O racismo no ambiente de trabalho não escolhe cargo. Da copeira ao diretor, a discriminação se faz presente de diversas formas, que vão das diferenças salariais à intolerância com o cabelo. E foi isso que aconteceu com a desenvolvedora de negócios Luanna Teófilo. Com 35 anos, ela é mestre em Linguística pela Université Sorbonne Nouvelle e havia recentemente voltado ao Brasil onde estava atuando nas áreas de venda da PR Newswire, uma multinacional da área de Marketing e Relações Públicas.
“Eu trabalhava numa multinacional e como todos ambientes brancos, lá era bastante preconceituoso até que um dia a presidente diante de toda equipe ordenou que eu tirasse minhas tranças”, explica Luanna que já havia presenciado vários comentários racistas durante o período que ela trabalhou na empresa, mas nunca de forma tão direta como o “Tira isso”, proferido em alto e bom tom, pela presidente da companhia Thaís Antoniolli que que concluiu que as tranças de Luanna eram inadequadas para o ambiente de trabalho.
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Indignada, Luanna pediu providências ao departamento de Recursos Humanos da empresa que tentou uma reconciliação entre ela e Thais. A líder da PR Newswire no entanto, classificou como petulante a atitude de Luana ao exigir uma retratação. O caso foi levado à a sede da empresa nos EUA e um boletim de ocorrência também foi feito contra a presidente da multinacional.
Outro caminho para externar a sua inconformidade com o ocorrido foi a criação de uma página no Facebook chamada #tiraisso, onde Luanna começou a postar conteúdo sobre racismo no mercado de trabalho além de outras temáticas ligadas à questão racial.
Todo esse processo aconteceu desde de setembro, onde apesar do racismo e assédio moral sofrido, Luanna estava sendo bem avaliada e prestes, de acordo com colegas, a ser efetivada após o final do período de experiência. Porém depois de uma falta por motivos de saúde no dia 19 de outubro, a gerente de projetos foi demitida por “baixo desempenho”.
O lado da empresa
O Mundo Negro entrou em contato com a PR Newswire para ouvir sua versão sobre o caso, por e-mail, eles emitiram a seguinte nota:
“A PR Newswire, empresa global de serviços de comunicação, lamenta o mal entendido ocorrido em suas dependências. A companhia repudia qualquer tipo de intolerância e preconceito e ressalta que possui código de conduta e políticas internas que visam estabelecer o bom convívio no ambiente de trabalho, bem como a condução ética em seus negócios. Ainda, a PR Newswire entende que este é um tema importante e por este motivo dedicou todos os esforços para elucidar o episódio, que está devidamente esclarecido.”
Planos para o futuro
Luanna não pretende ficar parada após a demissão. Suas excelente formação e experiência internacional adquirida na França, Argentina e EUA, serão usadas para as suas próprias empresas. “Eu tenho uma empresa de desenvolvimento de negócios . No momento trabalho paralelamente em dois projetos”, diz Luanna que comanda a loja online produtos afro multiculturais BAP Store enquanto aguarda o andamento do caso.
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