Ludmilla anunciou que pretende tirar licença-maternidade após o nascimento de seu primeiro filho com Brunna Gonçalves. A declaração foi feita antes de subir ao palco para apresentar o show Numanice, no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro, na tarde do último domingo, 8.
“Vou tirar o tempo que for necessário para ficar com ele, para dar atenção. É o primeiro filho? Ainda não sei [o sexo]”, afirmou a cantora, que não escondeu a felicidade durante a apresentação, marcada pela comemoração da gravidez de sua esposa.
Brunna Gonçalves, que está à grávida do primeiro filho do casal, ao lado de Ludmilla, brincou com o público sobre o mistério do sexo do bebê, que será revelado no próximo dia 17, durante o chá de bebê. “Como vocês fazem parte da nossa vida, queremos contar que seremos mães de? (?)”, disse Ludmilla, provocando risos e aplausos.
O casal recebeu fraldas como presente de fãs, que lotaram o espaço. A apresentação, que reuniu 25 mil pessoas segundo a assessoria da cantora, incluiu sucessos das três edições de Numanice e contou com convidados especiais.
Os indicados à 82ª edição do Globo de Ouro foram anunciados nesta segunda-feira, 9, destacando alguns dos maiores talentos do cinema e da televisão. Entre os nomes que representam a comunidade negra na lista estão artistas e produções que ganharam bastante destaque este ano e que concorrem ao prêmio, que será entregue no dia 5 de janeiro de 2025.
No campo das séries, Quinta Brunson, criadora e estrela de Abbott Elementary, foi indicada a melhor atriz em série musical ou comédia, categoria que também conta com Ayo Edebiri, de O Urso. Aclamado por sua performance em Sr. e Sra. Smith, Donald Glover concorre como melhor ator em série dramática. Ambas as produções em que Brunson e Glover atuam também disputam os prêmios de melhor série em suas respectivas categorias.
No cinema, o veterano Denzel Washington garantiu sua indicação como melhor ator coadjuvante por Gladiador II. Zoe Saldaña foi indicada na mesma categoria, pelo filme Emilia Pérez, um dos mais indicados pelo prêmio e que teve Karla Sofía Gascón como a primeira mulher trans da história a ser indicada na premiação. Cynthia Erivo, por sua performance em Wicked, e Zendaya, pelo filme Rivais, estão entre as indicadas a melhor atriz em filme musical ou comédia. O ator Colman Domingo, com sua atuação no drama Sing Sing, é finalista na categoria de melhor ator em filme dramático.
Os filmes Meninos de Níquel, na categoria de melhor drama, e Rivais, entre os musicais ou comédias, também aparecem como representantes de histórias com protagonismo negro.
A cerimônia do Globo de Ouro acontecerá em 5 de janeiro, sendo transmitida pela CBS e pela plataforma Paramount+. Além das premiações, a atriz Viola Davis será homenageada com o Prêmio Cecil B. DeMille, um reconhecimento à sua contribuição inestimável ao cinema e à televisão.
