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Conheça os chefs negros do ‘Chef de Alto Nível’, novo reality show gastronômico

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Foto: Globo/Beto Roma

Com estreia marcada para o dia 15 de julho, logo após a novela ‘Vale Tudo’, o reality show Chef de Alto Nível promete aquecer a disputa na cozinha. Entre quase 15 mil inscritos, 24 participantes foram selecionados para mostrar seu talento e disputar o prêmio de R$ 500 mil, mentoria com chefs renomados e o título inédito que nomeia o programa.

Divididos em três categorias — cozinheiros da internet, profissionais e amadores — os participantes vêm de diversas partes do Brasil e levam para a Torre das Cozinhas uma rica mistura de sotaques, técnicas e histórias de vida. Entre eles, se destacam nomes negros que já chegam fazendo história e levando representatividade em espaços de visibilidade nacional.

Conheça os participantes negros abaixo:

Allan Mamede | Cozinheiro da internet

Vencedor do Que Seja Doce (GNT) em 2023, Mamede soma quase 200 mil seguidores nas redes, onde compartilha sua vivência e receitas autorais que mesclam afeto e sofisticação. No Chef de Alto Nível, ele quer ser referência para jovens negros e periféricos como ele.

Foto: Globo/Beto Roma

Bruno Manoel, o Preto | Cozinheiro da internet

Conhecido como Preto na Cozinha, o pernambucano soma mais de 800 mil seguidores e conquistou o Brasil ao vencer o Que Delícia! no Mais Você. Criado pela irmã após perder a mãe na adolescência, Preto vê na culinária uma ponte entre sua história e seu futuro.

Foto: Globo/Beto Roma

Adriana Veloso | Cozinheira profissional

Natural do Maranhão, com raízes no Pará e vida no Rio de Janeiro, Adriana é referência em gastronomia amazônica e comanda um restaurante premiado. Ela chega com a missão de valorizar a comida raiz.

Foto: Globo/Beto Roma

Kelma Zenaide | Cozinheira profissional

Mineira, neta de quilombola, Kelma é um verdadeiro patrimônio da culinária afro-brasileira. Com um buffet voltado à comida de terreiro e uma formação que une gastronomia e literatura afro, ela é a tradução da memória viva no prato.

Foto: Globo/Beto Roma

Lucas Correia | Cozinheiro profissional

Lucas, o paranaense que hoje vive em Pernambuco, e com experiência internacional em Moçambique, une diversidade, repertório e visão social em sua trajetória. Já foi professor de gastronomia e aposta em uma gastronomia humanizada.

Foto: Globo/Beto Roma

Raphael Santos | Cozinheiro profissional

Nascido no Rio e radicado há 9 anos em Lisboa, Raphael quer voltar ao Brasil para abrir um restaurante com o pai, seu maior ídolo. Formado na escola clássica francesa, o chef carrega orgulho da gastronomia de matriz africana.

Foto: Globo/Beto Roma

Dih Vidal | Cozinheira amadora

Dona de casa e vendedora de roupas, a baiana Dih mora em São José dos Campos (SP) e quer realizar o sonho de abrir o seu próprio restaurante. Casada e mãe de dois filhos, quer mostrar a força da mulher preta que sonha e realiza.

Foto: Globo/Beto Roma

Flan Souza | Cozinheira amadora

Baiana de Salvador, Flan mora em São Paulo e carrega no tempero as memórias da mãe e da avó. Técnica de enfermagem, estudante de gastronomia e pesquisadora acadêmica da alimentação, ela é puro amor pela cozinha.

Foto: Globo/Beto Roma

Gilmar Francisco | Cozinheiro amador

Capixaba de nascimento e carioca por escolha, Gilmar é médico nutrólogo e anestesista. Após enfrentar a obesidade, se dedica em ajudar outras pessoas a cultivarem uma conexão mais equilibrada com a comida.

Foto: Globo/Beto Roma

Marina Cabral | Cozinheira profissional

Paraense de Belém, Marina vive em São Paulo e comanda uma empresa que distribui insumos amazônicos para restaurantes do Sudeste. Aprendeu a cozinhar com o pai e é movida pela relação afetuosa com a filha, que a incentivou a entrar no reality.

