Após seu disco de estreia, autorretrato , elogiado pela crítica e nomeado como um dos melhores trabalhos de 2014, o multitarefa Nego E, apresenta-nos o Oceano, renovando e reafirmando seus posicionamentos e maturidades, pessoais e musicais. Questionando ainda mais o racismo presente em nossa sociedade e buscando ocupar todos os espaços em que permeia.
‘Do morro pro asfalto, da quebrada p ro centro’, com Rincon Sapiência, navegando por águas que misturam a urbanidade com o íntimo de Nego E, como em ‘ Homem Ao Mar’, com participação de Hanifah, traz reflexões e influências diversificadas, que partem da conversa de um adulto com sua criança interior dentro da sonoridade delicada entre as cordas de um violão e sopros em gaitas em ‘ H á De Trazer’, para a mensagem de despedida recitada em ‘Âncora’ até ”Lua Negra”, que aponta as mazelas em que a sociedade afro-brasileira enfrenta, mas que traz esperança de novos tempos e mudanças de paradigmas.
Refletindo suas vivências e, o trabalho explora diferentes vertentes da música negra, reforçando desde a moderna trap music às batidas do mia mi bass e funk, como em ‘Metamorfose de Narciso’ e ‘Valsalva’, que traz Jé Santiago e Drik Barbosa mostrando novas influências até se reinventar com o beat de house de ‘Levar Pra Vila’, com as participações de Filiph Neo e DCazz.
Mantendo o tradicional boombap em suas produções, ‘ Labirinto’ demonstra diversos infinitos particulares com as participações de Helibrown, Sadiki e RT Mallone.
“Oceano é um trabalho contemplativo, uma imersão entre minhas maiores alegrias e minhas piores depressões, meu maior e melhor trabalho até agora, buscando sempre ser melhor naquilo que faço, independente do que seja. Segui a risca meu próprio conselho de’ninguém acreditar em mim até eu acreditar em mim’.”
Criando diferentes climas GROU e The Munir assinam a maioria das produções do trabalho, Saile e Robson Heloyn participaram ativamente do processo de criação e também possibilitou aos jovens Egydiio e LR Beats encontrar o experiente e multi-instrumentista Filiph Neo, com as colaborações de Nicolas Carneiro, DJ Faul, Pé Beat e DJ Nyack, todos estiveram imersos durante longas sessões de estúdio, que possibilitaram diversas opções, equilíbrio e pluralidade entre as faixas.
Entre profundos mergulhos em bravos mares e flutuantes descansos em águas cristalinas, Nego E faz um convite à imersão, a sair do raso e do que é confortável aos olhos e ouvidos, navegue, afunde, salve-se, hidrate-se, seja seu próprio Oceano.
“As crianças não brincam de brincar, elas brincam de verdade”, dizia Mario Quintana. Brincar é coisa séria e envolve formação de valores, referências e até caráter quase com a mesma intensidade do que se absorve conhecimento na escola ou da família. Você pode fazer uma branda leitura psicológica de uma criança pela maneira que ela brinca, quais seus critérios para escolher determinado brinquedo e a forma que interage com ele sozinha ou com amigos.
A historiadora e empresária Jaciane Melquiades que apesar de ganhar sua primeira boneca negra apenas na fase adulta, viu na produção de brinquedos não só um filão de negócios, mas uma maneira de ajudar crianças negras a se amarem ao se sentirem representadas. Seu filho Matias, ficou famosos nas Redes Sociais, justamente por exaltar sua felicidade ao se identificar com o boneco Finn, da última versão do Star Wars. No comando, junto com seu marido da “Era uma vez o Mundo”, empresa de brinquedos afro-centrados e personalizados, ela satisfaz seus clientes com bonecas que representam a diversidade da mulher negra, pelas cores de pele e cabelo e abusa dos tecidos afros e turbantes.
Nessa entrevista para o site Mundo Negro, Jaciane que também faz parte do coletivo Meninas Black Power, fala sobre brincadeira, maternidade, representatividade e afro-empreendedorismo.
Mundo Negro: Qual foi seu primeiro contato com bonecas negras? Teve alguma na infância?
