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‘Identidade Preta’: Jorge Aragão e Emicida se unem em novo single pelo resgate da ancestralidade

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Foto: Felipe Vasconcellos

Dando sequência ao “Projeto Identidade”, Jorge Aragão lançou a faixa “Identidade Preta” em parceria com Emicida, nesta sexta-feira (6), nas plataformas digitais, acompanhado de um videoclipe no YouTube. A música reafirma o compromisso do sambista em ressignificar o samba, construindo pontes entre gerações e estilos ao unir forças com grandes nomes do rap nacional.

“Identidade Preta” destaca-se como um marco artístico, mesclando o lirismo incisivo de Emicida com a musicalidade inconfundível de Jorge Aragão. A canção celebra o protagonismo da arte negra ao exaltar temas como ancestralidade, memória e o orgulho racial. Com versos impactantes, como “Somos herança da memória / Temos a cor da noite / Filhos de todo açoite”, a música inspira reflexões sobre a construção da identidade e a resistência da população negra no Brasil.

“Prestigiados são aqueles que transformam a arte em luta. Fico feliz pelo que construí na música. Temos a cor da noite, somos filhos de todo açoite, mas seguimos criando novos caminhos, mais fortes e unidos”, reflete Jorge Aragão sobre o projeto, iniciado em 2023. Ele complementa: “O Projeto Identidade revisita nossas raízes, por meio de músicas que carregam histórias, enquanto dialoga com uma nova geração de artistas comprometidos com nossa causa.”

O “Projeto Identidade” já contou com colaborações de peso, como Djonga em “Respeita”, L7nnon em “Cotidiano Pixaim” e Xamã com “Sempre Eu e Você”.

A produção musical ficou a cargo de Keviin, responsável pelo Malibu Studios e vencedor do GRAMMY Latino 2024 na categoria “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa” pela produção de “Cachimbo da Paz 2”, de Gabriel O Pensador, Xamã e Lulu Santos.

Composto por regravações e músicas inéditas, o projeto reafirma a relevância do samba no diálogo com outros gêneros musicais. Para o Malibu Studios, que já possui um histórico de parcerias com Jorge Aragão, “Identidade Preta” simboliza um encontro especial e celebra a diversidade musical brasileira.

‘Mulheres Negras em Rotas de Liberdade’: Filme leva brasileiras à uma viagem imersiva pelo continente africano

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Foto: Alile Dara Onawale

A cineasta baiana Urânia Munzanzu apresenta “Mulheres Negras em Rotas de Liberdade”, um documentário que celebra a ancestralidade, a liberdade e as lutas das mulheres negras brasileiras, em um diálogo profundo com suas raízes africanas. Com a participação de figuras como Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, Erica Malunguinho, Luedji Luna, Mirtes Renata, Carla Akotirene e a própria diretora, a produção chega ao continente africano esta semana, embarcando em uma jornada pelas rotas históricas do tráfico de escravizados.

Foto: Alile Dara Onawale

As gravações do documentário acontecem em duas etapas: entre 25 de novembro e 19 de dezembro de 2024, e em março de 2025. Durante esse período, as protagonistas farão uma imersão em quatro países africanos — Senegal, Benin, Nigéria e Cabo Verde —, explorando histórias e perspectivas que colocam os corpos das mulheres negras como símbolos de resistência e transformação ao longo da diáspora africana.

Foto: Alile Dara Onawale

Um dos destaques da produção será o evento especial na Obafemi Awolowo University, em Ile-Ife, Nigéria, na próxima segunda-feira, 9 de dezembro. Conceição Evaristo e Sueli Carneiro se unirão a acadêmicos e representantes locais para uma palestra que abordará temas como identidade, ancestralidade e emancipação negra, fortalecendo os laços culturais e intelectuais entre Brasil e África.

Foto: Jeff Dias

Antes mesmo de seu lançamento, o documentário já se destacou em importantes festivais e laboratórios cinematográficos. No Brasil, foi finalista em eventos como o Minas Max, Nordeste Lab, FAM e CinePitching, além de vencer o laboratório DocSP. Internacionalmente, conquistou espaço no fundo de Gotemburgo, no Sunny Side of Docs 2021 e no laboratório AFROLATAM, do Miradas Doc.

