Adalberto Neto: de jornalista e dramaturgo premiado a ator revelado durante a pandemia

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Adalberto Neto: de jornalista e dramaturgo premiado a ator revelado durante a pandemia
Foto: Divulgação.

De cara pintada de branco ou contracenando com a mãe, o influencer viu serem viralizados nas redes sociais seus vídeos feitos no confinamento doméstico.

Os vídeos nas redes sociais de Adalberto Neto são um sucesso! Graças a eles, o jornalista, dramaturgo e influencer ganhou dois prêmios muito importantes. Um foi o Prêmio Casa Rio Gerações na categoria Viral justamente por seu trabalho ativista nas redes sociais. Nesse prêmio, o nome dele esteve ao lado de outras personalidades negras relevantes, como Adilson dos Santos Júnior conhecido como AD Júnior; Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas (Cufa), que vem desempenhando papel fundamental no combate aos efeitos da pandemia na vida dos menos favorecidos; e Doutora Jaqueline Goes de Jesus, cientista que mapeou o genoma do coronavírus. Outro prêmio importante foi o Prêmio Nacional Igualdade do Instituto Nacaional Afro Origem do Amazonas (Inaô), que contempla pessoas que lutam por um mundo mais justo e igualitário.  

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Premiações como essas incentivam Adalberto Neto. “Mostram que estou no caminho certo. Muitas vezes, a gente desanima, porque lutar contra qualquer preconceito não é fácil. Tem muitos contras, como mensagens de ódio que recebo diariamente, fora que abordar certos assuntos nos provoca gatilhos. Mas são ações como essas que me fazem querer continuar”, pondera o influencer.

Quem segue Adalberto Neto nas redes sociais (@oadalbertoneto) já aprendeu que não existe racismo reverso. Ninguém é preterido para uma vaga de emprego ou morre por ser branco. Aliás, seguir Adalberto nas redes sociais é oportunidade para reflexões e aprendizados diários graças às suas postagens ironicamente divertidas. Postagens que ganharam frequência e relevância durante a pandemia, quando ele se viu confinado em casa com a mãe, dona Neide. Foi com ela o início de uma série de vídeos carregados de humor com subliminares mensagens sérias.

Se na prática do blackface – surgida nos EUA por volta de 1830 – atores brancos pintavam a cara de preto para ridicularizar pessoas negras para entretenimento dos brancos, Adalberto apostou no “humor reverso” e bombou nas redes sociais. Com a cara pintada de branco, o jornalista e dramaturgo virou humorista e influencer, usando de sarcasmo e ironia para satirizar situações atravessadas pelo racismo estrutural.

Seus vídeos viralizaram, e ele agora tem mais de 100 mil seguidores no Instagram, mais de 370 mil no TikTok (onde tem mais de 10 milhões de curtidas) e mais de 40 mil seguidores no Kwai. No total, são mais de 500 mil seguidores nas redes sociais. Tudo isso conquistado na pandemia. Entre esse meio de milhão de seguidores, estão famosos como Bruno Gagliasso, Fabrício Boliveira, Ingrid Guimarães, Samantha Schmütz, Ícaro Silva, Samara Filippo e Natália Dill, que já se declarou sua fã dizendo que aprende muito com os vídeos dele.

Despretensiosamente, Adalberto Neto começou a usar os vídeos para comentar o BBB, aproveitando o reality para fazer análises recorte de racial e também de situações machistas, homofóbicas, capacitistas, classistas, xenofóbicas, qualquer tipo de preconceito, mostrando que BBB pode ser mais do que apenas entretenimento.

Na mente e nas mãos de Adalberto Neto, o humor se transformou em ferramenta para combater o racismo e qualquer outro tipo de preconceito. Mas ele tem também outras ferramentas, como as palavras escritas. Jornalista por formação e dramaturgo por insistência, Adalberto escrevia peças desde os 18 anos (ele agora tem 41) e sonhava em ver seus textos nos palcos. Demorou um pouco, mas sua primeira peça montada – não a primeira escrita – foi um sucesso: de cara, Adalberto faturou o Prêmio Shell. Em 2021, o dramaturgo teve seu texto do espetáculo “Oboró – Masculinidades Negras” premiado na 32ª edição do Prêmio Shell de Teatro na categoria dramaturgia.

