2018 é ano de eleição e nunca o cenário político, pós Diretas, foi tão nebuloso. Assim como a maioria da nação, o eleitor afro-brasileiro não se identifica com nenhum partido ou candidato. A constatação veio de uma pesquisa realizada pelo painel B4B – BAP for Business, empresa especializada em pesquisas de consumo com foco na população negra, que entrevistou 1067 afrodescendentes da cidade de São Paulo, durante 10 dias no mês de novembro.
30% dos pesquisados não se sentem representados por nenhum candidato, mas o que se sentem, citaram Leci Brandão (7%), Jean Wyllis (4%), Márcio Black (4%) e Douglas Belchior (3%) como seus favoritos.
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Quando apresentados para políticos negros mais conhecidos, Marina Silva, foi reconhecida por 80% dos pesquisados e a menos reconhecida foi Lidece da Mata, lembrada apenas por 9,4%. Fernando Holliday também aparece nessa pesquisa, sendo reconhecido por 38,8% dos pesquisados, um pouco mais que Paulo Paim (35,6%).
Entre os possíveis candidatos à presidência, brancos e negros, incluindo Lula , Bolsonaro, Maria Silva, Joaquim Barbosa e MV Bill são os candidatos preferidos, com 45% e 35% das intenções de votos, respectivamente.
Celebridades negras candidatas
“São muitos dados, mas é interessante ver como no Brasil a situação política não se resolve apenas em direita e esquerda e dentro da comunidade preta isso não é diferente. Se por um lado muitas pessoas se afirmaram como de esquerda, há uma certa dissonância quando se faz o cruzamento com os candidatos e os partidos que representam essas pessoas. Foi possível perceber que o voto está mais ligado à personalidade e plataforma política do que com partidos e ideologia”, explica Luanna Teofillo, fundadora do Painel BAP.
De acordo com a empresária, ficou evidente a falta de esperança no sistema político e a falta de representatividade. “Como as pessoas não se sentem representadas pelos políticos, muitas citaram artistas, personalidades , intelectuais, ou seja, vemos que a atuação política muitas vezes é identificada fora do sistema político”, esclarece.
Douglas Belchior que aparece na pesquisa, vê essa presença de celebridades negras no cenário político como uma estratégia dos partidos. “Ano que vem vai ser um ano que se terá muitas candidaturas de figuras públicas negras em diversos partidos, da esquerda à direita porque dá retorno eleitoral. Porém não basta ser preto é preciso que haja um vínculo com as pautas negras”.
Ainda de acordo com Belchior o “voto racial”, juntará coeficiente que ajudará a eleger os “brancos de sempre” ou eleger candidatos negros que não estão preocupados com as causas negras.
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