Há 10 dias das eleições, o Instituto Marielle Franco apresenta versão preliminar da pesquisa ‘Violência Política Contra Mulheres Negras’ realizada com apoio da Terra de Direitos e Justiça Global, com candidatas negras de todas as regiões do Brasil. O estudo tem como objetivo analisar o cenário da violência política eleitoral contra mulheres negras, que se comprometeram com a Agenda Marielle Franco, projeto também do Instituto.
78% das candidatas negras nas eleições 2020, que responderam a pesquisa relataram ter sofrido algum tipo de violência virtual. As ofensas vão desde xingamentos racistas em suas páginas, até ataques sincronizados em transmissões ao vivo. Os principais agentes desses tipos de ações são grupos não identificados (45%), candidatos ou grupos militantes de partidos políticos adversários (30%) e grupos anti-feministas e grupos anti-feministas, racistas e neonazistas (15%).
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Visibilizando o impacto que este tipo de violência tem sobre a vida política destas mulheres, o Instituto busca caminhos de superação e produção de medidas efetivas para a mudança desse cenário no âmbito nacional. Após o período eleitoral será lançada uma segunda versão, mais ampla, deste trabalho.
Sob o ímpeto de racializar a discussão de violência política no Brasil, o Instituto Marielle Franco mapeou junto a candidatas das eleições de 2020 as principais manifestações deste tipo de violência no exercício da vida política de mulheres negras que concorrem ao pleito este ano. São as mulheres negras que lideram os processos de transformação social nos mais diversos territórios do Brasil, reconhecer a importância e liderança que estes corpos têm na defesa de uma democracia plural, verdadeiramente participativa, antirracista, antimachista e LGBTIQ+fóbica é essencial.
“A pesquisa realizada pelo Instituto Marielle Franco tenta retratar o impacto que a violência política tem sob os corpos de mulheres negras candidatas nas eleições de 2020. É importante ressaltar que historicamente, as mulheres negras que se colocam à disposição para concorrer ao pleito institucional têm sido recebidas por violências e opressões estruturais de raça, gênero e classe. Em nosso estudo, identificamos que quase 8 a cada 10 mulheres candidatas comprometidas com a Agenda Marielle Franco, que responderam essa pesquisa, apontaram que já sofreram algum tipo de violência virtual. Por outro lado, do total de mulheres que sofreram violência política nestas eleições, apenas 32% efetuou denúncia. Esperamos que esta pesquisa ajude a visibilizar esse cenário no país e impulsione as autoridades públicas a pensar em medidas efetivas e imediatas de combate a essa violência que afeta mulheres negras das mais diferentes formas”, avalia Anielle Franco, diretora executiva do Instituto Marielle Franco.
Esse é o primeiro informe de uma pesquisa, que terá uma versão completa – com outros dados sobre mais tipos de violência política – antes do segundo turno do período eleitoral. Para conferir a pesquisa e se inscrever para receber em primeira mão o segundo informe da pesquisa é só acessar www.violenciapolitica.org.
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