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OMS mantém status de emergência global para mpox

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Foto: REUTERS/Jean Bizimana

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou nesta sexta-feira (22) que a mpox segue figurando como emergência em saúde pública de importância internacional. Em seu perfil na rede social X, ele destacou que a decisão foi tomada após reunião do comitê de emergência convocada para esta sexta-feira (22).

“Minha decisão baseia-se no número crescente e na contínua dispersão geográfica dos casos, nos desafios operacionais e na necessidade de montar e sustentar uma resposta coesa entre países e parceiros”, escreveu.

“Apelo aos países afetados para que intensifiquem suas respostas e para que a solidariedade da comunidade internacional nos ajude a acabar com os surtos”, concluiu Tedros.

Entenda

Em agosto, a OMS decretou que o cenário de mpox no continente africano constituía emergência em saúde pública de importância internacional em razão do risco de disseminação global e de uma potencial nova pandemia. Este é o mais alto nível de alerta da entidade.

Em coletiva de imprensa em Genebra à época, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que surtos de mpox vêm sendo reportados na República Democrática do Congo há mais de uma década e que as infecções têm aumentado ao longo dos últimos anos.

Em julho de 2022, a entidade havia decretado status de emergência global para a mpox em razão do surto da doença em diversos países.

A doença

A mpox é uma doença zoonótica viral. A transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados. Os sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.

As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas que secam e caem. O número de lesões pode variar de algumas a milhares. As erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e na planta dos pés, mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, nos olhos, nos órgãos genitais e no ânus.

Texto: Paula Laboissière/Agência Brasil*

Prefeitura de São Paulo cria ferramenta de atendimento on-line para denúncias contra homofobia e combate ao racismo

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A Secretaria de Participação e Parceria (SMPP), a Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads) e a Coordenação dos Assuntos da População Negra (CONE), em parceria com a Coordenadoria de Inclusão Digital (CID) disponibilizam a partir do dia 08 de novembro uma ferramenta de serviço à sociedade para o registro on-line de denúncias de combate à homofobia e crimes de racismo.

Como denúncias deverão ser feitos através do preenchimento do formulário disponível no site da SMPP (www.prefeitura.sp.gov.br/smpp). O acesso a essa ferramenta pode ser feito em todas as unidades de Telecentros de São Paulo.

A nova ferramenta visa facilitar o atendimento a esse público, para que assim o Poder Público possa agir coibindo atos discriminatórios contra a população negra e a população LGBT e também elaborar políticas públicas de proteção a esses grupos.

Ao fazer a denúncia, é preciso que especifique detalhes dos fatos ocorridos como: local, horário, pessoas envolvidas, o tipo de discriminação que ausidade e outras informações que julgaram relevantes. Todas as informações encaminhadas são sigilosas, nos termos da lei.

Atualmente, a SMPP disponibiliza esses serviços no Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia, localizado no Pateo do Colégio, 5 – 1º andar e no Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate ao Racismo, também, localizado no Pateo do Colégio, 5 – 2º andar.

Para a utilização dos Telecentros é necessário agendar um horário via telefone ou pessoalmente. Acesse o site do Telecentro e escolha uma unidade mais próxima de você.

Consuelo e Jarbas o casal mais encantador e charmoso da televisão

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Consuêlo (Belize Pombal) e Jarbas (Leandro Firmino).

Por Ivair Augusto Alves dos Santos

Consuelo, a personagem interpretada por Belize Pombal, na versão atual da novela Vale Tudo, é uma secretária na TCA e um esteio emocional para sua família. Vê-la é um deleite na novela de maior audiência da noite. Suas aparições são magistrais, ver a Telenovela é prazeroso e. se pudesse, gostaria que as cenas durassem o capítulo inteiro.Ela é casada com Jarbas (Leandro Firmino) e tem dois filhos: Daniela (Jéssica Marques) e André (Breno Ferreira).

Uma família negra em uma das novelas de maior audiência na teledramaturgia brasileira. Atores negros do passado, como Milton Gonçalves, Grande Otelo, Léa Garcia, Ruth de Souza, Zezé Motta e tantos outros, reivindicavam a existência de famílias negras. Uma conquista importante da luta do movimento negro e dos atores e atrizes negras.

A presença de Consuelo se destaca com charme e delicadeza de uma mulher fantástica, de uma mãe adorável e disciplinadora. O dia em que ela definiu que os filhos deveriam ajudar com recursos para manutenção da casa, foi um desses momentos memoráveis que todas as famílias celebraram. A educação financeira das famílias tem sido debatida com certa frequência nos meios de comunicação, mas nada como uma aula prática do que fazer e como realizar o orçamento familiar.

