O advogado Alexandre Marcondes foi vítima de uma abordagem racista da Polícia Militar no Alto da Lapa, bairro de alto padrão onde mora na Zona Oeste de São Paulo. Ele tinha acabado de sair de casa e caminhava para a padaria, na manhã de domingo, 2, quando um policial militar desceu de uma viatura gritando, com a arma apontada para o seu rosto. Marcondes obedeceu a ordem para pôr as mãos sobre a cabeça e virar-se de costas para ser revistado. Quando perguntou a razão da abordagem, pois achou que tinha havido algum assalto no bairro, o policial respondeu apenas que ele estava em atitude suspeita. A informação é do O Estado de São Paulo.
“Fiquei realmente com medo e nem lembro se era para colocar as mãos para cima ou para trás. Depois, eu disse que nunca tinha tido a experiência de ter uma arma apontada para o meu rosto e o policial disse que para tudo sempre tem uma primeira vez. Até me perguntou se eu preferia que fosse ele ou um bandido apontando a arma”, disse Alexandre.
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Depois de revistar Alexandre, o policial pediu os documentos de Alexandre e mudou de tom ao constatar que ele era advogado. “Depois que dei a minha carteira da OAB, ele mudou o tom e disse que eu estava em atitude suspeita porque viu um rapaz na frente e um casal de idosos atrás. Também considerou suspeito o fato de eu estar de máscara em ambiente aberto. No mesmo momento passaram duas mulheres de máscara e questionei se ele iria abordá-las também, mas ele respondeu que não. Eu sugeri então que o motivo da abordagem era minha cor e ele disse que eu estava sendo deselegante.”
Convencido de que se trata de um caso de racismo, Marcondes levou o caso à Corregedoria da PM e à Ordem dos Advogados do Brasil. Sei que moro em um bairro de classe média e experiências racistas são quase diárias (colocaram casca de banana na frente da casa da minha mãe, que mora em rua próxima), mas me deparar com uma arma apontada para o meu rosto foi assustador e fiquei pensando que minha filha poderia ter presenciado, já que a abordagem foi a menos de 50 metros de porta da minha casa”, contou.
Nesta terça-feira, 4, Tainá Nakamura, esposa de Alexandre que também é advogada, enviou a denúncia com pedido de apuração à Ouvidoria da Polícia Militar. “Sabemos que os policiais poderão abordar qualquer cidadão e revistá-lo quando verificar alguma atitude suspeita, o que não ocorreu no episódio relatado. A atitude suspeita do meu marido é ser um homem negro circulando em uma rua de classe média alta, com residências de alto padrão, não se adequando ao perfil do morador local”, escreveu.
A ouvidoria informou que o caso será apurado. O vídeo foi encaminhado para a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo e a Polícia Militar com questionamentos sobre a abordagem. A PM informou que analisa as imagens apresentadas pela reportagem e busca informações sobre as narrativas apresentadas pelo advogado Alexandre Marcondes.
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