Griot Assessoria conta a história do povo preto através de resgate ancestral

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Griot Assessoria conta a história do povo preto através de resgate ancestral
Foto: Edmar Sodré

Nesta segunda-feira, 16 de novembro, chega ao mercado uma agência de Relações Públicas com foco em assessorar artistas, eventos e criadores de conteúdo negros. A partir de um resgate ancestral, a GRIOT Assessoria propõem perpetuar por meio da oralidade as histórias do povo preto por meio das mídias convencional e alternativa, e na internet. A especialidade da agência é trabalhar o posicionamento e a imagem com foco no empoderamento preto, e na Comunicação Integrada de acordo com os objetivos específicos de cada cliente. Os serviços que possibilitam essas estratégias são: assessoria de imprensa, social media, curadoria e consultoria estratégica. 

O nome GRIOT é uma menção aos contadores de histórias e perpetuadores da cultura africana, responsáveis por transmitir de forma oral todas as tradições, mitos, ritos e canções ao longo das gerações. Países como Mauritânia, Guiné, Moçambique, Congo e Mali, possuem essa tradição. Estes griots na contemporaneidade, são comunicadores, escritores, poetas, artistas, terapeutas holísticas, filósofas, entre outros, que mantém vivos o legado das filosofia e cultura africanas no continente de origem e pela diáspora.

A GRIOT é fundada por Cristhiane Faria, comunicadora social que iniciou sua carreira em Relações Públicas nos segmentos de tecnologia, empreendedorismo e beleza, conta que a GRIOT é fruto da união da consciência racial com a definição de propósitos para o trabalho. “Antigamente eu trabalhava apenas em troca de um salário e benefícios, o que é a realidade de grande parcela da população negra. Porém, a maioria não tem o mesmo acesso que eu tive para ocupar e se apropriar de determinados espaços. Por isso, com o amadurecimento pessoal e mais consciência social, e sobretudo racial e de gênero, entendi que poderia usar destes privilégios para me alimentar de trabalhos com propósito. E para além disso, retornar à comunidade negra estes conhecimentos e experiências adquiridas na minha trajetória enquanto profissional de Comunicação que pôde vivenciar diferentes segmentos e formatos de empresas no mercado de trabalho”, declara Cristhiane. 

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A recém-afroempreendedora também questionou a falta de Assessorias de Comunicação lideradas por mulheres negras no mercado, e principalmente nas áreas de cultura e empreendedorismo. “Comecei a fazer um levantamento de indicações e percebi que entre artistas, produtores, ativistas, empreendedoras e criadores de conteúdo, o conhecimento de profissionais de Assessoria de Comunicação negras era escasso. E com isso, muitas personalidades negras que possuem discurso ativista e antirracista, trabalham com equipes de Comunicação não-negras”, pontua a fundadora da GRIOT. 

Sobre a GRIOT Assessoria:

Agência de Relações Públicas especializada em contar histórias de artistas, eventos e criadores de conteúdo negros. A GRIOT – assim como a tradição em África – tem como propósito perpetuar pela oralidade essas histórias para a mídia e na internet. Os serviços prestados são de Assessoria de Imprensa, Social Media, Curadoria e Consultoria Estratégica. É o Afrofuturismo em ação! É fundada por Cristhiane Faria, que iniciou sua trajetória no meio cultural e de influência digital em 2018, como Relações Públicas do selo musical MGoma, dirigido pelo MC e produtor musical Rincon Sapiência. Atualmente, tem em seu casting as cantoras Indy Naíse e Gabriellê, os cantores Dois Africanos e Leonardo Alan, as plataformas artísticas e culturais Academia Dancehall e Academia do Funk; os Festivais Periferia Preta e Encontro das Pretas; a plataforma de conteúdo Influência Negra e a plataforma de saúde holística afrekana Kiumbe.ixi. 

Em conversa com o Mundo Negro, a fundadora falou sobre a importância de uma agência preta no mercado e o papel da Griot Assessoria na luta antirracista:

MUNDO NEGRO:

Você falou sobre a baixa representatividade de mulheres negras à frente de Assessorias de Comunicação, pode falar um pouco sobre a importância da Griot nesse sentido?

Cristhiane Faria (Fundadora da GRIOT):
Sabemos que enquanto mulheres e negras as oportunidades quase nunca nos são oferecidas. Atualmente, vemos um maior movimento e presença de lideranças femininas negras no mercado de trabalho, seja dentro de empresas ou à frente de seus próprios negócios. Entretanto, assim como muito se tem noticiado sobre a baixa representatividade negra na publicidade, esse índice se reflete nas demais áreas, como Relações Públicas, Assessoria de Imprensa, Jornalismo, entre outras. Ou seja, temos um domínio da branquitude num lugar que diz respeito às nossas próprias vozes, identidades e posicionamento. Por isso, entendo a importância da GRIOT não só quanto mais uma referência dentre as poucas que temos, mas também de posicionar no mercado e principalmente nessa sociedade pós-George Floyd, que nós mulheres negras estamos resgatando e perpetuando nossa cultural ancestral do matriarcado e da gestão de comunidades, a exemplo das organizações quilombolas.

Mundo Negro: Em sua visão qual é a necessidade e importância de pessoas pretas serem assessoradas por uma agência preta?

Essa é uma questão que se desdobra em várias outras. A começar por todos os esforços em políticas afirmativas para aumento do ingresso de pessoas negras nas universidades, passando pela ínfima presença de negros nas agências, pela representatividade negra na mídia, até chegarmos ao movimento blackmoney e à consciência antirracista. O objetivo da GRIOT é de perpassar por todas essas questões, e principalmente fazer valer a produção de projetos e estratégias de Comunicação centradas no antirracismo. Cada vez mais profissionais negros da Comunicação e dos Negócios, têm sido procurados por marcas para consultorias e curadorias, pois estas compreenderam a necessidade de não tentarem compreender algo que não possuem vivência para tanto. Somente uma pessoa negra irá conseguir identificar determinadas oportunidades valiosas para a carreira de uma pessoa negra, valorar na mídia suas conquistas individuais que se projetam no coletivo, e consequentemente também evitar pautas e projetos que não condizem com nossas perspectivas.

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