Nesta semana, foi anunciado o plano de retomada de algumas atividades e serviços do Estado de São Paulo, com o objetivo de recuperar a economia, que sofreu grande impacto, em função da pandemia provocada pelo coronavírus. Outros estados como Ceará e Rio de Janeiro também já estão se organizando para o retorno das atividades
A “retomada consciente”, como foi nomeada pelo governador de São Paulo, deverá ocorrer de forma gradual e dividida em cinco fases.
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A capital paulista e a região metropolitana foram divididas e classificadas por cores, de acordo com características demográficas e critérios de saúde, como leitos de UTI disponíveis, avanço de casos e mortes causadas pelo coronavírus. Semanalmente, os municípios serão reclassificados, podendo ou não avançar de fase. Esse avanço diz respeito ao tipo de estabelecimento que poderá funcionar.
A capital paulista, por exemplo, atualmente está classificada como laranja e, caso permaneça assim, a partir do dia 1º de junho, serviços como atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio e shoppings poderão funcionar com restrições. Estes setores foram drasticamente afetados pela pandemia e contribuíram para a queda do PIB (produto interno bruto) brasileiro, que caiu 1,5%, comparado ao último trimestre.
Diante deste cenário, é importante refletir e questionar sobre o grau de em que pessoas pretas estarão expostas, após a retomada da economia. Durante todo o período da pandemia, as desigualdades foram acentuadas e foi possível acompanhar o impacto do coronavírus na população preta e periférica brasileira. Os negros formam a grande maioria da força de trabalho de grande parte dos comércios e serviços que poderão abrir com restrições.
Com o retorno de algumas atividades, uma possível segunda será que onda de infecção não corre o risco de acontecer? A pandemia está controlada de maneira satisfatória para que, aos poucos, a rotina volte ao normal? A reabertura do comércio pode ter um efeito reverso e a crise já instalada, na saúde e nos outros setores, podem se agravar e mais uma vez a negligência governamental colocará vidas negras em risco. Os negros estão mais suscetíveis a se contaminarem pela doença, pois estão constantemente expostos nas ruas, seja em serviços essenciais ou não. Para além disso, cerca de 70% da população preta depende inteiramente do SUS, que atualmente em algumas cidades encontra-se em colapso. Para completar, cerca de 23% dos óbitos notificados por coronavírus são de pessoas negras, de acordo com o Ministério da Saúde.
Com a chegada da pandemia, a forma de como exercemos o trabalho sofreu alterações drásticas. O home office tornou-se essencial, e mais uma vez as desigualdades foram acentuadas. Como a população preta geralmente ocupa postos de trabalhos relacionados a comércio, serviços classificados ou não como essenciais, pode-se ver que o trabalho em casa é, sim, um luxo e privilégio. Muitas empresas adotarão esse novo formato por um bom tempo e, com isso, muitos escritórios físicos deixarão de existir.
Os tipos de serviços que poderão funcionar, a exemplo de São Paulo, são atividades essencialmente ocupadas por negros, com possíveis chances de gerarem aglomeração e contato físico (comércio de rua, shoppings, salões de beleza etc.). Além disso, caso haja contaminação, a chance do vírus retornar para as periferias é altíssima.
Estaria o SUS preparado para suportar o retorno de um alto número de infecções? Essa “retomada consciente” é inclusiva?
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