Por Reinaldo Calazans
Pouco se fala da participação da comunidade negra na arte contemporânea, mas o que seria dela se não fosse o povo preto Infelizmente, a presença de pessoas negras na arte ainda não é constante, fator que reflete o racismo e a desigualdade no aspecto cultural.
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Diante disso, no meu ponto de vista, os “grandes vilões” do cenário são as galeria de artes e os grandes museus que nunca deram ênfase na história da comunidade preta, e muito menos espaço para os nossos artistas. Um dos únicos espaços em São Paulo que disponibiliza a arte preta no contexto histórico e de preservação é o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera. Não podemos deixar de ressaltar que o museu já foi palco da exposição “negros pintores”, evento importante.
Penso que ser artista negro no Brasil é um ato político e de luta, mesmo que a obra do artista não esteja relacionada à questão racial. Quando se pensa no negro na arte, logo vem à cabeça música e carnaval, mas somos muito mais do que isso, temos nomes que são e foram fundamentais na construção da arte afro-brasileira. Quero apresentar para vocês alguns nomes que são significativos e importantes neste contexto.
Emanoel Araújo nasceu em Santo Amaro da Purificação, uma cidade do Recôncavo baiano, em 1940. O artista teve sua vida acadêmica em um momento critico da nossa história, o da Ditadura Civil-Militar. Foi aos 19 anos que teve alguns dos seus primeiros trabalhos expostos no seu estado de origem.
Seus trabalhos, como as gravuras, sempre valorizam a cultura e o universo africano. Entre as suas obras mais importantes estão XILOGRAVURA – 1975, ARANHA – 1981 e BICHO ALADO – 1980. Seus trabalhos promovem reflexão e já estiveram em grandes museus do país, como o MASP. O artista pode ser considerado um importante representante da cultura negra.
Artista plástica e educadora, seus trabalhos tratam de questões étnicas, sociais e de gêneros. Referência para a mulher negra, Rosana Paulino fez especialização em Londres, no ano de 1998, no London Print Studio, e também é doutora pela ECA, na USP.
Ela é pioneira nas artes visuais quando o assunto é gênero e raça. Rosana nasceu na periferia da Zona Oeste de São Paulo, no bairro da Freguesia do Ó. Ela vive na busca pela sua ancestralidade. Suas obras estão nos principais museus, como o Museu Afro Brasil e o Museu de Arte Moderna (MAM). Participou de várias exposições em diversos países e cidades, no roteiro teve Espanha, Nova York, Caribe e outros. No currículo, tem vários prêmios importantes na arte.
Rubem Valentim não está mais entre nós. Nasceu em Salvador no ano de 1922. Sua família tinha poucos recursos. Foi o primeiro de 6 irmãos, criado em um lar religioso e sempre frequentou religiões de matrizes africanas. “Coisas de crianças”, seu primeiro contato com a arte foi ainda muito pequeno, quando fazia balões e pipas. Na época, ele se deslumbrava com as artes dos santos barrocos.
Seu trabalho é conhecido como afro-brasileiro e universal. Ele era formado em odontologia, mas a arte foi seu grande amor. Seu interesse pela arte foi a partir do contato com o pensamento de esquerda. Seus trabalhos são conhecidos pelas cores fortes e as formas geométricas. Tem obras em museus como Museu de Arte Moderna da Bahia, Pinacoteca do Estado de São Paulo e no MASP.
Discutir e debater sobre a memória e a resistência da arte contemporânea afro-brasileira é fundamental para construirmos um país mais justo e igualitário.
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