Benjamim Rodrigues Ribeiro, de 7 anos, morreu nesta quarta-feira (11) após complicações causadas por um envenenamento com chumbinho, substância tóxica presente em um bombom que ele e seu amigo Ythallo Raphael Tobias Rosa, de 6 anos, consumiram no dia 30 de setembro. Ythallo faleceu no mesmo dia.
Os dois meninos, moradores da comunidade Primavera, no bairro Cavalcante, Zona Norte do Rio de Janeiro, eram melhores amigos desde a creche e estavam sempre juntos, segundo familiares. No dia do envenenamento, uma mulher em uma motocicleta ofereceu um bombom às crianças enquanto passava pela rua. Exames toxicológicos confirmaram que o doce estava contaminado com terbufós, um veneno de venda proibida no Brasil, utilizado ilegalmente para exterminar ratos.
Em entrevista para O Globo, Monique Tobias, de 28 anos, mãe de Ythallo, contou que os dois amigos eram inseparáveis. “Onde se viam, se abraçavam. A avó do Benjamim tinha dado uma bicicleta usada para o Ythallo, que quebrou. Então, ela deu outra”, relembrou Monique.
Ythallo morreu poucas horas após ingerir o bombom, enquanto Benjamim foi hospitalizado em estado grave e veio a óbito hoje. A mulher que entregou o doce ainda não foi identificada, e a Polícia Civil está investigando o caso. A morte das crianças abalou a comunidade, que agora clama por justiça. As autoridades seguem em busca de informações que possam levar à identificação da responsável pelo crime.
Todos os dias em que um negro entra nas melhores universidades do país são motivo de celebração. É motivo de orgulho para a família negra, para os militantes anônimos do movimento negro e de aliados antirracistas.
Isso não quer dizer que não devemos nos preocupar com o futuro das ações afirmativas no Brasil. Muitos conservadores que trabalham para acabar com os avanços da comunidade negra foram eleitos nas eleições de 2024.
Nos EUA observamos um recuo na presença de negros nas universidades em razão de decisões do Supremo Tribunal americano ter um perfil conservador. No Brasil um exemplo de retrocesso foi a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 09, que retirou direitos da população negra, diminuindo o valor de acesso a recursos do Fundo Eleitoral, tendo como consequência resultados modestos, mas importantes, no pleito eleitoral de 2024.
Em 2020, decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) obrigou os partidos a dividirem seu bilionário fundo eleitoral e seu tempo de propaganda de maneira proporcional ao número de candidatos negros e brancos. Na disputa de 2022, por exemplo, pretos e pardos deveriam ter recebido 50% de R$ 5 bilhões. Mas a determinação foi descumprida pela maioria dos partidos políticos, com exceção do Partido Novo e do PSOL, que se articularam para aprovar a chamada PEC da Anistia em agosto deste ano, em um plenário esvaziado. O texto que acabou sendo votado reduziu as cotas financeiras para negros para 30%, percentual já válido nas eleições deste ano.Também perdoou os débitos dos partidos que não cumpriram o valor mínimo nas eleições passadas e determinou que esses recursos sejam investidos em candidaturas de negros nas quatro eleições a serem realizadas a partir de 2026.
O texto final da PEC acabou não tratando do caso das mulheres, portanto permanece a determinação de que elas devem ser 30% das candidatas e receber os recursos de campanha de maneira proporcional à sua presença. A ação afirmativa é uma política social que tem como uma das finalidades a diminuição das desigualdades históricas existentes entre homens e mulheres, entre negros e brancos, principalmente no acesso educacional, nas relações de trabalho e nas políticas socioeconômicas.
Nestes últimos 40 anos de discussão e implementação de ações afirmativas no país, fomos testemunhas de muitas vitórias em situações muito difíceis, mas com muita engenhosidade conseguimos avançar e criamos um modelo de ação afirmativa brasileira. Muito diferente do que tem se aplicado em outros países.
Quando afirmo que nós construímos um modelo de ação afirmativa brasileira, chamo a atenção do empenho de professores, intelectuais e ativistas que constituíram centenas de comissões e grupos de trabalho para elaboração de estratégias para implementação de cotas para negros no Brasil. Um destaque foi a implementação das comissões de heteroidentificação, que fazem leitura social. Não é uma análise biológica nem genética. A avaliação é sobre a pessoa ser lida como negra e tratada na sociedade de forma desigual por isso.
