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Jojo Todynho diz ter recebido proposta de R$ 1,5 milhão para apoiar Lula; PT nega e abre processo contra a cantora

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Fotos: Reprodução/YouTube e Marcel Camargo/Agência Brasil

Jojo Todynho disse, nesta terça-feira (26), que recebeu uma oferta de R$ 1,5 milhão para apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. No entanto, o Partido dos Trabalhadores negou as declarações da cantora e já confirmou que entrará com uma ação indenizatória contra a artista, informou o Poder360.

Durante uma entrevista ao canal do YouTube Brasil Paralelo, Jojo disse que foi convidada para um almoço de trabalho, quando recebeu a suposta proposta. “Ligaram, marcaram um almoço, falaram que era um trabalho e quando eu cheguei lá era isso… Me ofereceram R$ 1,5 milhão para fazer campanha quando o Lula veio candidato a presidente… E eu falei: ‘Desculpa gente, não vai rolar'”, contou.

Jojo ainda acusou outras celebridades de receberem dinheiro para fazer campanhas políticas para o PT. “Todas as pessoas que fizeram campanha, páginas de fofocas que estão me atacando, todos ganharam dinheiro pra fazer campanha. Se para mim ofereceram R$ 1,5 milhão, imagina quanto outros não ganharam e continuam ganhando”.

O Partido dos Trabalhadores se pronunciou para acusar as declarações da cantora como fake news. “A campanha eleitoral do presidente Lula nunca fez qualquer proposta de participação remunerada para Jojo Todynho em atos de apoio. A notícia falsa foi divulgada numa plataforma de extrema direita, no momento em que Bolsonaro e sua organização criminosa foram indiciados por tentativa de golpe e plano para assassinar Lula”.

Tia Má destaca educação positiva como ferramenta contra violências diárias sofridas por crianças negras

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Foto: Divulgação

Mãe de dois e madrasta de uma, como ela mesma descreve em sua biografia do Instagram, a jornalista e escritora Maíra Azevedo, também conhecida como Tia Má, tem refletido sobre o impacto da educação positiva na criação de crianças negras. Para ela: “Educar com afeto e respeito é uma forma de desarmar as violências diárias que a sociedade impõe ao nosso povo”, afirma ela.

A educação positiva consiste em uma abordagem não punitiva que busca fortalecer o relacionamento entre pais e filhos por meio de respeito, empatia e autonomia. Fundamentada no encorajamento e no exemplo, em vez de punições ou chantagens, ela respeita os sentimentos das crianças, evitando agressões físicas ou morais, que podem causar danos psicológicos. Embora tenha regras claras e limites, promove o aprendizado por meio do diálogo e do respeito mútuo. Diferente do modelo tradicional que alterna entre punição e permissividade, a educação positiva equilibra firmeza e gentileza. Apesar de enfrentar críticas por romper padrões antigos, as discussões sobre a importância de uma criação que não está pautada no castigo e na violência tem sido amplamente proposta por mães que criam conteúdos para as redes sociais.

“No passado, nossos antepassados eram ensinados a corrigir os filhos com rigor, mas agora sabemos que, para as crianças negras, a autoestima e a segurança emocional são tão importantes quanto a disciplina”, lembrou Tia Má. “A educação positiva é uma resistência, pois educar com gentileza e respeito é também construir um lugar de força. Precisamos ensinar nossas crianças que merecem o amor e o cuidado, e que são capazes de mudar o mundo. A educação positiva com crianças pretas é revolucionário. Precisamos assegurar que nossas crianças tenham a certeza que o respeito é um direito”, complementa.

Recentemente, Tia Má compartilhou nas redes sociais um registro do filho mais velho, Aladê Koman, andando de ônibus durante uma viagem de intercâmbio em outro país. Na legenda, a jornalista celebrou a conquista e relembrou os momentos de dificuldade financeira que viveu com o filho: “Oi filho…lembra do telhado caído? Da gente comendo soja porque mamãe não tinha dinheiro para comprar carne? Da gente tomando banho com apenas uma garrafa de dois litros de água? E da infestação de pombo, que não deixava a gente dormir? Então…como eu sempre te disse, a educação é a arma mais potente para transformar nossa realidade! Hoje, é o primeiro dia de aula do seu intercâmbio e é mais um sonho que realizamos sem nem a gente ter sonhado! Como eu sempre te disse…passarei noites sem dormir, sem pregar meus olhos para que vc e sua irmã possam realizar todos os sonhos que tiverem! Que vc nunca esqueceu de onde veio, mas que tenha certeza que pode ir para qualquer lugar do mundo e sua mãe estará contigo! Te amo”, escreveu.