O casal Consuelo e Jarbas está no coração dos brasileiros.

Consuelo, mãe de família, escancara a sexualidade da mulher de meia idade. Muitos casais enfrentam o desafio de manter a intimidade e a sexualidade vivas e fortes, algo que pode ser dificultado pela rotina, pela falta de espaço e de energia. Consuelo e Jarbas trouxeram o tema com leveza e humor, sem perder a seriedade que o tema exige.

Ela soube tratar com encantamento a sexualidade de casais de meia idade e reivindicar a necessidade que os homens saiam da mesmice no relacionamento, invistam na relação com o mesmo empenho de quando eram namorados. Ela foi direta na conversa com Jarbas, seu marido. Que, com juras de amor, prometeu mudar. Quantos casais não se viram naquelas cenas e no diálogo amoroso!

Consuelo é uma mulher atenta à maneira como as mulheres negras devem se apresentar. É dela a sugestão para que Raquel, interpretada por Taís de Araújo, devesse ter um cuidado com o cabelo e as roupas. Ela está sempre impecável no trabalho. Uma profissional competentíssima, exemplar na eficiência e discrição. Seu desenvolvimento no trabalho como uma secretária de uma companhia da aviação é sinônimo de mulher negra que todos se orgulham.

Um casal que nos inspira e nos leva a pensar de forma crítica como nossas famílias poderiam ser melhores, se alguns problemas como educação financeira e sexualidade pudessem fazer parte de um diálogo respeitoso de duas pessoas que se amam.

Agosto é dos pais,mas também é tempo de falar sobre paternidades negras, cuidado e equidade

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Agosto é tradicionalmente marcado como o mês dos pais. Em geral, vemos campanhas publicitárias, homenagens escolares e ofertas comerciais de todos os tipos. Mas, para além do consumo, este também pode ser um mês de reflexão sobre o cuidado, as responsabilidades familiares e, principalmente, sobre os silêncios que ainda cercam as paternidades negras no Brasil.

Historicamente, os homens negros têm sido retratados de forma estigmatizada quando o assunto é paternidade: ausentes, irresponsáveis, violentos ou descomprometidos. Pouco se fala, no entanto, sobre o racismo estrutural e institucional que impede que esses homens exerçam plenamente o cuidado com seus filhos e filhas.

Pouco se discute também sobre políticas públicas que não reconhecem a diversidade das paternidades e a centralidade do cuidado como direito e prática transformadora.

É nesse contexto que o Instituto Mapear está elaborando o Novo Panorama sobre as Paternidades Negras no Brasil e a Equidade no Cuidado. Com lançamento previsto ainda para 2025, a publicação tem como objetivo lançar luz sobre as experiências reais de pais negros em diferentes territórios, denunciar barreiras históricas enfrentadas por eles e, ao mesmo tempo, afirmar as potências de uma paternidade baseada no afeto, na presença e na corresponsabilidade.

Atualizando e ampliando o primeiro relatório lançado em 2021, o Novo Panorama traz escuta territorializada, dados inéditos e propostas concretas para impulsionar políticas públicas que promovam o cuidado como um ato político, coletivo e antirracista.

Nos últimos anos, temos aprendido que não basta falar de paternidade de forma genérica. É preciso racializar esse debate. Os desafios enfrentados por um pai branco de classe média — e até mesmo por aqueles fora dessa classe — não são os mesmos enfrentados por um pai negro.

O racismo estrutural atravessa o exercício da paternidade em cada etapa: da gravidez ao pré-natal, da licença parental às interações escolares, do sistema de justiça à representação na mídia.

Reivindicar o direito de cuidar, para homens negros, é também reivindicar o direito à vida, à saúde, à liberdade e à dignidade. Por isso, precisamos valorizar, apoiar e dar visibilidade a essas trajetórias com políticas afirmativas, formação de profissionais, presença nos espaços de decisão e campanhas públicas que enfrentem o racismo e promovam a equidade.

Neste mês dos pais, é hora de reconhecer as múltiplas faces das paternidades negras no Brasil. Não como exceções, mas como protagonistas de uma transformação social profunda e necessária.

O Novo Panorama chega justamente para fortalecer essa virada de chave: da invisibilidade à potência, da ausência imposta à presença real, da exclusão ao cuidado como direito inalienável.

