jazia, levada do medo e da dor, após algum tempo de luta a escrava abortou.”

Uma história semelhante à vida de tantas mulheres negras da periferia que não têm o direito de ter seu filho com dignidade; homens trabalhando como entregadores que entregam seus melhores anos de vida pedalando pelas ruas, vielas e avenidas de São Paulo, ou fiscalizando pobres criaturas nos supermercados. Todos lutando para se manterem vivos, e fazer a valer a primeira lei dos escravizados: manter-se vivos.

Machado de Assis inspirou esses jovens artistas, que com um grande trabalho de imaginação, com uma cenografia e músicas quentes que retratam a vida sofrida dos desempregados e precarizados.

“Escuta o que vou te dizer
Quem manda no mundo
não muda
Quem manda no mundo
Quem manda no mundo
Não muda”

Um espetáculo com músicos brilhantes que tornam o conjunto harmônico com uma experiência teatral que toca o coração de todos e leva ao palco uma das obras machadianas que consegue transpor o tempo e o espaço. Se você não assistiu, corra e vá assistir. Se já assistiu como eu, leve amigos, amigas e parentes para prestigiar o teatro negro paulistano.

Veja aqui a programação e os ingressos disponíveis!

Wunmi Mosaku transforma o tapete vermelho em palco para designers negros e moda com ancestralidade

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Foto: Reprodução

Wunmi Mosaku, atriz britânico-nigeriana com atuações marcantes em Lovecraft Country, Loki e His House, tem se destacado também fora das telas. Durante a turnê de divulgação de Sinners, seu novo filme, ela tem usado a moda como uma forma de afirmação, estética, cultural e política.

Em entrevista à Glamour US, Wunmi revelou que o uso de roupas assinadas por estilistas negros foi uma decisão intencional, alinhada ao que ela acredita. “Queria usar o máximo de designers negros possível, e acho que conseguimos, com exceção de um vestido laranja usado na estreia em Londres”, contou. “Parte da mensagem do filme é sobre a arte sendo celebrada. Esse era o meu sonho, meu objetivo, e minha stylist, Shameelah Hicks, realmente fez uma pesquisa profunda. Ela entendeu o que eu queria e entregou.”

As roupas escolhidas refletem esse cuidado. Com peças de nomes como Harbison Studio, Hanifa, Sisiano, Thebe Magugu e o estilista queniano Nenswear, os visuais valorizam tecidos estruturados, cortes marcantes e cores intensas, como laranja, amarelo ácido, azul royal e vermelho queimado, numa paleta que se destaca sem sobrecarregar. “Amo cor. Acho que isso fica ótimo na nossa pele”, disse. “Não queria ir pelo caminho sombrio, assustador, quase vampiresco. Quis manter a conexão africana, algo que remetesse à ancestralidade e à profundidade da personagem.”

Fotos: @giannasnapped

Além dos figurinos, o trabalho com cabelo e maquiagem também reforça esse posicionamento. Wunmi apostou em penteados esculturais, como coques altos, tranças arquitetônicas e textura afro com finalização sofisticada. Na maquiagem, o destaque vai para olhos marcados, pele luminosa e lábios em tons profundos, criando uma composição que respeita sua beleza e valoriza os traços.

“Eu não queria me sentir de nenhum outro jeito que não fosse incrível e conectada. Eu estava representando a mim mesma, o meu estilo, e também as pessoas que me apoiam, e que eu também quero apoiar”, afirmou. Em uma indústria onde criadores negros ainda enfrentam invisibilidade, Wunmi usou sua visibilidade para reposicionar a lente. Mais do que vestir roupas bonitas, ela mostrou que é possível vestir propósito.

Belém é eleita uma das cidades com as cenas gastronômicas mais tentadoras do mundo

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Foto: Quintal Paraense/ Divulgação

Recentemente, a capital paraense foi mencionada na lista das 15 cidades com as cenas gastronômicas mais tentadoras do mundo pela revista Lonely Planet. Belém é a única representante brasileira, ficando em sétimo lugar.

A publicação destaca a riqueza da gastronomia belenense, marcada pela biodiversidade e pela mistura de influências indígenas, africanas e portuguesas. Segundo o guia, comer em Belém é experimentar “uma explosão de história, ciência e arte”.

Entre os pratos que chamaram a atenção estão clássicos como a maniçoba, o pato no tucupi e o tacacá, todos preparados com ingredientes típicos da região, como jambu, tucupi e folhas de mandioca brava.

O Mercado Ver-o-Peso na cidade é parada obrigatória. De frente para a baía do Guajará, reúne bancas com temperos, frutas e pratos prontos servidos ali mesmo, por vendedores que mantêm viva a tradição gastronômica local.