Foto: Jeff Dias

Com o objetivo reconstituir as rotas históricas do tráfico transatlântico de escravizados, enquanto ressignifica as narrativas das mulheres negras no presente, o filme tem início no Brasil e parte rumo à África do Oeste, antigo Reino do Daomé, a famosa Costa do Ouro, fazendo um percurso que a Unesco instituiu nos anos 1980 como “Slave Routes” ou “Rotas dos Escravos” nos países Nigéria, Benin, Senegal e Cabo Verde. Portos onde o sistema escravagista há 300 anos atrás fez embarcar, nos Negreiros, cargas humanas que forçadamente construíram o que hoje chamamos de América. Para um corpo negro esta era uma “viagem sem volta”.

Foto: Jeff Dias

“Mulheres Negras em Rotas de Liberdade” é produzido pela Acarajé Filmes, em coprodução com Mulungu Realizações Culturais e produção associada de Cristina Naumovs e do escritor Laurentino Gomes.

‘Como Não Ser Racista’: evento lança livro com a presença de Fayda Belo, Toni Garrido e Cristiane Sobral

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Fotos: Manoella Mello e Divulgação

No Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, às 9h, em Brasília, será lançado o livro ‘Como Não Ser Racista’ na última edição do evento Papos que Transformam, promovido pelo Sindilegis, em parceria com os comitês de equidade do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU), que ao longo do ano, promoveu outros debates sobre temas como etarismo, saúde mental, capacitismo e o impacto das redes sociais.

Para participar do evento, o público deverá fazer a inscrição para acompanhar presencialmente ou online. Entre os convidados especiais do evento estão Cristiane Sobral, autora do livro, e Toni Garrido, que assina o prefácio. A programação também inclui um debate sobre expressões e vivências negras, com a participação da advogada criminalista Fayda Belo, especialista em crimes de gênero.

O encerramento do encontro contará com uma visita guiada à exposição ‘Entre Linhas e Formas: A Arte e o Design no Brasil’, conduzida pelo artista Sanagê Cardoso. Em cartaz no Centro Cultural do TCU, a mostra reúne obras de 26 artistas visuais e 18 peças de designers modernistas, celebrando a diversidade da arte e do design brasileiros.

‘Como Não Ser Racista’ é uma continuação da série ‘Como Não Ser um Babaca’. A obra propõe reflexões profundas sobre atitudes, práticas e conceitos que perpetuam a exclusão social, incentivando letramento racial e autocrítica.

Como participar
O evento será realizado presencialmente no anfiteatro do Instituto Serzedello Corrêa e contará com transmissão online. As inscrições já estão abertas!

Chef Guilherme Lara inaugura novo espaço físico do seu restaurante em SC: “As pessoas começaram me respeitar”

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Foto: Divulgação

Há quase 13 anos morando no sul do Brasil, Guilherme Lara, chef proprietário do restaurante Lara Cucina, está inaugurando o novo espaço físico em Blumenau, Santa Catarina. O projeto começou com delivery e após dois anos, abre espaço para receber os clientes a se deliciar com a comida italiana, especialidade da casa. 

“É muito difícil fazer comida italiana sendo um homem preto no sul do país. O processo é lento e sinto que hoje as pessoas começaram me acolher, respeitar e entender o meu amor por aquilo que eu faço”, diz o paulista Guilherme sobre sua experiência.

Com o restaurante, ele já tem mais sonhos a serem realizados. “O objetivo é aumentar o número de restaurantes pelo estado, receber todas as pessoas, mas principalmente pessoas pretas, para elas poderem sentar em um restaurante sofisticado, tomar seu vinho sem nenhum medo ou desconforto. Quero poder inspirar outras pessoas que vivem aqui no sul”, compartilha. 

Leia a entrevista completa abaixo:

1) Conte-me um pouco sobre você e como a gastronomia entrou na sua vida. 

A gastronomia entrou na minha vida muito cedo. Eu acho que eu sempre quis fazer gastronomia, eu sempre gostei de cozinhar. Eu sempre fazia bolos, comida com a minha mãe em casa quando eu era pequeno. 