“Muitos homens negros sequer chegam a envelhecer”: o alerta de Alexandre da Silva, Secretário Nacional da Pessoa Idosa

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Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

“Muitos homens negros sequer chegam a envelhecer.” A frase é de Alexandre da Silva, Secretário Nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, especialista em envelhecimento e doutor em Saúde Pública. Em uma reflexão publicada em suas redes, ele revela o que os números confirmam e o país insiste em ignorar: o envelhecimento da população negra brasileira acontece sob o peso da desigualdade racial, da precarização histórica do trabalho e da ausência de políticas públicas estruturantes.

“Homens negros enfrentam uma das mais baixas expectativas de vida do país. Muitos sequer chegam a envelhecer, a chegar aos 60 anos”, escreve. Aqueles que ultrapassam essa marca carregam o corpo e a mente marcados por doenças crônicas não diagnosticadas, abandono médico e violência estrutural. Segundo dados do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), entre 2010 e 2019, homens negros viveram, em média, 5,9 anos a menos do que homens brancos. E isso não é uma coincidência: é reflexo de um projeto histórico de exclusão.

A velhice também é um marcador de gênero e classe. Alexandre chama atenção para as mulheres negras idosas, muitas delas “maioria entre as trabalhadoras domésticas aposentadas”, com “contribuições previdenciárias instáveis, aposentadorias de um salário mínimo e sem acesso pleno à saúde pública”. Ao longo da vida, essas mulheres sustentaram lares e famílias, quase sempre à margem do sistema previdenciário e invisíveis aos olhos do Estado.

Esse processo é agravado pela territorialidade. “Pessoas negras que vivem em territórios periféricos sofrem com a exclusão dos serviços públicos, a insuficiência das políticas habitacionais e a presença exacerbada da violência urbana, que afeta direta e indiretamente a população idosa.” O direito à cidade, à saúde e à segurança é sistematicamente negado a essas pessoas, que chegam à terceira idade com pouca rede de apoio, renda instável e escasso acesso a cuidados especializados.

E como se não bastasse o racismo estrutural, essas pessoas ainda enfrentam outro tipo de violência simbólica. “Enfrentam o idadismo somado ao racismo, um duplo apagamento que exclui, silencia e invisibiliza.” A velhice negra é atravessada por camadas de abandono  do mercado, da mídia, das políticas públicas e da sociedade em geral.

“Envelhecer com dignidade é um direito de todas as pessoas”, defende Alexandre. “Mas é preciso reconhecer que, para isso se tornar realidade, é necessário combater as desigualdades raciais com ações concretas, reparatórias e estruturantes.” Não basta reconhecer o problema  é preciso agir com intenção, orçamento e prioridade.

Na conclusão de sua análise, ele propõe um caminho claro: “Valorizar o envelhecimento da população negra é romper com o ciclo da exclusão, e construir um futuro mais justo, onde todas as vidas importam em todas as idades.”

Cantora, chef e fazendeira: Kelis troca os EUA pela África para criar filhos e cultivar legado

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Em um mundo onde a imagem de sucesso ainda é muitas vezes moldada por fórmulas prontas, Kelis cria o próprio caminho com multiplicidade, profundidade e ancestralidade. Cantora premiada, chef formada pelo Le Cordon Bleu e agora também fazendeira no Quênia, ela escolheu deixar os Estados Unidos não por fuga, mas por construção. Após anos entre os bastidores da música e as cozinhas autorais, a artista decidiu que era hora de plantar outra coisa: um futuro mais alinhado com seus valores, e um legado que seus filhos pudessem viver com os pés na terra.

Essa decisão ganhou força após um período de perdas e redirecionamentos. Em 2022, ela enfrentou a morte de seu marido, Mike Mora, vítima de um câncer no estômago. O luto não a paralisou. Ele a transformou. Foi na dor que ela reencontrou o essencial. “Se eu não estiver bem, meus filhos não vão estar bem”, disse em entrevista à People. E foi nesse reencontro com o autocuidado e o tempo presente que ela decidiu construir uma nova vida. Primeiro, afastou-se de tudo o que a estressava. Depois, mergulhou de vez no propósito de viver com autonomia, alimentar a própria família e educar seus filhos de forma mais conectada com a natureza.