Nessa caminhada de décadas, encontramos adversários e inimigos, que procuram fraudar, que tentam ingressar em cursos universitários, como os de medicina ou de Direito, utilizando todo tipo de subterfúgio para burlar as comissões de heteroidentificação. Há quem minta para obter o acesso a cotas até mesmo em entidades como OAB, e no acesso a recursos do Fundo Eleitoral.
O racismo institucional também se concretiza em ações individuais de servidores (as) que particularmente discordam da política de cotas étnico-raciais e, por isso, não a implementam em seus setores, mediante estratégias que impossibilitam a efetiva participação de negros por meio de cotas.
O relatório intitulado “A implementação da Lei nº 12.990/2014: um cenário devastador de fraudes”, é uma pesquisa que aborda as cotas para negros nos Serviço Público Federal é resultado de um esforço conjunto de pesquisadoras e pesquisadores, em colaboração com o Movimento Negro Unificado (MNU). Foram analisadas 61 instituições, principalmente no âmbito das Instituições Federais de Ensino, e examinados cerca de 10 mil editais de processos de seleção publicados entre junho de 2014 e dezembro de 2022.
O relatório aponta para uma série de mecanismos criados pelas instituições para evitar e dificultar a implementação efetiva da Lei de Cotas Raciais. De fato, dos mais de 46 mil cargos abertos nesse período, quase 10 mil não foram reservados nem preenchidos por candidatos negros. Com o fracionamento dos cargos, a falta de publicidade das normas, as restrições injustificadas a pessoas elegíveis, entre outras práticas que foram documentadas no relatório e encontradas na pesquisa, ficou evidente que o não cumprimento da lei não se deve à falta de qualificação das pessoas candidatas, mas sim a diversas estratégias adotadas pelas instituições.
A instituição pode até acreditar que a sua conduta não estaria prejudicando os candidatos, mas ao definir regras no concurso com o discurso vazio de meritocracia está boicotando o acesso de negros e negras, em especial nos concursos de carreira jurídica. É um prejuízo irreversível. Este tipo de ação institucionaliza e promove a manutenção do racismo institucional.
É um prejuízo irreversível. Este tipo de ação institucionaliza e promove a manutenção do racismo institucional. Devemos celebrar a entrada de nossos jovens nas melhores universidades do país, um passo gigantesco sonhado por pessoas como Eduardo de Oliveira e Oliveira, Abdias do Nascimento, Antonieta de Barros, Maria Beatriz Nascimento, Rev. Antonio Olímpio Santana, Padre Benedito Batista de Jesus Laurindo, Márcio Damazio, Antônio Aparecido da Silva (Padre Toninho), Dra. Iracema de Almeida, Ari Candido, Luiza Bairros, Hamilton Cardoso, Esmeraldo Tarquínio e tantos militantes.
A justificativa de “reestruturação para a segunda metade da gestão” para explicar a demissão de Yuri Silva do cargo de Secretário do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial não convenceu muitas pessoas do movimento negro e outros profissionais que já trabalharam com ele. Além de Silva, outras quatro pessoas de sua equipe foram demitidas, aumentando o mal-estar dentro do Ministério da Igualdade Racial.
Benedito Mariano, um dos coordenadores da área de segurança do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha de 2022, criticou a decisão de Anielle Franco em entrevista à Folha de S. Paulo: “Yuri é uma grande liderança do movimento negro e um quadro de primeira linha. O governo federal perde um grande gestor e uma das maiores lideranças do movimento negro do país.”
Repercussão e apoio nas redes sociais
A demissão de Yuri Silva gerou uma onda de apoio nas redes sociais, com várias manifestações de figuras do movimento negro. A ativista Preta Rara lamentou a saída de Yuri, destacando o impacto de sua ausência: “Você estava fazendo um excelente trabalho, já que você tem base centrada nas nossas questões étnicas no geral. Quem perde somos todos nós por você não fazer mais parte do Ministério da Igualdade Racial.”
Saory Brito, por sua vez, chamou a saída de Yuri de “uma das maiores perdas que o Ministério sofreu”, destacando a capacidade, o conhecimento e a luta dele na direção da pasta.
Especulações sobre os motivos e o impacto da demissão
O Ministério da Igualdade Racial justificou a exoneração em nota oficial: “Em estruturação da segunda metade da gestão, o ministério exonerou o Secretário do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Yuri Silva. O novo nome será anunciado ainda esta semana e virá com a missão de fortalecer o Sinapir. A diretora de Monitoramento e Avaliação da secretaria, Tatiana Dias, assumirá interinamente até o anúncio.”