Mas eu também vi a minha avó por parte de pai, que inclusive era a única referência de pessoa preta que eu tive na minha família. Ela era uma pessoa muito humilde. Ela fazia muita comida simples, de roça, sabe? Que era bolo de fubá, bolo de milho. Eu lembro que ela moía a farinha de mandioca no pilão, aqueles pilão de madeira alto. E aquilo, pra mim, é uma imagem muito forte. Então, eu tive, claro, a minha avó de referência, tive um pouco da referência da minha mãe. E eu sempre quis fazer isso. 

A minha mãe, quando eu me formei no ensino médio, sugeriu que eu viesse pro Sul. Ela dizia que aqui era uma região mais tranquila de se viver, né? Ela não queria que eu ficasse em São Paulo, pela questão da violência e tudo mais. Ela queria que eu tivesse uma vida um pouco mais confortável. Então, eu vim pra cá, acho que com 17 anos, muito cedo, eu me formei no ensino médio muito cedo. Comecei na faculdade e tive a oportunidade de trabalhar num baita de um restaurante como cozinheiro.

E dali foi só crescendo. Cheguei ao cargo de chefia, onde fiquei por seis anos e meio neste cargo, nesse grande restaurante, muito renomado. E depois trabalhei nos outros melhores restaurantes da cidade, onde tive a oportunidade também de ser chef. 

2) O que você faz atualmente e qual sua especialidade?

Hoje, depois de 13 anos, eu tô aqui ainda e tô abrindo meu restaurante. Que vai ser uma pegada um pouco mais intimista, mais romântica, um restaurante italiano. Eu fiz uma especialização em comida italiana, comida mediterrânea, e hoje eu tô abrindo um restaurante nesse segmento. Claramente vai ter um pouco da cultura brasileira também nesse cardápio, vai ter alguns pratos caiçaras. Mas o meu forte mesmo hoje é a gastronomia italiana.

3) Como é a vida de um chef negro no Sul? Pode citar alguma experiência marcante? 

A minha vida é muito difícil aqui, porque enquanto uma pessoa precisa fazer uma coisa pra mostrar que é boa, eu preciso fazer dez, entende? As pessoas, infelizmente, ainda hoje têm receio e ficam muito espantados quando elas chamam o chef de cozinha na mesa pra fazer um elogio e eu chego, consigo notar isso nas pessoas. O racismo é muito vivo, né? Eu moro numa cidade muito alemã, que é a cidade de Blumenau. Então, é uma cidade muito colonial. Depois de tanto tempo, eu acho que hoje as pessoas já me conhecem. O meu nome já tem um peso na cidade, mas isso foi fruto de muito trabalho. Eu já passei por diversas situações. No meu último emprego, um cliente me chamou na mesa e disse pra mim que ele ia falar como eu deveria fazer a carne que ele trouxe porque o pessoal lá de cima talvez não conhecesse essa carne. Então, aí tu já entende também que é uma coisa muito triste, né. Uma situação muito complicada, muito racista. Eu já passei por muitas situações muito cruéis. Mas meu propósito foi um só, que era de vir pra cá estudar e ter o meu restaurante. E eu consegui tudo isso. Hoje, eu posso dizer que eu já sou um vitorioso. Porque pra mim, foi muito difícil essa caminhada até aqui. Eu tive outras grandes oportunidades. Eu já cozinhei pra diversas pessoas. Eu já cozinhei pra Ana Hickmann, Ticiane Pinheiro, eu já cozinhei pra alguns artistas. Hoje também trabalho como personal chef. Tenho meu restaurante, eu fiz uma especialização no mês retrasado de bolos festivos, que era uma coisa que eu sempre quis fazer. Vou implantar isso lá no meu restaurante. Quando as pessoas me procurarem para fazer aniversário, a gente já vai sugerir também o meu bolo. Eu tô muito feliz!

4) O que você diria para pessoas negras da sua região que querem iniciar na gastronomia ?

Se respeitarem mais! Eu acho que quando você se respeita, você entende o seu limite, eu acho que você pode alcançar tudo aquilo que você deseja. Em muitos momentos eu não me respeitei. Então, hoje eu me respeito, hoje eu enxergo e eu tenho a maturidade para entender o que eu preciso e o que eu não preciso. O que é tolerável e o que não é.