Kelis já havia experimentado esse estilo de vida em sua fazenda na Califórnia. Mas foi na África que sentiu pertencimento. Ela comprou 150 acres de terra em Naivasha, no Quênia, com planos de expandir para 300 acres e criar um modelo de sustentabilidade local. Ali, cultiva produtos naturais, planeja experiências turísticas conscientes e utiliza até 95% de recursos locais para gerar renda na comunidade. É a agricultura como forma de reescrever o que significa sucesso com autonomia, criatividade e ancestralidade.

Em suas palavras, “como mulher negra, eu não vejo os Estados Unidos como um lugar que me permite crescer e investir com liberdade”. E essa percepção não é isolada. Kelis se une a um número crescente de afro-americanos que têm optado por fazer o caminho inverso. Sair dos Estados Unidos e reencontrar, na África, um senso de pertencimento, identidade e futuro. Esse movimento, que já é chamado de migração reversa, tem crescido entre famílias negras que desejam criar filhos fora do modelo acelerado, isolado e racialmente exaustivo das grandes cidades norte-americanas.

A maternidade também é um eixo central dessa escolha. Mãe de três — Knight, Shepherd e Galilee — Kelis faz questão de envolver os filhos em tarefas da fazenda e na rotina sem telas. Para ela, é essencial que meninos negros cresçam com consciência alimentar, respeito pelo meio ambiente e autoestima cultural. Tudo isso faz parte do seu legado. É sobre criar raízes onde antes havia deslocamento. Sobre transformar luto em ação. E sobre ensinar que liberdade também pode nascer do cuidado.

Mais do que uma artista versátil, Kelis se tornou símbolo de reinvenção com propósito. Sua história é um lembrete de que existe vida além da indústria, além dos centros, além das fórmulas. Existe vida onde há escolha consciente, onde há comunidade e onde há terra. E é ali, no solo fértil do continente africano, que ela está cultivando um novo tipo de sucesso, feito de autonomia, afeto e permanência.

Rap Burguer completa 8 anos celebrando cultura hip-hop e excelência negra na gastronomia em SP

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Foto: Divulgação/Rap Burguer

A Rap Burguer, hamburgueria que transformou a cena gastronômica ao unir um cardápio de qualidade e valorização da cultura hip-hop, completa 8 anos de trajetória neste mês de agosto. Fundada em 2017 por Fernando Cândido, formado na área de tecnologia da informação, e a nutricionista Nabyrie Francelino, o espaço nasceu com o propósito de oferecer mais do que refeições: um ponto de encontro para a juventude periférica e preta, com identidade e representatividade.

Comandado por quem entende da cultura urbana, o negócio virou referência ao trazer um espaço com trilha sonora com clássicos do rap, nomes de lanches inspirados em rappers icônicos, além de decoração que homenageia o movimento e seu legado.

Foto: Divulgação/Rap Burguer

O modelo de negócio rapidamente se tornou um grande sucesso e conquistou clientes fiéis. Em 2021, a Rap Burguer já comemorava um marco expressivo de R$ 1,5 milhão em faturamento.

Em 2019, a Rap Burguer foi eleita a 4ª melhor hamburgueria da Grande São Paulo, no ranking popular do Guia do Hamburguer, onde 500 estabelecimentos foram avaliados.

Oito anos depois da inauguração, o espaço continua sendo uma referência gastronômica e de excelência negra. Veja o Instagram @rapburguer para acompanhar as novidades da celebração de aniversário neste mês.

Rap Burguer
Endereço: R. Augusta, 552 – Consolação, São Paulo
Horário de Atendimento
Seg, Ter, Qua, Quinta: 18h às 23h
Sexta: 18h às 04h da madrugada
Sábado: 13h às 04h da madrugada
Domingo: 15h às 23h

‘A Melhor Mãe do Mundo’ traz narrativa humanizada sobre o realismo da violência doméstica e a busca por um recomeço

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Seu Jorge e Shirley Cruz (Crédito: Galeria+)

Há poucos dias, vimos imagens chocantes de um homem agredindo sua companheira com 61 socos dentro de um elevador. Mesmo com leis, debates públicos e discussões televisionadas, ainda não tem sido suficiente para coibir a violência doméstica. Segundo dados oficiais, mulheres negras com filhos menores de idade representam a maioria das vítimas no Brasil.

Mas, apesar de toda essa estrutura de vulnerabilidade construída pelo patriarcado e pelo racismo, seria possível que as vítimas recomeçassem suas vidas longe de seus agressores?