Foto: Globo/Beto Roma

Para a família de Juliana Marins, ela ter morrido fazendo o que amava “conforta um pouco o coração”

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Amante da natureza, do esporte e das viagens, Juliana Marins cresceu em uma família que valorizava experiências ao ar livre. E foi justamente esse amor compartilhado que traz um certo conforto ao pai da jovem publicitária, após sua morte trágica durante uma trilha no Monte Rinjani, um vulcão ativo de 3.726 metros em Lombok, na Indonésia.

Depois de um trabalho de mais de sete horas, o corpo de Juliana foi finalmente retirado do desfiladeiro onde ela caiu no último dia 20 de junho, durante uma caminhada. As condições climáticas e o terreno íngreme dificultaram o resgate, que precisou ser feito manualmente por uma equipe local de salvamento. O corpo agora segue para um hospital da região para os trâmites legais.

O pai de Juliana, Manoel Marins, usou as redes sociais para falar sobre a filha, que teve a morte confirmada enquanto ele ainda viajava para a Indonésia, vindo de Niterói, onde ela vivia. Para ele, o fato de a filha ter partido fazendo o que mais amava dá à família um pequeno alívio em meio à dor:

“E como você estava feliz realizando esse sonho. E como nós ficamos felizes com a sua felicidade. Você se foi fazendo o que mais gostava e isso conforta um pouco o nosso coração.”

Em seu depoimento, Manoel revelou detalhes da personalidade da filha, uma jovem independente que tinha como compromisso cuidar dos pais no futuro:

“Você sempre foi muito especial. Sapeca, inquieta, de sorriso lindo e uma imensa vontade de viver intensamente. Sempre preocupada comigo e com a Estela. Dizia que iria cuidar de nós na nossa velhice, embora eu lhe dissesse que isso não era necessário, que você deveria viver a sua vida.”

As fotos de Juliana nas redes sociais mostram que a paixão pela aventura, pelo esporte e pelo contato com a natureza era uma marca da família. Esse vínculo ficou também nas palavras do pai, na despedida emocionada que ele publicou:

“Ficaremos, na certeza de nos reencontrarmos um dia e fazer aquele voo de parapente que estávamos programando para o seu aniversário. Lá no céu, o bom Deus há de nos proporcionar isso. Daqueles que sempre te amaram: papi, mami e Mari.”

Nyesha J. Arrington: a chef negra do Next Level Chef

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Foto: Divulgação

Enquanto no Brasil a versão do reality Chef de Alto Nível, que estreia no próximo dia 15 de julho, terá uma bancada de jurados formada apenas por chefs brancos, Alex Atala, Jefferson Rueda e Renata Vanzetto, nos Estados Unidos o programa conta com uma jurada negra: a chef Nyesha J. Arrington. Um contraste que chama a atenção e levanta uma pergunta. Quem é essa chef que hoje ocupa um dos espaços de maior visibilidade na TV gastronômica americana?

Filha de pai negro e mãe coreana, Nyesha J. Arrington nasceu na Califórnia e formou-se no Art Institute of California – Los Angeles. Construiu sua trajetória em cozinhas estreladas, sob chefs como Josiah Citrin no Mélisse e Joël Robuchon em L’Atelier, até se tornar chef executiva no Wilshire Restaurant, em Santa Monica. Seu trabalho sempre refletiu uma combinação de técnica refinada com respeito às suas raízes culturais.

Foto: Divulgação

Decidida a imprimir sua identidade na cozinha, foi chef e sócia dos restaurantes Leona, de 2016 a 2017, em Venice, e Native, de 2017 a 2019, em Santa Monica. Ambos foram elogiados por críticos como Jonathan Gold, que descreveu seus pratos como o sabor de Los Angeles. Em 2015, foi eleita Chef do Ano pela Eater LA e, em 2012, entrou para a lista Zagat 30 Under 30. Sua cozinha valoriza ingredientes sazonais, memória afetiva e o território em que atua.

Além de sua carreira nos fogões, Nyesha se consolidou na televisão. Participou do Top Chef: Texas, em 2011, e desde 2022 é jurada e mentora do Next Level Chef, transmitido originalmente pela Fox e exibido no Brasil pela HBO. Para ela, ser mentora é um papel essencial. Ajudar chefs em formação a encontrar sua voz e evoluir na profissão é uma missão que leva a sério.

Com presença forte e carismática no programa, Nyesha J. Arrington reforça como a representatividade vai além da cozinha e chega aos espaços de decisão e visibilidade. Um exemplo que ainda falta no cenário brasileiro e que nos lembra da importância de ampliar as vozes e presenças negras em todos os níveis da gastronomia.