Confira a lista completa de indicados:
TELEVISÃO
Melhor desempenho de um ator masculino em uma série de televisão – musical ou comédia Adam Brody, “Ninguém quer isso” Ted Danson, “Um homem por dentro” Steve Martin, “Apenas Assassinatos no Edifício” Jason Segel, “Encolhendo” Martin Short, “Apenas Assassinatos no Edifício” Jeremy Allen White, “O Urso” Melhor desempenho de uma atriz em uma série de televisão – musical ou comédia Kristen Bell, “Ninguém quer isso” Quinta Brunson, “Escola Elementar Abbott” Ayo Edebiri, “O Urso” Selena Gomez, “Apenas Assassinatos no Prédio” Kathryn Hahn, “Agatha o tempo todo” Jean Smart, “Hacks”
Melhor desempenho de um ator masculino em uma série de televisão – drama Donald Glover, “Sr. e Sra. Smith” Jake Gyllenhaal, “Presumido Inocente” Gary Oldman, “Cavalos Lentos” Eddie Redmayne, “O Dia do Chacal” Hiroyuki Sanada, “Shōgun” Billy Bob Thornton, “Homem da Terra” Melhor desempenho de uma atriz em uma série de televisão – drama Kathy Bates, “Matlock” Emma D’Arcy, “Casa do Dragão” Maya Erskine, “Sr. e Sra. Smith” Keira Knightley, “Pombas Negras” Keri Russell, “O Diplomata” Anna Sawai, “Shogun”
Melhor desempenho de um ator masculino em uma série limitada, série antológica ou filme feito para televisão Colin Farrell, “O Pinguim” Richard Gadd, “Bebê Rena” Kevin Kline, “Aviso Legal” Cooper Koch, “Monstros: A história de Lyle e Erik Menendez” Ewan McGregor, “Um cavalheiro em Moscou” Andrew Scott, “Ripley”
Melhor desempenho de uma atriz em uma série limitada, série antológica ou filme feito para televisão Cate Blanchett, “Aviso Legal” Jodie Foster, “True Detective: Night Country” Cristin Milioti, “O Pinguim” Sofia Vergara, “Griselda” Naomi Watts, “Feud: Capote vs. os Swans” Kate Winslet, “O Regime”
Melhor série de televisão – drama “O Dia do Chacal” “O Diplomata” “Sr. e Sra. Smith” “Shogun” “Cavalos Lentos” “Jogo de Lula”
Melhor série de televisão – musical ou comédia “Escola Elementar Abbott” “O Urso” “Os Cavalheiros” “Instrumentos” “Ninguém quer isso” “Só Assassinatos no Edifício”
Melhor série limitada de televisão, série antológica ou filme feito para televisão “Bebê Rena” “Isenção de responsabilidade” “Monstros: A história de Lyle e Erik Menendez” O Pinguim” “Ripley” “True Detective: Night Country”
Melhor desempenho de uma atriz coadjuvante na televisão Liza Colón-Zayas, “O Urso” Hannah Einbinder, “Hacks” Dakota Fanning, “Ripley” Jessica Gunning, “Bebê Rena” Allison Janney, “O Diplomata” Kali Reis, “True Detective: Night Country”
Melhor desempenho de um ator masculino em um papel coadjuvante na televisão Tadanobu Asano, “Shogun“ Javier Bardem, “Monstros: A história de Lyle e Erik Menendez” Harrison Ford, “Encolhendo” Jack Lowden, “Cavalos Lentos” Diego Luna, “La Maquina” Ebon Moss-Bachrach, “O Urso”
Melhor desempenho em comédia stand-up na televisão Jamie Foxx, “O que aconteceu foi” Nikki Glaser, “Algum dia você morrerá” Seth Meyers, “Pai, Homem Caminhante” Adam Sandler, “Te Amo” Ali Wong, “Mulher Solteira” Ramy Youssef, “Mais Sentimentos”
FILME
Melhor filme – musical ou comédia “Anora” “Desafiadores” “Emília Pérez” “Uma verdadeira dor” “A Substância” “Malvado”
Melhor filme – drama “O Brutalista” “Um completo desconhecido” “Conclave” “Duna: Parte Dois” “Meninos de níquel” “5 de setembro”
Melhor filme – idioma não inglês “Tudo o que imaginamos como luz” “Emília Pérez” “A Menina com a Agulha” “Eu ainda estou aqui” “A Semente da Figueira Sagrada” “Vermiglio”
Melhor roteiro – filme “Emília Pérez” “Anora” “O Brutalista” “Uma verdadeira dor” “A Substância” “Conclave”
