SESC recebe o Festival Yesu Luso 2018 em novembro com peças de seis países lusófonos

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SESC recebe o Festival Yesu Luso 2018 em novembro com peças de seis países lusófonos
Foto: Margareth Leite

Em sua terceira edição, o Festival Yesu Luso vem com a missão de aproximar os falantes da língua portuguesa. Será realizado entre 8 e 18 de novembro, com espetáculos encenados nas unidades do SESC Vila Mariana, Santo Amaro e Campo Limpo, todos no estado de São Paulo. A programação tem a curadoria da atriz Arieta Corrêa e do produtor Pedro Santos e reúne seis peças de Angola, Brasil, Cabo Verde, Macau, Moçambique e Portugal, sendo duas delas inéditas e montadas especialmente para a mostra.

O nome do evento é derivado de um dialeto moçambicano, no qual o termo “yesu” significa “nosso”; já palavra “luso” é usada em referência ao próprio idioma. A mostra surgiu através de um bem-sucedido projeto-piloto chamado Festival de Teatro Lusófono, organizado por Arieta e Pedro no SESC Bom Retiro, em 2015.

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O teatro é ancestral, é aqui e agora, vida e morte – ele é tudo o que somos. E nosso maior desejo é que estes espetáculos sejam capazes de fazer o público se identificar com esses países irmãos, que falam a mesma língua. Gostaríamos que as pessoas sejam transformadas, tocadas por um incômodo, um pensamento ou um questionamento”, conta Arieta Corrêa.


Espetáculos

De acordo com Pedro Santos, a curadoria dos espetáculos é sempre muito minuciosa, já que a escolha é feita ao longo de um ano e o critério para este ano foi dramaturgia em português.

A Linha – 17 e 18/11, sábado, às 20h. Domingo, às 18h, no SESC Santo Amaro (Teatro)

Um dos destaques desta edição é o inédito “A Linha”, de Macau, inspirado livremente em uma obra do escritor lusitano José Saramago (1922-2010). Com falas em português e mandarim, a encenação é resultado de uma parceria entre a prestigiada Associação de Representação Teatral Hiu Kok e a Macao Artfusion. A trama trata da amizade entre os pastores Hon e Maria, que entram em conflito por causa da cegueira gerada pelo sentimento de posse sobre um território.

A Última Viagem do Príncipe Perfeito– 15 e 16/11, quinta-feira, às 18h, e na sexta-feira, às 20h30. Local: SESC Vila Mariana (Auditório)

O espetáculo é do grupo angolano Elinga Teatro, com direção de José Mena Abrantes. A trama traz histórias de pessoas que viajam entre Lisboa e Luanda em 1975, a bordo do navio Príncipe Perfeito (apelido do rei D. João II de Portugal). Algumas dessas figuras são um estudante que decide regressar convencido de que terá papel decisivo na revolução em curso em seu pais, uma mulher que perde todas as ilusões e luta para reencontrar um lar, um clandestino de todas as viagens que fez na vida e um casal que descobre que os sentimentos nunca morrem.

Foto: Daniel Barboza


“Os Cadernos de Kindzu” – 8 e 9/11, quinta e sexta-feira, às 20h. Local: SESC Campo Limpo

O representante brasileiro no festival, de Amok Teatro, inspirado no livro “Terra Sonâmbula”, do escritor moçambicano Mia Couto. A montagem narra a trajetória do jovem Kindzu, que deixa sua vila para fugir das atrocidades de uma guerra devastadora. Durante a jornada, ele encontra outros fugitivos, refugiados e personagens cheios de humanidade.

“A Casa de Bernarda Alba” – 8 a 11/11, de quinta a sábado, às 20h, domingo, às 18h. Local: SESC Santo Amaro (Teatro)

Encenada apenas três vezes antes de chegar ao Brasil, a versão do português João Garcia Miguel para “A Casa de Bernarda Alba”, do espanhol Federico García Lorca (1898-1936), cria uma reflexão sobre o aumento do isolamento criado pelas instituições no mundo contemporâneo. A obra, que se passa em uma vila na Espanha, fala sobre a vigilância absoluta que a matriarca Bernarda Alba mantém sob suas cinco filhas, Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela, que vivem trancafiadas em casa.

“Nos tempos de Gungunhana” – 17 e 18/11, sábado, às 19h, domingo, às 18h. Local: SESC Campo Limpo (Espaço Contêiner Vermelho)

A moçambicana “Nos tempos de Gungunhana”, com direção de Klemente Tsamba, narra a saga de um guerreiro chamado Umbangananamani, da tribo tsonga, que fora casado com uma linda mulher chamada Malice, da tribo Macua. Embora tenham tentado muito ter filhos, não conseguiram realizar esse sonho. Essa história da tradição oral africana é contada junto com aspectos curiosos sobre a vida na corte do rei Gungunhana.

“Esquizofrenia” – 10 e 11/11, no sábado, às 19h; e no domingo, às 18h. Local: SESC Campo Limpo (Espaço Contêiner Vermelho)

Já o cabo-verdiano Grupo Craq’ Otchod apresenta o monólogo “Esquizofrenia”, com direção de Edilson Fortes (Di) e atuação de Renato Lopes. A peça cria uma reflexão sobre os estigmas provocados por esse transtorno mental e a necessidade de inclusão social das pessoas com essa doença.

