Espetáculo denuncia genocídio das pessoas pretas ao longo do tempo
A Cia. Sansacroma estreia dia 29 de janeiro de 2022 no SESC Belenzinho, em São Paulo, o espetáculo “Vala: Corpos Negros e Sobrevidas”. A peça fica em cartaz até dia 04 de fevereiro de 2022 no SESC e depois segue temporada por diversos equipamentos culturais nas regiões periféricas de São Paulo, como o Centro de Referencia da Dança, Fábrica de Cultura Brasilândia, Fábrica de Cultura Capão Redondo. A direção artística, coreográfica e concepção do espetáculo é de Gal Martins, ganhadora do décimo primeiro Prêmio Governo do Estado de São Paulo para Artes de 2020 e 2021 na categoria Cultura Urbana. Este projeto foi contemplado pelo Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura.
Notícias Relacionadas
Canal Brasil celebra Mês da Consciência Negra com estreia de longas, documentários e entrevistas exclusivas
Peça infantil inspirada nas Rainhas das Congadas e de Moçambique ganha datas de apresentação em São Paulo
“Vala: Corpos Negros e sobrevidas” denuncia a “limpeza” e/ou genocídio das pessoas pretas ao longo do tempo e explica por intermédio de suas coreografias como a nossa estrutura social foi justificando e moldando novos valores, a urbanidade, a civilidade, a segurança pública e a política de morte.
Gal Martins teve a ideia de produzir o espetáculo após uma visita ao Cemitério dos Pretos Novos, no Bairro da Gamboa, Rio de janeiro. No local, arqueólogos encontraram mais de 5000 fragmentos de ossos e dentes de pessoas negras. Especialistas dizem que até 20 mil corpos podem estar enterrados na área. Os corpos são de africanos escravizados que morreram durante a viagem marítima de três meses ao Brasil.
O local foi transformado em um instituto que manteve três valas abertas com ossadas e objetos de escravos expostos ao público. “Eu fiquei muito mexida porque há uma energia muito forte naquele lugar. Então tive a ideia de criar o Vala. É um espetáculo que fala de morte da população negra. A ideia do espetáculo é justamente falar que fomos enterrados, mas apesar de tudo, temos sobrevidas. Esse enterro não é literal, mas simboliza a tentativa de matar nossa ancestralidade, construindo a ideia do corpo oco a partir da política de violência instalada no país. E como pessoas pretas temos que renascer constantemente” explica a diretora.
“Vala” traz ao palco o processo de objetificação e desumanização do corpo negro. Sem dúvida, foi um dos instrumentos de opressão e manutenção da ordem e do status quo da nossa sociedade, muito sabiamente utilizado para manterem esses corpos dóceis e adestrados a exercerem na sociedade os papéis e espaços que a ele estavam destinados e que se perpetuaram historicamente na dissociação entre trabalho intelectual e trabalho manual, na sexualização e coisificação do corpo da mulher negra, na relação de traços de selvageria, animalização e incivilidade do corpo negro. Trata-se de um espetáculo que fala de morte, mas, ao mesmo tempo, fala principalmente da vida.
TEMPORADA: Vala: corpos negros e sobrevidas
Estréia – SESC Belenzinho – 29 e 30.01 e 4 a 06.02
R. Padre Adelino, 1000 – Belenzinho
sexta e sábado às 21h30 domingo às 18h30
Inteira: R$ 30,00 e meia R$ 15,00
Sala de espetáculo I
Venda presencial a partir de 26 de janeiro às 17h
Pessoas com mais de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, evidenciando DUAS doses ou dose única para ingressar em todas as unidades do Sesc no estado de São Paulo. O comprovante pode ser físico (carteirinha de vacinação) ou digital e um documento com foto. O uso da máscara é obrigatório durante toda sua permanência na Unidade. Para atividades com ingresso, será necessário apresentar o QR Code na entrada da atividade.
Notícias Recentes
Canal Brasil celebra Mês da Consciência Negra com estreia de longas, documentários e entrevistas exclusivas
Estudo indica que 61% dos brasileiros pretos e pardos sofreram discriminação no último ano