Na Bahia, encontro reúne mulheres negras, quilombolas e periféricas para construir propostas de justiça climática

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Foto: Divulgação

A crise climática, uma das maiores preocupações globais da atualidade, tem impactos desiguais entre os diferentes grupos sociais e territoriais. Em áreas vulneráveis, onde as mulheres negras, quilombolas e periféricas vivem, elas enfrentam na linha de frente os desafios ambientais.

Diante desse cenário, o UMOJA – Encontro de Mulheres Negras Quilombolas e Periféricas pela Resiliência Climática e Bem Viver – será realizado nos dias 29 e 30 de novembro, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano. O evento reunirá lideranças comunitárias, ativistas, acadêmicas e mulheres de várias gerações para debater os impactos das mudanças climáticas e construir estratégias de enfrentamento. A proposta do encontro é criar um espaço de diálogo e troca de saberes.

Embora as comunidades tradicionais estejam entre as áreas mais conservadas no Brasil, 98,2% dos quilombos estão ameaçados por obras de infraestrutura, mineradoras e sobreposições de imóveis particulares, como mostra um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Coordenação Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).

Foto: Divulgação

É a população negra a mais afetada pelas ondas de calor. Nas periferias, são os mais atingidos pelas inundações por falta de sistema de drenagem adequado; saneamento precário; insegurança hídrica e energética; ilhas de calor em decorrência da concentração de concreto e a ausência de áreas verdes; e até mesmo perda de suas casas devido a eventos climáticos extremos.

Realizado pela Associação Rede Elas Negras Conexões (AREC), o UMOJA visa debater alternativas de Bem Viver sustentável a partir das práticas e saberes tradicionais; a relação entre justiça climática e questões de gênero e raça; o fortalecimento da resiliência comunitária; e o fomento a redes de apoio e aprendizado entre mulheres que enfrentam desafios semelhantes.

“O Encontro UMOJA tem essa missão para cumprir. Reunir mulheres negras, quilombolas, periféricas, lideranças que estão nas suas comunidades, no fronte de luta. Vamos construir um documento, para ser utilizado durante as nossas agendas de 2025, principalmente a Marcha Nacional das Mulheres Negras e a COP30”, explica Pamela Batista, coordenadora executiva da Associação, que reforça que durante o evento haverão momentos de autocuidado. “Porque se cuidar e desacelerar também é necessário.”

Foto: Divulgação

Programação
As atividades do sábado (29), primeiro dia de encontro, terão início com um coffe break até às 9h, seguido pela Mesa de Abertura com lideranças negras quilombolas e periféricas. A programação do dia inclui um tour no Convento Santo Antônio; a organização de Grupos de Trabalho para Construção Coletiva da Carta Umoja; além de um momento de vivência com produtores locais, com uma visita à horta quilombola em Santiago do Iguape, guiada por Edson Falcão, liderança da comunidade.

Para o segundo dia, estão reservadas palestras sobre “Educação antirracista e práticas comunitárias pela emergência climática e combate ao racismo ambiental” e “Feminismos em Debate: Reflexões sobre a Organização do Movimento de Mulheres Negras em Salvador (1978 a 1997)”. Além de um Circuito Expositivo de produtos Artesanais e Agroecológicos na Galeria da Entrada do Convento Santo Antônio.

Os dias de encontro ainda serão permeados por performances e momentos culturais com a Banda Mulheres Percussiva, o Grupo de Dança Afro Pulo do Negro, o Samba das Pretas, a Roda de Capoeira Grupo Tradição Quilombola e o Samba de Roda Geração do Iguape.