Fontes ligadas ao ministério, conforme mencionado em texto assinado por Basília Rodrigues na CNN, sugerem que a proximidade de Yuri com o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, pode ter influenciado a decisão. Almeida foi demitido após ser acusado por Anielle de importunação sexual e mantinha laços com o IREE, onde Yuri trabalhou antes de ingressar no governo.
A comunicação sobre a exoneração foi feita por videoconferência enquanto Yuri estava em Salvador, acompanhando o luto pelo falecimento de sua avó, Dona Maria. O momento delicado em que a demissão ocorreu ampliou a repercussão negativa do caso.
Um representante do movimento negro, que preferiu não se identificar, criticou a decisão, afirmando que Yuri é “unanimemente respeitado pelos ativistas negros por ser uma pessoa séria e batalhadora”.
Após o episódio, Yuri Silva se manifestou em suas redes sociais, agradecendo pelo apoio recebido: “Quero agradecer a toda solidariedade que recebi após as notícias da minha demissão do Ministério da Igualdade Racial. Saber que eu inspiro tanta gente e tenho apoio de tantos líderes que me educaram como homem negro me deixou muito feliz. Meu coração está em paz! Voltarei logo!”.
A atriz Lupita Nyong’o confirmou o término de seu relacionamento com o ator Joshua Jackson, menos de um ano após os primeiros rumores de que os dois estavam juntos. Em uma entrevista recente para a revista Harper’s Bazaar UK, Lupita revelou que está solteira novamente e aproveitou a oportunidade para declarar seu carinho por seu gato, Yoyo.
“Meu amor pelo meu gato é singular”, disse a estrela de “Pantera Negra”. “Se eu tiver a sorte de estar em um relacionamento romântico novamente, será por causa dele.” A adoção de Yoyo, em outubro de 2023, parece ter tido um papel importante na recuperação emocional da atriz, que, segundo ela, estava pronta para “fechar a porta” para novos relacionamentos amorosos após experiências dolorosas do passado.
O romance entre Lupita e Joshua tornou-se público em outubro do ano passado, logo após o anúncio da separação de Jackson de sua então esposa, a atriz Jodie Turner-Smith. O casal foi visto de mãos dadas em eventos públicos, incluindo um show da cantora Janelle Monáe em Los Angeles, nos Estados Unidos, o que consolidou os rumores de um relacionamento.
Nas últimas semanas, surgiram especulações de que a relação entre Lupita e Joshua estaria passando por uma crise, especialmente após Jackson ser visto em um possível encontro com a modelo Natassja Roberts. Agora, com a confirmação do término por parte de Lupita, esses boatos parecem ter se confirmado.
Antes de Jackson, Lupita também teve um relacionamento de menos de um ano com o apresentador de TV, Selema Masekela. A atriz chegou a compartilhar nas redes sociais, em outubro de 2023, uma mensagem emocional sobre o fim desse romance, descrevendo o sentimento como “um amor repentina e devastadoramente extinto pela decepção”.
O apresentador britânico Piers Morgan emitiu um pedido de desculpas na última terça-feira, 8, durante seu programa Uncensored, após conduzir uma entrevista polêmica com a cantora Jaguar Wright, que durante o programa fez alegações sobre JAY-Z e Beyoncé, acusando o casal de manter pessoas “contra sua vontade”. Ela é responsável por originar boa parte dos boatos que se espalharam nas redes sociais, ligando Jay-Z aos crimes sob os quais Sean ‘Diddy’ Combs é acusado. Morgan explicou que a decisão de cortar as falas controversas foi tomada após uma ação legal movida pelo casal, que negou as acusações.
“A Jaguar, inesperadamente, fez várias alegações sérias sobre JAY-Z e Beyoncé durante a entrevista. Como eu disse no momento, eles não estavam presentes para responder ou se defender, mas agora o fizeram. Seus advogados nos contataram para dizer que essas alegações eram ‘totalmente falsas’ e não tinham base em fatos, e nós, portanto, cumprimos com uma solicitação legal para cortá-las da entrevista original”, disse Morgan no programa.