Melhor canção original – filme “Beautiful That Way” de “The Last Showgirl”, de Miley Cyrus, Lykke Li e Andrew Wyatt “Comprimir/Reprimir” de “Desafiadores” “El Mal” de “Emilia Pérez” de Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard “Better Man” de “Forbidden Road” de Robbie Williams, Freddy Wexler e Sacha Skarbek “Kiss the Sky” de “O Robô Selvagem” “Mi Camino” de “Emilia Pérez” de Clément Ducol e Camille
Melhor desempenho de um ator masculino em um papel coadjuvante em qualquer filme Yura Borisov, “Anora” Kieran Culkin, “Uma dor real” Edward Norton, “Um Completo Desconhecido” Guy Pearce, “O Brutalista” Jeremy Strong, “O Aprendiz” Denzel Washington, “Gladiador II”
Melhor desempenho de uma atriz coadjuvante em qualquer filme Selena Gomez, “Emilia Pérez” Ariana Grande, “Wicked” Felicity Jones, “A Brutalista” Margaret Qualley, “A Substância” Isabella Rossellini, “Conclave” Zoe Saldaña, “Emilia Pérez”
Melhor desempenho de um ator masculino em um filme – musical ou comédia Jesse Eisenberg – “Uma dor real” Hugh Grant – “Herege” Gabriel LaBelle – “Sábado à Noite” Jesse Plemons – “Tipos de gentileza” Glen Powell – “Assassino de aluguel” Sebastian Stan – “Um Homem Diferente”
Melhor desempenho de uma atriz em um filme – musical ou comédia Amy Adams, “Cadela Noturna” Cynthia Erivo, “Perversa” Karla Sofía Gascón, “Emilia Pérez” Mikey Madison, “Anora” Demi Moore, “A Substância” Zendaya, “Desafiadores”
Melhor desempenho de um ator masculino em um filme – drama Adrien Brody, “O Brutalista” Timothée Chalamet, “Um completo desconhecido” Daniel Craig, “Queer” Colman Domingo, “Cante, cante” Ralph Fiennes, “Conclave” Sebastian Stan, “O Aprendiz”
Melhor desempenho de uma atriz em um filme – drama Pamela Anderson, “A Última Showgirl” Angelina Jolie, “Maria” Nicole Kidman, “Menina de Programa” Tilda Swinton, “O Quarto ao Lado” Fernanda Torres, “Eu Ainda Estou Aqui” Kate Winslet, “Lee”
Melhor diretor – filme Jacques Audiard – “Emília Pérez” Sean Baker – “Anora” Edward Berger – “Conclave” Brady Corbet – “O Brutalista” Coralie Fargeat – “A Substância” Payal Kapadia – “Tudo o que imaginamos como luz”
Melhor trilha sonora original – realização cinematográfica e de bilheteria “Alien: Rômulo” “Beetlejuice Beetlejuice” “Deadpool e Wolverine” “Gladiador 2” “Divertida Mente 2” “Retornados” “Malvado” “O Robô Selvagem”
Melhor filme – animação “Fluxo” “Divertida Mente 2” “Memórias de um Caracol” “Moana 2” “Wallace & Gromit: A Vingança Mais Aves” “O Robô Selvagem”
Melhor Trilha Sonora Original “Conclave” “O Brutalista” “O Robô Selvagem” “Emília Pérez” “Desafiadores” “Duna: Parte Dois”
ALERTA DE GATILHO – Shawn Carter, conhecido como Jay-Z, se posicionou publicamente após ser incluído em um processo que o acusa de ter abusado sexualmente de uma garota de 13 anos em 2000, durante uma festa pós-MTV Video Music Awards. As acusações foram anexadas ao processo federal originalmente movido contra Sean “Diddy” Combs no Distrito Sul de Nova York.
Jay-Z negou veementemente as alegações e direcionou críticas ao advogado da denunciante, Tony Buzbee. Em uma longa declaração divulgada no domingo, 8, o rapper e empresário classificou o caso como uma tentativa de extorsão e pediu que a denúncia fosse tratada como um caso criminal, e não civil.
“Essas alegações são tão hediondas por natureza que imploro que você registre uma queixa criminal, não civil!! Quem comete tal crime contra um menor deveria ser preso, você não concorda?”, declarou Carter. Jay-Z também questionou a conduta profissional de Buzbee, acusando-o de usar o caso para manipular a opinião pública e pressionar figuras públicas. “Fiz uma pequena pesquisa e parece que esse advogado tem um padrão desse tipo de teatralidade!”, afirmou.
