Por Shenia Karlsson
Nesse cenário de polarização, o Brasil tornou-se uma arena perfeita para o direcionamento de violências aos corpos que sociedades racistas geralmente escolhem como objetos para as suas projeções: os corpos negros. Vale muito ficarmos atentos, nas ruas, nas redes sociais, nos espaços públicos.
Notícias Relacionadas
Aliados ou Protagonistas? O perigo de brancos ‘salvadores’ no agenciamento de carreiras negras
O poder da comunicação antirracista na transformação social, conheça 3 grandes iniciativas de impacto
A política tornou-se realmente uma pauta central na vida do brasileiro, embora para nós, corpos negros, seja recente a participação tanto em espaços de poder quanto nas decisões, visto que sempre fomos vistos como números, massa de manipulação. É um showzinho ali, umas cestinhas básicas aqui e, assim, temos sido excluídos e acumulado todos os ônus num país que nunca priorizou política pública para nós.
Contudo, as coisas estão mudando, meus caros leitores, as nossas participações têm aumentado mesmo que timidamente, e mesmo assim têm causado muito incômodo. Com a ascensão da extrema direita e consequentemente da violência política contra nós, devemos tomar medidas importantes a fim de nos preservar. Se quisermos um dia ver mudanças significativas para o nosso povo, devemos ser estratégicos.
Esse artigo é sobre como implementar medidas para garantir nossa saúde mental durante esse fim de semana de eleições. Bora deixar baixo essa parada? Então vamos lá.
1- Evite discussões desnecessárias nas redes sociais
O cyberbullying é uma modalidade de violência de ampla disseminação, os discursos de ódio e os assédios nas redes sociais causam sofrimento psíquico como crises de ansiedades, angústia, sentimento de impotência, tristeza e até pode levar ao suicídio em muitos casos. A polarização política mobiliza muitas emoções negativas, ativa a raiva e o descontrole. E qual o resultado? Acabamos por nos ver em situações que poderiam ser evitadas, por ofender quem nem ao menos conhecemos e a tecer julgamentos superficiais. Se por ventura sentir que a interação está tomando caminhos tortuosos, dê meia volta e vá na sua paz, não vale a pena pois é muito estresse.
2- Aquele irmão/irmã negra que vota no 22? Deixe estar!
Existe uma diversidade imensa em nossa comunidade, estamos todos em processos diferentes de evolução. Não somos uma massa uniforme, o direito a cidadania é respeitar também a escolha do outro sem sentir-se ofendido e traído em nossa negritude. Negros de direita estão compactuados com os pactos da branquitude, sendo mais um dos sintomas do racismo estrutural desse país. Cada um com seu corre, certo?! O melhor é aquilombar com os seus, aqueles irmãos/irmãs fechamento, saca?! Curta sua vibe com os nossos, em todos os sentidos. Preserve-se!
3- Depois do voto, liberte!
Quando você for lá e apertar o….ahhhh, tu sabe qual número né?! EXQUÉEEECE!!!!! Larga desse controle porque só vai gerar ansiedade. Caso queira acompanhar o placar, faça com leveza, na comunhão, no relax. Somos quase 220 milhões de cabeças nesse país, a única coisa que podemos fazer é esperar pelo melhor e torcer para que tenhamos aprendido a lição.
PRIORIZE CADIDATOS/AS/ES NEGRES, por favor!
4- MUITO CUIDADO NOS ESPAÇOS E TRANSPORTES PÚBLICOS
Essa dica tem mesmo de ser com letras garrafais, porque em nosso caso, além de nos preocuparmos com a nossa saúde mental, temos que nos atentar para a preservação de nossas vidas. Quem não lembra do saudoso capoeirista Moa do Katendê morto à facadas após uma discussão sobre política? Sabemos que não vale o risco, então, adotemos medidas de precaução:
-Evite camisas vermelhas, não sejamos alvo, quem tem esse privilégio são os brancos, a esquerda ainda é branca em nosso país;
-Vá acompanhado ou em grupo, sozinhos nos tornamos um alvo mais fácil;
-Vote e evite ficar por aí dando mole, procure certificar-se que está em espaço de segurança;
-Evite embate com a polícia, sabemos que somos as vítimas perfeitas, especialmente os homens negros;
- Pegue leve com as bebidas, não fiquemos vulneráveis;
-E por último e não mais importante, mantenha-se vivo! Corpo e mente, ambos pulsantes.
E lembrem-se, “Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer” como diz a nossa estimada Conceição Evaristo. Vamos ter paciência, moderação, estratégia e gozar do que temos de mais valioso, nossa vivacidade. Boa eleição a TODES!
Notícias Recentes
Mell Muzzillo e Marcello Melo Jr. assumem namoro publicamente: "É uma relação sólida"
Mãe solo e ex-doméstica, candidata de 61 anos conquista primeiro lugar em vestibular exclusivo da UnB