Um estudo realizado na Califórnia, nos Estados Unidos, e publicado no mês passado pelo National Bureau of Economic Research, revelou que os bebês filhos de mães negras com alto poder aquisitivo têm menos chances de sobreviver um ano após o parto do que os filhos de mulheres brancas pobres. Foram acompanhados dois milhões de nascimentos no estado americano. O estudo está sendo visto como inovador por ser o primeiro com essa dimensão a mostrar como o risco no parto pode variar de acordo com a raça e a renda dos pais, mostrando também que as famílias negras, não importa qual seu poder econômico, também são as mais afetadas.
De acordo com uma reportagem publicada pelo The New York Times, o estudo contabilizou quase todas as crianças nascidas na Califórnia entre os anos de 2007 e 2016, além de cruzar dados de imposto de renda com os registros de nascimento, óbito e hospitalização, e reunir dados demográficos do Census Bureau e da Administração da Seguridade Social. Ao cruzar esses dados, os pesquisadores notaram que os bebês prematuros nascidos em famílias pobres têm maiores chances de falecer do que bebês que nascem em famílias ricas, exceto nos casos de mães e bebês negros.
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“Isso sugere que a lacuna bem documentada entre negros e brancos na saúde infantil e materna, muito discutida nos últimos anos, não é explicada apenas por diferenças nas circunstâncias econômicas”, ressaltou Maya Rossin-Slater, economista que estuda políticas de saúde em Stanford e é uma das autoras do estudo. “Isso sugere que é muito mais estrutural”, completou.
O estudo mostrou também que a taxa de mortalidade materna entre as mulheres negras com renda mais alta e as mulheres brancas pobres é semelhante, assim como a taxa de mortalidade infantil. Durante a pesquisa, foi identificado que os bebês nascidos de mulheres negras ricas tendiam a ter mais fatores de risco, como nascer em partos prematuros ou com baixo peso, um risco maior até do que nos bebês filhos de mulheres brancas pobres.
“Como uma criança negra, você começa com uma saúde pior, mesmo aqueles nascidos nessas famílias ricas”, disse Sarah Miller, economista da saúde da Universidade de Michigan, que também é uma das autoras desse estudo. Mães e bebês negros tiveram piores resultados do que aqueles que eram hispânicos, asiáticos ou brancos em todas as medidas de saúde que os pesquisadores analisaram: se os bebês nasceram prematuros ou abaixo do peso; se as mães tiveram problemas de saúde relacionados ao parto, como eclâmpsia ou sepse; e se os bebês e as mães morreram.
O estudo demonstra que mesmo com acesso a recursos financeiros, educacionais e com a mobilidade social, as mulheres negras continuam sendo vítimas de violências que estão ligadas à raça. O novo estudo demonstra que as disparidades não são explicadas por renda, idade, estado civil ou país de nascimento. Em vez disso, ao mostrar que mesmo mães e bebês negros ricos têm um risco de morte desproporcionalmente maior, os dados sugerem forças mais amplas em jogo na vida das mães negras, disse a professora Rossin-Slater.
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