O dia de hoje marca a estreia do tão esperado “A Mulher Rei” nos cinemas brasileiros, dirigido por Gina Prince-Bythewood e estrelado por Viola Davis.
O filme traz uma nova narrativa para as telas ao contar a história das guerreiras Agojie, também conhecidas como Amazonas Dahomey, uma força militar de elite de guerreiras, constituída unicamente por mulheres que protegiam o Reino Africano do Daomé, região onde hoje fica o Benin, no século XIX.
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A cultura do Daomé valorizava a significância das mulheres, contava com uma organização social única e incrivelmente progressiva para a época, em que todos os cargos oficiais eram ocupados tanto por um homem quanto por uma mulher. Esse sistema de paridade de gênero incluía todas as posições mais importantes do reino – de generais militares a conselheiros financeiros e líderes religiosos – e alcançava os mais altos escalões – o rei outorgava o título de Kpojito – ou mulher rei – a uma mulher que seria sua companheira de reinado.
O protagonismo dessas mulheres, que no filme são lideradas pela General Nanisca não é um caso à parte, ele é o todo que mostra como mulheres negras guerreiras protegeram seu povo de maneira forte e com um brilhantismo que costuma ser exaltado apenas em produções masculinas e brancas.
Agrega-se a isso o fato de que o exército de mulheres negras realmente existiu, então o que temos é uma história sólida com intérpretes completamente entregues e comprometidas em transmitir na tela a força que sabemos que foi real.
As guerreiras Agojie eram mulheres com origens variadas de aldeias de toda a região, que se uniram formando uma irmandade inquebrável, que é apresentada no filme a partir da interpretação de Davis. Elas recebiam um treinamento militar intenso, o que tornou a formação do exército de Daomé por militares mulheres algo lendário na história africana e ainda é algo que parece difícil de conceber nos dias de hoje, porque conhecemos a história contada a partir das perspectivas ocidentais.
A articulação feminina no longa, o pensamento estratégico sob a liderança da general mostram que o elenco de mulheres incríveis formado pelas atrizes Lashana Lynch, Sheila Atim, Adrienne Warren e Thuso Mbedu consegue traduzir em algumas horas de filme que o povo africano permanece forte e tem raízes nobres de guerreiros que sobrevivem para além do tempo e de um oceano de distância.
“A Mulher Rei” é um filme em que podemos nos reconhecer e reconhecer a história de povos africanos contada sob a pele preta e escura de atores e, principalmente, atrizes que prometem desestabilizar o padrão visual de filmes a que estamos acostumados. A própria Viola Davis já declarou em entrevista o quanto conseguiu se reconhecer na general Nanisca: “Eu amo a força física dela e me vi naquilo. Eu sempre senti que tinha algo de errado com a minha feminilidade, porque eu não era pequena e esguia. Tem algo na Nanisca que é essa africana preta que se aceita como ela é, uma mulher sem os confinamentos do que encaramos que é ser uma mulher”, contou.
No resumo, podemos dizer que as guerreias de Daomé também são verdadeiras rainhas, uma elite de mulheres que está combatendo seus próprios estigmas para lutar contra os inimigos externos que tanto tentam nos aprisionar.
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