O estudo sobre raios cósmicos de altas energias levou a professora Rita de Cássia dos Anjos, do Setor Palotina da Universidade Federal do Paraná, a receber o prêmio “Programa Para Mulheres na Ciência 2020”. O programa é promovido pela L’Oréal Brasil, Unesco Brasil e Academia Brasileira de Ciências (ABC). O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (20).
Rita de Cássia dos Anjos estuda a força que vem de estrelas que estão a 160 milhões de anos-luz da Terra. Mas muitas outras forças fazem da professora Rita de Cássia dos Anjos merecedora do prêmio na área de Ciências Físicas do Programa Para Mulheres na Ciência.
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O projeto premiado será contemplado com uma bolsa-auxílio de pesquisa no valor de R$ 50 mil. “Neste projeto proponho estudar galáxias Starburst como possíveis fontes de raios cósmicos de altas energias. Existe uma correlação medida (pelo Observatório Pierre Auger, na Argentina) entre a direção de chegada de raios cósmicos e a direção no céu de algumas galáxias Starburst próximas. Proponho neste projeto estudar alguns modelos que possam confirmar que este tipo de galáxia é bom candidato a fontes aceleradoras de partículas”, explica a pesquisadora.
“Galáxias Starburst tem intensa formação estelar, fortes ventos e alta luminosidade, o que pode ser um ambiente ótimo para processos de altas energias, inclusive aceleração de partículas. Starbursts próximas são da ordem de 50 Mpc (megaparsecs), ou aproximadamente 160 milhões de anos-luz”, completa Rita.
A professora se dedica ao estudo de raios cósmicos de altíssimas energias desde o doutorado, no Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP). “Desde então começou minha paixão que virou amor”. Esse amor faz com que Rita incentive os alunos em projetos como o Física em Braile e o Rocket Girls e divulgue a ciência em diferentes níveis escolares, com projetos de extensão para professores da rede pública de Palotina.
Sobre o prêmio, além da bolsa para pesquisa, Rita ressalta a importância do reconhecimento para pesquisadores do interior dos estados. “Muitos alunos acabam indo para capitais, para avançarem nos estudos em centros de excelência. Ser reconhecida em um campus do interior mostra que existem cientistas de excelência no interior também e que futuramente nossos alunos não precisarão mais migrar para capitais. Além disso, espero que as agências de fomento invistam mais nos pesquisadores que trabalham com ciência básica em universidades do interior, gerando dessa forma um desenvolvimento maior dessas regiões e, consequentemente um desenvolvimento do país”.
Como mulher, negra e pesquisadora, Rita já vivenciou situações de racismo, dentro e fora da academia. “Ser mulher em um ambiente de trabalho dominado por homens não é fácil e ser negra hoje é estar ali sozinha. Tenho uma grande missão neste sentido: incentivar a participação de meninas e de negros. Só diminuiremos o racismo quando ser negro for algo normal em qualquer ambiente”.
Com projetos para motivar jovens a se interessar pelas ciências exatas, Rita aconselha as meninas: “Não desanime! Obstáculos sempre teremos, mas o prazer de fazer ciência com qualidade supera qualquer desafio”.
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