Justiça rejeita acusações contra Lizzo, mas empresa da cantora continua no processo

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Foto: Reprodução/Instagram

Lizzo conquistou um avanço importante em sua batalha judicial, nesta semana, com uma estilista que a acusa de ter enfrentado assédio racial e sexual, além de um ambiente de trabalho hostil, por parte da equipe de gestão da cantora durante sua turnê em 2023. A ex-funcionária também afirma não ter recebido pagamento pelas horas extras trabalhadas.

Na segunda-feira (2), um juiz federal de Los Angeles determinou que Asha Daniels, assistente de figurino, não poderia processar Lizzo como indivíduo, apontando as empresas responsáveis pela turnê e pela folha de pagamento da cantora como suas empregadoras. No entanto, a sua empresa Big Grrrl Big Touring Inc. permanece como ré no processo em andamento.

O juiz distrital dos EUA, Fernando L. Aenlle-Rocha, rejeitou todas as sete acusações apresentadas contra Lizzo e sua empresária, Carlina Gugliotta.

O juiz também aceitou parcialmente um pedido para rejeitar várias das reivindicações, justificando que Daniels trabalhou para a empresa durante uma turnê na Europa, onde as leis trabalhistas dos Estados Unidos não têm validade.

Entenda o caso

A estilista Asha Daniels acusou Lizzo de liderar uma “cultura de trabalho insegura e sexualmente carregada”. A artista nega. Ela também acusou a gerente de guarda-roupa da artista de fazer comentários “racistas e gordofóbicos” e de ridicularizar mulheres negras na equipe.

Em resposta, um porta-voz de Lizzo classificou o caso como um “golpe publicitário absurdo”, enquanto seus advogados descreveram Daniels como uma ex-funcionária “descontente” com alegações “sem mérito e obscenas”.

As alegações de Daniels refletiram as denúncias de três ex-dançarinas da turnê da cantora, que em agosto do ano passado moveram um processo contra ela, alegando assédio sexual e humilhação por questões de peso em incidentes ocorridos entre 2021 e 2023.

Na época, Lizzo negou as acusações, afirmando que “essas histórias sensacionalistas vêm de ex-funcionários que já admitiram publicamente que foram informados de que seu comportamento em turnê foi inapropriado e pouco profissional”. A cantora e sua empresa, Big Grrrl Big Touring, pediram que o tribunal arquivasse o caso. As ex-dançarinas, no entanto, solicitaram um julgamento com júri.

Apesar das controvérsias, Lizzo — cujo nome verdadeiro é Melissa Viviane Jefferson — garantiu a seus fãs em abril deste ano que não planeja sair dos holofotes. Em uma publicação, ela inicialmente escreveu “Eu desisto”, expressando cansaço por ser alvo de críticas à sua aparência e caráter online. Mais tarde, em um vídeo, esclareceu: “Quando digo ‘eu desisto’, quero dizer que paro de dar atenção a qualquer energia negativa.”

Primeira Doutora negra do Brasil, Helena Teodoro é homenageada com e ocupação no CCBB em São Paulo

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Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira, 6, o Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP) inaugura a ocupação Trilogia Matriarcas, uma homenagem à vida e obra de Helena Theodoro, a primeira doutora negra do Brasil. A programação gratuita, que marca os 80 anos da pensadora, destaca sua atuação em defesa da cultura afro-brasileira e na luta contra o racismo. Com espetáculos teatrais, exposições, debates e oficinas, o evento apresenta um panorama do legado multifacetado de Helena.

O eixo principal da ocupação é a trilogia teatral Matriarcas, que reúne três montagens inspiradas nas vivências de Helena Theodoro e nas narrativas de mulheres negras. A peça Mãe de Santo, com dramaturgia de Renata Mizrahi e direção de Luiz Antônio Pilar, tem Vilma Melo no papel principal e aborda temas como ancestralidade e espiritualidade. Já Mãe Baiana, estrelada por Dja Martins e Luiza Loroza, tem texto, inspirado na própria experiência de Helena ao perder um filho. Por fim, Mãe Preta, com dramaturgia de Valesca Lins, retrata a superação de perdas e a reconstrução de uma mulher como pilar de sua comunidade.

Além das peças, a exposição Baobá de Memórias – uma homenagem à Léa Garcia presta tributo à atriz em seu último trabalho, na versão audiovisual de Mãe Baiana. A mostra reúne fotos, figurinos e um labirinto de turbantes, além de exibir uma instalação central em forma de baobá.