SERVIÇO

O quê: UMOJA – Encontro de Mulheres Negras Quilombolas e Periféricas pela Resiliência Climática e Bem Viver
Quando: 29 e 30 de novembro
Onde: Cachoeira, Recôncavo da Bahia

“Já nos consideramos vitoriosos”, diz Eliana Alves Cruz após indicação de “Anderson Spider Silva” ao Emmy Internacional

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Foto: Divulgação

Na noite da última segunda-feira, 25, a minissérie “Anderson Spider Silva”, da Paramount+, representou o Brasil no Emmy Internacional 2024, em Nova York, nos Estados Unidos, concorrendo na categoria de ‘melhor filme ou minissérie para TV’. Apesar de não levar o prêmio, a equipe brasileira celebrou a indicação como uma vitória.

“Estamos muito felizes. Já nos consideramos vitoriosos só por ser a única indicação brasileira nesta categoria. Foi massa e comemoramos igual”, declarou Eliana Alves Cruz, uma das roteiristas da produção, que retrata a trajetória do lutador de MMA Anderson Silva, o “Aranha”.

Álvaro Campos, Eliana Alves Cruz, Marton Olympio, Raul Pérez e Susan Kalik – Emmy 2024 – Foto: Reprodução

A minissérie, com cinco episódios, explora as dores, os desafios e a força que moldaram um dos maiores nomes do esporte mundial, desde sua infância até se tornar um campeão, criado pelos tios em uma história de resiliência e união familiar. O roteiro foi assinado por um time liderado por Marton Olympio e que incluiu nomes como Eliana Alves Cruz, vencedora do Jabuti 2022, e Álvaro Campos, premiado no Festival do Rio 2021.

A produção alemã “Liebes Kind”, da Netflix, que concorria contra a série brasileira foi a vencedora na categoria. ‘Liebes Kind retrata um drama policial baseado em um romance homônimo. Outras finalistas incluíram a japonesa “Deaf Voice” e a britânica “O Sexto Mandamento”.

Além de “Anderson Spider Silva”, outras produções brasileiras concorreram no Emmy Internacional deste ano, como Júlio Andrade, indicado a melhor ator por “Betinho, no fio da navalha” (Globoplay), e o documentário “Transo” (Canal Futura). Nenhuma delas, no entanto, conquistou o troféu.

Mesmo assim, a participação foi motivo de celebração. A equipe brasileira, que contou com as presenças do diretor Caíto Ortiz, das produtoras Teresa Gonzalez e Mariângela de Jesus e do próprio Anderson Silva, reforçou o impacto cultural da série. “Anderson Spider Silva” já havia sido premiada no Prêmio Produ, voltado para produções latinas, como melhor minissérie histórica, política e social.

Por que muitos podem se autodeclarar pardos e não se verem como negros?

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No último domingo, a Folha de São Paulo divulgou uma pesquisa mostrando que seis a cada dez pessoas autodeclaradas pardas não se veem como negras. Diante destas informações, o que podemos fazer é levantar hipóteses que possam explicar esse dado. Quero elencar aqui algumas possíveis explicações sobre o resultado da pesquisa.

A primeira delas tem a ver com a forma como o Brasil construiu sua identidade nacional, durante a década de 1930, pautada na miscigenação. É provável que a glamourização da mistura racial, como essência da identidade brasileira, possa ter produzido efeitos na percepção racial dos brasileiros. Assim, a categoria “parda” representaria uma classificação mais adequada para aqueles que acreditam que ser branco é um “privilégio” que só os europeus têm. A segunda hipótese dialoga com a primeira. Trata-se da idealização da branquitude. É possível que muitas pessoas não se vejam como brancas, por acreditarem que para o serem precisam ser parecidas com a Xuxa ou a Ana Hickmann. A terceira hipótese, para uma parcela destes pardos, pode ter a ver com o funcionamento do racismo levando muitos a sentirem vergonha de assumirem uma identidade negra tão estigmatizada por aqui.

