Ter um consultor ou consultora que se parece com você pode fazer uma grande diferença na hora de investir em uma viagem. Com 2 anos de existência, a Keep Travel , empresa da consultora internacional Tainara Rosa, já virou uma referência como agência de turismo. Ela fez cursos com o departamento de turismo Sul Africano para se tornar uma especialista na região.
A empresa mineira, que cobre o país por meio de um atendimento online, oferece opções cursos de idioma no exterior, inclusive na África do Sul, pacotes turísticos, câmbio, passagens aéreas, seguro viagem prezando por um atendimento personalizado.
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Nessa entrevista para o Mundo Negro, Tainara conta sua experiência no turismo como mulher negra e como isso reflete na hora de atender seus clientes negros.
“Qual negro que nunca entrou em uma agência com um destino em mente e quando se dá conta o agente está oferecendo um especial para Aparecida do Norte?! Problema nenhum em viajar para Aparecida do Norte desde que a pessoa queira, não porque simplesmente imaginam que não podemos ir para Cartagena, Zanzibar ou Salvador.”
Além de falar sobre o trabalho e racismo no turismo, Tainara dá dicas preciosas para quem quer conhecer o continente africano.
Mundo Negro – A experiência de viajar e explorar outros destinos pode ser diferente para quem tem a pele mais escura. Mesmo assim você sente que há um aumento de pessoas negras viajando? Como você lidou com questões raciais nas suas experiências pessoais com turismo.
Tainara Rosa: Nos Estados Unidos vemos que os negros são mais ativos no quesito viagem. No Brasil os negros estão descobrindo agora que viajar não é perda de tempo e sim investimento. E a cada dia vemos mais dos nossos desbravando fronteiras. Eu particularmente acredito que sofremos ou passamos muito mais por situações racistas no Brasil que em outros países. Essa é a minha experiência. Eu tive 2 situações que me impactaram mais, foi de um ex chefe da Romênia que declaradamente dizia não gostar de negros e com um rapaz brasileiro em um voo Canadá x Brasil, que achou que eu fosse americana e por eu não aceitar trocar de lugar com ele, disse para o amigo “Eu irei batendo nessa vaca preta até chegar no Brasil”. Se referindo a cotoveladas que iria dar durante todo o trajeto. Não nego que na hora causa um momento de congelamento, de pensar o que está acontecendo aqui? E logo em seguida eu tive que me impor para ele. Ser negro não é fácil em nenhum lugar do mundo. Mas independente de qualquer coisa eu sempre fui muito destemida e não deixo o racismo me impedir de conhecer novos lugares que eu tenha vontade.
Como a Keep Travel nasceu na sua vida. Ser empreendedora foi algo que veio por paixão ou necessidade?
R: A Keep com certeza é minha paixão, literalmente. É interessante porque vejo muitas empreendedoras que começaram por necessidade e foram crescendo com seus negócios. Eu fiz o caminho contrário. Criar a Keep Travel veio da vontade de fazer diferente. Eu queria fazer algo diferente, não queria mais aqueles atendimentos com pacotes engessados. Queria o atendimento com conexão. Eu queria vender intercambio para a África do Sul, vender um Intercâmbio de trabalho acessível ou montar um pacote personalizado para uma família de viajantes. E principalmente eu queria ver mais negros viajando e que quando me vissem saberiam que eles nunca seriam julgados pelo tom da pele antes de qualquer coisa. Qual negro que nunca entrou em uma agência com um destino em mente e quando se dá conta o agente está oferecendo um especial para Aparecida do Norte?! Problema nenhum em viajar para Aparecida do Norte desde que a pessoa queira, não porque simplesmente imaginam que não podemos ir para Cartagena, Zanzibar ou Salvador. Hoje da minha carteira de clientes em torno de 10% é composto por clientes da raça negra. Sonho com o dia que será no mínimo 50% a 50%. Ver mais dos meus viajando será lindo.
Você ama África do Sul. Como esse país mudou sua trajetória profissional e pessoal?
R: Eu realmente amo a África do Sul. Simplesmente porque é um país multicultural. Que agrada a todos os perfis de viajantes. Que transforma a todos que passam por aquele lugar. E para o viajante negro é uma sensação de pertencimento. Quando eu decidi que a África do Sul seria o meu foco principal de trabalho, eu fui me especializar. Fiz cursos com o departamento de turismo Sul Africano ,firmei parcerias com instituições com um histórico de trabalho impecável. Isso para que o viajante tivesse os melhores sempre. Hoje quando vejo a Keep Travel ser indicada quando o quesito é África do Sul ou o continente Africano enche meu coração de alegria. Pois quer dizer que estamos no caminho certo. São tantos planos e projetos, mas acredito que no primeiro semestre de 2021 estarei rumo a esse país que tanto amo e respeito, mas ainda não conheço pessoalmente. É um grande sonho!