“Oboró – Masculinidades Negras”

O convite para escrever a peça partiu do diretor Rodrigo França, que pensava em uma obra totalmente nova. “Oboró” aborda, em dez contos únicos, as características dos homens negros por meio de 11 personagens com personalidades distintas, mas cheias de ancestralidade.

No idioma yorubá, “Oborós” significa “orixás masculinos”. A obra, então, traz a religiosidade negra para retratar as mais diversas personalidades encontradas no homem negro. A ideia de implementar as características de orixás veio do diretor da peça, Rodrigo França, com o intuito de interligar cada personagem com a ancestralidade e mostrar as singularidades de cada homem negro.

“Vimos a necessidade de falar sobre esse tema porque o homem negro é diariamente julgado sob uma ótica racista que afirma que ‘precisamos ser fortes, aguentar o tranco’ simplesmente por sermos negros. E, ao nos reduzirem a isso, nossas singularidades e características próprias de cada um são ignoradas e estereotipadas, como se o homem negro fosse uma espécie de qualificação. Porém, somos múltiplos”, explica Adalberto Neto.

Além do Shell, Adalberto Neto recebeu, por “Oboró” outros prêmios como Ubuntu e Reconhecimento Popular.

Um pouco mais sobre Adalberto Neto

Nascido e criado na Penha, Adalberto foi criado pela mãe, dona Neide Monteiro, porque o pai morreu quando ele ainda era menino.

Formou-se em Comunicação Social – Jornalismo na Estácio de Sá em 2003 e trabalhou no jornal O Globo. No Canal Brasil, foi roteirista do programa “Espelho”, comandado por Lázaro Ramos nos especiais de 2020 – dos quais participaram personalidades como os já citados Silvio Almeida e Jaqueline Goes de Jesus, o campeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton, a pneumologista Margareth Dalcomo, o teólogo e ativista Ronilson Pacheco e o ator, apresentador, dançarino, ilustrador, ativista e ex-jogador de futebol americano Terry Crews, da série de TV norte-americana “Todo mundo odeia o Chris”.

A última temporada de “Espelho” foi em 2021, com roteiros de Adalberto Neto e participações da cantora e atriz Linn da Quebrada, que atualmente participa do BBB22 da TV Globo; o rapper e compositor Mano Brown, o cantor e compositor Léo Santana e a influenciadora digital, empresária, modelo e youtuber Camilla de Lucas, que participou da edição de 2021 do BBB.

O BBB, aliás, faz mesmo parte da vida de Adalberto. Em 2019, ele cuidou das redes sociais do ator, diretor e escritor Rodrigo França, um dos participantes do reality show. Depois da saída de Rodrigo do programa, ele e Adalberto escreveram juntos o livro “Confinamentos & Afins”, lançado pela Editora Agir. Em 2022, Adalberto foi convidado pelo portal UOL para ser comentarista do BBB.

Os quatro vídeos que Adalberto Neto fez para o Comedy Central, canal de televisão por assinatura brasileiro de humor, abriram portas para ele. Outra grande oportunidade que ele soube aproveitar foi para participar, durante a pandemia, da temporada de apresentações no projeto “Cena Agora Humor – O Riso como Antídoto”, do Itaú Cultural, do qual participaram também a humorista, dramaturga e atriz Thamirys Borsan e o ator de comédia stand up, séries e filmes Pedro Ottoni.

Atualmente, Adalberto Neto tem um espaço no Notícia Preta, toda sexta-feira, para postar os famosos vídeos em que aparece com a cara pintada de branco. Seus vídeos, realmente, viralizam com frequência. Já teve vídeos compartilhados por vários canais e perfis em redes sociais. Um deles foi parar na Mídia Ninja (perfil com 4,1 milhões de seguidores) e teve mais de um milhão de visualizações. Outros grandes perfis que compartilharam vídeos de Adalberto Neto são o TV Foco, que tem 600 mil seguidores, e o Portal POPline, com mais de 1,4 milhão de seguidores. A Afro TV também já compartilhou vídeos do influencer falando do nazismo, com mais de 300 mil visualizações.

E assim Adalberto Neto vai deixando sua marca por onde passa, em tudo o que faz, seja no jornalismo, no humor ou na dramaturgia.

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