O rapper destacou o impacto das acusações em sua vida pessoal, mencionando a necessidade de conversar com seus filhos sobre as alegações. “Minha esposa e eu teremos que sentar com nossos filhos, um dos quais está na idade em que seus amigos certamente verão a imprensa e farão perguntas sobre a natureza dessas alegações. Lamento mais uma perda de inocência. As crianças não deveriam ter que suportar isso”, desabafou.
Carter reiterou que nunca cometeu qualquer tipo de abuso e afirmou que “a verdade prevalecerá”. Ele também sugeriu que o caso é fruto de ganância e crueldade, enfatizando que não cederá à pressão.
“Você cometeu um erro terrível de julgamento pensando que todas as ‘celebridades’ são iguais. Nós protegemos as crianças. Temos códigos e honra muito rígidos”, disse Carter, referindo-se ao advogado e à estratégia legal adotada no processo.
O advogado Tony Buzbee rebateu as declarações de Jay-Z, afirmando que sua cliente nunca exigiu dinheiro do rapper e que sua única solicitação foi por uma mediação confidencial. “A alegação fala por si. Este é um assunto muito sério que será litigado no tribunal”, afirmou Buzbee, que também criticou a tentativa de Carter de descredibilizar a acusação.
Em postagens nas redes sociais, Buzbee escreveu: “Ela está encorajada. Estou muito orgulhoso de sua determinação.”
Além de Carter, o processo também acusa Sean “Diddy” Combs de tráfico sexual, extorsão e agressão sexual. Jay-Zfoi identificado no documento inicial como “Celebridade A” e só agora incluído nominalmente.
OBS.: Violência contra a mulher é crime! Se você está em situação de risco, ligue imediatamente para o 190. Para denunciar e buscar apoio, entre em contato com a Central de Atendimento à Mulher pelo número 180. Além disso, delegacias especializadas da mulher podem oferecer orientação e acolhimento. Lembre-se, você não está sozinha e há ajuda disponível 24 horas por dia.
Wicked, adaptação cinematográfica do musical homônimo dirigida por Jon M. Chu, está encantando o público pelas atuações, números musicais que têm sido amplamente elogiados, além de oferecer um espetáculo visual. O filme, que estreou no dia 21 de novembro, conta a história que antecede o clássico O Mágico de Oz (1939) e aborda questões como aceitação, amizade e transformação pessoal. Parte do encantamento também tem os figurinos como destaque, eles foram cuidadosamente concebidos pelo aclamado figurinista Paul Tazewell.
Com mais de três décadas de experiência, Tazewell é conhecido por sua habilidade de contar histórias por meio de roupas. Ao longo de sua carreira, ele criou figurinos icônicos, como os de Hamilton (que lhe rendeu um Tony Award) e West Side Story (indicação ao Oscar). Em Wicked, ele volta a colaborar com Cynthia Erivo, que interpreta Elphaba, e Ariana Grande, que dá vida à Glinda.
Cynthia Erivo no papel de Elphaba e Ariana Grande como Glinda – Foto: Reprodução
Os figurinos de Tazewell refletem o crescimento emocional das personagens ao longo da trama. “O que eu queria ilustrar durante todo esse processo era o arco emocional delas ao longo do tempo. Os looks que eu tinha em muitos dos meus esboços são, no geral, o que seguimos, mas houve algumas mudanças na maneira como as coisas parecem e se encaixam. Eu queria que elas usassem espartilhos para dar uma silhueta definida e sinalizar aquele visual da virada do século. Você também tem que levar em conta a personalidade e o estilo dessas duas. Por exemplo, Cynthia queria ter um salto em sua bota e fazer esse salto crescer conforme ela amadurecia no filme”, contou o estilista.
Em uma entrevista concedida para a revista norte-americana, Essence, Tazewell falou sobre como Cynthia Erivo também se preocupou em homenagear a cultura negra através do figurino de sua personagem: “Eu me identifico diretamente com a personagem Elphaba por causa da marginalização que está escrita na história. Nós vemos como ela é vilipendiada por causa da cor de sua pele verde. Ter essa conexão para mim alimentou como eu queria que Elphaba fosse representada. Então para Cynthia isso carrega através de como ela quer representar a cultura negra. É incrível ver esse crescimento e como ela se empodera em um sentido para desafiar as probabilidades ou desafiar a gravidade porque ela aceita completamente quem ela é”.
