– Priscila Fonseca
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FOTO 3X4: Nelson Silva de Oliveira, Professor e Diretor de Escola
Tenho dormido pouco e fritado neurônios esses últimos dias, pensando em como chegamos neste ponto. Quando saíram os resultados do primeiro turno, eu atualizava meu computador, torcendo para que fosse algum problema de internet ou coisa assim, até o inbox começar a pipocar de amigos indignados. Ali eu tive certeza que moro em uma bolha!
Desde então tenho lido e refletido muito sobre nossos tempos, mas não há a possibilidade de refletir presente sem olhar para o passado, volto as minhas aulas de escola no colégio e penso no que vi sobre processo de escravidão no Brasil foram pinceladas, que a ditatura deve ter sido citada em uma aula e que de economia nunca ouvi falar, me lembro das aulas de geografia em que a professora pedia pra gente fazer complete com livro nas mãos, das aulas de português que a professora ficava contando histórias surreais e dos festejos nas aulas vagas e educação física.
Foi depois dos 25 anos que tive acesso ao outro lado da história da escravidão no Brasil, tive acesso aos números e fiquei muito, mais muito brava por não terem me contando que mais de 11 milhões de africanos morreram só no traslado de África aos Portos Brasileiros, mas também enchi meu coração quando soube da potencia arquitetônica, ferreira, ourivesaria entre tantas coisas maravilhosa que os negros produziam e as tecnológicas que trouxeram para que a estrutura do Brasil se desse. Também quando tive acesso aos números de indígenas que foram mortos pelos bandeirantes, esta galera que tem estatua e nome de rua em sua homenagem…
Tive acesso semana passada por uma amiga que estuda ditadura que os quase 500 nomes de desaparecidos são os oficiais, mas que para além desses, nas comunidades indígenas e quilombolas as mortes foram em massa, pelo menos 30 mil pessoas.
Mas como não me contaram isso na escola? Como eu aprendi sobre o Holocausto, a Guerra do Vietnam, bomba de Hiroshima e não me contaram sobre o aconteceu no meu país?
Eu lembrei também das aulas sobre os tipos de comunicação e comportamentos na faculdade, comportamento de multidão: aquele que seguimos a “olaa “no estádio, meio sem saber, mas porque é legal, o de massa: este que recebemos na televisão, novela, propaganda, em que de repente bate uma vontade louca de ter um Nike e tomar uma Coca-Cola e a dirigida que pede um pouco mais de estudo do perfil do público, geralmente em pequenos grupos, dentro de empresas e afins.
Não me espanta que a galera caiu nas fakenews, cada palavra foi pensada para a persuasão das pessoas, para aumentar a indignação, a raiva e a vontade de resolver os nossos problemas, não atoa o número de votos sem nem saber sobre o histórico dos candidatos.
Enfim, fico refletindo sobre o valor dos símbolos nessas eleições, o que representa um monte de pessoas fazendo sinal de armas com as mãos? O que representa um político homenagear a memória de um torturador em pleno 2017? O que representa romper com a ONU? O que representa ameaçar acabar com os ativismos? O que representa validar racismos, machismos e afins?
Bom para mim as respostas são nítidas, mas vou deixar a reflexão…
Termino compartilhando uma conclusão que tive esta manhã no busão, sempre que ia comprar alguma coisa com minha mãe e perguntava o que ela achava, ela dizia: você que vai usar e não me dava a opinião dela! Isso se repetiu por muitas vezes e hoje concluí que minha mãe compartilha das ideias do Paulo Freire, minha mãe fazendo isso me estimulava a tomar decisões com minha própria cabeça, e o que representa tirar os livros de Paulo Freire das escolas? Se você não leu, isso está no plano de governo do candidato.
Sabe eu acredito que muita gente está decidindo o voto sem pensar com a própria cabeça, sem refletir na responsabilidade que é escolher um Presidente e mais, sem considerar os perigos de declarações violentas para uma nação, eu ouvi de alguns eleitores que não concordam com tudo que ele disse, mas que vão votar mesmo assim! Oi? Muito além de não concordar, é validar um discurso de ódio, é validar mortes, é validar um luta de muitos anos em prol dos direitos humanos e neste caso, anular o voto é validar junto um futuro declarado em voz alta para nossa nação.
Ainda há tempo!
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