Também podem haver aqueles que acreditam que negros são somente as pessoas muito escuras, os chamados “retintos”. Isso pode estar ligado a uma visão estereotipada do que seria um africano. Por fim, devemos também nos atentar às particularidades regionais. Segundo o pesquisador do IBGE, José Luis Petruccelli, a tendência é que no norte do país as pessoas autodeclaradas pardas tenham descendência indígena, e no sul e sudeste muitos destes pardos tenham descendência africana. Uma coisa que posso afirmar, é que neste meio existem muitos pardos pertencentes ao que chamo de “branquitude bronzeada”, pessoas de tom de pele bronzeado e lidos socialmente como brancos, mas que se autodeclaram “pardos”.

A existência deste branco bronzeado foi discutida por eugenistas como Oliveira Vianna que dizia que o branco brasileiro não seria ariano como o alemão, mas sim mais escuro devido ao clima e a interferência da genética africana. Estes, podem representar um risco as politicas de ação afirmativa, uma vez que mesmo sabendo-se não negros, manipulam a sua “parditude”, quando convem, para disputar vagas destinadas a pessoas negras.

Embora a ideia de população negra seja baseada no que diz o estatuto da igualdade racial, nem todos os autodeclarados pardos são pessoas negras. Talvez nosso desafio futuro é redesenhar a noção de população negra de modo a direcionar as políticas de ação afirmativas para o seu público alvo: pessoas indígenas, os pretos e os pardos fenotipicamente negros. Enquanto isso, sigo na empreitada de elaborar conteúdos e cursos que ajudem as pessoas a entenderem como se constituiu a branquitude e a negritude no nosso contexto nacional.

Diretor artístico de ‘Volta Por Cima’ celebra avanço da representatividade na TV: “Estamos realizando esse desejo”

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Jéssica Ellen, André Câmara e Fabrício Boliveira (Fotos: Rede Globo/Divulgação)

Misturando referências inspiradoras, ‘Volta Por Cima’, novela das 19h da TV Globo, está sendo sucesso de audiência e também tem chamado atenção por retratar fielmente o subúrbio do Rio de Janeiro e por ter o trama amorosa envolvendo protagonistas negros, com a Jéssica Ellen, Fabricio Boliveira e Amaury Lorenzo.

“Acho que uma produção como ‘Volta Por Cima’ é um belo exemplo de avanço no quesito da diversidade, com histórias que exploram diferentes regiões, personagens de variadas origens que são tratados com profundidade e protagonismo. Procuro subverter o imaginário que coloca pessoas pretas apenas em papeis de servidão, submissão ou marginalidade — uma herança colonial que precisa ser desconstruída”, celebra André Câmara, diretor artístico da novela, em entrevista ao Mundo Negro.

André também já trabalhou em outras novelas da Globo como ‘Avenida Brasil’ (2012), ‘Boogie Oogie’ (2014), ‘Novo Mundo’ (2017), e também foi diretor artístico de ‘Amor Perfeito’ (2023), que também contou com elenco negro com destaque na trama.

“Quando dirigi ‘Amor Perfeito’, a atriz Iza Moreira mencionou a importância de termos mais casais afrocentrados protagonizando na TV, e eu concordei plenamente com ela. Naquele momento, porém, não era possível porque a história não era focada em um casal afrocentrado. Mas, ‘Amor Perfeito’ foi fundamental para que hoje pudéssemos abrir espaço para novas representações. Agora, com ‘Volta Por Cima’, estamos realizando esse desejo, trazendo protagonistas negros para o centro da narrativa”, explica André Câmara.

Leia a entrevista completa abaixo:

1 – Qual foi a inspiração para a concepção artística de “Volta Por Cima”?

Buscamos captar o espírito dos subúrbios cariocas para dar vida a esse cenário: cores intensas, o calor e a energia comunitária. Também trouxemos referências do cinema e das artes plásticas. No cinema, Almodóvar foi uma grande influência, especialmente em sua paleta vibrante. Nas artes plásticas, o trabalho de Zeh Palito, com seus murais celebrando “pessoas do povo” em ambientes repletos de cor, otimismo e positividade, foi essencial. Nosso diretor de arte, Billy Castilho, trouxe Zeh Palito como uma referência para a novela, traduzindo o visual do subúrbio com detalhes que remetem ao calor e à vida cotidiana. A mistura de influências cria um cenário fictício que, ao mesmo tempo, é imediatamente familiar e reconhecido para o público.