Cynthia Erivo no papel de Elphaba – Foto: Reprodução
“Grande parte de seu conjunto foi inspirado pela natureza, por causa de sua conexão e defesa dos animais. Além disso, usamos a natureza como uma forma de fundamentar seu visual, o que é um contraste em como seus poderes são usados”, destaca ao lembrar as inspirações para a criação do figurino da Bruxa Má d’Oeste.
Já Glinda, com seu estilo exuberante e inocente, é representada por trajes rosa inspirados na silhueta clássica de princesa das fadas. O “vestido bolha”, usado na chegada à Terra dos Munchkins, foi criado com tecidos leves e adornos que evocam delicadeza e leveza, uma assinatura do trabalho colaborativo entre Tazewell e a equipe de alfaiates.
O criador dos figurinos de Wicked ainda destaca sua paixão pelo trabalho e revelou que também explora suas conexões emocionais na criação de cada peça: “Tenho paixão por contar histórias por meio de roupas. Esse valor central alimenta todos os projetos em que trabalho. Sou influenciado pelos diretores e atores com quem colaboro. Trabalhando nessas produções, estou sempre interessado em explorar minha própria conexão visceral e emocional com cada peça e manifestar isso por meio dos looks que você vê no palco ou nos filmes”.
Adotado em 25 de junho de 1850, o Código Comercial equiparava a pessoa escravizada a semovente, a animais: “Art. 273. Não podem, porém, dar-se em penhor comercial escravos, nem semoventes.”
Esse dispositivo do Código Comercial atravessou todo o período republicano, tendo sido revogado somente em 2002, pelo novo Código Civil. Diz muito sobre o racismo no Brasil o fato de que até bem pouco tempo havia lei federal que qualificava os escravizados, e obviamente seus descendentes, como animais.
Protesto Movimento Negro Unificado em 1978 / Fonte: Memórias da DItadura
Não é só: a Constituição republicana de 1891 assegurava o direito ao voto mas excluía os analfabetos e mendigos: “Art. 70, § 2°.Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais, ou para as dos Estados: 1° Os mendigos; 2° Os analphabetos;”
Foto: Unsplash
Tendo em conta as leis que proibiam o acesso de escravizados à escola e o plano de embranquecimento do país implantado naquele período, não é difícil imaginar quem era analfabeto e mendigo no Brasil três anos depois da abolição.
Foto: Reprodução/Jornal Unicamp
O voto do eleitor analfabeto foi assegurado somente em 1985, com a Emenda Constitucional n. 25.
Mulher analfabeta mostra o dedo após votar, em 1986 – Foto: Orlando Brito
Ao mesmo tempo em que tratava ex-escravizado como gado e o excluía do direito de votar, a legislação republicana preocupava-se em assegurar e proteger a “pureza racial” da imigração europeia: Art. 121, § 6º. “A entrada de immigrantes no territorio nacional soffrerá as restricções necessárias á garantia da integração ethnica e capacidade physica e civil do immigrante… (Constituição de 1934).
Foto: Guilherme Gaensly (1843-1928) / Fundação Patrimônio da Energia de São Paulo / Memorial do Imigrante
A preocupação com a pureza racial, com a eugenia, passou a fazer parte inclusive do currículo escolar, conforme determinado pela Constituição de 1934: Art. 138. Incumbe á União, aos Estados e aos Municipios, nos termos das leis respectivas: b: estimular a educação eugenica;
Presidente Getúlio Vargas ao lado de Deputados em 1934
A despeito de todas essas leis (existem outras, algumas inclusive em vigor) há quem acredite que após a República o Brasil nunca teve leis racistas ou que a lei passou a tratar todos igualmente.