Jaciane: A primeira boneca negra que tive foi um presente aos 22 anos. Meu namorado (que hoje é meu marido) fez uma pra mim. Parecia comigo, era de tecido, tinha tranças como as que eu usava na época. Tenho ela guardada.
Quando criança lembro que eu sonhava com a Barbie e tive uma só. Um presente da minha avó. Lembro ainda de como eu passava dias inteiros fingindo ser aquela boneca e vivia com uma toalha na cabeça.
Livro de pano, super fofo da Era uma vez no mundo
Como mãe, de que forma os brinquedos afro-centrados surgiram na sua casa e de que forma você acha que eles contribuem para auto-estima do seu filho?
Quando engravidamos aqui em casa, começamos a nos preocupar com as referências que nosso filho teria. Somos educadores e discutimos desde sempre vários aspectos da educação dele. A mudança começou por mim, pelos cabelos e interferiu até no meu trabalho, que foi todo orientado para questões raciais.
Estudo questões raciais desde a universidade e o filho fez com que essas questões fossem materializadas.Inicialmente em brinquedos para ele, e depois, ampliando para comercialização. Percebemos nessa preocupação com ele, um nicho de mercado.
Nosso filho está crescendo com uma imagem muito positiva de si mesmo pois consegue se ver em diversos espaços nas brincadeiras. Criamos até um super-herói no qual ele pudesse se reconhecer, o Super Black Power, que apresenta a história dos Orixás, do Egito e a importância de sabermos nossa história para crescermos fortes.
O Matias está tendo o privilégio de crescer cercado de pessoas negras engajadas, que ocupam lugares de poder, está cercado de espelhos positivos e tem brinquedos que o representa. Quando ele vê na TV, por exemplo, algum programa que não tem crianças negras, ele pergunta se o desenho / programa é racista, bem diferente de quando não temos referências positivas. Quando falta a referência, acabamos pensando em mudar nossos traços, nosso cabelo e tudo o que nos caracteriza. Matias sabe que é lindo e está construindo uma identidade muito forte.
Menino pode brincar de boneca sim, certo: E de que forma brincar com bonecas negras pode mudar a visão dos meninos sobre as mulheres negras?
Aqui em casa brinquedo é coisa de criança. Bonecas inclusive. Acreditamos que em nossa comunidade precisamos fortalecer todas as pessoas negras. No caso da boneca negra, com as características negras, há uma ampliação do conceito de beleza estética mesmo. Nossas bonecas são muito diferentes umas das outras: são gordas, magras, umas maiores, outras menores, repeitando essa diversidade que nos caracteriza. Esses elementos lúdicos acabam forjando nosso olhar sobre nós mesmos, mas sobre o outro também. Perceber beleza, fofura, numa boneca negra, cuidar de uma boneca negra como se fosse bebê, nos coloca no lugar de humanidade que tanto discutimos. E apresentar todos esses elementos para meninos também colabora para a formação dessa subjetividade positiva no seu olhar sobre a mulher negra.
Dandara: Boneca de turbante e vestido afro da Era uma vez um mundo
Como surgiu a Era uma vez o mundo? E quais foram os pontos altos e baixos até agora?
A “Era uma vez o mundo surgiu” em 2008, como uma forma de complementar renda quando ainda éramos estudantes universitários. Em 2013, quando me envolvi com o trabalho educativo do coletivo Meninas Black Power, direcionamos nosso empenho para materiais afrocentrados. Temos 3 anos focados na elaboração de brinquedos educativos afrocentrados: 3 livros infantis publicados, um deles, o Erê, foi distribuído para toda a rede de escolas infantis da prefeitura do Rio de Janeiro; uma exposição artística que já esteve no Rio e em São Paulo, com bonecas negras representando mulheres importantes na luta antirracista e suas biografias; um livro saindo do forno, o Ibejis, e agora a Dandara, uma boneca de pano colecionável, sustentável e que tem como lema ser toda e qualquer mulher negra e ocupar qualquer espaço em termos profissionais.