Naruna Costa integra nova temporada do musical “Elza”, que volta ao Rio na semana dos 95 anos da cantora

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Foto: Nicolle Krüger

A premiada diretora e atriz Naruna Costa faz sua estreia no elenco do musical “Elza”, que volta ao Rio de Janeiro em curta temporada a partir de 27 de junho, no Teatro Claro Mais. A remontagem celebra a memória de Elza Soares (1930-2022) na mesma semana em que a cantora completaria 95 anos.

Criado em 2018, o espetáculo já passou por 15 cidades brasileiras e agora será apresentado pela primeira vez após a morte da homenageada. Além de Naruna, o elenco traz as atrizes Ágata Matos, Janamô, Josy.Anne, Júlia Sanchez, Julia Tizumba e Sara Hana. As sete atrizes negras se revezam para dar vida a Elza em diferentes fases da carreira e da vida pessoal.

Com texto de Vinicius Calderoni e direção de Duda Maia, o musical tem direção musical de Larissa Luz e arranjos de Letieres Leite (1959-2021), maestro da Orquestra Rumpilezz. O repertório mistura sucessos desde discos antigos aos últimos lançamentos da cantora, como “Se Acaso Você Chegasse”, “Lama”, “Cadeira Vazia”, “A Carne”, “Maria da Vila Matilde” e “A Mulher do Fim do Mundo”.

Além de Elza, o musical traz figuras importantes de sua história, como o compositor Ary Barroso (1903-1964), responsável por sua primeira aparição na rádio, e o jogador Garrincha (1933-1983), com quem teve um relacionamento marcado pela violência doméstica.

O espetáculo foi criado quando Elza vivia um momento de consagração, após o lançamento dos álbuns “A Mulher do Fim do Mundo” (2015) e “Deus é Mulher” (2018), que ampliaram seu público e lhe renderam reconhecimento internacional.

“A Elza me disse: ‘sou muito alegre, viva, debochada. Não vai me fazer um musical triste, tem que ter alegria’. Isso foi ótimo, achei importante fazer o espetáculo a partir deste encontro, pois assim me deu base para saber como Elza se via e como ela gostaria de ser retratada”, destacou Calderoni.

Durante os ensaios, o diretor também disse que abriu espaço para que as atrizes colaborassem com o texto, principalmente em temas ligados à experiência de mulheres negras. “Pedi a colaboração delas, das experiências vividas por uma mulher negra. Do mesmo jeito que a Duda propôs muitas coisas, as atrizes também tiveram este espaço.”

A construção musical também seguiu o modelo colaborativo, com as atrizes participando ativamente dos ensaios ao lado da equipe de direção musical e do maestro Letieres Leite, que promoveu oficinas com o grupo. Duas canções inéditas foram compostas especialmente para a peça: “Ogum”, de Pedro Luís, e “Rap da Vila Vintém”, de Larissa Luz.

SERVIÇO

Espetáculo “Elza”

Quando: 27 de junho a 20 de julho
Local: Teatro Claro Mais RJ
Data: Quinta e Sexta 20h | Sábado 16h e 20h | Domingo 18h
Ingressos a partir de R$ 19,80 na Uhuu!

Erika Hilton rebate acusação de contratar maquiadores com verba pública: “uma invenção”

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Foto: Antonio Araújo / Câmara dos Deputados

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) rebateu as acusações de que estaria utilizando verba de gabinete para contratar maquiadores. Segundo ela, a denúncia não passa de uma distorção mal-intencionada e faz parte de uma campanha coordenada de ataques da extrema-direita.

“Não, meus amores, eu não contrato maquiador com verba de gabinete. Isso é simplesmente uma invenção”, afirmou a parlamentar no início do texto publicado nas redes sociais nesta terça-feira (24).

Erika explicou que os dois assessores citados na polêmica, Ronaldo e Indy, são secretários parlamentares com funções reconhecidas oficialmente, com atividades que vão desde a assessoria técnica em comissões, elaboração de relatórios e briefings, até o contato direto com a população em agendas em São Paulo, Brasília e também em viagens ao exterior.

“E sim, conheci eles como maquiadores, identifiquei outros talentos e os chamei para trabalhar comigo. Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito por isso. Mas se não fizessem, continuariam sendo meus secretários parlamentares”, explicou.