Foto: Reprodução/Freepik
Todos quem cara-pálida? Essa história de que nunca houve lei racista após a abolição lembra a infeliz invenção do tal racismo recreativo: certamente o racismo é bastante divertido para o racista. Para a vítima, racismo lembra dor, sofrimento e por vezes morte. Só sendo racista para associar racismo a diversão. Alguém aí aplaudiria a expressão “estupro recreativo”?
Foto: Reprodução/Freepik
Texto: Hédio Silva Jr., Advogado, Doutor em Direito, fundador do Jusracial e Coordenador do curso “Prática Jurídica em casos de Discriminação Racial e Religiosa”
Michelle Obama compartilha, mais uma vez, sua sabedoria e empatia com o público em seu novo livro, Superação: Um Livro de Exercícios. A obra interativa é uma continuação de Nossa luz interior: Superação em tempos incertos (2022) e oferece ferramentas práticas para lidar com os desafios da vida, desde mudanças inesperadas até momentos de perda e incertezas.
Em entrevista à revista Essence, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, falou sobre a motivação por trás do livro e compartilhou mensagens de esperança para mulheres negras, público que inspirou muitas de suas reflexões. “Você nunca está sozinha. Se você não está se sentindo bem, é provável que outras pessoas estejam no mesmo barco. Conectar-se com os outros faz bem, e eu prometo: isso ajuda”, declarou Michelle.
Para ela, a chave para enfrentar momentos difíceis está em começar pequeno. “Atividades concretas e finitas estabilizam nossas mentes e acalmam nossos corações. Pode ser tricotar, cozinhar ou simplesmente exercitar-se. O importante é tirar alguns minutos do dia para focar em algo seu”, explicou.
Michelle também destacou a importância de cultivar o bem-estar de forma holística, incluindo aspectos físicos, mentais e emocionais. Desde que deixou a Casa Branca, ela tem encontrado tempo para refletir sobre sua vida e priorizar momentos de qualidade com seus entes queridos. “Passar um tempo respirando e me conectando com as pessoas que amo me ajudou a ver minha história de forma mais clara”, disse.
Com Superação: Um Livro de Exercícios, Michelle espera ser uma guia para quem busca novas formas de superar os obstáculos da vida. “Quando se trata de mudança, todos podemos usar um copiloto — um amigo, um parceiro ou até um livro de exercícios. O importante é dar o primeiro passo.”
O livro ainda não tem data de lançamento agendada no Brasil.
Há um equívoco comum em pensar que a moda negra se resume a acessórios e roupas com estampas étnicas. Embora essas estampas possuam um valor cultural intangível e, na diáspora, representem de forma marcante o resgate da cultura africana que foi algo de insistentes tentativas de apagamento (que ainda perduram), elas são apenas uma das muitas expressões do design negro. Criadores negros têm ampliado os horizontes e impactado as percepções da moda com ideias inovadoras, que incluem referências do movimento afrofuturista, elementos das religiões de matriz africana e inspirações do cotidiano que se entrelaçam com a vida e a história das comunidades negras em diferentes lugares do mundo.
Se as estampas produzem o entendimento visual literal de que aquele produto tem ligação com África, ainda que exija um olhar mais apurado para entender seus diferentes significados, as releituras e novas criações de estilistas negros são um exemplo de como a moda afro vem crescendo. A designer nigeriana, Lisa Folawiyo, da marca Jewel by Lisa, que já vestiu Lupita N’yongo e Solange Knowles, traz em suas peças reinterpretações das estampas, utilizando tecidos africanos tradicionais com técnicas modernas de construção de vestuário.
Foto: Reprodução/Lisa Folaiywo
Ao trazer uma memória de infância, Folawiyo conta como a mãe vestia ela e os irmãos: “Ela era muito criteriosa [sobre] como todos os quatro filhos se apresentavam ao mundo em termos do que vestíamos e, inconscientemente, eu me tornei muito consciente das roupas, de como eu queria parecer. Além disso, minha mãe é de Trinidad e Tobago, e acho que isso [inspirou] meu amor por cores e estampas”, contou em uma entrevista concedida para a revista norte-americana Essence, ao lembrar de como a mãe a influenciou.