2- Como você vê a importância de protagonizar um romance negro em horário nobre, e qual tem sido o impacto dessa representatividade no público?

O Chico, personagem do Amaury Lorenzo, é um antagonista romântico. Mas, isso não tira a importância de termos três atores negros no centro da narrativa da novela. Certamente isso representa um avanço na construção de uma televisão mais inclusiva e genuinamente brasileira. É uma oportunidade de contar histórias de amor e humanidade que também pertencem a esses personagens, ampliando as perspectivas sobre a identidade brasileira, diretamente ligada ao público. Cada passo nessa direção é transformador e nos ajuda a repensar lugares historicamente impostos às pessoas negras. Além disso, é um grande prazer trabalhar com a Jéssica, o Fabrício e o Amaury Lorenzo, que são três artistas talentosíssimos – não somente eles, mas todo o elenco está fazendo um trabalho incrível, que contagiou o público.

O retorno tem sido extremamente recompensador. Um comentário que me emocionou foi o de uma mãe, que disse que, ao ver o casal protagonista, sentiu que sua filha podia sonhar em ser heroína da própria vida. Outra mãe contou que, após muito tempo, sua filha decidiu soltar o cabelo para se parecer com Madalena. Esse tipo de conexão é muito poderosa, lembrando a importância de uma televisão que dialogue com um Brasil onde 56% da população é negra. Acredito que o público de hoje quer se ver bem representado na tela, se reconhecer, se inspirar e sonhar.

3 – Na sua visão, qual é o papel de uma novela como “Volta Por Cima” na promoção da diversidade racial e social?

Acho que uma produção como “Volta Por Cima” é um belo exemplo de avanço no quesito da diversidade, com histórias que exploram diferentes regiões, personagens de variadas origens que são tratados com profundidade e protagonismo. Procuro subverter o imaginário que coloca pessoas pretas apenas em papeis de servidão, submissão ou marginalidade — uma herança colonial que precisa ser desconstruída.

Além da presença marcante de personagens negros, temos outras representações na novela: personagens asiáticos, entre eles alguns que são descendentes de coreanos, japoneses e chineses. Também temos um indígena, o Sidney. Entendemos que o Brasil é plural e também precisamos avançar nas representações de outras etnias. Ao abrir espaço para narrativas variadas e investir em estéticas brasileiras, como a da novela, a TV se torna um reflexo mais autêntico da sociedade. E a presença de profissionais negros, amarelos e indígenas em papéis criativos é essencial para que essas representações reflitam melhor o Brasil.

André Câmera (Foto: Divulgação)

4 – Ao longo da sua carreira, você trabalhou em produções com diferentes estilos e narrativas. Como a sua experiência em obras como “Amor Perfeito” e “Lado a Lado” influenciou a abordagem em “Volta Por Cima”?

Quando dirigi “Amor Perfeito”, a atriz Iza Moreira mencionou a importância de termos mais casais afrocentrados protagonizando na TV, e eu concordei plenamente com ela. Naquele momento, porém, não era possível porque a história não era focada em um casal afrocentrado. Mas, “Amor Perfeito” foi fundamental para que hoje pudéssemos abrir espaço para novas representações. Agora, com “Volta Por Cima”, estamos realizando esse desejo, trazendo protagonistas negros para o centro da narrativa.

“Lado a Lado” também foi uma obra que levou muito da cultura negra e é particularmente interessante pois, como foi retratada no início do século XX, foi como uma oportunidade de mostrar uma parte da história que não é tão contada: a afirmação da cultura negra no Brasil após o fim da escravização. Com isso, vários elementos como a importância cultural da capoeira, do Morro da Providência, o nascimento das favelas, o surgimento do samba e a introdução do futebol, foram inseridos na narrativa. Então, vejo “Lado a Lado” como um trabalho que conversa muito pela parte da valorização cultural negra que “Volta Por Cima” também traz com a representação contemporânea do subúrbio carioca.

5 – A novela tem sido um sucesso de audiência. Como o público tem reagido ao retrato da cultura e dos desafios da população negra e periférica do Rio de Janeiro?

