Nascer num país que exalta a pele branca e a miscigenação pode fazer até as pessoas que nascem em famílias negras se entenderem e serem socializadas como brancas por terem a pele mais clara. Foi assim com Antonio Isuperio, o entrevistado desta semana do podcast Falas Diversas, da jornalista Silvia Nascimento.
“Sair do armário da negritude, foi muito mais violento do que sair do armário da LGBTfobia. Eu falo isso para as pessoas, elas ficam surpresas, mas para mim, realmente me reconstruir dentro de toda ancestralidade, reconhecer todos os valores que a minha família sempre teve e que foram apagados, inclusive pelo os meus parentes diretos, que são os meus pais, foi um processo muito violento”, detalha Antonio Isuperio, arquiteto, nascido no interior de Goiás e que hoje vive em Nova York (EUA).
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Com 100 mil seguidores no seu perfil no Instagram, ele usa seu alcance para denunciar casos de racismo e expor os absurdos que a branquitude pratica cotidianamente. O que para alguns pode ser considerado apenas problematização, é, entre outras coisas, uma técnica que Isuperio usa para manter sua saúde mental. “Eu decidi que eu não iria me calar nunca mais. Eu ficaria realmente muito mal da saúde mental, se eu não pudesse problematizar e falar sobre isso e respeitar que eu sou o sonho dos meus ancestrais que tiveram que morrer para eu estar no lugar que eu estou, com acesso à educação, acesso aos pequenos espaços de poder que eu já consegui participar, então eu não vou me calar”, explica.
O colorismo foi um dos temas do bate-papo. Isupério só se descobriu negro na fase adulta, há 9 anos. “Reconquistar essa perda da identidade, toda essa violência que eu tive, foi realmente no período pós-universidade, quando eu me envolvi com os movimentos sociais, então por isso que eu sempre vou defender a os movimentos sociais, porque são eles que resgatam a nossa humanidade”, disse o creator.
Cinema e arquitetura foram outros assuntos que surgiram ao longo dessa conversa disponível no nosso canal no Youtube e também no Spotify.
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