Por Alexon Fernandes
O estudo feito pela Central de Estágios que mostra um aumento de 235% nas contratações de estagiários negros, entre 2018 e 2021, é sem dúvida uma notícia muito boa. Principalmente, se considerarmos que, segundo o levantamento, as áreas que mais contrataram foram finanças, engenharia, atendimento ao cliente, marketing e vendas. Áreas que historicamente têm baixíssima participação de negros. Entretanto, precisamos considerar alguns fatores.
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O primeiro deles é que, apesar do percentual ser expressivo, a base de comparação ainda é muito pequena. Estamos falando de um total de um pouco mais de 2.000 estagiários negros em atividade em 2021, mostrando em números absolutos que a quantidade de estudantes ou recém-graduados negros que têm acesso às vagas de estágio ainda é bem distante do razoável.
O levantamento também aponta que entre os pontos positivos estão a flexibilização de pré-requisitos como inglês e Excel, a criação de programas de capacitação, o estabelecimento de metas de diversidade e a sensibilização da liderança. O que explicita que projetos de diversidade são frutos de decisões estratégicas. Ao optar por captar talentos e treiná-los, ao invés de buscá-los “prontos”, empresas aumentam as oportunidades para que pessoas de grupos minorizados ingressem e progridam em suas trajetórias profissionais.
Fica evidente que a liderança tem papel fundamental. Afinal, a decisão de adotar modelos de recrutamento e seleção que valorizem características que são inatas aos candidatos – e não somente os conhecimentos de línguas estrangeiras ou de ferramentas de informática – é uma de uma ação estratégica. Da mesma forma, ter políticas internas bem definidas que permitam o treinamento de profissionais negros, potencializando suas habilidades, possibilita que os ambientes corporativos sejam mais diversos, dinâmicos e inovadores.
Por último, é necessário atenção especial ao modelo de divulgação de vagas. A comunicação deve ser atrativa e gerar conexão. Muitos RHs e áreas de comunicação insistem em modelos que não conversam com os profissionais negros. E aqui vai uma dica: contratar profissionais negros. Quanto mais diversidade nessas áreas, melhor.
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