Foto: Reprodução/Instagram
No Brasil, Karla Batista, fundadora da Azulerde, marca de acessórios de moda, traz no DNA do seu negócio o design contemporâneo e já enfrentou dificuldades em ser vista como uma marca afro por suas peças não conterem representações do que se imagina que vem de África: “Acredito que ter um design mais contemporâneo é um deles. Enfrentei múltiplas dificuldades por não ser uma marca preta que utiliza elementos como búzios e estampas mais expressivas. Nesse processo de afirmação de marca, tive que fortalecer muito o branding para que todos pudessem entender a afro-contemporaneidade das minhas criações”, revelou.
Enquanto a Azulerde propõe um design afro-contemporâneo, marcas como a Santa Resistência, da estilista Mônica Sampaio, também são exemplos de como os elementos de culturas africanas tradicionais se misturam às novas referências de criação de moda e mostram que falar de África e de diáspora está além dos estereótipos. Na última edição do São Paulo Fashion Week, realizado em outubro, Sampaio apresentou sua coleção “Manifesto Ancestral”, que segundo o diretor Rodrigo França: “A coleção é um convite à reflexão sobre a moda como um espelho do passado e uma janela para o futuro, onde cada peça se torna um manifesto vivo, ecoando a força de um povo que transcende o tempo e o espaço”.
As inúmeras possibilidades de conceitos e ideias que podem ser criados tendo como referências a cultura e a técnologia de povos africanos, afrobrasileiros e outras diásporas é o que permite que criadores negros não sejam colocados em uma escala de segmentação limitada, e também é o que os estabelece como designers que estão moldando o futuro da moda negra.
Esse conteúdo é fruto de uma parceria entre Mundo Negro e Instituto C&A.
Dando sequência ao “Projeto Identidade”, Jorge Aragão lançou a faixa “Identidade Preta” em parceria com Emicida, nesta sexta-feira (6), nas plataformas digitais, acompanhado de um videoclipe no YouTube. A música reafirma o compromisso do sambista em ressignificar o samba, construindo pontes entre gerações e estilos ao unir forças com grandes nomes do rap nacional.
“Identidade Preta” destaca-se como um marco artístico, mesclando o lirismo incisivo de Emicida com a musicalidade inconfundível de Jorge Aragão. A canção celebra o protagonismo da arte negra ao exaltar temas como ancestralidade, memória e o orgulho racial. Com versos impactantes, como “Somos herança da memória / Temos a cor da noite / Filhos de todo açoite”, a música inspira reflexões sobre a construção da identidade e a resistência da população negra no Brasil.
“Prestigiados são aqueles que transformam a arte em luta. Fico feliz pelo que construí na música. Temos a cor da noite, somos filhos de todo açoite, mas seguimos criando novos caminhos, mais fortes e unidos”, reflete Jorge Aragão sobre o projeto, iniciado em 2023. Ele complementa: “O Projeto Identidade revisita nossas raízes, por meio de músicas que carregam histórias, enquanto dialoga com uma nova geração de artistas comprometidos com nossa causa.”
O “Projeto Identidade” já contou com colaborações de peso, como Djonga em “Respeita”, L7nnon em “Cotidiano Pixaim” e Xamã com “Sempre Eu e Você”.
A produção musical ficou a cargo de Keviin, responsável pelo Malibu Studios e vencedor do GRAMMY Latino 2024 na categoria “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa” pela produção de “Cachimbo da Paz 2”, de Gabriel O Pensador, Xamã e Lulu Santos.
Composto por regravações e músicas inéditas, o projeto reafirma a relevância do samba no diálogo com outros gêneros musicais. Para o Malibu Studios, que já possui um histórico de parcerias com Jorge Aragão, “Identidade Preta” simboliza um encontro especial e celebra a diversidade musical brasileira.