Quando assisti ao trailer de ‘A Melhor Mãe do Mundo’, chorei muito, imaginando as diversas possibilidades do que poderia dar certo ou errado para Gal (Shirley Cruz), uma catadora de materiais recicláveis que decide pegar seus dois filhos e fugir de casa após sofrer agressão do companheiro Leandro (Seu Jorge). Mas essa história é surpreendente, porque não é mais um filme centrado na exploração do sofrimento de uma mulher negra. É uma produção que revela as possibilidades de busca pela felicidade, apesar das dores.

Shirley Cruz, Rihanna Barbosa e Benin Ayo (Crédito: Galeria+)

Em entrevista ao Mundo Negro, Seu Jorge destacou seu desejo de que a figura materna seja respeitada na sociedade. “Espero que a reflexão siga em torno daquilo que a gente trata como sagrado, imaculado, que é a mãe e a maternidade. A mãe é um estado de fé”, disse à editora Halitane Rocha.

“Minha experiência me diz que a questão da equidade parental precisa de debate, partindo do ponto de vista do papel da mãe na sociedade. Quanto ela recebe de suporte social? Qual é o tamanho do apoio à mãe? Esse ser tão imaculado, tão sagrado, passa por todos os desafios na sua vida. Nos dias de hoje, nesse estado contemporâneo em que vivemos, a violência doméstica…”, refletiu, destacando a importância do Estado e da coletividade na proteção às mães.

Seu Jorge (Crédito: Galeria+)

A honra de uma mulher negra

Na trama, os filhos de Gal dão um show de beleza. Estão sempre bem vestidos, com os cabelos black armados, o que pode ser difícil de imaginar para quem consome produções audiovisuais que não respeitam essa realidade ou a profissão de catadora.

Para Shirley, a dignidade de sua personagem é o que mais a emociona. “A Gal é uma mulher muito honrada, como todas as mulheres negras são. Isso, para mim, é a coisa mais linda. Quando li esse roteiro, vi que era um roteiro de vitórias. Então, isso é o que mais chama a atenção, porque a dificuldade do audiovisual brasileiro é colocar pessoas negras em situações prósperas.”

A atriz destaca que, mesmo em situação de vulnerabilidade, isso não significa que pessoas negras não sejam fortes e honradas. “Tenho interesse que meu povo seja visto com força, com a capacidade de persistir na busca da felicidade e alcançá-la, se possível.”

Rihanna Barbosa e Benin Ayo (Crédito: Galeria+)

Segundo Shirley, ‘A Melhor Mãe do Mundo’ contribui para o ensinamento do respeito à sociedade. “Respeito à mãe negra, à mãe, à mulher — de qualquer classe social e raça. Mas essa [Gal] é preta. É solo, é periférica, não é de rua. Então, acho que é uma oportunidade muito linda, muito importante de honrar uma mulher negra, que vive o cotidiano.”

“Acho muito feliz a escolha de uma catadora que é completamente invisibilizada. Mais do que isso. Ou você não enxerga ou tem meio asco da mulher que ‘chafurda’ o lixo, mas o que ninguém sabe, o que ninguém viu e o que a gente mostra é que é um trabalho digno, que cata 70% aproximadamente do lixo da cidade de São Paulo, e que no final do expediente toma um banho e sai cheirosa, sai arrumada, sai penteada, vai buscar esses filhos, que também tem a roupa limpinha. Então, é uma alegria muito grande, com toda a dor que o filme não romantiza, mas com muita felicidade. Estou me sentindo honrada”, celebrou Shirley.

“Eu não queria expor a violência”

Amplamente aclamado em diversos festivais nacionais e internacionais, ’A Melhor Mãe do Mundo’ foi destaque inclusive no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara. Shirley Cruz venceu na categoria de Melhor Interpretação, enquanto a diretora e roteirista Anna Muylaert foi premiada com o Melhor Roteiro.

Anna Muylaert e Shirley Cruz (Crédito: Divulgação/Mundo Negro)

Pensar além dos estereótipos foi o grande desafio do filme, segundo Anna. “Acho que ele anda no fio da navalha em relação a tudo. Uma coisa eu tinha certeza, que eu queria honrar a personagem. Eu não queria expor a violência, mas também não podia esconder. Quer dizer, não tem nenhuma cena, mas está sempre ali. O filme também tem o lirismo que eu também não podia exagerar. Esse filme é uma culinária entre a dureza da vida e o lirismo possível”, explicou.