O apresentador ainda ressaltou que editar entrevistas não é uma prática comum em seu programa, cujo nome remete à ideia de liberdade de expressão irrestrita, mas destacou os limites legais. “Editar entrevistas não é algo que fazemos levianamente em um show chamado Uncensored, mas, como os proverbiais gritos de fogo em um teatro lotado, também há limites legais para nós. E pedimos desculpas a JAY-Z e Beyoncé”, declarou.
A entrevista com Wright gerou críticas pela concessão de espaço a alguém com histórico de acusações sem provas contra diversas celebridades. Morgan tentou justificar a escolha afirmando que, no mundo moderno, qualquer pessoa com algo a dizer encontra uma plataforma, o que levou à decisão de entrevistá-la. “As pessoas que fazem essas alegações têm uma audiência com ou sem programas como o meu”, justificou.
Na ocasião, Jaguar Wright afirmou que JAY-Z e Beyoncé seriam um “casal desagradável” e chegaram a manter pessoas “contra sua vontade”, além de mencionar Sean “Diddy” Combs, alinhando o rapper do Brooklyn com acusações criminais envolvendo estupro e abuso.
Após a publicação do vídeo, o cantor Ray J se manifestou nas redes sociais, criticando Wright por levar as alegações a Piers Morgan, um apresentador britânico, e não a uma plataforma local. “Você quer continuar pegando o dinheiro desses outros manos e não mostrar amor à comunidade? Essa m*rda é fraca pra caralho”, afirmou Ray J, pedindo que Wright o procurasse para discutir o assunto diretamente com ele.
Em um movimento que busca reavaliar valores e sistemas de governança, a executiva Grazi Mendes, reconhecida como uma das 100 futuristas afrodescendentes mais influentes do mundo e uma das integrantes da Powerlist Mundo Negro 2024 – Mulheres Mudam Histórias, lança seu primeiro livro, Ancestrais do Futuro – Qual a mudança que seu movimento alcança?. Publicada pela editora Benvirá, a obra será oficialmente apresentada no dia 16 de outubro na capital paulista.
Dividido em 14 capítulos e com prefácio da educadora social Bel Santor Mayer, a publicação traz uma abordagem biográfica, entrelaçando experiências familiares, acadêmicas e profissionais marcadas pelo racismo. Grazi Mendes, que cresceu em Belo Horizonte, utiliza a narrativa para refletir sobre as estratégias que desenvolveu desde a infância para construir um futuro inclusivo e diverso.
Ao longo do livro, a autora articula passado, presente e futuro, convidando leitores de todas as origens a revisitar suas memórias e a considerar o legado que desejam deixar para as próximas gerações. Mendes enfatiza a necessidade de transformar as relações raciais no ambiente de trabalho e em outros espaços da sociedade.
“Ancestrais do Futuro destaca que todos somos ancestrais das novas gerações e temos a responsabilidade de adotar uma visão orientada para o futuro, focada na diversidade e inclusão. Como menciona Bel Santor Mayer no prefácio, a obra é um chamado à ação”, afirma Mendes.
Em suas palavras, o livro representa um sonho de infância, quando a escrita servia como refúgio. “Escrever futuros alinhados à diversidade e inclusão sempre foi meu compromisso, seja no mundo corporativo ou nas salas de aula. É necessário criar novos imaginários que desafiem o status quo e rompam com modelos ultrapassados”, conclui a autora.
SERVIÇO
Ancestrais do Futuro – Qual a mudança que seu movimento alcança?
Autor: Grazi Mendes
Editora: Benvirá
Páginas: 216
Preço sugerido: R$ 69,90
O livro está disponível para venda no site da editora, na Amazon Brasil e nas principais livrarias do país.
Nesta quarta-feira (09), o Metropolitan Museum of Art de Nova York anunciou os anfitriões do Met Gala de 2025, que será realizado em maio. Pharrell Williams, Colman Domingo, Lewis Hamilton e A$AP Rocky serão os coanfitriões do evento, enquanto LeBron James, astro do basquete e ativista social, será o copresidente honorário. O tema do evento do próximo ano, “Superfine: Tailoring Black Style” (“Impecável: a confecção do Estilo Negro”), celebrará o impacto da moda negra na cultura global.
