O empreendedorismo negro em São Paulo é uma nova realidade. Ter o próprio negócio é visto como símbolo de liberdade e independência, graças aos jovens que têm ousado, com muita criatividade e coragem, propor negócios sofisticados e de sucesso.
No Brasil, os afroempreendedores começam a trabalhar antes dos 18 anos e têm muito menos oportunidades de receber investimentos para desenvolverem suas ideias e empresas.
Notícias Relacionadas
Saudade do tempo em que a TV era branca? Um chamado à diversidade e inclusão na teledramaturgia brasileira
Masculinidades negras: a armadilha da hipersexualização
Uma pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2020, realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ, revelou que 62, 3% dos adultos pretos e pardos sonham em ser dono do próprio negócio. Um dos motivos é o empreendedorismo por necessidade.
De acordo com a pesquisa Potencialidades, Empreendedorismo e Sonhos da População Negra, realizada pela PretaHub, 51% dos 28 milhões de trabalhadores brasileiros autônomos são negros. A questão é que, apesar de serem maioria, apenas 21% deles têm CNPJ. Em outras palavras, são informais, trabalham à margem do sistema e com rendimentos que raramente extrapolam o necessário para sobreviver. Daí sua invisibilidade. Ainda assim, eles somam cerca de 20 milhões de empreendedores negros e negras que movimentam mais de R$ 360 bilhões por ano.
Boa parte desses considerados “donos de negócios” são na verdade empreendedores por necessidade — não aqueles que criam novas empresas a partir de inovações, mas os que abrem pequenos negócios para sobreviver.
Ao garimpar locais com jovens empreendedores negros, fui maravilhosamente surpreendido com a iniciativa do confeiteiro e chefe de cozinha Renato Lopes, do Café Tona. No Centro Histórico de São Paulo, na galeria Metrópole, que fica ao lado da Biblioteca Mario de Andrade, há um local precioso que se tornará obrigatório para todos que querem vivenciar uma experiência digna dos deuses da culinária. Estou impactado pelas tortas e doces que provei.
O local é simples, despretensioso, com algumas mesas no jardim no subsolo da galeria Metrópole. Você entra num lugar onde se percebe o esforço de mais um jovem negro empreendedor. Você é cativado pelo acolhimento e pela forma artesanal como são feitos os quitutes, tortas e bolos. Tudo que provei me deixou impactado, pela beleza da apresentação.
A história dos empreendedores negros é uma luta gigantesca, diária, para arranjar capital de giro, pagar fornecedores, aluguel, funcionários, luz, água e acreditar na sua iniciativa. E principalmente quebrar preconceitos, vencer o medo de ser o primeiro a empreender na família. Fugir do modo tradicional de muitas gerações de trabalhar para alguém e romper o ciclo vicioso, e iniciar um círculo virtuoso de autonomia e independência financeira. Não é uma decisão fácil.
Naquelas horas em que fiquei no Café Tona, me passou pela cabeça como é corajosa a nova geração de jovens negros que desafiam a lógica de trabalhar. Quando fiz o pedido da broa de fubá, não esperava encontrar tanta sofisticação, beleza e prazer. Fui conquistado e agradeci a todos os deuses e orixás pela oportunidade de ter tido a chance de comer aquela iguaria.
Com certeza levarei amigos, colegas de trabalho, familiares a visitar aquele lugar mágico: Café Tona, no subsolo da galeria Metrópole, na av São Luis, 187 – República.
Notícias Recentes
Mostra que homenageia Léa Garcia estreia no CCBB Rio com exibição de 15 longas e curta-metragem
Aisha Jambo, Lua Miranda e Tony Tornado estrelam especial "Hoje é Dia das Crianças" na Globo