A deputada também criticou a velocidade com que a notícia se espalhou, partindo de um único tweet, que virou matéria com título tendencioso e, em seguida, trending topic nas redes sociais. Segundo ela, o episódio demonstra que o objetivo não é a fiscalização legítima, mas sim a perseguição política.

“São sintomas de uma revanche, daqueles eternos derrotados no debate público, que ainda não digeriram de tal PL que foi barrado, ou então porque tive sucesso em uma proposta ou denúncia que não queriam que avançasse”, disse Erika, em referência a sua atuação no Congresso Nacional que tem atingido a oposição.

Por fim, Hilton reforçou que seguirá trabalhando com sua equipe, mantendo a postura de transparência e enfrentamento às fake news: “Que a indigestão dessa gente comigo continue se acumulando. Que os exploda por dentro. Porque aqui, eu e meu gabinete continuaremos trabalhando. Comigo, com Ronaldo, com Indy e com tanta gente extremamente qualificada. Gente que você vai fazer uma maquiagem e percebe que a pessoa faria um trabalho melhor do que equipes inteiras.”

Gil do Vigor critica falta de responsabilidade pública no turismo da Indonésia após tragédia com Juliana Marins

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O caso de Juliana Marins, jovem publicitária brasileira que caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, e foi encontrada morta nesta terça-feira (24), continua gerando forte repercussão e indignação. Desde o acidente, ocorrido no sábado (21), a família vem denunciando negligência e omissão no resgate por parte das autoridades locais. Agora, a tragédia também abre espaço para um debate mais amplo sobre a responsabilidade pública no turismo em áreas de risco.

Entre as vozes que se manifestaram, o economista e ex-BBB Gil do Vigor usou suas redes sociais nesta semana para fazer um recorte político e econômico do caso. Segundo ele, o episódio expõe um problema estrutural grave na gestão do turismo na Indonésia.

“Gente, o caso da Juliana é profundamente triste, eu tava aqui refletindo, muito abalado, acho que todo o Brasil tá abalado com isso. Eu percebi que esse caso escancara um problema muito sério, muito grave, que é a responsabilidade pública diante do turismo”, afirmou Gil. “Quando um local é promovido como destino turístico, ele precisa estar preparado minimamente, com infraestrutura, claro, mas principalmente com a possibilidade de garantir resgate em caso de emergência. Isso precisa ser viável e com uma capacidade de resposta rápida.”

O economista também destacou que, embora o turismo seja uma importante fonte de desenvolvimento econômico, não pode existir sem responsabilidade. “Como economista, a gente sabe que o turismo é super importante para o desenvolvimento econômico de um lugar. Ele gera renda, atrai investimentos, impulsiona a produção. Mas para que isso aconteça é preciso o principal, responsabilidade. Turismo sem estrutura e sem capacidade de resposta não é desenvolvimento, é brincar com a vida das pessoas.”

Gil reforçou o sentimento de abandono que marcou o caso de Juliana. “Nesse caso a gente viu claramente o abandono acontecer. Porque o mínimo que se espera de qualquer destino turístico é que o Estado esteja preparado para responder a qualquer situação de emergência. Infelizmente, não foi o que aconteceu. O que nós tivemos foi negligência e abandono.”

Família confirma morte da brasileira Juliana Marins após queda em vulcão na Indonésia

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A brasileira Juliana Marins, de 26 anos, foi encontrada sem vida nesta terça-feira (24) na encosta do Monte Rinjani, um vulcão ativo na ilha de Lombok, Indonésia. A confirmação veio por meio de um comunicado divulgado no perfil criado pela família para atualizar sobre as operações de resgate  .

Segundo os veículos locais que cobriram o caso, Juliana caiu ainda na madrugada de sábado (21), quando participava de uma trilha pré-dawn, em condições de neblina e visibilidade reduzida. Ela se separou do grupo após pedir uma pausa por exaustão e escorregou por um penhasco íngreme, sendo localizada inicialmente 300 metros abaixo, com vida, através de drones  .

Apesar de esforços incessantes, as equipes de resgate — cerca de 50 pessoas — enfrentaram dificuldades extremas, como terreno escorregadio, solo instável, neblina densa e falta de equipamento para descidas muito íngremes. Equipes chegaram a montar acampamentos avançados a cerca de 500 metros da localização da vítima, mas acabaram recuando por falta de segurança, especialmente ao cair a noite  .