“O fato de ser uma personagem preta, retinta, também tem a ver com a minha admiração pela Shirley, pela minha confiança em todo mundo que está no filme. Eu acho que direção não é ser uma autoridade, direção é ser permeável a gira que ela própria montou. Então, acho que eu montei uma gira de pessoas muito sensíveis, a maioria preta no elenco, pessoas muito inteligentes, muito talentosas, e nós fomos juntos contar uma história”, destacou.

Além de Shirley Cruz e Seu Jorge, o filme também é estrelado por Luedji Luna, Dexter, Rejane Faria, Ayomi Domenica, Rihanna Barbosa, Benin, Katiuscia Canoro, entre outros. 

O longa estreia nos cinemas dia 7 de agosto. 

O que Obama revela sobre criar meninos em tempos de ausências e silêncios

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Foto: Reprodução/Instagram

No episódio de estreia do podcast IMO, apresentado por Michelle Obama e seu irmão Craig Robinson, o ex-presidente Barack Obama compartilhou reflexões marcantes sobre criação de meninos, afetos, paternidade e masculinidade. Em uma conversa íntima e potente, Obama expõe vivências pessoais e lança luz sobre o impacto da ausência paterna, o papel da comunidade e a urgência de reconstruir formas mais humanas de educar nossos meninos.

A infância sem um pai e a busca por referências afetivas

“Eu não conheci meu pai.” Com essa frase simples, Barack Obama abre uma janela sobre a própria história. Criado pela mãe, pelos avós e, mais tarde, por um padrasto “muito gentil”, ele conta que sua construção da masculinidade foi feita de forma fragmentada, juntando peças soltas ao longo da vida. Sem um modelo masculino direto, precisou “adotar modelos de comportamento” e “tentar entender o que significa ser um homem”.

Nesse processo, os livros se tornaram guias afetivos. “Livros me ensinaram muito sobre emoções”, diz Obama, revelando como desenvolveu um “vocabulário interno” para sentimentos, algo raro para meninos, ainda mais em contextos de ausência paterna e cobranças sociais por força e controle.

Apesar da falta do pai, ele reconhece que foi cercado por amor incondicional, algo que considera “um ponto de partida certo” para qualquer criança. Essa base afetiva foi determinante para que ele desenvolvesse autoconfiança. Ele narra um episódio aos 10 ou 11 anos, quando viajou sozinho e, ao chegar em Jacarta, descobriu que estava sem passaporte. “Eu não me lembro de ter me sentido assustado ou preocupado ou negligenciado; eu só me lembro de ter pensado: ‘Ok, como eu resolvo isso?’” Essa capacidade de se virar sozinho moldou sua noção de masculinidade, não pela dureza, mas pela responsabilidade emocional.

Foto: Reprodução/Instagram

A crítica ao modelo tradicional de masculinidade

Ao lado de Craig Robinson, Obama refletiu sobre os modelos masculinos de sua juventude: “caras eram fortes, não reclamavam, eram durões”. Craig descreveu o próprio pai como um homem “estoico”, com “senso de humor”, mas que não lavava a louça nem cozinhava. Os papéis de gênero eram rígidos e falar sobre sentimentos simplesmente não fazia parte da rotina.

Para Obama, esse silêncio emocional foi um erro geracional. “Todo estoicismo é externo… a proteção é toda externa”, afirma. A inteligência emocional, segundo ele, foi o que o salvou de repetir padrões. “Minha mãe falava muito comigo sobre como ela estava se sentindo e, por sua vez, eu podia conversar com ela sobre como eu estava me sentindo.” É esse tipo de escuta e nomeação emocional que ele considera essencial para formar meninos mais equilibrados.

“Essa inteligência emocional, prestar atenção em como as outras pessoas estão se sentindo e também prestar atenção em como você está se sentindo e ser capaz de descrever isso e lidar com essas coisas, essa é uma característica de ser um homem adulto”, resume.

Foto: Reprodução/Instagram

A ausência estrutural de homens e o papel da comunidade

Obama também discute as ausências que marcam a vida de tantos meninos: pais distantes, professores homens quase inexistentes, comunidades enfraquecidas. E destaca que a identidade masculina, por muito tempo associada à função de “provedor”, foi abalada por transformações sociais e econômicas. A desindustrialização, o desemprego e a exclusão social afetaram diretamente a autoestima e o lugar simbólico dos homens.

Diante disso, ele faz um alerta: “Um pai, por melhor que seja, não pode ser tudo. Meninos precisam de uma comunidade.” Ele reforça a importância de redes amplas e diversas, onde diferentes figuras masculinas possam oferecer exemplos positivos, não de poder, mas de cuidado, afeto e responsabilidade.

