Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.
Jana Janeiro, escolheu ser uma mulher negra que atua pela equidade. Acreditando que a educação transforma e empodera os sujeitos, ela vem reforçando as identidades negras pelos quilombos do Brasil. Formada em Turismo e pós-graduada em Gestão Cultural, ela atua como educadora transversal no Instituto Inhotim formando educadores e instigando esses a ter uma autonomia para além dos muros da escola.
Membro da equipe de pesquisa no campo do patrimônio e comunidades quilombolas, é gestora no projeto sociocultural Batuquenatividade, espaço onde desenvolve ações educativas que visa potencializar o território quilombola e suas tradições.
Notícias Relacionadas
Zileide Silva recebe primeiro Prêmio Glória Maria de Jornalismo na Câmara dos Deputados
Whoopi Goldberg lança rede global de esportes femininos e promete visibilidade inédita para atletas ao redor do mundo
Mundo Negro: Qual é a estrutura educacional, econômica e cultural dos quilombos hoje no país?
Sabe-se que estrutura formal de educação tantos nos quilombos quanto nos centros urbanos, possuem uma grade curricular engessada e não inclusiva. Mesmo sabendo da Lei 10.639/03 que entrou em vigor em 2003, tornando-se obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro- Brasileira, não garante um aprofundamento do mesmo. Na perspectiva da economia e cultura, posso falar diretamente sobre a comunidade quilombola mineira na qual estou ligada.
Economicamente essas comunidades vivem do trabalho agrícola como plantações de feijão, milho e verduras orgânicas, esses não conseguem viver usufruindo de cultura quilombola tão rica e forte. Grande parte destes procura emprego na sede do município ou nas áreas de mineração, turismo e comércio.
Mundo Negro – As ações afirmativas conseguem abarcar as necessidades das comunidades quilombolas, em especial quando se fala de educação e cultura? Quais os desafios deste modelo de educação?
Não. E por conta disto, tentamos através do projeto sociocultural Batuquenatividade, atuar pela educação através da música. Hoje acredito que ele abarca um leque maior de atividades educativas que permeiam as artes e a literatura e claro o crescimento compartilhado destas comunidades tão marcantes. Acreditamos que por meio das ações educativas não-formais promovemos a sensibilização dos participantes , valorizando as tradições e instigando a descoberta do mundo contemporâneo esse é o grande desafio.
Mundo Negro – Como seus projetos e atuação vem contribuindo para o fortalecimento e empoderamento destes?
Atuamos no incentivo e promoção da educação ambiental e artística, através de ações que abrangem para além dos muros da escola. Nosso empoderamento busca instigar os sujeitos envolvidos. Procuramos que pinceis e tintas podem sim, serem utilizados em suportes não tradicionais. Para nós, a arte pode estar nos muros e lixeiras, com fizemos no Rua Colorida apropriando dos espaços públicos. Em ações com o Pé de Lê, onde os livros são pendurados nas árvores e os participantes são incentivados a “colher” conhecimento.
O projeto hoje possui a Biblioteca Quilombê, espaço literário onde temos aproximadamente 100 exemplares de livros infantil, juvenil e adulto com a temática negra e/ou de autores negros, a comunidade pode ser re-conhecer nesse acervo literário. Acreditamos que o conhecimento transforma e dar poder de escolha e desperta a criatividade. Afinal, como diz Nelson Mandela “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
Notícias Recentes
Elisama Santos estreia na literatura infantil e ensina lições de coragem e amizade para os pequenos
Após exibições nos EUA, Antonio Pitanga apresenta o filme 'Malês' no Recôncavo Afro Festival