A escolha dos anfitriões destaca a conexão entre essas personalidades e o estilo, assim como suas contribuições para a música, cinema, esporte e moda. Pharrell Williams, reconhecido por seu estilo distinto e colaborações com marcas de luxo, é uma figura de destaque na interseção entre música e moda. Colman Domingo, premiado ator e diretor, se destaca por sua forte presença nas telas e seu comprometimento com a representação da cultura negra. Lewis Hamilton, nome de referência na Fórmula 1, tem usado sua visibilidade no esporte para promover diversidade e inclusão. Já A$AP Rocky, conhecido por mesclar música e estilo, se tornou um ícone da moda urbana.
LeBron James, como copresidente honorário, traz ainda mais relevância ao evento. Além de sua carreira no basquete, LeBron é amplamente reconhecido por seu ativismo social, sendo uma voz importante em questões de igualdade racial, educação e justiça social. Sua participação no Met Gala reforça sua influência além do esporte.
O Met Gala é o principal evento da moda mundial, marcando a abertura da exposição anual do Costume Institute. Em 2025, o tema “Superfine” prestará homenagem à moda negra, destacando sua elegância e o impacto que teve na redefinição dos padrões da indústria. Sob a liderança de figuras como Pharrell, Colman, Hamilton, A$AP Rocky e LeBron, o evento já é considerado um dos mais aguardados dos últimos anos, com a promessa de ir além da moda, celebrando também a identidade e a cultura negras.
A Universidade Federal de Sergipe (UFS) admitiu ter burlado o sistema de cotas raciais em concursos públicos para professores efetivos, resultando na exclusão de 41 candidatos negros entre os anos de 2014 e 2019. A instituição reconheceu o erro ao assinar, na semana passada, um acordo judicial com o Ministério Público Federal (MPF). O acordo, que ainda está sob análise judicial, surge no âmbito de um processo movido pelo MPF contra a universidade em 2022. As informações são do jornal Metrópoles.
De acordo com o Ministério Público, a UFS teria agido de forma ilegal ao fracionar as vagas destinadas aos concursos, com o intuito de evitar a aplicação da cota de 20% reservada a candidatos negros. Esse procedimento irregular foi identificado em 30 dos 32 concursos realizados pela universidade durante o período investigado.
A procuradora Martha Carvalho, responsável pelo processo, destacou a gravidade da situação: “A atuação da universidade causou um prejuízo grave à concretização da ação afirmativa de cotas raciais, já que a instituição de ensino deixou de reservar 41 vagas aos candidatos negros nos editais publicados no período compreendido entre 2014 e 2019”.
Como parte do acordo, a UFS comprometeu-se a disponibilizar as 41 vagas que não foram corretamente reservadas no passado, ampliando temporariamente a cota racial de 20% para 40% com o objetivo de corrigir as distorções. Além disso, a universidade assumiu a responsabilidade de ajustar suas políticas de acesso a cargos públicos, visando uma inclusão mais justa da população negra.
A UFS, sob a gestão do reitor Valter Jovino, firmou o acordo juntamente com representantes do MPF e do diretor-executivo da Educafro, Frei David, que atuou como “amigo da corte” no processo. A expressão “amigo da corte” refere-se a uma entidade ou indivíduo que, sem ser parte diretamente envolvida no processo, oferece informações ou pareceres para auxiliar a Justiça na tomada de decisão. Neste caso, a Educafro contribuiu com sua expertise em questões raciais e de direitos sociais. Caso a universidade descumpra os termos do acordo, poderá enfrentar novos processos e multas.
Este acordo representa um marco importante na luta pela implementação efetiva das cotas raciais no Brasil, cuja regulamentação foi estabelecida pela Lei nº 12.711, sancionada em 2012. A lei determina que as instituições federais de ensino superior reservem uma porcentagem de suas vagas para candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas, além de estudantes de escolas públicas. A continuidade dessa política reforça a necessidade de vigilância contínua para garantir que as ações afirmativas sejam respeitadas e aplicadas corretamente.
Aaron Pierre, estrela de Rebel Ridge da Netflix, conquistou o papel principal de John Stewart, o Lanterna Verde, na aguardada série Lanterns, uma colaboração entre DC Studios e HBO, de acordo com informações publicadas pelo The Hollywood Reporter nesta quarta-feira, 9 . Esta escolha encerra uma das mais rigorosas buscas por elenco da indústria, refletindo a importância histórica do personagem, que foi um dos primeiros super-heróis negros da DC.