O comunicado familiar expressa a dor e o agradecimento pelo apoio recebido:

“Hoje, a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido.”  .

O caso atraiu atenção internacional. O Itamaraty e a embaixada brasileira em Jacarta acompanharam o resgate, solicitando reforços das autoridades locais. A tragédia também reacende debates sobre o risco das trilhas no Monte Rinjani — um dos picos mais altos da Indonésia, com mais de 3.700 m. O local já registrou várias mortes nos últimos anos, e especialistas alertam para a necessidade de estrutura maior e protocolos rigorosos para turistas 

João Cândido, branquitude e cidadania

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Foto: Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã

“A revolta nasceu dos próprios marinheiros para combater os maus-tratos e a má alimentação e acabar definitivamente com a chibata na Marinha.”, essas são as palavras de João Cândido sobre a Revolta da Chibata (1910).

A luta do povo negro é um processo histórico. Atravessou o Atlântico. Em solo, dinamizou-se nas matas e fazendas. Com o desenvolvimento da sociedade, o enfrentamento tem ocorrido em inúmeros espaços sociais. O fato é que a luta pela cidadania integral parece não ter mais fim, ainda não conseguimos acessar os direitos básicos garantidos na Constituição Federal de 1988. O racismo é um obstáculo intransponível até o momento. Nesse sentido, os negros são a população que vive massivamente na marginalização social, e não é por vontade própria. Nunca foi. No entanto, escapar desse lugar é complexo e inacessível coletivamente, apenas um úmero pequeno de pessoas negras conseguem.

E, diante das dificuldades, procuramos nos organizar e agir dentro das instâncias responsáveis pelas políticas públicas. Contudo, o processo tem sido penoso e com muita resistência dos agentes a serviço das classes dominantes. A classe média é quem se coloca nessa condição em troca de uma camada dos privilégios; aliás, a branquitude é estruturada, atua em diferentes frentes, subjetiva e objetivamente. Se assim não fosse, os alicerces da opressão já teriam sido destruídos.

Independentemente dos desafios complexos, a luta negra persiste. Existem um arsenal de lições de resistência dos nossos antepassados. Esse material nos inspira a não sermos imobilizados pelo pessimismo e dureza da realidade. O autor das palavras, no início deste texto, é uma das fontes inspiradoras. Conhecido como Almirante Negro, liderou um dos mais
importantes levantes organizados em prol da dignidade humana.

O gaúcho João Cândido Felizberto nasceu no dia 24 de junho de 1880, em Encruzilhada do Sul. Por causa da Lei do Ventre Livre, não foi escravizado. Essa lei garantia a liberdade a todos os filhos de mulheres escravizadas nascidos após 1871. Porém, isso não lhe dava imunidade a outros modos de tratamento desumano. Nem a Lei Áurea. Nem a democracia brasileira. Desde a adolescência, João Cândido trilhou caminhos que o conduzisse a Marinha. Naquela época, nessa instituição, os castigos impostos ao subalternos eram cruéis, remetendo à práticas da escravidão. Formados por uma maioria negra, os marinheiros recebiam chibatadas como punição.

O tempo foi passando. Nada mudava na instituição com relação ao tratamento desumano. As dores sentidas pelos marujos. E a recorrente da violência em outros corpos se transformou em revolta coletiva. O sofrimento forjou uma subjetividade que não respeitaria limites para colocar fim aos castigos físicos. O silêncio diante das atrocidades estava com as horas contadas.

Em 22 de novembro, o Brasil entrou em pânico. Os marujos tomaram as embarcações e ameaçaram bombardear a capital do Brasil; naquela época, o Rio de Janeiro. A mensagem ao presidente marechal Hermes da Fonseca era clara “Pedimos a V. Exª. abolir a chibata e os demais bárbaros castigos pelo direito da nossa liberdade, a fim de que a Marinha brasileira seja uma Armada de cidadãos, e não uma fazenda de escravos que só têm dos seus senhores o direito de serem chicoteados.”

