A gente piscou e o segundo semestre de 2022 chegou ao fim. Um ano que causou tanta fibrilação atrial, descompassos, mas que não nos deixou perder o passo. Respira fundo, pula fogueira, será que não sei mais fazer a social?, vai, acredita que vai melhorar!, eleição, confia na Bahia, a última sessão de música Milton Nascimento dos palcos, emoções profundas, despedida de Gal Costa e sua eterna sublime voz, festival afropunk, copa do mundo… então é natal.
O tempo passou voando e dizem pelos lados de cá – Salvador (onde moro), que a gente tem é que se aquietar, porque agora ninguém faz mais nada. Mas a gente ainda tem aquela mania de tentar fazer mais e mais pra ficar com a sensação de que todas as metas foram cumpridas, até aquelas que não dependem só do nosso esforço, o tal 200% que crescemos ouvindo. Porém, não é bem assim. O nosso corpo e a nossa mente também pedem pausa e quando não escutamos eles, somos obrigados a parar involuntariamente pra recarregar as energias.
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Por isso, venho aqui. Pra te lembrar de pausar pra apreciar o tempo depois de correr tanto, de fazer tanto por você e mais ainda pelos outros.
Já observou a sua trajetória desses últimos anos, meses? O quanto você se superou, se entregou, conquistou novos passos, descobriu novos compassos, ousou mais, se manteve vivo e respirando. Esse ano foi um ano especial, um ano de retomada à vida social, de reencontros, de novos gestos, gostos e sabores, de mais lutas para conquistar novos espaços. Viemos de um período doloroso, de peito apertado… sem saber se amanhã estaríamos aqui. Perdas, muitas perdas. Saudades. E revoltas. Atitudes corajosas. Reveses. Sobressaltos. Estamos aqui. Sobrevivemos e estamos aqui, mesmo não sendo fácil, conseguimos nos segurar de pé, talvez como o bambu, que enverga, mas não cai.
Há um provérbio africano que diz “quando não souberes para onde ir, olha para trás e saiba pelo menos de onde vens”. Em muitos momentos, e talvez até agora mesmo, esse tem sido o lema da minha travessia nos dias. Não precisamos ter respostas o tempo todo, reagir o tempo todo, se posicionar sobre tudo. É muita demanda. Vivemos com olhos na tela, mirando lá na frente, esquecendo de viver o presente, de saborear o que se apresenta agora. E, deve ser por isso, que esquecemos ou fingimos dar atenção para daqui a pouco, pra aquela voz que sussurra nos nossos ouvidos, a tal intuição, que nos conduz e aponta para onde devemos ir. Estamos ocupados demais pra ouvi-la.
Por isso, venho aqui. Pra te lembrar de pausar pra apreciar o tempo depois de correr tanto, de fazer tanto por você e mais ainda pelos outros.
Já parou para agradecer as suas conquistas desses últimos anos, meses? Pra apreciar quem você é, o quanto se transformou, superou barreiras… o quanto se manteve de pé com a postura ereta em momentos que a única vontade era se colocar dentro de uma gruta. Sim, você passou por tantas e nem teve tempo de se olhar no espelho e se parabenizar, se encher de orgulho. Você é capaz, é potente, é inteligente.
Te convido a fazer uma prece, a agradecer por tudo que vivencia no seu cotidiano, mesmo quando as coisas estão no perrengue, a vida está aqui pra você. Agradeça, peça aos seus ancestrais que lhe conduzam a sabedoria para lidar com as adversidades daqui, do agora. Escreva listando tudo que lhe aquece o coração e lhe faz imenso. Escreva uma reza pedindo proteção e não deixe de pedir, de desejar, de sonhar. Escreva, visualize esses sonhos manifestados na sua vida, e então, depois entregue, confie e agradeça já pelo que está por vir.
Dizem que a gratidão é a melhor reza. Porque o nosso coração se enche, se torna pleno e então se abre para o novo, deixando ir o que não serve mais no nosso caminhar.
As últimas semanas do ano tem uma energia ritualística, retrospectivas e análises ou tomadas de decisão para aquilo que ficou ali, parado, esperando a coragem ou o tempo bater na porta. Aproveitemos esse impulso para também olhar pra dentro, mas olhar de verdade e se perguntar se está bem, se está feliz. Não se permita viver mornamente, a vida é um presente dos mais raros. E isso torna amar, se entregar, falar urgente. Então, que a gente se permita sentir, amar e demonstrar o que tanto pulsa dentro do peito. Faça desses dias verdadeiros rituais de amor, de dentro pra fora. Tenho algumas sugestões que por aqui, nessa casa templo que habito, sempre me ajudam a voltar pro centro, a acalmar e pausar:
Banho de mar pra acalmar o orí.
Banho de folhas como manjericão, alecrim, hortelã pra revigorar.
Banho de alfazema, água de flor de laranjeira pra acalmar.
Uma boa música acompanhada, à luz de velas, bailando pela casa na sua própria companhia.
Banho de ervas e sais para escalda pés, afinal, eles te levam para todos os lugares.
Escrever uma carta pra você, te elogiando e dizendo o quanto você é potente, amada, merecedora de toda abundância.
Se desligue das telas por uns minutos, umas horas. Volte sua atenção e cuidado pra você.
Cuide de sua pele, seu corpo e seu cabelo. Não esqueça que a sua cabeça é a sua coroa.
Faça um compromisso com o seu coração, ouça o que ele tem pra te dizer e escreva num papel. Esse texto se transformará num mantra para dias difíceis. Mas se lembre de ler, não fuja do compromisso com o seu coração, ele bate só por você!
Independente da sua religião, reze, entregue, confie e agradeça que o melhor e o que é seu chegará até você, não importe o caminho, mas chegará. Porque somos merecedores de amor, de abundância, de plenitude, de saúde, de prosperidade, de sucesso. Que nossos ancestrais continuem soprando aos nossos ouvidos a sabedoria de viver os dias, de transcorrer os minutos. Se lembre que você não está e não anda só.
Por isso, venho aqui. Pra te desejar algo abundância em 2023. Abundância de amor, de saúde, de prosperidade, de sucesso, de alegrias, de conquistas, de fé, de equilíbrio. Seja abundante e aceite a abundância na sua vida, você merece.
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