Foto: Reprodução/Instagram

Uma nova chance para os meninos e para a sociedade

Apesar das lacunas, Obama vê esperança na geração atual. “Os jovens estão mais abertos e reconhecem… muitas maneiras diferentes de ser um homem bom, forte, bem-sucedido e feliz.” Ele reconhece que houve um esforço intencional para fortalecer as meninas, e que isso foi positivo, mas admite: “não fomos tão dispostos, eu acho, a ser intencionais em investir nos meninos, e isso foi um erro”.

Ainda há tempo de corrigir esse desequilíbrio. “Se fizermos melhor pelos nossos meninos e produzirmos homens mais fortes e confiantes, isso será bom para nossas meninas e nossas mulheres também.” A fala de Obama não é apenas uma memória pessoal. É um convite coletivo. Um chamado para que a sociedade repense como cuida de seus meninos, especialmente os negros, e que tipo de masculinidade está incentivando a formar.

Criar meninos emocionalmente saudáveis, com múltiplas referências e redes de apoio reais, é mais do que um desafio individual. É uma construção coletiva que define o futuro e começa com as conversas que temos agora.

“Ela é branca?”: o caso Rebecca Crews e a regra de uma gota só

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Quando Terry Crews apareceu ao lado da esposa, Rebecca Crews, em uma trend nas redes sociais, a reação de boa parte do público foi de confusão. “Sempre achei que ela fosse branca!”, “Ela era preta?”, “É a luz ou é outra mulher?”. O susto virou viral — e revelou mais do que estética. Revelou o quanto, ainda hoje, aparência e raça seguem sendo confundidas.

A pergunta “ela é branca?” já havia sido feita anos atrás pela personagem Rochelle, em Todo Mundo Odeia o Chris. E continua ecoando porque ainda carregamos um legado racial que classifica as pessoas pela aparência e apaga as nuances da negritude, especialmente em pessoas de pele clara. Esse legado tem nome: a regra de uma gota só, ou “one-drop rule”.

Quem explica isso com profundidade é a pesquisadora, autora e educadora Dra. Yaba Blay, em uma conversa reveladora com a jornalista Jemele Hill no YouTube. “Raça não é natural. É uma invenção. E a única função da raça é sustentar o racismo”, afirma. Segundo ela, a regra surgiu como uma forma de manter a “pureza” branca e impedir que pessoas racialmente mistas tivessem direitos iguais. “Se você tivesse uma gota de sangue negro, você era negro. Não importava como você se parecesse. Você não era branco. E se você não era branco, você não era livre.”

Quem Determina Quem é Negro? Dra. Yaba Blay e a Regra da Uma Gota

A regra atravessava os documentos, a lei, o comportamento e até o olhar. Como lembra Blay, “é uma habilidade aprendida: nós fomos ensinados a ver aquela gota, a detectar sinais de negritude mesmo onde ela não é evidente. Isso é um legado da supremacia branca.”

E esse legado se desdobra em um fenômeno ainda pouco discutido com profundidade: o colorismo. A Dra. Blay explica que, apesar de muitas pessoas de pele clara serem classificadas como negras pela regra da gota, isso não significa que elas experienciam o racismo da mesma forma que pessoas negras de pele escura. Nem todas as pessoas negras são tratadas da mesma forma. A aparência importa. A cor da pele influencia a experiência. Isso é colorismo, e é real.

Ou seja: enquanto a regra de uma gota definia juridicamente quem era negro, o colorismo define socialmente quem sofre mais ou menos com o racismo.

Essa distinção é essencial para entender por que a imagem de Rebecca Crews — uma mulher negra de pele clara, que hoje aparece ainda mais clara — gera tanto desconforto ou negação da sua identidade. A branquitude, como explica Blay, não é só uma questão de ancestralidade, mas também de leitura social, de privilégio estético, de distância do estigma racial.

Um dos casos mais conhecidos foi o de Susie Guillory Phipps, que viveu como mulher branca até os 43 anos, até descobrir que era oficialmente classificada como “colorida” pelo Estado da Louisiana. Ela processou o governo — e perdeu. Isso mostra como a raça é uma construção política. Uma gota muda tudo, comenta Blay na entrevista.

