Quando Angela Davis disse em sua visita no Brasil em Julho, que quando a mulher negra se movimenta, toda a sociedade se movimenta junto, ela estava correta. Uma pesquisa recém lançada pela Nielsen, um dos mais respeitados institutos de pesquisa do mundo, comprova essa premissa.
São as afro-americanas quem ditam tendências, mostram ser mais fiéis as marcas e é o grupo que mais se preocupa em projetar uma imagem positiva.
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A pesquisa “African American Women: Our Science, Her Magic,” (Mulher afro-americana: nossa ciência, sua mágica”, uma alusão ao termo Black Girls Magic, foi apresentando durante o Congressional Black Caucus Foundation na primeira quinzena de Setembro, nos EUA.
De acordo com o relatório, até as preferencias de consumo dessas mulheres estão ressoando em todo território americano e a expectativa é de que até 2021, elas serão responsáveis pela injeção 1,5 trilhões de dólares na economia nacional.
O número de afro-empreendedoras também cresceu 67% de 2007 a 2012, mais do que todas os outros grupos somados.
“As mulheres negras têm fortes valores de afirmação da vida e se entregam em tudo o que fazem. A celebração de seu poder e beleza se reflete no que eles compram, observam e escutam, e pessoas fora das suas comunidades, são inspiradas por elas”, diz Cheryl Grace, Vice-Presidente Sênior de Alianças Estratégicas dos Estados Unidos e Engajamento do Consumidor da Nielsen durante a apresentação do relatório.
“Compreender como os valores das mulheres negras afetam suas decisões de compra tem sido uma necessidade de marketing. Agora, os empresários também devem reconhecer a influência intercultural das mulheres negras no mercado geral, como uma parte cada vez mais vital de como todas as mulheres se vêem, suas famílias e o resto do mundo”, acrescenta Grace.
O estudo não ignora que muitas mulheres negras americanas estão abandonando a química e optando pelo cabelo natural. 60% das mulheres negras disseram comprar produtos naturais porque estão preocupados com o meio ambiente e 46% confirmaram que costumam usar produtos de beleza naturais ou orgânicos, reforçando a importância que essas mulheres dão em projetar uma imagem positiva.
No Brasil
Apesar de haver vários estudos relacionados a classe C, onde estão a maioria das mulheres negras, não há um estudo específico sobre gênero e raça que estude os hábitos de consumo das afro-brasileiras como um todo.
Porém, não podemos negar que a representatividade na publicidade tem crescido. Até a Mercedes Bens, tradicional marca alemã de carro, tem agora a rapper Karol Conká como o rosto da nova campanha da marca, que pretende conquistar consumidores mais jovens.
A Beauty Fair, maior feira de beleza da América Latina, ganhou uma versão para cabelos crespos e cacheados, mas sabemos bem qual o perfil da mulher que eles querem atingir. Poderíamos arriscar em dizer, que o consumo de produtos de beleza para cabelos afro são os que aquecerem a indústria nesses últimos anos.
Mesmo ainda sendo a base da pirâmide social, a mulher negra brasileira estuda cada vez mais e cuida mais de si mesma.
Se os braços dessas mulheres construíram esse país, há grandes chances que seu dinheiro ajuda o Brasil a sair da crise, até por que ao contrário dos EUA, aqui somos a maioria.
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