Brasileira cria programa de apoio ao empreendedor imigrante em Portugal com foco em mulheres negras

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Brasileira cria programa de apoio ao empreendedor imigrante em Portugal com foco em mulheres negras
Foto: Reprodução

Empreender no Brasil é um grande desafio, principalmente para pessoas negras, mas esse desafio se torna ainda maior em Portugal. A empresária Vanessa Cavalcante, após encontrar racismo e xenofobia na sua trajetória de empreendedora no país europeu, decidiu apoiar e incentivar outros brasileiros a empreender para que não passem pela mesma situação. 

Como o pensamento de ajudar outros imigrantes empreendedores, principalmente mulheres pretas, ela decidiu criar o APDEI Programa de Apoio ao Empreendedor/Imigrante, uma assessoria direta para auxiliar imigrantes a se desenvolver culturalmente e socialmente. O programa será lançado digitalmente no mês de agosto.

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Esse programa, ele vem muito direcionado em especial às mulheres que empreendem, nós estamos fazendo uma capacitação e recepção de muitas mulheres que encontram naturalmente mais dificuldade para empreender, sobretudo fora do país, e com esse programa a gente consegue fornecer todo o aparato para se empreender nessa condição”, explicou a empresária.

Segundo Cavalcante, o Apdei visa “fornecer toda estrutura negocial, física, digital e até fiscal,  ao pequeno e médio empresário que deseja ou já está no processo de transição e expansão para Europa, iniciando por Portugal”. O programa também ajuda o empreendedor a criar um plano de negócio que faça sentido com seu negócio e que seja possível desenvolver no país.

O Apdei tem duração de três meses e custa 980€ mais IVA que pode ser parcelado durante o processo. Já para mulheres negras, há um desconto de 20% e o valor pode ser parcelado em até seis vezes para aquelas que assinarem no mês do lançamento digital, em agosto.

Antes de tomar a decisão de criar o programa, ela passou por experiências racistas e xenofóbicas que a motivaram a fazer a diferença. Vanessa Cavalcante conseguiu uma bolsa em um programa do governo português para montar seu empreendimento no país, o “Startup Visa”, onde empresas do país europeu subsidiam e ajudam na criação do seu projeto. Mas após ver que a empresa não tinha os mesmos valores que a dela, decidiu seguir com seu projeto por conta própria. Assim surgiu a A4 Assessoria, voltada para negócios e eventos, e a B-Work Space, uma coworking com endereço físico e digital para empreendedores em Portugal.

“Logo depois que meu projeto foi aprovado eu entendi o que estava a minha espera do outro lado não fazia sentido só pra mim, não era uma coisa que eu ia conseguir fazer sem pensar no processo que tudo isso ia demandar de mim como mulher preta”, disse a empresária.

Em uma das suas tristes experiências em Portugal, enquanto ela buscava um espaço físico para o B-Work, ela foi envergonhada e questionada se estava abrindo um espaço de prostituição, alegando que ela era uma “mulher bonita” e “falava super bem” e que anos atrás era comum “mulheres como ela” alugar o espaço com este propósito. 

“A gente sabe que sofre algumas agressões diárias nessa direção. A gente está sempre em minoria, isso é muito recorrente, e os olhares e as falas são ainda uma questão”, lamentou a empreendedora. “Ocupar um espaço no mundo dos negócios no nosso país é um desafio, mas ocupar um lugar no mundo dos negócios em Portugal, ou em qualquer outro lugar na europa, é uma resistência (…) é bem difícil.

Mas Vanessa não pensou em desistir e hoje é dona do seu próprio negócio. Ela continua expandindo sua agência de assessoria e seu próprio coworking, que já tem planos de ampliar para os outros países europeus. Ela também acredita que além do programa é preciso incentivar mais mulheres negras a continuarem seus sonhos e empreendimentos. 

“As mulheres empreendedoras pretas sempre tiveram muita vontade de atuarem em suas áreas, mas é muito mais comum do que se pensa elas desistirem muito antes de começar porque as dificuldades são maiores para nós. Mesmo você tendo muita qualificação, experiências, para nós é muito mais difícil”, disse a empreendedora.

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