Formação

O tema da terceira edição do festival é “Dramaturgia em Português”. Além das peças, a programação conta com uma mesa de dramaturgia e um ciclo de leituras de textos teatrais lusófonos, encenados pelo Coletivo de Heterônimos. Outra atração é a oficina “Processo Pedagógico de Criação“, com João Garcia Miguel (Portugal).

Um dos destaques do ciclo de leituras dramáticas é o texto inédito de Silvia Gomez (Brasil), “Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante”, que fala sobre uma garota que delira abandonada em uma rodovia após ser violentada em uma noite estrelada. Há também obras de Elmano Sancho (Portugal), Valódia Monteiro (Cabo Verde) e Venâncio Calisto (Moçambique).

ATIVIDADES DE FORMAÇÃO

Leitura de textos dramatúrgicos, com Coletivo de Heterônimos – 8/11, às 18h

Criado em 2015, o Coletivo de Heterônimos é uma reunião de artistas que possuem em comum a vontade de realizar espetáculos teatrais com dramaturgia própria inspirada na discussão sobre as gramáticas sociais que controlam o sujeito em sociedade. O Coletivo tem em seu núcleo principal os atores Bruno Ribeiro (NAC), Amanda Mantovani (CPT), o diretor e dramaturgo Alexandre França (Billie e Mínimo Contato), além da colaboração de artistas diversos.

“A Última Estação”, de Elmano Sancho – 16/11, às 18h. Local: SESC Santo Amaro (Sala Multiuso)

Sinopse: Na origem de “A última estação” encontra-se o assassino em série norte-americano Ted Bundy (1946-1989) – ou, mais exatamente, as semelhanças físicas entre este homem e Elmano Sancho. Da mesma forma que Bernard-Marie Koltès ficou obcecado pelo rosto de Roberto Succo, quando viu uma foto sua no metrô de Paris, também o ator e autor português se lançou a investigar a vida de Ted Bundy, que matou mais de 35 mulheres. Elmano Sancho guardou o retrato do assassino junto às suas próprias fotografias, até que um dia alguém confundiu o seu rosto com o do criminoso.

“Sim ou Não”, de Valódia Monteiro (Cabo Verde) – 14/11, às 18h. Local: SESC Santo Amaro (Sala Multiuso)

Sinopse: Dois personagens – Antonius (ou António, tradicionalmente um dos mais vulgares nomes de Cabo Verde e Nemo (ninguém) – encontram-se desde sempre em um mesmo espaço, até que o primeiro, sufocado com o estado de coisas, decide sair e procurar outro espaço para viver. Convida o companheiro de sempre para essa jornada, mas este refuta o convite. Antonius não se dá por vencido e continua tentando convencer Nemo durante toda a peça.

“(Des)Mascarado”, de Venâncio Calisto (Moçambique) – 14/11, às 18. Local: SESC Vila Mariana

Sinopse: O conflito de gênero é tão antigo quanto a própria humanidade. A relação entre o homem e a mulher sempre foi uma espécie de braço de ferro. Um jogo de poder. É por conta desta necessidade, que ambos sempre tiveram, de dominar a sociedade que se inventou o mito e, ou a tradição. O Mapiko é exemplo disso, uma tradição cheia de ritos, cor e magia inventada pelos homens macondes (povo do norte de Moçambique) como forma de amedrontar a mulher e reivindicar um espaço dentro daquela sociedade matrilinear.

“Neste mundo louco, Nesta noite brilhante”, de Silvia Gomes (Brasil) – 13/11, às 18h. Local: SESC Vila Mariana

Sinopse: Neste mundo louco, nesta noite brilhante. Enquanto aviões decolam e aterrissam em várias partes do mundo, a rotina da Vigia do KM 23 daquela rodovia brasileira é alterada pela presença de uma garota que delira, largada no asfalto após ser violentada nesta noite cheia de estrelas.

“Processo Pedagógico de criação”, com João Garcia Miguel (Portugal) – De 9 a 14 de novembro, das 14h às 18h. Local: SESC Santo Amaro (Teatro/Sala Multiuso) 

Taxa de inscrição: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$9 (credencial plena).  Inscrições: devem ser feitas diretamente no Sesc Santo Amaro. Vagas: 30.

Descrição: imersão para experimentações de uma criação artística a partir dos expedientes e pensamentos da Cia JGM de Portugal, com João Garcia Miguel e integrantes da companhia.

Encontro sobre dramaturgia em língua portuguesa – 14/1, às 20h. Local: SESC Vila Mariana (Foyer) – Ingressos: Grátis. Participantes: José Mena Abrantes (Portugal), Dione Carlos (Brasil) e João Garcia Miguel (Portugal). 

Duvidas e Informações:
Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141, Vila Mariana. (11) 5080-3000.
Sesc Santo Amaro – Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro. (11) 5541-4000.
Sesc Campo Limpo – Rua Nossa Sra. do Bom Conselho, 120, Campo Limpo. (11) 5510-2700. Os ingressos custam: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia-entrada) e R$ 6 (credencial plena).



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