Tenho recebido muitos retornos positivos. Claudia Souto foi muito feliz ao criar essa novela protagonizada por pessoas do povo, o que permite que o público se sinta representado. Já ouvi muitos dizerem que se reconhecem na novela, que enxergam um parente ou até mesmo um vizinho nas histórias.

6- Além de ser diretor artístico, você também atuou em iniciativas sociais importantes no teatro, como no Complexo da Maré e Morro dos Prazeres. De que maneira essas experiências impactam o seu trabalho e sua visão sobre a representação das comunidades nas novelas?

Minha experiência em favelas, como no Complexo da Maré e no Espaço de Construção da Cultura da Ação da Cidadania – que atendia criança e adolescentes do Morro dos Prazeres, Coroa, Fallet e Santo Amaro, todas favelas adjacentes a Santa Teresa -, me proporcionou uma visão mais profunda sobre a força, a riqueza e a diversidade cultural que existem nesses espaços. Esses lugares são centros vivos de arte, cultura, resistência e criatividade. O trabalho com crianças e jovens dessas comunidades me ensinou a importância de respeitar a autenticidade das histórias e das pessoas e de representar suas vivências de forma humanizada e verdadeira.

Essa convivência moldou minha visão sobre a relevância de dar voz a personagens e histórias do “povo”, como uma maneira de refletir o Brasil em toda a sua complexidade. No meu trabalho, sempre busco priorizar uma representação que mostre a beleza e a profundidade de personagens que vivem e crescem em espaços semelhantes. Essas experiências foram fundamentais para minha trajetória, incentivando-me a criar narrativas que ressoem com o público e que levem à tela uma visão inclusiva e realista da nossa sociedade.

Jéssica Ellen e Fabrício Boliveira em ‘Volta Por Cima’ (Foto: Rede Globo/Divulgação)

7- Como o subúrbio carioca e a cultura preta foram trabalhados para retratar uma representação fiel e autêntica? Quais foram os maiores desafios na produção de uma novela que propõe uma visão mais realista e empoderada da vida no subúrbio carioca?

O maior desafio é criar uma conexão genuína do público com os personagens e elementos da novela. Acredito que “Volta por Cima” se diferencia pela forma autêntica com que retrata a vida do subúrbio e pela abordagem de temas cotidianos com leveza, humor e profundidade. Tudo isso contribui para essa conexão. O objetivo é que o público se veja nas histórias e dilemas dos personagens, como um reflexo de sua própria vida.

A Vila Cambucá, por exemplo, inspira-se em elementos característicos do subúrbio carioca, como o comércio local, as festas de rua, a música dos bares e as interações cotidianas — seja no transporte público ou nas esquinas. Incorporamos também referências icônicas como o baile charme de Madureira, o Jongo da Serrinha, o jogo do bicho, o carnaval, o Mercadão de Madureira, a Igreja da Penha, o forró, o bate-bolas e as rodas de samba. Esses detalhes trazem autenticidade e ressoam com quem conhece e valoriza o subúrbio, mostrando-o como ele é: um lugar de luta e resistência, mas também de pertencimento, culturas, arte, alegria e criatividade.

Texto: Halitane Rocha

Entrevista: Ariel Freitas

“Eu gosto de viver”: Isabel Fillardis narra desafios pessoais e familiares em seu primeiro livro

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A atriz e cantora Isabel Fillardis compartilhou os desafios que marcaram sua vida em uma entrevista ao Fantástico, concedida a Maju Coutinho, durante a promoção de seu primeiro livro, “Muito Prazer, Isabel: Cristina & Fillardis”. A obra traz relatos pessoais que vão além da carreira artística, incluindo questões de saúde enfrentadas por ela e por seus filhos, além de reflexões sobre maternidade e superação.

Isabel contou que seu filho mais velho, Jamal, foi diagnosticado com síndrome de West, uma condição rara que afeta crianças entre quatro e cinco meses de idade. “É uma síndrome que, através de espasmos ou até convulsões, vai retardando o desenvolvimento psíquico e motor”, explicou. Ela revelou que encontrou uma nova perspectiva de tratamento ao assistir à série Cérebro, apresentada por Dr. Drauzio Varella no Fantástico em 2004. “Vi o Dr. Drauzio falando e pensei: cara, acho que eu não preciso levar meu filho para fora do país para cuidar dele, né?”, disse.

