O presidente Jair Messias Bolsonaro editou nesta terça-feira, 29 de junho, o decreto 10.732/2021, instituindo um comitê de gestão da Serra da Barriga, em Alagoas, o local que abriga o Parque Memorial Quilombo dos Palmares (onde era localizado o lendário Quilombo dos Palmares), foco de revolta dos negros escravizados que conseguiram fugir de seus algozes e eram liderados por Zumbi dos Palmares).
Quem vai liderar a elaboração de um plano de gestão na serra e entornos será Sérgio Camargo, atual presidente da Fundação Cultural Palmares. A equipe será formada por apoiadores do Governo Federal e um representante da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
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Segundo informações do colunista Jotabê, da revista Carta Capital ,os remanescentes das comunidades quilombolas da região (dois de matriz africana e capoeirista, além de dois moradores do município de União dos Palmares) poderão acompanhar as reuniões do tal comitê, mas não terão direito a voto.
Lembrando que Sérgio Camargo deixou claro qual a visão que tem de Zumbi e seu legado, xingando o líder de “filho da puta” e sem apresentar provas afirmando que Zumbi escravizava pretos. Em 2020, Camargo xingou o Movimento Negro de “escória maldita”. Entre suas declarações estapafúrdias a respeito do que entende sobre questões raciais, disse que o racismo no Brasil seria um “racismo nutella” em comparação com o racismo sofrido por negros nos Estados Unidos.
Sérgio Camargo foi instrumentalizado pelo governo de extrema-direita de Bolsonaro para destruir anos de avanços nas questões de raça e reconhecimento de grandes vultos negros da história brasileira. Camargo já exaltou a Princesa Isabel como a verdadeira heroína da abolição da escravidão, mito que tem sido descontruído por fartos registros históricos. Ao colocar um negro reacionário para tratar do legado de Zumbi dos Palmares, o Governo Bolsonaro tripudia da luta pela manutenção das comunidades quilombolas. O presidente da Fundação tem servido de escudo para sepultar a imagem de Zumbi e de outras figuras negras. Caso haja discordância na condução das decisões do governo em relação à preservação da cultura negra, é só dizer que nenhum ato tem fundo racista já que quem está capitaneando as ações é um homem preto.
Um desserviço para toda a população afro-brasileira que vem desconstruindo mitos em relação aos supostos salvadores brancos.
A Serra da Barriga é registrada como patrimônio histórico cultural do Mercosul desde 2017.
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