Complementando a ocupação, seis mesas de debate trarão temas como escrevivências femininas, o sagrado feminino e a diversidade, com participações de nomes como Sueli Carneiro, Elisa Lucinda e Luana Xavier.

Programação amplia vivências culturais

O público também poderá participar de palestras, oficinas e apresentações musicais. Entre os destaques estão as oficinas de sonoridades com Dani Nega (15/12) e de dança afro com Fernanda Dias (22/12), além da palestra de Helena Theodoro sobre as filosofias africanas (7/12).

Confira a programação completa no site do CCBB SP (CLIQUE AQUI)

A branquitude desmorona se nos unirmos

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Protesto contra a violência policial em agosto de 2023. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os episódios recentes de violência policial contra pessoas negras são de embrulhar o estômago. Aliás, estudos da Rede de Observatórios da Segurança indicaram que, em 2023, quase 90% dos mortos pela polícia eram pessoas negras. Eu não sou ingênuo ao ponto de acreditar que essa violência estampada nos noticiários nunca me alcançará. Nenhuma pessoa negra tem segurança garantida, e encontrar maneiras de acabar com essa condição é a necessidade imediata.

Acho interessante a reflexão de Antônio Pompêo (1953-2016), ator e militante do movimento negro: “O racismo é uma serpente de muitas cabeças. Damos um golpe no seu corpo e ela se multiplica.” Logo, a eliminação do processo de genocídio exige ampla cadeia de ações envolvendo todos os aparelhos que organizam a sociedade. E claro, a maioria das instituições deve ser recriada sem qualquer rastro ideológico da sua atual estrutura de funcionamento. Contudo, a unidade negra é basilar para cobrar as mudanças.

Na semana passada, li nas redes sociais discursos que impõem obstáculos na construção dessa unidade. Infelizmente, há pessoas utilizando desse expediente. Elas desconsideram as lutas do Movimento Negro, representado por organizações e instituições, intelectuais, políticos, militantes e ativistas, artistas e pessoas comuns.

Chamo a atenção para um dos resultados da pesquisa Datafolha, divulgado recentemente: 60% das pessoas que se autodeclaram pardas não se consideram negras. Esse dado acendeu um alerta. Sabemos que para as pessoas se assumirem pardas foi um longo processo de debate e fomento de políticas públicas; e, conforme o Estatuto da Igualdade Racial, a população negra é o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas. No caso desta última, segundo o IBGE (2022) “a pessoa que se declarar parda ou que se identifique com mistura de duas ou mais opções de cor ou raça, incluindo branca, preta, parda e indígena.”

O racismo até convenceu alguns pardos de que eles eram brancos, mas a ausência de privilégios atestava que não passava de uma mentira. Portanto, se permitirmos discursos que nos separam, a supremacia branca seguirá fortalecida e praticando o extermínio da população negra.

Presidente dos EUA , Joe Biden, é flagrado cochilando durante reunião com líderes africanos em Angola

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Foto: Reprodução/X

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi flagrado cochilando durante dois momentos em uma reunião com líderes africanos no porto de Lobito, em Angola, na quarta-feira, 4. O episódio, registrado em vídeo, ocorreu enquanto o vice-presidente da Tanzânia, Philip Mpango, discursava. Sentado ao centro de uma mesa com representantes de países africanos, Biden foi visto inclinando a cabeça e apoiando-a com a mão esquerda. A postura permaneceu por mais de um minuto. Em resposta às imagens, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA negou que o presidente tenha cochilado, afirmando que ele estava ouvindo atentamente o discurso, segundo a emissora Fox News.

Esta não é a primeira vez que Biden é visto em situação semelhante. Em novembro de 2021, durante a COP26, na Escócia, o presidente também foi gravado com os olhos fechados e de braços cruzados durante um discurso. Na ocasião, ele reagiu ao ser abordado por um assessor, esfregando os olhos e aplaudindo ao final da fala.

A reunião da qual Joe Biden participou parte da visita de três dias do presidente norte-americano a Angola, encerrada com uma reunião multilateral sobre o Corredor do Lobito, que contou com a presença de representantes de Angola, República Democrática do Congo (RDC), Zâmbia, Tanzânia e Estados Unidos. Durante o encontro, Biden anunciou um aumento de 600 milhões de dólares no investimento dos EUA para o projeto, que visa melhorar a infraestrutura da região e facilitar o transporte de minerais e outros recursos entre os países envolvidos.