2016 foi o ano em que resolvemos nos estruturar de fato como empresa e partimos para 2017 com boas perspectivas na criação de brinquedos representativos. Os pontos baixos acredito que tenham relação somente com investimentos que possibilitam a ampliação da produção.
Porque você acha que no Brasil, ao contrário dos EUA, não tem bonecas negras e pior ainda tentam vender as morenas, como se fosse tudo igual?
No Brasil temos um movimento de apagamento de nossa História. O racismo aqui opera no apagamento de nossos símbolos. Pardo não tem história pré escravidão, mulato é forjado nesse período escravista e moreno segue nesta mesma linha de apagamento. Esses termos todos são possíveis e aceitos por conta desse apagamento de nossa história, que não é a da escravidão. Nossa História é Africana e mesmo esse resgate é muito dificultado pela forma como fomos trazidos pra cá. Se pensarmos a partir do Brasil, temos Histórias de luta e resistência que nos são negadas na escola e nos espaços de produção de saber, logo, sem heróis ou espelhos positivos desde a infância, como vender bonecas negras?
Vemos reflexo disso na produção dos brinquedos, das bonecas, na forma como a mídia pinça nossos talentos e insere os cachos e a morenice como termos mais “palatáveis e vendáveis”. E falo dessa grande mídia que tem como base estruturante o racismo. O cabelo crespo, a pele retinta, o nariz largo ainda são recusados por essa grande mídia, e ela, infelizmente, ainda informa e forja o “gosto” do Brasileiro.
Atrelado ao trabalho de confecção e venda de brinquedos / bonecas, temos que ampliar o trabalho educativo, que permite a construção de um olhar positivo sobre a negritude. Um trabalho educativo de nós para nós, de recontar nossa história.
Como você avaliar o black money dentro da comunidade negra brasileiira? Compramos dos nossos?
Ainda não estamos nesse lugar. Estamos nesse movimento de fortalecimento do afro-empreendedorismo e começando a ampliar a consciência da necessidade de fazer a riqueza circular entre nós. Eu sempre bato na tecla da educação: nós, empreendedores, precisamos trazer essa responsabilidade pra nós também, já que um cliente compra não só um produto, mas nos ouve também. Conversar com o cliente e difundir a importância dessa compra, falar sobre nossa produção que é pensada em um público específico, e alertar sobre as possíveis apropriações que venhamos a sofrer. Os grandes empresários já estão nos olhando como mercado consumidor e, com poder de produção, pinçam pessoas representativas para que vendam produtos pra nós. Precisamos estar todos atentos a este movimento. Precisamos sempre fortalecer as razões que tornam importantes a compra dos nossos produtos que são feitos pensados na nossa comunidade, precisamos nos olhar mais como colaboradores que como concorrentes também. Temos que ampliar, e muto, nosso diálogo interno.
Ainda não somos o grupo que detém a riqueza nem o poder de mídia, mas a internet vem possibilitando que criemos nossos próprios conteúdos, estamos ampliando as falas sobre o Black Money e os lugares de poder que ocupamos. Só precisamos de foco pra que seja realmente uma emancipação.
O evento MoveOut – técnicas e metodologia para inovação, criatividade e empreendedorismo é uma iniciativa inédita que tem a intenção de reunir o maior número de profissionais negros dos setores de inovação, tecnologia e empreendedorismo. No dia 26 de novembro, na incubadora de Projetos Sociais, dos 30 profissionais e pesquisadores que estarão no evento 98% são negros, os mesmos que estarão liderando workshops gratuitos para empreendedores, afroempreendedores e estudantes na mais nova iniciativa do projeto de empreendedorismo do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Zumbi dos Palmares, destinada ainda há dar visibilidade a Lei Municipal do Afroempreendedor.
A proposta de realização do MoveOut é a resposta a um post nas redes sociais publicado por um designer repudiando uma atitude de racismo sofrido por um profissional de marketing digital, em novembro de 2015. Neste mesmo post, o designer lança o desafio: que tal realizar um evento para mostrar quantos profissionais negros estão fazendo a diferença no mercado? Ao sinalizar um dos docentes do curso de Publicidade da Zumbi, o desafio foi aceito pela equipe de docentes e discentes.