O reconhecimento vem em boa hora, já que Belém se prepara para sediar a COP30, conferência da ONU sobre o clima, em novembro de 2025. Mais do que sabor, a gastronomia local se firma como vitrine da cultura, da economia criativa e da sustentabilidade na Amazônia.

A capital paraense já vinha se firmando como referência no assunto: em 2015, foi nomeada Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco. A escolha reconhece o uso sustentável de produtos da floresta e a valorização dos saberes tradicionais da região amazônica.

Corporate Hair e a escada corporativa dos cabelos crespos

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Foto: Reprodução

Texto: Viviane Elias Moreira

“Um dia lisa. Outro cacheada. Cada dia uma surpresa. Deus nos deu um dom. Não é um talento. É um DOMMMM. É uma coisa mais profunda. Deus deu o dom para mulheres negras combinarem com qualquer cabelo.” Foi assim que Patrícia Ramos sacudiu as redes há algumas semanas. Várias mulheres pretas, de criadoras de conteúdo a artistas, acompanharam o viral e cada uma à sua maneira exaltaram o seu dom. O que me chamou a atenção foi especificamente um grupo de mulheres pretas que se silenciaram neste viral: mulheres pretas executivas. 

Uma ali e uma outra acolá celebridade-corporativa não resistiu e aderiu a trend, mas, em sua maioria, no modo “amigos próximos”.  O que me fez pensar se aquela ferida antiga ainda é tão presente no ambiente corporativo e estamos fingindo que ela não está lá: a negação dos cabelos crespos como parte da presença legítima e bem-sucedida de mulheres e homens negros nos espaços de liderança. 

Durante anos e, para falar a real, ainda hoje, nós escutamos (mesmo que nas entrelinhas) que cabelo crespo não é “profissional”, que trança não combina com cargo de liderança, que black power é “atitude demais” para um ambiente “corporativo”. Mas o que é, afinal, essa tal “imagem profissional”? E antes que você comece com ‘ah, mas não é mais assim’. É sim. Só que agora silenciado. O silêncio estratégico. Vai lá no Linkedin e analise as fotos das poucas lideranças negras que temos no topo das empresas. Viu? Tô te falando…

Fui para uma pesquisa de campo, obviamente, começando com amigas topzeras executivas que entre um vinho e um petisco, chegaram a uma conclusão: em 2025 até podemos usar o cabelo que queremos, mas assumir o cabelo crespo, tranças ou dreads em nossos CNPJs, especialmente em cargos de liderança, é um ato de afirmação e de ruptura com séculos de opressão estética. É reescrever o que significa “estar pronta” para liderar. É trazer a ancestralidade para a mesa de reuniões. 

Com a minha pesquisa em andamento, chego no documentário ‘Hair Tales: Orgulho do Meu Cabelo‘ disponível no Disney+ e Apple TV, que mergulha profundamente nessa discussão. Produzido por Tracee Ellis Ross, Oprah Winfrey e Michaela Angela Davis, a série é um verdadeiro manifesto sobre o cabelo como território de identidade, orgulho e libertação para nossa comunidade.

Cada episódio evidencia o quanto os fios crespos carregam narrativas de resistência, autoestima e reinvenção. A atriz e ativista Michaela Angela Davis fala que “ser uma mulher negra no mundo corporativo é ser observada o tempo todo. E quando seu cabelo não se enquadra no padrão, ele vira o centro da conversa e não seu talento”. Um dos cabeleireiros comenta: “Aqui a gente não corta só cabelo, a gente corta traumas. A cada penteado, uma reconstrução de autoestima. Pra muitos, assumir os dreads ou o black é também um posicionamento político. É mostrar que competência não tem textura capilar. Hoje, ver uma mulher negra liderando uma equipe, entrando numa sala de reunião com seu cabelo natural, usando tranças coloridas ou um turbante elegante, é mais do que estilo: é uma forma de dizer “eu estou aqui inteira”.

Na terra do tio Sam, os salões de cabeleireiros são verdadeiros territórios de segurança e acolhimento para a população negra. Para além do cuidado estético, esses espaços funcionam como centros de troca, fortalecimento e construção de comunidade. São os lugares onde se reafirma que “nosso cabelo é um dom”, como disse Patrícia. Foi aí que encerrei a minha pesquisa de campo. Em um salão.