Apesar da origem histórica da regra, a pergunta sobre quem é negro e quem não é continua atual. Com o surgimento de novos termos como birracial, misto ou geracionalmente misto, as novas gerações têm acesso a categorias que não existiam antes. Diante disso, Yaba Blay propõe uma reflexão: vamos continuar aceitando a regra de uma gota como critério para definir a negritude ou vamos construir nossas próprias definições? A discussão se manifesta em casos como o de Meghan Markle, cuja negritude era evidente para muitos na comunidade negra, mas não para outros, em parte influenciados por essas novas classificações identitárias.

No fim da entrevista, a autora provoca: “Vamos continuar aceitando a regra de uma gota como definição da negritude? Ou vamos definir quem somos por nós mesmos?” O desafio, segundo ela, é não apenas reivindicar a negritude em todas as suas formas, mas também reconhecer as desigualdades internas da própria comunidade, muitas delas alimentadas pela hierarquia da cor da pele.

Seu livro One Drop nasceu justamente para contar essas histórias complexas e diversas. Foi ignorado por editoras, que rejeitaram a proposta de publicar fotos coloridas de pessoas negras de pele clara. Ela então lançou uma campanha, arrecadou mais de 30 mil dólares em dois dias e publicou a obra por conta própria. Anos depois, viu o livro renascer em uma edição oficial, sem cortes, como ela sempre imaginou.

A discussão sobre quem é negro, quem parece negro e quem é lido como negro, ainda é urgente. Principalmente em tempos de estética pasteurizada e redes sociais, onde a imagem dita identidade e confunde pertencimento.

Lázaro Ramos grava nova temporada de “Espelho”, uma edição especial que celebra os 20 anos do programa

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Foto: Ana Paula Amorim

As gravações da nova temporada do programa “Espelho”, apresentado por Lázaro Ramos, começaram esta semana no Rio de Janeiro. Intitulada “Espelho – 20 Anos Depois”, a edição especial celebra duas décadas desde a estreia da atração no Canal Brasil, revisitando temas marcantes sob uma nova perspectiva.

Com estreia prevista para o primeiro semestre de 2026, os episódios vão reunir convidados que ajudam a construir reflexões sobre memória, identidade e representatividade. Entre os nomes confirmados estão os jornalistas Gilberto Porcidônio, Zileide Silva e Eliane Alves, a rapper Ebony, os atores Xamã, Tony Ramos e Andrea Beltrão,

Os episódios começam com um pensamento de Lázaro Ramos sobre o tema central. Serão abordados assuntos como imprensa e narrativas negras; infância e ancestralidade; a memória preta na música e no cinema, entre outros. Na sequência, a entrevista com até dois convidados será mesclada a trechos de episódios de temporadas anteriores que dialogam com o tema. 

Entre 2006 e 2021, “Espelho” contou com mais de 300 episódios durante 15 temporadas. Lázaro Ramos entrevistou personalidades como Fernanda Montenegro, Criolo, Glória Maria (1949-2023), Lewis Hamilton, Iza, Adriana Esteves, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, entre outros. Nas entrevistas, os convidados compartilham histórias e maneiras de ver o mundo, trazendo discussões sobre democracia, educação e cultura, sob a ótica da diversidade.

‘Um Dia Daqueles’, comédia estrelada por SZA e Keke Palmer, estreia na HBO Max em agosto

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Foto: Divulgação

O filme ‘Um Dia Daqueles‘, estrelado por Keke Palmer (Não! Não Olhe!) e SZA, estreia na plataforma da HBO Max no dia 22 de agosto. A aclamada comédia também conta Issa Rae (Insecure) como uma das produtoras.

Na trama, as melhores amigas e colegas de quarto, Dreux (Palmer) e Alyssa (SZA), veem sua rotina virar de cabeça para baixo quando descobrem que o namorado de Alyssa gastou todo o dinheiro do aluguel. Determinadas a evitar o despejo, as duas embarcam em uma corrida contra o tempo, enfrentando situações caóticas que colocam à prova não só a criatividade, mas também os laços da amizade.

O filme tem direção de Lawrence Lamont e roteiro de Syreeta Singleton (de Rap Sh!t). O elenco ainda conta com Lil Rel Howery, Janelle James, Maude Apatow e Katt Williams, reunindo alguns dos nomes mais promissores e celebrados da comédia atual.

O longo estreou nos Estados Unidos em janeiro e arrecadou mais de US$ 35 milhões nas bilheterias. Sucesso de crítica, “Um Dia Daqueles” conquistou 93% de aprovação no Rotten Tomatoes.

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