O MoveOut ainda terá um canal no Youtube sobre dicas e entrevistas profissionais negros do setor de economia criativa visando o afroeemprendedor, bem como uma rede que promova as próximas versões do evento e outros com temáticas específicas de inovação e criatividade.
Hoje são poucos negros que atuam nessas áreas do setor e que a princípio esta afirmação
poderia ser verdadeira ao considerar apenas as publicações dos grandes eventos do setor em que não há negros figurando na programação. Entretanto, assim que a proposta foi feita reuni-los em um único evento, o resultado foi diferente.
Cada arena contará com quatro workshops, cada um com duas horas de duração, com foco em dinâmicas de aprendizagem sobre criatividade, invocação, comunicação, internet das coisas, bigdata e empreendedorismo sem termos em inglês, técnicos e complexos.
Segundo a curadora do evento, profª. Lina Moreira, o objetivo é aproximar os pequenos e médios afrompreendedores, assim como quem pretende empreender ou esta em busca de compreender as tendências de inovação e como aplica-la aos seus negócios. “O desafio dos profissionais que reunimos é tornar este conhecimento acessível para desmistificar que estes assuntos são possíveis apenas para grandes empresas”.
Outro diferencial da metodologia dos workshops do MoveOut é a abordagem das dinâmicas que foram elaboradas a partir de exemplos pessoais dos profissionais. “Estamos apostando na troca de experiências, às vezes é mais fácil aprender, entender o processo de criação ou planejamento de uma pessoa com características parecidas com as minhas, do que recitar modelos pensados por teóricos que nunca ouvi falar na vida. Pode ser até a mesma metodologia do cientista, mas a empatia com a história da pessoa pode favorecer o aprendizado. Praticamos isto na rotina do curso de Publicidade e hoje contamos com publicitários que elaboram negócios em conjunto coma experiência da marca e sua comunicação”, afirma Lina Moreira.
Entre os profissionais que constam na programação do MoveOut há representantes do comitê afro dos funcionários da IBM, AVANDE, coordenadores de pesquisas em inovação dos programas de Pós-graduação da Universidade Federal do Grande ABC, UNESP, diretores da Associação Brasileira de Startup e Rede de Afroempreendedores, profissionais liberais, empreendedores e colaboradores de empresas de renome nacional.
Serviço:
MoveOut – técnicas e aplicações em inovação, criatividade e empreendedorismo
Data: 26 de novembro.
Horário: 9h às 19h
Local: Incubadora de Projetos Sociais – Otto Alencar, 270, Cambuci – São Paulo
700 vagas gratuitas
Mais informações: Lina Moreira – Curadora
lina.moreira@zumbidospalmares.edu.br Produtores alunos do Moveout:
email: marketing.moveout@gmail.com
O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado no Brasil em 20 de novembro, oficialmente, desde 2011. A data — que lembra o dia em que o líder Zumbi do Quilombo dos Palmares, um dos principais símbolos da resistência negra à escravidão, foi assassinado em 1695 — é comemorada com o intuito de apontar para a relevância da história e da cultura do povo africano e seu impacto no Brasil.
Na mesma linha, o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 196/2015 cria, no âmbito da administração pública federal, a Semana da Consciência Negra, que será comemorada anualmente, no mês de novembro, na semana em que recair o dia 20 de novembro.
O projeto, enviado à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), determina que as comemorações serão dedicadas ao desenvolvimento de ações educativas acerca da situação socioeconômica da população negra e de valorização da História e Cultura Afro-Brasileira.
Outra determinação é que as ações governamentais sejam realizadas diretamente pelos órgãos competentes da administração pública ou mediante convênio a ser firmado com organizações não governamentais do movimento negro, do movimento sindical ou movimento social.
Cada vez mais brasileiros têm se assumido como afrodescendentes. Hoje os negros, dentro de todas as suas variações de tons de pele e/ou textura de cabelos, são maioria no Brasil, sendo 54% da população do país mais rico da América Latina. Essas pessoas precisam de conteúdo e a Internet é a maior fonte de informação desse público.