Esta foi a primeira visita de um presidente norte-americano ao país em mais de 30 anos de relações diplomáticas. O encontro também reforçou o interesse dos EUA em contrapor a crescente influência chinesa na região, com foco no desenvolvimento econômico e na criação de novas oportunidades de comércio e investimentos.

Em um cenário de receios sobre o futuro do projeto, a Associação dos Industriais de Angola (AIA) e a Câmara de Comércio Angola-Estados Unidos mantêm a expectativa de que o Corredor do Lobito possa beneficiar, além da mineração, a exportação de produtos agrícolas e o fortalecimento da economia local.

De acordo com o Deutsche Welle, o presidente do partido de oposição FNLA, Nimi a Nsimbi, destaca que o acordo de cooperação pode sofrer mudanças sob a administração de Donald Trump, que assumirá a presidência dos Estados Unidos em janeiro de 2025: “Os americanos defendem os interesses deles. Como vão investir no Corredor do Lobito, aí pouca coisa pode mudar. Mas em termos diplomáticos, alguma coisa vai mudar porque Biden não é Trump”.

Após Whoopi Goldberg e Viola Davis, Cynthia Erivo pode ser a próxima atriz negra a se tornar uma EGOT

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Foto: Getty

O pequeno grupo de atrizes negras a conquistar o cobiçado título de EGOT — honraria destinada a quem vence Emmy, Grammy, Oscar e Tony — pode ganhar um novo nome. No papel de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, no filme musical Wicked, Cynthia Erivo está a um Oscar de completar a coleção, unindo-se às referências Whoopi Goldberg e Viola Davis.

Whoopi foi pioneira, alcançando o título em 2002, com destaques como o Oscar por Ghost e o Grammy pelo álbum de comédia Whoopi Goldberg: Direct from Broadway. Viola, por sua vez, ingressou na lista em 2023, após vencer o Grammy pelo audiobook de sua autobiografia Finding Me, somado a prêmios por suas atuações em How to Get Away with Murder (Emmy), Fences (Oscar) e dois Tonys no teatro.

Agora, as atenções estão voltadas para Erivo, cuja performance como Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, no musical Wicked, dirigido por Jon M. Chu, a coloca como uma das principais apostas ao Oscar 2025. O filme, lançado em novembro, já bateu recordes de bilheteria e se tornou o musical da Broadway mais visto em sua adaptação para o cinema.

Erivo acumula um histórico premiado: o Tony como Melhor Atriz por A Cor Púrpura (2016), o Grammy pelo álbum do musical (2017) e um Daytime Emmy pela apresentação no programa Today Show no mesmo ano. Em 2020, foi indicada ao Oscar por sua atuação como Harriet Tubman no longa Harriet e pela canção original do filme, figurando no restrito grupo de artistas reconhecidos por atuação e música na história da premiação.

Nascida em Londres, filha de nigerianos, Cynthia trilhou uma trajetória que inclui desafios e conquistas. Queer e bissexual, ela abandonou a psicologia musical para estudar interpretação na prestigiada Royal Academy of Dramatic Art. Agora, ao protagonizar uma das maiores produções de Hollywood, caminha para consolidar seu lugar na história como uma artista multifacetada e símbolo de representatividade.

Policial que arremessou homem de uma ponte é preso em São Paulo

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Fotos: Reprodução

A Justiça Militar decretou nesta quinta-feira (5) a prisão do policial militar que arremessou um homem de uma ponte em uma ocorrência na Cidade Ademar, zona Sul de São Paulo, no último domingo (1°). O soldado Luan Felipe Alves Pereira já foi ouvido e será levado ao Presídio Romão Gomes. 

O pedido de prisão foi feito pela Corregedoria da Polícia Militar na quarta-feira (4). A Polícia Civil também está investigando o caso e tentando localizar e ouvir a vítima.