Conheci o Daniel, vulgo Didão, no meu momento de dilema do “corporate hair”. Didão atua há mais de 21 anos no segmento, já rodou o Brasil inteiro ministrando cursos sobre a técnica de tratamento térmico criada por sua mãe (uma mulher preta) e a qual ele aprimorou nos últimos anos e, junto à sua irmã Daiane, atende clientes brasileiras, africanas e europeias em um salão localizado na Vila Carrão, ZL de Sampa.  Ao ser questionado por mim, confirmou mais uma vez o que não vem sendo dito, mas amplamente vivenciado. “Não importa de onde estas mulheres e homens negros chegam, aqui no meu salão, as queixas e, invariavelmente lágrimas, sempre tem o mesmo motivo: o racismo estético vivenciado no dia a dia do trabalho”.

Didão é um cara múltiplo, profissional, empresário, pai de 2 meninos, diretor de bateria, ativista, mas acima de tudo ele é um elo entre mulheres e homens pretos com o empoderamento, aceitação e adaptabilidade ao “corporate hair”, que nada mais é do que o código de vestimenta invisível e dolorido para os nossos cabelos. Didão completa que: “o que mais ouço é sobre o medo destas mulheres e homens de mostrar as suas verdadeiras raízes. Quando chegam no meu salão, alguns após anos de transição ou com danos nos cabelos após cortes químicos, os pedidos vão de raízes mais baixas, cortes na máquina, inspirações com fotos de cachos by mega-hair e cabelos mais aceitáveis para o trabalho. O meu trabalho é de um psicólogo corporativo informal: como elas vão se aceitar e como podemos enfrentar e resistir”. 

Esta altura já realmente com olhos cheio de lágrimas, comprovando o efeito que salões de cabelereiros têm para nossa comunidade, ouvindo relato dos outros clientes que já estavam envolvidos na conversa, o tema alcançou um outro prisma: a necessidade de se esconder os crespos, principalmente os 4B e 4C com processos químicos de mais diversos nomes. Foi aí que o Didão fecha o tema com o seguinte ponto: “Por isso eu não posso desistir, não posso permitir que o crespo não seja reconhecido como bonito. Quando aplico o tratamento térmico, diminuindo o fator de encolhimento e cuidando dos cabelos crespos eu só busco a preservação da nossa identidade, porque gente, no final o cabelo crespo é sobre a nossa potência e identidade”. Silêncio no salão acompanhado de lágrimas.

A pesquisa encerra sem um certo ou errado, mas a constatação que em 2025 o nosso cabelo continua representando a possibilidade de sermos quem somos sem concessões. A fala da Patrícia é real. Nosso cabelo crespo, cacheado, trançado, raspado ou com volume é dom, é identidade, é potência. E que nenhuma pessoa negra deveria ter que abrir mão disso para ser promovida, aceita ou respeitada. Nós queremos mais pessoas negras sendo celebradas não apesar de seus cabelos, mas com eles. Do jeitinho que são. Afinal, foi Deus quem deu.

Operação ‘Memória Resgatada’ apreende documentos públicos da escravidão comercializados ilegalmente por irmãos no RS

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Fotos: Grégori Bertó | MPRS

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Gaeco/MPRS) cumpriu nesta sexta-feira (25) mandados de busca e apreensão em Capão da Canoa (RS) para resgatar documentos históricos do período da escravidão que deveriam estar sob guarda do poder público. Os registros, datados das décadas de 1850 a 1870, estavam em posse de dois irmãos, Eduardo Helbert Urban e Daniel Heldt Urban, investigados por comercializar livros raros na internet. Entre outros crimes, eles devem responder na justiça por destruição ou ocultação de documentos públicos.

Durante a operação, batizada de “Memória Resgatada”, foram apreendidos: Dois registros públicos da antiga província de Rio Grande, um com detalhes de óbitos de escravos e outro com penas e castigos aplicados a eles; Três volumes adicionais de documentos do século XIX, encontrados em um sebo em Porto Alegre, incluindo um livro de emancipação de escravizados e registros de exportação do porto de Rio Grande. Preliminarmente, o Gaeco apurou que um documento foi furtado do Museu de Arroio Grande em 2012, outro foi retirado ilegalmente de um cartório em Rio Grande e dois registros já haviam sido vendidos para compradores em Minas Gerais.

Vídeos nas redes mostraram um dos investigados, Eduardo Helbert Urban, manuseando os papéis sem luvas, o que pode acelerar a deterioração. Não há informações sobre as condições de armazenamento. Técnicos já confirmaram a autenticidade dos materiais, que passarão por análise para definir sua origem institucional. A investigação começou em 14 de abril, quando os irmãos postaram no Instagram que possuíam os registros — alegando tê-los “resgatado de um incêndio em cartório”. Dois dias depois, o Arquivo Público do RS identificou indícios de que os documentos eram de origem pública. A promotora Camile Balzano de Mattos, da 1ª Promotoria Cível de Rio Grande, verificou que um dos irmãos oferecia os papéis por R$ 10 mil. Com risco de venda, o Gaeco obteve os mandados judiciais.

