*Por Lucas de Matos
Depois dos 4 anos na Universidade e vivenciando a rotina exaustiva de cidade grande, a publicitária Manoela Ramos decidiu que aquele modelo de vida não era o dela. No último semestre da graduação, foi convidada por uma amiga adepta ao estilo alternativo de viagens a passar 10 dias na Chapada dos Veadeiros (GO). Aquela conexão profunda com a natureza do lugar foi o insight que precisava: em 2016 botou a mochila nas costas, separou umas miçangas, e meteu o pé Brasil afora, conhecendo novas paisagens e se aprofundando em sua busca por autoconhecimento. A jornada de Manoela continua e já soma mais de 18 estados, tornando-se referência para muita gente, sobretudo mulheres negras que se identificaram com sua narrativa de independência e liberdade.
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Depois de um ano na estrada, a publicitária lançou o livro ‘Confissões de viajante (sem grana)’, buscando ganhar dinheiro para continuar sua lida, e usando a sua habilidade de escrita para contar sua própria história. E não é que a pretinha inspirou mesmo?! O livro já vendeu mais de 2 mil cópias físicas, está em sua segunda edição, figurou em listas de mais vendidos na Amazon, e Manoela já conta com mais de 20 mil seguidores em seu Instagram. Detalhe: o livro é produzido, escrito, revisado, editado e diagramado pela própria. O romance é mais que um diário de bordo; nele encontramos vários gatilhos sobre autoconhecimento, além de histórias sobre pessoas e lugares de um Brasil ainda não reconhecido. Seguem algumas dicas que a escritora viajante nos conta em seu diário de bordo:
1 – Mochila cheia? Caia fora!
“Quanto menos tiver para carregar, mais leve será a jornada”: Quem quer experimentar rodar o Brasil com a mochila nas costas, deve se lembrar que aquele item será uma extensão do seu corpo em muitos momentos da viagem. Já pensou fazer uma trilha de mais de 15 km com um peso desnecessário? Leve apenas o que for indispensável para o seu mínimo conforto e subsistência, e aproveite a jornada com menos peso e preocupações.
2 – Vivencie o lugar
“Descobri um estilo de vida muito interessante: sendo nativa em todos os lugares e não gastando quase nada”: Mais do que turistar e conhecer os pontos badalados, quando se chega em determinado destino interagindo e estreitando laços com a comunidade que já habita ali, você ganha uma maior confiança daquelas pessoas, e elas terminam te acolhendo. Além de visitar locais que só nativos sabem o acesso, você também aprende muito com as histórias e visões de mundo diferentes que eles possuem.
3 – Quer estender a temporada? Arregace as mangas
“Pra viajar “sem grana” você precisa diminuir dois gastos: passagem e hospedagem”: Tirar seu ID Jovem e pedir caronas podem ser boas alternativas para economizar com o seu translado. Quanto à hospedagem, a dica é entrar em aplicativos de “couchsurfing” onde pessoas oferecem “um sofá” para que você consiga um cantinho. Mas se quer estender a temporada, arranje algum serviço. Você pode trabalhar em hostels, restaurantes, nas feiras, vendendo algo nas praias, entre outros. Trabalhar também estreita os laços com os nativos, que passam a te enxergar como um deles, e não apenas como um turista.
4 – A vida é colaborativa
“Comportamento não natural é não colaborar”: Em cada lugar que for, procure uma comunidade de pessoas com as quais você se identifique. Além de ganhar afeto, essas pessoas podem te ajudar a dividir experiências e contas, e darem aquele suporte maroto. Afinal, os perrengues vão existir, e você precisará de uma ou mais mãos. Essa ideia rompe com a lógica da “babilônia”, atributo que Manoela usa para se referir aos grandes centros urbanos, onde imperam a competitividade e a individualidade. Um dos pontos altos do livro é quando a viajante partilha a experiência de uma comunidade de pessoas pretas no Chapada Diamantina, e como isso fez parte de um processo de cura coletiva.
5 – Desapegue do luxo consumista
“O luxo já é viver viajando”: Fazer reciclagem em feiras, dividir casa com pessoas, andar ao invés de pegar transporte para conhecer alguns cantos. Se você não faz o estilo viajante afortunado, essas são algumas alternativas para você continuar sua rota pelo Brasil. Mas lembre-se: quando estiver financeiramente mais livre, é justo usar sua grana para “charlar” um pouco e incentivar a economia local.
Gostou? Confira muitas outras dicas nas 136 páginas de profunda imersão nas viagens (externas e internas) de Manoela. Com uma narrativa simples, direta e perspicaz, ouso dizer que ‘Confissões de Viajante (sem grana)’ tem grande potencial para virar um best-seller. Talvez seja esse o gatilho que faltava para despertar suas viagens, para fora e para dentro.
‘Confissões de Viajante (sem grana)’
Manoela Ramos
2ª Edição (S/ editora. Publicação independente)
136 páginas
R$25 + R$15 frete (Venda no site)
*Lucas de Matos é soteropolitano, 24 anos, Comunicador com habilitação em Relações Públicas (UNEB) e Pós-Graduando em Comunicação e Diversidades Culturais (Faculdade 2 de Julho). É poeta e apreciador da literatura.
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