Durante esse período, Isabel buscou apoio de amigos próximos e destacou a solidariedade de Glória Maria. “Ela brigou comigo quando soube do que estávamos passando. Disse: ‘Você não pode fazer isso com a gente. Por que guardou isso tanto tempo?’”, contou Isabel, explicando que tinha medo de expor a situação e enfrentar os olhares alheios.

Isabel também falou sobre os diagnósticos de seus outros filhos. Kalel, o mais novo, foi diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), que impacta sua capacidade de concentração e interação na escola. Ana Luz, sua filha mais velha, enfrentou um quadro de depressão e atualmente lida com transtorno de ansiedade.

Além das dificuldades com os filhos, Isabel enfrentou desafios de saúde que afetaram diretamente sua vida e sua carreira. Ela foi diagnosticada com uma doença de pele de difícil identificação, cuja busca por respostas foi longa e complexa. Em seguida, veio o diagnóstico de câncer de língua, que trouxe um risco direto à sua voz, fundamental para seu trabalho. “Depois do câncer, veio o divórcio. Eu escrevi no livro como se estivesse vivendo tudo isso sem respiro, porque foi assim que aconteceu. Tudo de forma intensa e sem pausa”, disse Isabel.

Essas experiências foram determinantes para o engajamento de Isabel no ativismo. Ela participou da construção da política nacional de inclusão de pessoas com deficiência em uma época em que pouco se falava sobre neurodiversidade no Brasil. “O medo de você não saber lidar, de enfrentar os olhares alheios, foi o que me impulsionou para o ativismo”, explicou.

No livro, Isabel reúne essas vivências em um relato pessoal que mostra os impactos desses desafios e a forma como eles influenciaram sua trajetória. “Eu digo no livro: eu gosto de viver. Apesar de tudo, eu gosto de viver”, concluiu.

Courtney B. Vance substitui Lance Reddick no papel de Zeus na série ‘Percy Jackson e os Olimpianos’

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Courtney B. Vance. (Foto: Lauren Margit Jones)

Courtney B. Vance será o novo Zeus da série ‘Percy Jackson e os Olimpianos’, confirmou a Variety nesta segunda-feira (25). O ator vai substituir Lance Reddick, que deu vida ao personagem na primeira temporada, e faleceu aos 60 anos no ano passado.

Zeus, o deus grego do céu, é também o pai da semideusa Thalia Grace (recentemente anunciada como interpretada por Tamara Smart). Na primeira temporada, Zeus, vivido por Reddick, acusa Percy (Walker Scobell) de roubar seu raio mestre. Essa acusação leva Percy e seus amigos, Annabeth (Leah Sava Jeffries) e Grover (Aryan Simhadri), a embarcarem em uma jornada para recuperá-lo e evitar uma guerra entre os deuses.

Lance Reddick como Zeus na série ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ (Foto: Divulgação)

‘Percy Jackson e os Olimpianos’ adapta a saga infanto juvenil de Rick Riordan, narrando a história do jovem filho do deus grego Poseidon que passa a viver em um acampamento repleto de outros descendentes das divindades do Olimpo.

Vance é conhecido por seus papéis nas aclamadas séries ‘Lovecraft Country’, ‘O Povo Contra O.J. Simpson: American Crime Story’, e ‘Lei e Ordem: Crimes Premeditados’.

A primeira temporada de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ está disponível no Disney+.

Romance e admiração: Cynthia Erivo e Lena Waithe reforçam conexão no lançamento de Wicked

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Foto: Getty Images

O relacionamento entre a atriz Cynthia Erivo e a roteirista Lena Waithe voltou aos holofotes durante a temporada de estreias do filme Wicked. Enquanto Erivo brilha como Elphaba, Waithe demonstrou apoio incondicional à namorada, marcando presença nas estreias em Los Angeles, nos Estados Unidos, e Londres, capital do Reino Unido, e celebrando o filme nas redes sociais.