Segundo informações da Secretaria estadual de Segurança Pública (SSP-SP), desde que tomou conhecimento do caso, a Polícia Militar afastou os 13 policiais envolvidos na ocorrência e instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a ação. “O procedimento passou pela Corregedoria, que colheu o depoimento dos policiais e prosseguiu com as investigações para individualizar a conduta dos agentes”, explicou em nota.

A ação do soldado foi flagrada por um vídeo no qual se observa o policial segurando o homem pela camiseta, se aproximando da beirada e jogando o homem no rio.

Luan Felipe já havia sido indiciado por homicídio depois de uma ocorrência em que um homem foi morto com 12 tiros, em Diadema, Grande São Paulo, no ano passado. O caso foi arquivado em janeiro deste ano após o Ministério Público se mostrar favorável ao arquivamento alegando que houve legítima defesa.

Demissão de agentes

Outro caso também repercutiu nos últimos dias nos noticiários e o ocasionou na demissão de seis agentes de segurança da ViaMobilidade depois da abordagem que resultou na morte de um passageiro na estação Carapicuíba, da Linha 8 – Diamante, no último dia 11 de novembro. O caso veio à tona na segunda-feira (2) com a exibição de um vídeo no qual Jadson Vitor de Souza Pires, de 31 anos, é contido pelos agentes e um deles prensa o homem contra o chão, causando sua asfixia.

Segundo a ViaMobilidade, o desligamento dos agentes foi realizado após sindicância interna e análise do Laudo Pericial do IML (Instituto Médico Legal), e após a conclusão de que os funcionários descumpriu o código de conduta, os protocolos de atendimento e treinamentos recebidos da companhia.

Após o caso ganhar repercussão nacional, a concessionária diz que iniciou um processo de reciclagem de 100% do seu quadro de agentes e reforçará a capacitação voltada ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob o efeito de substâncias entorpecentes. “Adicionalmente, aumentamos o rigor das medidas disciplinares e instauramos a obrigatoriedade de justificativa formal sempre que houver a necessidade de uso da força no exercício das atividades”.

Mulher agredida

Em um outro vídeo divulgado nesta semana, uma idosa de 63 anos aparece sendo agredida por policiais militares em Barueri. No vídeo, é possível vê-la sendo empurrada e chutada pelo policial. Ela chora, com o rosto sangrando. O filho da idosa, Juarez Higino Lima Junior, de 39 anos, que recebeu um golpe chamado de mata-leão, e o neto da mulher, Matheus Higino Lima Silva, de 18 anos, também foram agredidos.

A abordagem violenta ocorreu porque pai e filho estavam com uma moto com documentação atrasada e os policiais iriam apreender o veículo. Os dois teriam resistido, corrido para a garagem de sua casa e assim começou a confusão que terminou nas agressões que aconteceram depois de os policiais buscarem reforços.

Por meio de nota, a SSP-SP disse que a Polícia Militar não compactua com desvios de conduta e assegura que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada e os agentes devidamente punidos. “A Polícia Civil analisa as imagens da ocorrência e investiga todas as circunstâncias dos fatos. O caso foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar para apuração e as devidas medidas cabíveis”, informou.

Mortes inadmissíveis

A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, ressaltou que as mortes causadas por policiais militares vistas nos últimos dias são inadmissíveis e mostram que a polícia está descontrolada e se sente legitimada a usar a força. Para ela, a gestão estadual não se posiciona publicamente com relação a esses casos.

“O posicionamento é sempre de legitimar o policial. E é claro que muitas dessas mortes podem ter sido legítimas, mas vemos um aumento significativo da letalidade policial no estado de São Paulo entre 2022, 2023 e 2024 em comparação com uma polícia que tinha o uso da força controlado e que conseguiu reduzir o uso da força letal de 2020 até 2022”.

Carolina destacou que as manifestações do governo estadual contra as ações excessivas da polícia só vieram após o homem ser arremessado da ponte.

“Parece uma situação muito grave e que beira realmente a falta de controle sob a Policia Militar de São Paulo. Houve mudança no começo deste ano na cúpula da Polícia Militar, com a troca de policiais legalistas por policiais mais ligados a uma visão operacional e ligados ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Houve mudança no programa de câmeras corporais que está sendo enfraquecido e um discurso do governador e do secretário que acaba autorizando, na ponta da linha, o uso da força”.

Texto: Flávia Albuquerque/Agência Brasil*

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