Desktop ou smartphone? Quais suas redes sociais favoritas? Que horas estão online? Fazem compras pela Internet? Já foram vítimas de racismo online, como reagiram? Blog, páginas, Youtube, onde a comunidade negra mata sua sede por informação?
Essas e outras questões fazem parte da pesquisa Novembro negro |Black Millennials of Brazil feita em uma parceria entre o Site Mundo Negro e a consultoria Zero.54 que coletaram e analisaram as respostas de mais de 500 pessoas negras, relativas ao seu hábito de consumo online.
Traçando um perfil simplificado por meio dos dados da pesquisa, conclui-se que o negro brasileiro acessa a Internet por meio do seu smartphone e tem o Facebook como sua principal fonte de informação, ultrapassando sites/blogs e canais do Youtube. A maioria, 77% diz nunca ter sofrido racismo online e dos que sofreram, 62% ficaram insatisfeitos com o encaminhamento da denúncia.
A pesquisa completa com a interpretação de dados feita pela jornalista e especialista em social media e hábitos de consumo da classe C, Nadja Pereira, está disponível AQUI.
Celebrando o feriado da Consciência Negra, o Auditório Ibirapuera apresenta Tayó – O Musical, dia 20 de novembro, domingo, às 19h, com entrada gratuita. O espetáculo foi inspirado no livro O Mundo no Black Power de Tayó, de Kiusam de Oliveira. Criado pela autora do livro e a banda Morabeza Nação, o musical narra a vida da princesa Tayó, cujo nome significa “da alegria”, uma menina negra, de seis anos, que se orgulha do seu cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o de diversas formas.
A trama apresenta uma personagem cheia de autoestima, capaz de enfrentar agressões dos colegas de classe, que dizem que seu cabelo é “ruim”. “Mas como pode ser ruim um cabelo fofo, lindo e cheiroso”? “Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos”, responde a garota para os colegas. O enredo transforma o enorme cabelo crespo de Tayó em uma metáfora que enriquece a cultura negra e abre espaço para uma conversa sobre educação étnico-racial.
Tayó – O Musical tem como tônica a sensibilidade, usada para tratar a questão de uma possível educação para as relações étnico-raciais onde as pessoas consigam viver felizes e aceitando as belezas presentes nas diferenças. Kiusam conta da história no palco, narrando a jornada da menina ora interpretada por Mariana Per e pela boneca Tayó, feita pela artesã de boneca(os) negros, Luciene Campos. A trilha sonora é de Léo Cavalcante e Renato Gama, este último, criador de composições feitas especialmente para o espetáculo.
Brasilidades e africanidades se encontram no musical em uma forma específica de contar histórias, nos figurinos afro-contemporâneos, e no cenário, inspirado inteiramente em tudo o que a princesa Tayó carrega em seu penteado.
Sobre os criadores
Kiusam de Oliveira é artista multimídia, arte-educadora, bailarina, coreógrafa e contadora de histórias. Sobre o tema, ministra cursos, palestras, oficinas e workshops em congressos e universidades em todo o país. Além de Tayó, é autora de Omo-Oba: histórias de princesas (2009). Nascido para cantar histórias, o Grupo Morabeza Nação tem como formação músicos da banda Nhocuné Soul, que trazem na bagagem referencias africanas e acreditam ser possível conviver com a diversidade de um jeito leve, agradável e construtivo.
Repertório
Dança das flores – Renato Gama
Seus olhos – Renato Gama/Ananza Macedo/Ronaldo Gama/Kiusam de Oliveira
Orobô – Renato Gama/Kiusam de Oliveira
Black Power – Renato Gama
Mamãe – Renato Gama
Neguinha sim – Renato Gama
Voltar minha mãe – Renato Gama
Orixás (ninar) – Renato Gama
Reinado – Renato Gama
Tayó – Renato Gama
SERVIÇO
Tayó – O Musical Dia 20 de novembro, domingo, às 19h Duração: 90 minutos (aproximadamente)
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos na bilheteria do Auditório, uma hora e meia antes
da apresentação
Limite de dois ingressos por pessoa
Capacidade: 806 lugares
Classificação indicativa: Livre.
Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer
Capacidade: 806 lugares
Av. Pedro Alvares Cabral, s/n – Portão 2 do Parque do Ibirapuera
Por meio de uma pesquisa com mais de 10 mil respostas em 48 horas, o aplicativo 99, que liga taxistas à passageiros, constatou que dos 49% dos usuários que se identificam como negros, 46%, quase a metade, diz ter sido vítima de discriminação racial durante a sua corrida.
A pesquisa seguia com as demais perguntas para os que se declararam afrodescendentes. Dentro dos 46% que usam transporte individual e podem ter sido vítimas de discriminação racial, informa a pesquisa, 26% têm certeza que já foram alvo de algum tipo de preconceito racial (ao menos uma vez na vida). 20% afirmam não ter certeza e 53,4% disseram nunca ter sofrido com o problema.
A mesma pesquisa aponta que quase 50% das pessoas que responderam o questionário acham que a melhor saída para o problema é a conscientização dos motoristas, por meio de treinamento e da importância do combate à discriminação. Outros 28% optaram pela inclusão de um termo de tratamento igualitário de raça, religião e nacionalidade no contrato de uso do aplicativo pelos motoristas. Há ainda 14,2% dos entrevistados que entendem que nada deve ser feito, pois ações assim aumentam ainda mais o racismo.
Segundo a gerente de treinamento da 99, Roberta Castro, a questão de discriminação racial é um problema cultural do país e a pesquisa mostra que é fundamental discutir de frente o tema. “O mundo ideal seria que isto não acontecesse, mas sabemos que há passageiros que passam por este tipo de situação nas corridas. A 99 quer olhar para esta questão e entender qual a melhor maneira de incluir a todos”, explica.
Em continuidade ao calendário de apresentações no Auditório MASP-Unilever, o Instituto Baccarelli levará ao palco, em 20 de novembro, os integrantes da Orquestra Sinfônica Heliópolis (OSH), às 11h, e da Camerata do Instituto Baccarelli, às 16h. As apresentações ocorrem com ingressos a preços populares.
O domingo musical tem início com a OSH – o principal núcleo musical do Instituto – sob a regência do maestro Edilson Ventureli e participações da soprano Erika Muniz, integrante do Coro da Osesp, e do flautista Leandro Oliveira. O programa idealizado para a apresentação presta homenagem ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro), reunindo solistas e obras que remetem ao tema da data comemorativa, e será aberto por peças sacras do padre, compositor, professor de música, maestro e instrumentista brasileiro José Maurício Nunes Garcia (1767-1830). A primeira composição é “Abertura (em Ré)”, seguida por “Te Christe Solum Novimus”. De José Rodrigues Domingues de Meireles (1760-1800), será interpretada a obra “O Lingua Benedicta – Para Soprano Solo, Cordas e Continuo”.
Na segunda parte do programa, a OSH brindará a plateia com obras assinadas por grandes compositores brasileiros. De Antonio Carlos Gomes (1836-1896), será executada “Pensamentos”; de Oscar Lorenzo Fernandez, “Essa Nega Fulô; de Radamés Gnattali (1906-1988), “Suíte Retratos”. O encerramento trará para a plateia duas obras de grande popularidade: “Corta-Jaca”, de Chiquinha Gonzaga (1847-1935), e “Carinhoso”, de Pixinguinha (1897-1973).
À tarde, sobem ao palco do auditório da Avenida Paulista os músicos da Camerata do Instituto Baccarelli, sob a orientação de Pedro Visockas, e participação de Juan Rossi ao violino. O repertório inclui a “Sinfonia de Cordas n0 1 em Dó Maior”, de Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847); o “Concerto Para Violino em Ré Maior, Op. 2 no 12 – O Labirinto Harmônico”, de Pietro Locatelli (1695-1764); e, para fechar a apresentação, o “Concerto Grosso em Lá Menor, Op. 6 nº 4, HWV 322”, de Georg Friedrich Händel (1685-1759).