O processo de seleção se concentrou em Pierre e Stephan James, conhecido por seu trabalho em The Piano Lesson e no filme biográfico Race. Ambos os atores participaram de testes de tela ao lado do já escalado Kyle Chandler, que interpretará Hal Jordan, em um intenso embate que se estendeu até a decisão final, anunciada na última terça-feira.
Pierre ganhou destaque recentemente por sua atuação em Rebel Ridge, que estreou na Netflix em 6 de setembro e rapidamente se tornou o título mais assistido da plataforma por três semanas consecutivas. O ator também teve uma breve conexão com o universo das histórias em quadrinhos ao ser escalado para Blade da Marvel, embora o projeto tenha sido adiado e não contará mais com sua participação. Ele ainda foi visto em Old, de M. Night Shyamalan, uma adaptação de graphic novel.
A série Lanterns promete uma abordagem sombria e envolvente, descrita como tendo uma vibe semelhante a True Detective. A narrativa seguirá Hal Jordan, uma figura lendária da força policial intergaláctica dos Lanternas Verdes, enquanto ele orienta um John Stewart mais jovem em uma investigação de assassinato que acontece na Terra.
James Hawes, aclamado diretor conhecido por seu trabalho em Slow Horses, será o responsável pela direção dos dois primeiros episódios. A série conta com um time de criadores renomados, incluindo Chris Mundy (Ozark), Damon Lindelof (Watchmen, Lost) e o premiado escritor de histórias em quadrinhos Tom King, todos atuando como produtores executivos. Mundy ficará a cargo da série, que está prevista para ter uma temporada de oito episódios.
John Stewart foi introduzido nos quadrinhos em 1971 por Dennis O’Neil e Neal Adams, 12 anos após a estreia de Hal Jordan. Com a contratação de Pierre, a DC Studios busca não apenas revitalizar um personagem icônico, mas também proporcionar uma representação significativa em sua nova linha de produções.
Além de Lanterns, Pierre estará em breve nos cinemas como Mufasa na nova adaptação animada de O Rei Leão, dirigida por Barry Jenkins.
Durante uma conversa franca no BFI London Film Festival, o ator Daniel Kaluuya, vencedor do Oscar, discutiu os desafios enfrentados por atores negros na indústria cinematográfica. Em diálogo com o colega, o ator britânico Ashley Walters, Kaluuya destacou como os erros cometidos por pessoas negras, especialmente no mundo do entretenimento, costumam ser amplificados em detrimento de suas realizações.
“Você comete erros na sua vida, e você é definido por esses erros, especialmente se você é negro”, afirmou o ator durante o Screen Talk, realizado na quarta-feira, no evento londrino. “Você nunca é definido pelo seu trabalho se cometeu um erro.” A fala de Kaluuya reflete sua percepção das barreiras e expectativas que muitas vezes acompanham atores negros, sugerindo que a sociedade frequentemente subestima o valor de seu trabalho.
Kaluuya ainda elogiou Ashley Walters, a quem credita como uma grande inspiração em sua carreira. O astro de “Corra!” e “Judas e o Messias Negro” revelou que ver Walters na capa de uma revista durante sua adolescência o motivou a acreditar que uma carreira na atuação era possível. “Eu pensei, ‘Ah, ele se parece comigo.’ Foi nesse momento que comecei a acreditar que poderia acontecer para mim.”
Além disso, Kaluuya recordou uma experiência que o impactou profundamente em sua abordagem à atuação: assistir Benicio Del Toro no set de “Sicario”. Ele comentou como Del Toro cortava falas para expressar fisicamente o que queria transmitir. “Ele estava apenas cortando, cortando, e estava tipo, ‘Eu posso te mostrar’”, relembrou Kaluuya, que se sentiu inspirado a adotar uma técnica semelhante.
Kaluuya também destacou o papel do falecido Chadwick Boseman em sua vida. Durante as filmagens de “Pantera Negra”, Boseman ofereceu conselhos sobre como lidar com o estrelato que estava prestes a chegar com o sucesso de “Corra!”. Kaluuya disse que Boseman o orientou sobre “o que dizer, o que não dizer”, fornecendo uma ajuda crucial em um momento de grande transformação em sua carreira.
Ao longo da conversa, Kaluuya expôs não apenas os desafios de sua jornada, mas também as importantes influências que moldaram sua carreira. Ele concluiu sua reflexão sobre os desafios enfrentados por atores negros, ressaltando a importância de quebrar estereótipos e redefinir o sucesso por meio do trabalho e da persistência.