Vidas negras importam ? Policiais que espancaram e mataram Luana há 5 anos, continuam impunes

0
Vidas negras importam ? Policiais que espancaram e mataram Luana há 5 anos, continuam impunes

Há 5 anos, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a jovem Luana Barbosa dos Reis de 34 anos, mulher negra, lésbica e periférica foi espancada por policiais após pedir direito de ser revistada por uma policial, mas os agentes André Donizete Camilo, Douglas Luiz de Paula e Fábio Donizete Pultz responderam ao apelo de forma brutal. As agressões ocorreram na frente de seu filho, então com 14 anos. Luana tentou se defender enquanto sua família e moradores do bairro tentaram intervir, mas a sessão de espancamento continuou, tendo como resultado a morte de Luana cinco dias depois (13 de abril), tendo como causas isquemia cerebral e traumatismo craniano decorrentes do espancamento.

Caso Luana: PMs acusados de espancamento e morte irão a júri popular em  Ribeirão Preto, SP | Ribeirão Preto e Franca | G1
Luana trabalhava como ajudante de um buffet (Imagem: Acervo da família)

A morte de Luana foi mais um capítulo do ciclo de violência perpetuado pelo racismo insitucional que abriga a corporação policial. Quando chegou à delegacia, a delegada julgou que Luana não estava machucada a ponto de precisar de socorro médico, apesar do rosto desfigurado pelos chutes, golpes de cassetetes e  socos que levou. A demora na prestação de apoio médico foi decisiva para a morte da jovem.

Notícias Relacionadas


Após a morte de Luana iniciou-se uma narrativa contada pela polícia, culpando a vítima pelo próprio óbito, mas o caso, enfim, será levado a júri popular.

Em 2020 saiu a decisão para que o caso Luana fosse à júri popular, e em um relato emocionante, a advogada do caso, Dina Alves, desabafou sobre sua luta por justiça, e das formas de como o Estado racializa os suspeitos do crime, homens brancos, héteros, casados e como em algumas audiências foram chamados de cidadão de bem. 

São 5 anos sem justiça e a ONU cobrou das autoridades brasileiras parecer sobre o caso, já que desde 2016 a organização tem acompanhado as investigações do que classificou como um “caso emblemático da prevalência e gravidade da violência racista, de gênero e lesbofóbica no Brasil”. A defesa dos policiais recorreu e o julgamento ainda não tem data para acontecer.

O absurdo deste caso me deixa, enquanto mulher negra, com medo. O simples fato de existir pode fazer com que eu seja alvo, mesmo sendo inocente. É inadmissível viver numa sociedade que estruturalmente está doente, é preciso que todos entendam ser necessário quebrar essa lógica, todas as vidas importam

O racismo reside nas instituições, sendo assim, além de estrutural, institucional. Os agentes armados do Estado agridem, matam, investigam e se inocentam. Quando o caso chega ao judiciário não há punição porque não é reconhecida as motivações raciais de violência contra mulheres e homens pretos. Se os responsáveis por torturar Luana forem condenados, teremos, ainda que tarde, um pouco de justiça.

Artigo escrito pela professora Jéssica Machado e o jornalista Aquiles Marchel Argolo.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display