Crimes e próximos passos

Os investigados devem responder por destruição ou ocultação de documentos públicos, crime previsto no artigo 305 do Código Penal, violação da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998) e descumprimento da Lei de Arquivos Públicos (8.159/1991). Os materiais serão encaminhados ao Arquivo Público do RS para conservação e restauro. O Gaeco apura se há mais envolvidos.

Relembre o caso

Os irmãos, que mantêm um canal no YouTube sobre livros raros, afirmaram nas redes que “salvaram” os documentos de descarte. Críticos argumentam que os registros são patrimônio público e deveriam estar em museus.

Um dos investigados, Eduardo Helbert Urban, defendeu-se em stories: “Se não fosse por mim, estariam queimados”. Disse ainda que tentou vender os documentos para órgãos públicos, sem resposta.

Negra Rosa lança sua primeira linha perfumada acessível para o dia a dia

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Foto: Divulgação

Referência no mercado de beleza voltado à população negra, a Negra Rosa agora aposta em uma linha perfumada acessível, com fragrâncias icônicas da perfumaria mundial. A linha conta com óleo corporal e body splash, produtos que podem ser usados em todos os momentos da rotina.

Segundo a curadora e fundadora da marca, Rosangela Silva, a proposta é aliar qualidade e acessibilidade. “Esse é um lançamento em que pudemos escolher cuidadosamente cada fragrância, trazendo para as consumidoras opções de qualidade e acessíveis no mercado. Sabe aquela fragrância que fixa no corpo e te dá uma ótima experiência na rotina? Nossos produtos trazem isso”, afirma.

São três as fragrâncias que compõem o lançamento: Escândalo de Musk, com notas mais intensas; Famoso Jasmim, de perfil elegante; e Bela Rosa, voltada a quem prefere aromas florais e suaves. Cada perfume é oferecido nas duas versões: óleo hidratante e spray corporal.

Foto: Divulgação

O óleo promete até 24 horas de hidratação, com melhora na aparência da pele e efeito relaxante. Já o body splash combina efeito refrescante com ativos hidratantes e desodorantes, visando prolongar a sensação de pele perfumada ao longo do dia.

De acordo com dados da empresa de pesquisa Mintel, 78% dos brasileiros usam algum tipo de perfume, e 45% afirmam que a fragrância preferida é parte da sua identidade. A Negra Rosa aposta nesse comportamento para ampliar sua presença no mercado com uma linha prática e presenteável.

Anielle Franco critica cassação do mandato de Brazão por excesso de faltas e não por acusação do crime contra Marielle

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A justificativa para a cassação do mandato do ex-deputado Chiquinho Brazão pela Câmara nesta quinta-feira (24) gerou reação indignada da ministra Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em 2018. O motivo: a decisão foi baseada apenas no excesso de faltas do parlamentar, e não em seu suposto envolvimento como mandante do crime que também vitimou o motorista Anderson Gomes.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Anielle questionou o que classificou como uma “justiça pela metade”. “O suposto mandante do assassinato da minha irmã perdeu o seu mandato na Câmara dos Deputados. Mas vai ser um passo importante para a justiça e para a democracia brasileira? Nos preocupou muito que as motivações por trás dessa cassação sejam apenas justificadas por faltas e não pela acusação de um possível envolvimento em um assassinato tão vil, tão cruel como que foi o da Marielle e do Anderson. A manutenção dos direitos políticos de quem mandou matar Marielle é um desrespeito com a sociedade e está exposto assim na nossa cara”, afirmou.

A Mesa Diretora da Câmara, liderada pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), seguiu o artigo 55 da Constituição, que prevê perda de mandato por ausência em mais de um terço das sessões. Brazão, preso desde março de 2024 e atualmente em prisão domiciliar, já havia tido o mandato cassado pelo Conselho de Ética em 2024, mas o processo só foi concluído agora.

Irmãos Brazão se tornaram réus no caso de assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Em junho de 2024, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, de forma unânime, abrir uma ação penal contra os envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em 2018. A denúncia, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em maio, foi aceita pelos ministros e inclui os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa, o ex-policial Ronald Paulo de Alves e o ex-assessor Robson Calixto Fonseca como acusados.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, afirmou que a acusação apresentou evidências substanciais ligando os interesses da organização criminosa aos assassinatos, e sustentou que o STF tem a competência necessária para julgar o caso. Segundo a denúncia apresentada pela Procuradoria no mês passado, os irmãos Brazão teriam ordenado o assassinato para proteger interesses econômicos das milícias e silenciar a oposição política de Marielle Franco. A acusação é fundamentada na delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, que confessou ser o executor dos homicídios.

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