A cineasta baiana Urânia Munzanzu apresenta “Mulheres Negras em Rotas de Liberdade”, um documentário que celebra a ancestralidade, a liberdade e as lutas das mulheres negras brasileiras, em um diálogo profundo com suas raízes africanas. Com a participação de figuras comoSueli Carneiro, Conceição Evaristo, Erica Malunguinho, Luedji Luna, Mirtes Renata, Carla Akotirene e a própria diretora, a produção chega ao continente africano esta semana, embarcando em uma jornada pelas rotas históricas do tráfico de escravizados.
Foto: Alile Dara Onawale
As gravações do documentário acontecem em duas etapas: entre 25 de novembro e 19 de dezembro de 2024, e em março de 2025. Durante esse período, as protagonistas farão uma imersão em quatro países africanos — Senegal, Benin, Nigéria e Cabo Verde —, explorando histórias e perspectivas que colocam os corpos das mulheres negras como símbolos de resistência e transformação ao longo da diáspora africana.
Foto: Alile Dara Onawale
Um dos destaques da produção será o evento especial na Obafemi Awolowo University, em Ile-Ife, Nigéria, na próxima segunda-feira, 9 de dezembro. Conceição Evaristo e Sueli Carneiro se unirão a acadêmicos e representantes locais para uma palestra que abordará temas como identidade, ancestralidade e emancipação negra, fortalecendo os laços culturais e intelectuais entre Brasil e África.
Foto: Jeff Dias
Antes mesmo de seu lançamento, o documentário já se destacou em importantes festivais e laboratórios cinematográficos. No Brasil, foi finalista em eventos como o Minas Max, Nordeste Lab, FAM e CinePitching, além de vencer o laboratório DocSP. Internacionalmente, conquistou espaço no fundo de Gotemburgo, no Sunny Side of Docs 2021 e no laboratório AFROLATAM, do Miradas Doc.
Foto: Jeff Dias
Com o objetivo reconstituir as rotas históricas do tráfico transatlântico de escravizados, enquanto ressignifica as narrativas das mulheres negras no presente, o filme tem início no Brasil e parte rumo à África do Oeste, antigo Reino do Daomé, a famosa Costa do Ouro, fazendo um percurso que a Unesco instituiu nos anos 1980 como “Slave Routes” ou “Rotas dos Escravos” nos países Nigéria, Benin, Senegal e Cabo Verde. Portos onde o sistema escravagista há 300 anos atrás fez embarcar, nos Negreiros, cargas humanas que forçadamente construíram o que hoje chamamos de América. Para um corpo negro esta era uma “viagem sem volta”.
Foto: Jeff Dias
“Mulheres Negras em Rotas de Liberdade” é produzido pela Acarajé Filmes, em coprodução com Mulungu Realizações Culturais e produção associada de Cristina Naumovs e do escritor Laurentino Gomes.
No Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, às 9h, em Brasília, será lançado o livro ‘Como Não Ser Racista’ na última edição do evento Papos que Transformam, promovido pelo Sindilegis, em parceria com os comitês de equidade do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU), que ao longo do ano, promoveu outros debates sobre temas como etarismo, saúde mental, capacitismo e o impacto das redes sociais.
Para participar do evento, o público deverá fazer a inscrição para acompanhar presencialmente ou online. Entre os convidados especiais do evento estão Cristiane Sobral, autora do livro, e Toni Garrido, que assina o prefácio. A programação também inclui um debate sobre expressões e vivências negras, com a participação da advogada criminalista Fayda Belo, especialista em crimes de gênero.
O encerramento do encontro contará com uma visita guiada à exposição ‘Entre Linhas e Formas: A Arte e o Design no Brasil’, conduzida pelo artista Sanagê Cardoso. Em cartaz no Centro Cultural do TCU, a mostra reúne obras de 26 artistas visuais e 18 peças de designers modernistas, celebrando a diversidade da arte e do design brasileiros.
‘Como Não Ser Racista’ é uma continuação da série ‘Como Não Ser um Babaca’. A obra propõe reflexões profundas sobre atitudes, práticas e conceitos que perpetuam a exclusão social, incentivando letramento racial e autocrítica.
Como participar O evento será realizado presencialmente no anfiteatro do Instituto Serzedello Corrêa e contará com transmissão online. As inscrições já estão abertas!