A crise se instalou no país até o dia 27 de novembro. As negociações se encerraram com promessas do governo em atender os pedidos dos revoltosos. No entanto, nada do que acordaram aconteceu. Os envolvidos no motim receberam punições como: expulsões, fuzilamentos, internações compulsórias, prisões etc. João Cândido, após ser submetido a intensas violências, foi expulso. A instituição nunca mais foi a mesma. O Almirante Negro morreu na pobreza, aos 89 anos. A sua história nos ensina o quanto a organização coletiva é fundamental para a luta contra a opressão. Devemos ter em mente que a branquitude não pode continuar sendo a definidora de quem merece ser cidadão integral.

Minissérie com Sterling K. Brown ganha trailer emocionante com trama sobre aventura e liberdade negra

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Foto: Divulgação/Hulu

O primeiro trailer de Washington Black, nova minissérie produzida e estrelada por Sterling K. Brown (This Is Us), foi divulgado nesta segunda-feira (23), além da data de estreia e um novo pôster oficial. Baseada no romance de Esi Edugyan, que mistura aventura, drama histórico e reflexões sobre o racismo e a liberdade do povo negro, estreia no Disney+ em 23 de julho.

A história se passa no século 19 e acompanha Wash, um garoto negro de 11 anos nascido em uma plantação de açúcar em Barbados. Dotado de uma inteligência fora do comum, ele vê sua vida mudar drasticamente após um episódio violento que o obriga a fugir. Sua jornada de sobrevivência vira uma busca por identidade, pertencimento e liberdade, enquanto ele cruza diferentes continentes enfrentando os limites impostos por uma sociedade racista e colonialista.

O elenco traz ainda Ernest Kingsley Jr. (Sandman), Iola Evans (A Origem do Medo), Sharon Duncan-Brewster (Enola Holmes 2) e Eddie Karanja (Sandman), entre outros.

Com produção do 20th Television, a série tem como showrunners Selwyn Seyfu Hinds e Kimberly Ann Harrison, além da própria autora Esi Edugyan como coprodutora.

Veja o trailer:

“Coração de Ferro”: Ryan Coogler fortalece protagonismo negro em nova série da Marvel com a Riri Williams

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Foto: Leon Bennett/Getty Images para a Disney

Na Marvel, heróis costumam surgir a partir de legados: um escudo que muda de mãos, um trono que é herdado, um manto que passa de geração em geração. Mas com Riri Williams é diferente. Sem receber o posto de ninguém, ela traça o próprio caminho, com inteligência, coragem e o peso de ser uma jovem negra conquistando espaço num universo até então dominado por outras figuras.

Interpretada por Dominique Thorne, que já havia vivido a personagem em ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’, Riri volta agora ao centro da narrativa em ‘Coração de Ferro’, série da Marvel Television com produção executiva do cineasta Ryan Coogler.

“Esta série tem uma energia. Acho que as pessoas vão aderir a esse otimismo impetuoso e a esse desejo de perseverar”, disse o produtor e também diretor dos filmes sobre o ‘Pantera Negra’, em entrevista à Marvel.

Foto: Marvel

“Riri definitivamente dialoga com uma série de rua como Demolidor. Você tem personagens tentando — tanto heróis quanto vilões — se virar com o que têm. Então você combina isso com a Marvel cósmica, personagens que se sentiriam em casa em Doutor Estranho ou WandaVision. Essa [mistura] de Marvel de rua e Marvel mágica é uma combinação bem maluca”, completou.

Na trama, a personagem retorna a Chicago após os eventos ‘Pantera Negra: Wakanda Para Sempre’. Determinada a construir um traje de ferro de última geração, ela se vê envolvida em um conflito onde ciência e magia se cruzam.

“Isso vem da publicação. Rapidamente percebemos que ela era uma personagem independente, em seu próprio estilo. Há uma diferença entre [Riri] e talvez um Capitão América ou um Pantera Negra, onde um manto é passado. Esta é uma personagem que foi obviamente influenciada por Tony Stark e inspirada por ele, mas ela também é muito diferente e faz suas próprias coisas”, explicou Coogler.

Foto: Marvel

“É uma jovem que tem esse peso no ombro e essa aparência de armadura, mas por dentro ela é cheia de amor. Se isso não é Chicago, eu não sei o que é”, continuou.

“Esperamos tanto tempo para trazer isso ao mundo, e chegou na hora certa. Estou muito orgulhoso de todos neste show e ansioso para que as pessoas possam assistir”, celebrou o produtor.

‘Coração de Ferro’ estreia no 24 de junho no Disney+, com os três primeiros episódios. Veja o trailer abaixo!

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