“Esta jornada foi longa e pavimentada com tijolos amarelos brilhantes”, escreveu Cynthia em um post no Instagram em 21 de novembro, acompanhada de fotos dos bastidores. “Nós rimos e choramos, demos as mãos e caminhamos lado a lado. […] Fomos irrevogavelmente mudados para sempre.” Lena, que também compartilhou elogios ao filme, repostou críticas positivas, incluindo uma que descrevia Wicked como “uma produção cinematográfica que está a todo vapor”.

O romance entre Cynthia e Lena tornou-se público em junho de 2022, mas a amizade entre as duas começou anos antes. Elas se conheceram no Met Gala de 2018, um encontro que Lena descreveu como marcante: “Eu a tinha visto em A Cor Púrpura duas vezes, lembro de vê-la na TV quando Oprah falou sobre isso e pensei: ‘Quem é essa pessoa pequena com sotaque britânico? Estamos curtindo desde então’”, disse a criadora de The Chi à Variety em 2020.

Na época do primeiro encontro, Lena estava noiva de Alana Mayo, com quem se casou em uma cerimônia privada em 2019. No entanto, a união terminou poucos meses depois, com rumores de infidelidade ganhando espaço na mídia. Apesar das especulações, Erivo e Waithe mantiveram discrição até confirmarem o relacionamento ao aparecerem de mãos dadas no Alvin Ailey Spirit Gala em Nova York, em junho de 2022.

Foto: Getty Images

A parceria entre o casal não se limita à vida pessoal. Waithe frequentemente destaca o talento de Erivo e a importância de suas conquistas, como no caso da estreia de Wicked. Prova desse apoio foi a escolha de Lena de usar verde na première, em homenagem à personagem de Cynthia no filme.

Além disso, Waithe registrou um momento especial em que Cynthia cantou uma música natalina durante um evento, compartilhando o vídeo nas redes sociais.

Pesquisa Datafolha revela que 60% dos pardos no Brasil não se consideram negros

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Foto: Reprodução/Freepik

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha entre os dias 5 e 7 de novembro de 2024, com 2.004 pessoas em 113 municípios brasileiros, revelou que a maioria dos brasileiros que se autodeclaram pardos não se identifica como negros. O estudo apontou que, enquanto 40% dos pardos se consideram negros, 60% afirmam que não se veem dessa forma. O levantamento teve margem de erro de 2 pontos percentuais para o total da amostra e de até 5 pontos para o público negro.

De acordo com a pesquisa, entre os brasileiros que se identificam como pretos, 96% se consideram negros, enquanto apenas 4% não se enxergam dessa maneira. No entanto, essa diferenciação de identidade é mais complexa entre os pardos, cuja percepção de pertencimento racial é moldada por fatores sociais e culturais variados. De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Brasil, o grupo negro é constituído por pessoas autodeclaras pretas ou pardas.

“Mas tem muito autodeclarado pardo que não é negro mesmo não. Vamos lembrar que o Caetano veloso se declara pardo. Isso não significa que exista uma parcela de pessoas desracializadas. Muitos destes são lidos socialmente como brancos, mesmo que não se vejam assim”, escreveu o mestre em antropologia social, Mauro Baracho, em seus stories ao comentar a notícia publicada originalmente pelo jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com informações publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo, a pesquisa também reitera que 65% da população brasileira acredita que a categoria “negro” deve incluir tanto pretos quanto pardos, com esse percentual crescendo para 77% entre os próprios negros. No entanto, 67% dos pardos consideram que a soma de pretos e pardos representa a totalidade da população negra.

Socialmente, pessoas autodeclaradas negras pertencem ao grupo racial que descende de pessoas africanas e que foram sequestradas em África e trazidas para o Brasil no processo de escravização. Desde então, pessoas negras vem sofrendo com o racismo mesmo após a abolição, em que não receberam qualquer tipo de reparação pelo trabalho forçado e sem remuneração. As ações afirmativas hoje buscam reparar as consequências sofridas pelos descendentes de africanos que até hoje continuam a lidar com as consequências do racismo e da violência que a escravização gerou. Tudo isso torna fundamental que pessoas que não pertençam ao grupo negro, pretos e pardos, conforme orienta o IBGE, evitem usar esse reconhecimento que parece equívoco para se beneficiar de direitos que não são direcionados a eles.

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