(SERVIÇO)
Auditório MASP Unilever Endereço: Avenida Paulista, 1578 Dia e horário: 20/11, às 11h e às 16h Duração: 60 minutos Ingressos (preços populares): R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) Capacidade: 374 pessoas; há acesso para portadores de necessidades especiais Vendas: bilheteria do MASP ou pela Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br ou 11/4003.1212)
Embora ainda tenham desvantagens na disputa por vagas no mercado de trabalho, os negros passaram a ter rendimentos mais próximos dos não negros no ano passado, em comparação com 2014. Mas isso ocorreu porque foi maior a queda dos ganhos dos não negros que passaram a receber valores 8% menores do que no ano anterior, enquanto os negros tiveram um recuo médio de 2,2%.
Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) feita em conjunto pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade). O levantamento, feito com base na PED mensal, é divulgado, anualmente, para marcar o Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado, no próximo domingo (20).
A pesquisa mostra que, por hora, os negros estavam recebendo em média R$ 9,39 ou 67,7% do valor obtido pelos não negros (R$ 13,88). O percentual era de 63,7% em 2014 e já chegou a equivaler a 54,6% em 2002. Como efeito da crise econômica, o corte de vagas atingiu mais os negros cuja taxa de desemprego subiu de 12% para 14,9%, enquanto a dos não negros passou de 10,1% para 12% .
Mesmo assim, os negros ampliaram a sua participação no mercado de trabalho dos 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), no ano passado, atingindo 40% do total de ocupados ante 37,9% em 2014. Já a parcela de desempregados subiu de 42,6% para 46,3%.
Pesquisa por setores
No setor industrial, não houve alteração proporcional de rendimentos.Os negros continuaram ganhando o equivalente a 70% dos não negros. Já em dois outros setores, houve elevação: no comércio (de 70,2% para 76,9% ) e, na construção (de 76,7% para 79,9%).
Em relação às chances de contratação, os negros conseguiram menor inserção no segmento de serviços com uma participação de 56,8% na comparação com os não negros (58,8%). O mesmo ocorreu no segmento da indústria com a ocupação de 15,5% ante 16,2% dos não negros e no comércio com 17,2% ante 18,2%. Já na construção, os negros superam com 9,3% sobre 5,6% dos não negros.
A taxa dos que conseguiram empregos formalizados atingiu 63,4% acima do índice dos não negros (62,3%). A desvantagem, no entanto, continua em postos do setor público, onde os negros têm uma participação de 6,6% e os não negros de 9,0%. Também existem diferenças nas ocupações de vagas em que os rendimentos costumam ser menores. Neste postos, os negros estão mais presentes (8,7%) ante 4,7% dos não negros.
Do total de 40% dos postos ocupados pelos negros, no ano passado, 18,4% eram mulheres e 21,6% homens.
*Fernando Montenegro – Pesquisador de percepção do consumidor, especializado em Afroconsumo.
A ETNUS | Afroconsumo, verificou que a ausência de pessoas negras dentro das agências de publicidade/comunicação e/ou em departamentos de marketing/comunicação das empresas é determinante na inclusão correta de pessoas negras como aspiracionais.
Em estudo de 2015 sobre a presença dos negros nas cinquenta maiores agências de publicidade do país, realizado pelo analista de monitoramento e métricas, André Brazoli, a consultora de comunicação digital do Ministério da Justiça, Danila Dourado, e a gerente de projetos de mídias sociais, Teresa Rocha, fica evidente a não participação de pessoas negras nas tomadas de decisão. Segundo o levantamento, a cada mil funcionários desses locais, apenas trinta e cinco são negros. A pesquisa também aponta que os afrodescendentes ocupam apenas 0,74% dos cargos de alta direção.
Em outra observação de 2013, analisando os afrodescendentes nas Propagandas de Jornais Paulistas, feita pela equipe composta por Sibele Gomes de Santana Faria, Jouliana Jordan Nohara e Evandro Luiz Lopes, publicada pela ANPAD (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração), baseada na contagem dos afro-brasileiros realizada pelo IBGE, constatou-se que, para cada negro representado em propagandas dos jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo, equivalia a uma média de 16,58 brancos.
