Novelas, filmes, séries… no que diz respeito ao protagonismo negro nas produções brasileiras no audiovisual em 2023, eu, particularmente, começo a me sentir representada. Claro que ainda há muito o que melhorar, mas estou encerrando esse ano bem feliz com a quantidade de produções que destacaram nossa comunidade negra.

A começar pela novela de sucesso ‘Vai na Fé’ com Clara Moneke, Samuel de Assis, Sheron Menezzes, Bella Campos, entre todos os outros do elenco que nos representaram de forma tão brilhante, a ponto que vimos muitos comentários de internautas que voltaram a assistir as novelas graças a esse elenco e roteiro potentes, incluindo uma representação tão simbólica e respeitosa dos povos de terreiro e dos orixás.

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‘Vai na Fé’ também mostrou como a representatividade negra, além de atrair o interesse público, também é do interesse para negócios. Ela se tornou a novela com maior faturamento na história da TV Globo, ao conquistar ao todo, 15 patrocinadores e 60 ações publicitárias, ultrapassando o recorde do fenômeno de 2012, ‘Cheias de Charme’.

Foto: Divulgação/ TV Globo

Com ‘Amor Perfeito’ e ‘Terra e Paixão’, pela primeira vez a Globo exibiu todas as novelas com protagonistas negros. O feito histórico em horário nobre na TV aberta ainda ganhou destaque internacional, como no jornal britânico The Guardian.

Quanto ao cinema, em especial neste mês de novembro, estamos prestes a vivenciar um momento grandioso. ‘Ó, Pai Ó 2, estrelado por Lázaro Ramos, estreia no dia 23. A partir deste dia, teremos três filmes nacionais com protagonismo negro. Os outros dois que já estão em cartaz, são duas cinebiografias potentes: ‘Mussum, O Filmis’, protagonizado por Ailton Graça e Yuri Marçal, e ‘Nosso Sonho’, estrelado por Juan Paiva e Lucas Penteado

O filme sobre o humorista e sambista Mussum, lançado no dia 2 de novembro, fez história ao se tornar a maior estreia do cinema brasileiro em 2023, arrecadando cerca de R$ 640 mil, além de já ter faturado R$ 2 milhões no primeiro final de semana. Já o longa sobre a dupla Claudinho e Buchecha, ‘Nosso Sonho’, até o momento, é o filme brasileiro mais assistido do ano, somando 450 mil espectadores, segundo a última atualização da produção, divulgada no dia 31 de outubro. 

Foto: Angelica Goudinho

As séries brasileiras deste ano também não ficam para trás. ‘Histórias Impossíveis‘ da TV Globo trouxe grandes reflexões negras, indígenas e LGBTQIAPN+, e no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, será exibido o último episódio, estrelado por Leandro Firmino e Neusa Borges, o especial ‘Falas Negras‘.

Nos streamings, tivemos o grande sucesso da série ‘Cangaço Novo‘ com Alice Carvalho e Thainá Duarte, original Prime Video. Além de estrear no topo no Brasil, a produção também estreou entre as 10 mais assistidas em diversos países africanos, como Angola, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali e Moçambique.

Além disso, em breve nós também teremos a oportunidade de acompanhar a série da Paramount+ ‘Anderson Spider Silva’,  que contará a vida do lutador que se tornou um dos mais importantes atletas do mundo, com estreia marcada para 16 de novembro na plataforma de streaming. 

Foto: Globo/Manoella Mello

Peço desculpas se não mencionei aqui alguma produção brasileira com protagonismo negro lançada neste ano, mas pela primeira vez, perdi até o fôlego ao pensar em cada uma. Claro que ainda precisamos de avanços para que haja cada vez mais produções com protagonismo negro e sem estereótipos, bastidores com profissionais do audiovisual negro, mais investimentos público ou privado no setor, mas a comprovação da representatividade com bons resultados e faturamento pode ser o caminho para que a gente alcance esses objetivos.

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