Ainda sobre a África quais os maiores equívocos que se fala sobre esse continente, e qual país para você todo negro deveria conhecer e por quê?
R: Creio que o maior equívoco que sempre ouço é dizer África, como se tudo fosse um só país. Mas quando explico que são 54 países em todo o continente muitos se espantam. Quando falamos em África, é um continente onde a mídia focou em mostrar apenas a pobreza. Mas que tem países tão bem estruturados quanto na Europa. Se você me perguntasse hoje quais países eu indico para os negros conhecerem, são vários e eu poderia falar disso por horas. O primeiro país é Cabo Verde, a língua oficial é o português misturado com criolo. Para quem não domina o Inglês e quer se virar bem sozinho esse é o destino ideal. O custo para se conhecer o país é ótimo. O arquipélago é formado por 10 ilhas, sendo a principal a Ilha do Sal. Com praias maravilhosas de águas cristalinas. Tem o carnaval Caboverdiano super animado e que já foi comparado ao do Brasil. E claro provar o prato típico da região chamado Catchupa (carne,feijão e milho). O segundo país que recomendo é África do Sul. Além do histórico de luta dos negros contra o Apartheid, Terra de Nelson Mandela. A África do Sul é realmente muitos mundos em um. Tem atividades para todos os perfis de viajantes. Vai desde tribos africanas, atividades de aventura, as melhores praias, cachoeiras, canyon, berço da Humanidade, bung jumping, vinícolas,museus, barzinhos e baladas. A “Rainbow Nation” é formada por diversas culturas de uma recepção calorosa para os viajantes. Vale a pena conhecer.
Você ganhou o Troféu evidência no final do ano passado. Reconhecimento é algo motivador, não é mesmo? De que forma esse prêmio te motivou profissionalmente ?
Eu realmente não acreditei quando recebi o contato da organizadora do evento. Fiquei extremamente lisonjeada. A minha caminhada apenas começou e receber um reconhecimento desse porte é motivador. É motivação para fazer um trabalho ainda melhor. Buscar inovar e superar as expectativas dos clientes. Trabalhar em prol de construir um histórico de confiabilidade e credibilidade. E claro, buscar ser uma agência de viagens que é referência em todo Brasil.
https://www.instagram.com/p/B6Egs3spaeZ/
Você sabe dizer se a maioria dos seus clientes são brancos ou negros? Qual é o feedback que vc tem dos clientes negros, e quais os destinos preferidos da nossa comunidade?
Hoje em torno de 10 a 15% dos meus clientes são negros, a grande maioria dos clientes são brancos, mas o número de negros viajantes tem aumentado em 2020. Um feedback que eu recebi de um casal de clientes negros que me marcou muito foi : “Nós nunca tínhamos sido tão bem tratados por uma agência. Quando te pedimos o orçamento você simplesmente perguntou a data, qual o destino e enviou a proposta sem pestanejar. E realmente não estava no nosso orçamento e você foi alinhando até chegar no valor que conseguíamos pagar. Foi exatamente isso que nós fez fechar com você Tai. Você nos enxergou.” Isso eu (Tainara) estava na rua, li um depoimento desse, abri a boca a chorar. E eles ainda não foram viajar. Só viajam em outubro/2020. Eu realmente só tenho que agradecer aos meus clientes, é um retorno melhor que o outro. Eu recebi uma carta de uma mãe de uma intercambista, que as palavras dela foram tocantes demais. Falando sobre o carinho e cuidado que eu tive com a filha dela. Eu só choro nessas horas. Porque eu sinto por vezes que como empreendedora negra na área de intercâmbio e viagens, eu costumo ser preterida. Meu profissionalismo é colocado em cheque todo o tempo e não é fácil. Tenho que me mostrar altiva e destemida a todo o momento, ser “2x melhor” sempre. Não é fácil.
O destino mais procurado pela nossa comunidade é disparado África do Sul e depois Salvador. Mas África do Sul entra no quesito turismo e Intercâmbio.
Sobre o seu negócio, o que ele representa hoje para você.
A Keep Travel foi a decisão mais acertada da minha vida. Ser parte dos sonhos e de momentos tão importantes na vida dos meus viajantes não tem preço. Saber que de alguma forma estou fazendo a diferença na vida das pessoas é engrandecedor. Não é sobre ser a melhor a agência, é sobre saber que fiz o meu melhor, que dei o meu melhor sempre.
Para conhecer melhor o trabalho da agência acesse o site http://www.keeptravel.com.br/ ou ainda pelo Instagram :
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