Será que é preciso aprender a amar? Fomos nós, sujeitos negros, excluídos da “dádiva” do amor? Sabemos o que é o amor? Somos capazes de (re)conhecer o amor? Para responder a estas e outras questões, tive que voltar às minhas “escrituras sagradas” (e talvez de inúmeras feministas negras), o livro: Tudo sobre o amor de bell hooks. Dos mais de trinta livros da bell hooks, escolhi aquele em que a autora responde uma pergunta valiosa: Afinal, o que é o amor?
Com a chegada dos Dia dos Namorados torna-se quase que automático pensar sobre as afetividades e o amor. Faremos isso aqui também, junto com bell hooks. No primeiro livro da Trilogia do Amor a autora negra estadunidense trata do amor nas diferentes relações: familiares, religiosas, românticas e de amizade. Sobre a geração que vê problema em ser emocionada ou emocionado, ela fala que eles são cínicos em relação ao amor e isso não passa de uma fachada para um coração decepcionado e traído. É preciso ter coragem para amar e ser amada.
Notícias Relacionadas
Tema do ENEM: a chave poderia ser a Constituição Federal
Pode-se usar paramento afro em foto de RG ou CNH?
Mas vamos voltar para a pergunta central: o que é amor? Para bell hooks o amor é uma ação, apesar de ser um substantivo, ele deve ser compreendido como verbo. Vimos filmes de comédia romântica, escutamos músicas, lemos romances em que o amor é uma sensação e não uma escolha, uma decisão. Aprendemos e por vezes ensinamos que o amor é ponto final, é o fim de uma corrida, quantas novelas terminam com casamentos? O amor não é um sentimento que está pairando no ar e de repente você o encontra. Uma troca de olhares, um click e o amor surge. Isso não é amor.
O amor é, como nos mostra bell hooks, “a vontade de se empenhar ao máximo para promover o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa”. O espiritual aqui como a “dimensão de nossa realidade mais íntima em que a mente, o corpo e o espírito são um só”. Dito de outro modo, o amor é a disposição de investir no fortalecimento da força vital de alguém e da sua. A força vital quando nutrida, expande nossa capacidade de sermos plenamente realizados (ou, por que não, felizes) e capazes de nos relacionarmos em união com o mundo ao nosso redor.
O amor como ação pressupõe responsabilidade, comprometimento, sinceridade e comunicação. Como bell hooks alertou, as ações moldam os sentimentos e se estamos amando devemos expressar cuidado, afeição, responsabilidade, respeito e confiança. O autoconhecimento e o autoamor são essenciais para nutrir um relacionamento com outra pessoa. Parece clichê (e talvez seja), mas também é verdadeiramente valiosa a ideia de que se aprendermos a nos cuidar, nos amar, nos conhecer, podemos cultivar um namoro saudável. Compartilhar afeto, cuidado, desejo é trilhar o caminho do amor.
Quando reflito sobre esse dia dos namorados, um pensamento me preenche. Uma ideia dita por um babalorixá a um dos seus filhos de santo. “Nós negros temos a obrigação ancestral de sermos felizes”. E onde há amor a felicidade habita.
Notícias Recentes
Negros Trumpistas: para cientista político americano, empreendedorismo atrai jovens negros ao voto em Trump
Com 28 Grammys e 60 anos de carreira transformadora no jazz e no pop, Quincy Jones construiu parcerias históricas