Propaganda da Vivo, maior operadora de celulares do Brasil
https://youtu.be/xlT9KPDuqX8
Outro dado interessante é o do levantamento feito pela jornalista e social mídia Nadja Pereira, que estudou a presença de pessoas negras na publicidade veiculada no Youtube, onde, por exemplo, apenas 27% das publicações do canal da Natura tinham a presença de pessoas negras, destoando consideravelmente dos quase 54% da maioria étnica brasileira.
Na semana do dia 14 de março de 2016, monitoramos o horário nobre mais caro da televisão brasileira, o do Jornal Nacional. De todos os anúncios publicitários exibidos para a praça paulistana, apenas 12,5% tinham como protagonistas, pessoas negras.
Propaganda da Caixa Econômica Federal, veiculada no intervalo do Jornal Nacional, durante o monitoramento.
Respaldados por estes dados, acrescentando esclarecimentos com profissionais da área, análises em meios digitais, campanhas publicitárias, etc, pudemos perceber que a falta de representatividade dos afrodescendentes como agentes consumidores dá-se por dois motivos principais:
1 – O mito coletivo de que pessoas negras não têm potencial de consumo/não consomem.
2 – Os responsáveis pela comunicação/produção industrial são pessoas não negras, que têm, como repertório, um imaginário bem descolado da realidade do público com quem querem se comunicar e ainda se alimentam dos estereótipos ultrapassados acerca dos afrodescendentes. Estes dois principais fatores influenciam de forma negativa, direta ou indiretamente, o papel do negro dentro da sociedade de consumo.
Foto: Reprodução/ Facebook
Mercado promissor
Na contramão da crise, algumas empresas estão faturando alto, pois enxergaram potencial de consumo neste público desprovido de relações de identidade com a maioria das marcas: ora por ruídos na linguagem, ora por não se sentirem atendidos e representados em suas características étnico-raciais.
Consolidada como uma das principais referências em consumo afro-especializado, passando pela moda, gastronomia, produção de conteúdo, música e arte, a Feira Preta completa em 2016 seu 15º aniversário, consolidando ainda mais a força de sua marca e gerando negócios que movimentam em torno de R$700 mil ao ano.
Foto: Feira Preta (Reprodução/Facebook)
Em matéria publicada no site da Istoé Dinheiro, outro exemplo, com faturamento previsto para chegar em seu primeiro bilhão em 2018, é a rede de salões Beleza Natural, que apostou na valorização de um filão específico de mercado, pouquíssimo valorizado, até então: a estética negra. Hoje, é um dos principais modelos no assunto, atuando em diversos estados brasileiros, com mais de quarenta unidades de negócios (incluindo institutos, lojas de produtos e quiosques) espalhadas pelo país.
Neste mesmo contexto e sentindo os efeitos da queda de 26% nas vendas de alisantes no ano de 2015, anunciada pela Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), a Salon Line, especializada em produtos desse gênero, criou uma linha totalmente pensada para assistir esta demanda crescente do mercado consumidor brasileiro: mulheres de cabelos entre o crespo e o ondulado, que, segundo estimativa da rede Beleza Natural, representam 70% das brasileiras, já que esse tipo de madeixa exige cuidados diferentes dos fios lisos naturais.
(Foto: Encrespa 2015/ Blog Modices)
Sendo assim, ao considerar os dados acima, comprovamos em números a importância destas ações e mensuramos o resultado positivo que isso traz, para que essa representação sirva de incentivo, seja frequente e natural. Demonstramos também, que o respeito às particularidades e diferenças étnico-raciais, trazem o consumidor mais próximo das empresas e de seus produtos ou serviços, fazendo com que todos ganhem. Não falamos apenas sobre incluir negros na publicidade ou nas agências, mas sim, de solidificar a importância representativa que isso tem. Não basta termos mais negros na publicidade, se a exposição não for correta. Não basta termos mais negros nas agências, se eles próprios não tiverem consciência sobre a importância política da representatividade de estarem nesses lugares.