Muitos membros da comunidade negra de São Paulo ficaram em choque com o resultado da apuração dos desfiles das escolas de samba de São Paulo, realizado nessa terça-feira, 5. A campeã foi a escola Mancha Verde cujo tema do desfila foi “Oxalá, Salve a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra”, onde por suas redes sociais, a Mancha disse que “quis espelhar para o mundo o recado de igualdade, liberdade e resistência, celebrando o povo negro”.
Também apresentando temática da negritude, por meio do afrofuturismo, a Vai-Vai teve o pior resultado de sua história, ficando em último lugar, mas com apenas 1,2 pontos de diferença da campeã. “O Quilombo do Futuro”, foi o tema da tradicional escola paulistana, que mais coleciona prêmios, com um total de 15 títulos conquistados.
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“Nada de novo no país do genocídio. Apagamento é a regra”, comentou a Deputa Estadual Erica Malunguinho, um dos destaques no desfile desse ano da Vai-Vai. Ela abriu um debate em sua conta no Instagram onde seguidores se dividiam entre concordar com Erica e achar que a escola apresentou problemas. Para quem criticou, Malunguinho foi didática: “Não é sobre Vitórias ou perdas de um concurso. A questão é simbólica e o apagamento é regra. Não sou especialista em julgamento de escolas de samba, mas desconfio da absoluta idoneidade em qualquer julgamento que seja. Acho que o mínimo de critério como espectadores nós temos, e neste sentido, a posição dada a escola foi muito aquém do esperado”, justificou a Deputada.
“Ganhou uma escola majoritariamente branca que se achou no direto de falar sobre o povo preto”, disse uma seguidora de Erica. Outro acrescentou: ” Se as nossas agremiações não se organizarem mais e melhor, e não forem mais criativas, o problema não será só um concurso que se ganha ou perde, quem vai perder é a nossa cultura negra , nosso samba e ancestralidade”.
Outros destaques se manifestam
Patrícia Santos, fundadora da Empreguafro, que também desfilou para a Vai-Vai, fez seu desabafo: “Fica a lição sim, dos erros cometidos, das melhorias que devem ser feitas e dos ajustes extremamente necessários! Acompanhei como convidada, nos últimos quatro meses, pela primeira vez de perto, o engajamento e paixão de uma escola de samba. Vi a construção do passo a passo do projeto de um carnavalesco experiente e muito dedicado.
A coragem de colocar na avenida um tema desafiador num país estruturalmente racista…não dá pra não estudar e falar sobre isso também. Aprendendo e parabenizando a todos do Quilombo do Futuro!”.
Visivelmente abatido, o ator Taiguara, tradicional presença na comissão de frente da escola, falou sobre a derrota. “Nós recebemos vários prêmios como melhor comissão de frente, e hoje os jurados detectaram algo muito grave. Tem gente tirando sarro e rindo do meu choro. Nosso trabalho foi longo, ardo e de devoção. Se algo foi nossa culpa perdão, vamos esperar a justificativa. A tristeza não tem tamanho”, finalizou.
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