O Partido Socialista Brasileiro (PSB) desfiliou o vereador Camilo Cristófaro após fala racista vazar durante a CPI dos Aplicativos na Câmara Municipal de São Paulo, nesta terça-feira (3).
O processo já tinha sido aberto pelo vereador no final de abril. Mas com a fala, o partido aceitou a solicitação, mas diz que isso equivale a uma expulsão, decidido em comum acordo com as principais lideranças da legenda.
Notícias Relacionadas
Peça teatral de Torto Arado estreia em São Paulo no Dia da Consciência Negra
Filmes, séries e reality show com protagonismo negro para maratonar no feriado prolongado
“Como o processo de expulsão levaria mais tempo, com direito a contraditório e ampla defesa, o presidente estadual Jonas Donizette aceitou pedido de desligamento encaminhado pelo vereador no dia 28 de abril”, dizia um trecho do comunicado do PSB.
“A gente tomou essa decisão porque a reação foi muito forte. Temos uma negritude muito forte dentro do partido. O Márcio França [pré-candidato a governador] e a Tábata Amaral [presidente do diretório municipal do PSB] também falaram comigo sobre isso, foi um entendimento do partido como um todo”, disse Jonas Donizette, presidente estadual do PSB, ao G1.
A CPI foi interrompida por cinco minutos e ao retornar, a vereadora Luana Alves (PSOL) declarou que Cristófaro foi “extremamente racista”.
“Infelizmente nós temos a sessão completamente tumultuada por um áudio que tem a voz do vereador Camilo Cristófaro, que acaba de proferir uma frase extremamente racista. Eu queria não acreditar que essa fala existiu, mas infelizmente existiu. Conversamos ali atrás, queria pedir à secretaria da Mesa das notas taquigráficas. Ficará registrado. Ficou acordado que todos aqui são testemunhas para todas as ações que venham a ocorrer se ficar comprovado que é do vereador Camilo Cristófaro, como parece ser”, disse a vereadora.
O gabinete da Luana Alves afirma que entrará com representação na Corregedoria para que Cristófao seja investigado pela Casa por ato de racismo.
A vereadora Elaine Minero, do Mandato Coletivo Quilombo Periférico (PSOL), também afirmou que “tomará as ações necessárias para a atitude racista do vereador não fique impune”.
Desculpas do Crisófaro
Para justificar o ocorrido, Crisófaro declarou duas versões. Na primeira, ele gravou em vídeo pela manhã e enviou aos colegas da Câmara por WhatsApp, para dizer que se referia a “carros pretos que são f… e não é fácil para cuidar da pintura”.
Durante a tarde, ao participar do Colégio de Líderes da Câmara com outros parlamentares, ele disse que estava conversando com um colega negro, o Anderson Chuchu, que considera um irmão.
“Eu estava com o Chuchu, que é o chefe de gabinete da Sub do Ipiranga, e [ele] é negro. Eu comentei com ele, que estava lá. Inclusive no domingo nós fizemos uma limpeza e quando eu cheguei eu falei: ‘isso aí é coisa de preto, né?’. Falei pro [Anderson] Chuchu, como irmão, porque ele é meu irmão”, tentou se explicar.
Outro caso de racismo
Em setembro de 2019, Cristófaro foi acusado em outro caso de racismo. No plenário da Câmara Municipal, ele chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de “macaco de auditório”.
O Holiday tinha dito que acionaria o Ministério Público contra o vereador e abriu uma representação na Corregedoria da casa contra o parlamentar, que ainda não foi avaliada pelo colegiado.
Notícias Recentes
Novembro Negro | Seis podcasts e videocasts apresentados por mulheres negras para acompanhar
De cosméticos a livros: produtos de empreendedores negros para você apoiar nesta Black Friday