São mais de 300 mortos e outros milhares de feridos… São hospitais abarrotados de gente, muitas sem atendimento adequado. Tudo isso em 2017, consequência de um ataque terrorista – um dos maiores medos modernos da humanidade. Este atentado só não é maior e mais devastador que o ocorrido nos EUA, no fatídico dia 11 de setembro de 2001.
Você se lembra do “11 de setembro”? Eu lembro! Eu tinha 8 anos e consigo me lembrar bem daquela sensação de medo e revolta que tomou a todos. Só se falava disso nos telejornais, nos programas de variedades, revistas, no rádio, até no horário dedicado a publicidade. Nada nos deixava esquecer!
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Mais recentemente, em 2015, tivemos o atentado à sede do jornal Charlie Hebdo, em Paris. Foram 12 mortos e 11 feridos. O ícone do YouTube mudou em solidariedade, no twitter a hastag que dava conta do atentado estava em alta. Nos telejornais, nos portais, não se falava de outra coisa.
Agora voltamos para este atentado, em pleno 2017, que deixou mais de 300 mortos. Você viu alguma comoção que se compare ao 11 de setembro, ou até mesmo ao atentado em Paris? Eu não vi! Eu gostaria muito de dizer que estou surpresa com isso, mas não estou!
Estamos tratando da Somália, país africano que vive em guerra civil por mais de 20 anos. Estamos falando de um país fora da Europa, fora da América do Norte, onde as vítimas são pretas! Então quem se importa? Porque os executivos do YouTube ou de qualquer outro grande site/rede social, se preocupariam em manifestar apoio à Somália? Porque os portais, os telejornais, os programas de variedades e todos os outros, perderiam tempo por essas vidas perdidas?
“A carne mais barata do mercado é a carne negra” – infelizmente, isso faz tanto sentido, que dói! Pessoas brancas, vítimas de violência, mortas por atentados em qualquer lugar do mundo, comovem porque todos sentem que elas estão fora de lugar, que essas pessoas não mereciam isso, não viveram pra isso!
Pessoas negras nas mesmas condições, não comovem, porque a violência, a morte, a dor infligida à pessoas pretas é naturalizada. E como se tivéssemos nascido pra isso, pra viver sob a guerra, sob a violência, sob a dor. E esse silêncio, essa naturalização, também nos fere, e também nos mata, não só na Somália, mas no mundo todo.
No Brasil mais de 70% dos jovens assassinados, são negros. A violência nos mata e ninguém se importa! Quanto potencial se perde com tanta morte de pessoas negras? Quantas famílias despedaçadas, quantos sonhos interrompidos?
Penso em tudo isso e um grito fica preso em minha garganta: NOSSAS VIDAS IMPORTAM! Nós não nascemos para a dor, para a violência! Não é normal, muito menos natural, ver pessoas negras sendo dizimadas, seja em um atentado terrorista, seja pela violência urbana. A Somália importa! Cada vida negra importa!
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