Após repercussão negativa do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com apenas jornalistas brancos no Planalto, em Brasília, nesta sexta-feira (28), a Articulação pela Mídia Negra divulgou uma nota oficial, para “alertar em relação à exclusão dos jornalistas pertencentes aos grupos subrepresentados nas reuniões com profissionais de imprensa no governo”.

“Desde antes da nossa primeira reunião, ocorrida em Brasília no mês de julho com representantes da Secretaria de Comunicação do Governo Federal, Ministério da Igualdade Racial, Ministério das Comunicações, Ministério da Cultura, Ministério dos Direitos Humanos, e representantes da articulação, onde apresentamos um pacote de propostas de políticas públicas para a área de comunicação que visam promover a diversidade, equidade e inclusão, temos feito inúmeras solicitações para um encontro com o presidente Lula e o secretário de comunicação, Paulo Pimenta. Entre essas 59 propostas elaboradas por comunicadores, pesquisadores, veículos, coletivos, entidades e empresas lideradas por jornalistas negros de todo o Brasil, destacam-se a revisão das regras de verbas publicitárias e das concessões de TV, entre outras medidas essenciais”, inicia a declaração.

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“No entanto, com grande decepção, constatamos que uma reunião foi organizada pelo Governo Federal próximo ao mês de novembro, na qual mais uma vez os jornalistas dos grupos subrepresentados não foram convidados. Embora saibamos que é importante destacar o papel do mercado jornalístico no reforço a desigualdade no campo da comunicação, já que as principais redações do país são compostas por 84% de pessoas brancas (UERJ/gemaa), o Governo Lula também possui responsabilidade em suas decisões em relação à necessidade de abordagem do tema para melhorar a qualidade da informação e conter o avanço do discurso de ódio”, critica. “Essa falta de representatividade é inaceitável e constitui um retrocesso prejudicial para toda a sociedade brasileira”, completa.

A articulação também afirma que houve uma reunião com a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em abril. “Jornalistas já haviam sinalizado a necessidade do Governo inseri-los em seus cadastros para a cobertura de pautas e participação em eventos. Tal solicitação também foi repassada para a Secretaria de Comunicação (SECOM)”. Além disso, “havia também uma demanda para um seminário em que os comunicadores negros seriam recebidos pelo governo em comemoração ao mês de novembro, o que também não foi consolidado”, revela a nota.

O movimento ressalta a importância de haver inclusão, diversidade e igualdade na comunicação, mas lamenta que “essa realidade não está sendo levada em consideração pelo governo federal brasileiro”. “Reforçamos o compromisso da Articulação pela Mídia Negra em continuar lutando pela representatividade e inclusão nos espaços de comunicação, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e que a diversidade seja valorizada através da atuação direta na formulação e reformulação de politicas públicas de comunicação. Nós acreditamos que uma mídia verdadeiramente plural e inclusiva seja essencial para uma democracia saudável e progressista”, enfatiza.

Neste momento, em especial com a proximidade do Novembro Negro, a Articulação convoca o governo do Presidente Lula “a rever suas práticas e a garantir que futuras reuniões com jornalistas e comunicadores incorporem a diversidade necessária para refletir a sociedade brasileira em sua plenitude”. E conclui: “Estamos abertos ao diálogo e esperamos que nossas demandas sejam atendidas, pois somente através da inclusão e valorização dos comunicadores negros e de outros grupos subrepresentados poderemos construir uma sociedade mais igualitária e justa”.

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