“Foi criado durante muito tempo o estereótipo de que o Mussum morreu de cirrose. É mentira!”, diz o ator Ailton Graça, que dá vida ao grande humorista durante a vida adulta, em ‘Mussum, o Filmis’, durante entrevista ao Mundo Negro. O longa estreia no dia 2 de novembro. 

“Além do coração enorme, sobre a generosidade dele, ele morreu de coração, a partir da cirurgia que ele fez”, explica. Segundo o ator, o estereótipo ocorre devido ao apagamento da história das pessoas pretas no Brasil. “Nós tivemos o cuidado de limar um pouquinho todos esses estereótipos dentro do filme, porque é o nosso filme, é a nossa homenagem”, conta.

Notícias Relacionadas


E completa: “A branquitude invisibiliza as nossas histórias. Então, dentro da estrutura do filme, a gente queria que o nosso povo tivesse uma outra referência mais afetiva e de um outro ponto de vista da construção desse homem preto que venceu na vida através da mãe solo que ele teve”. 

Além disso, Ailton revela o cuidado com o roteiro, escrito por Paulo Cursino, para a homenagem no cinema. “[A sociedade] não trata com clareza a construção social do nosso país, os nossos problemas de depressão, os problemas sofridos que a gente herda desta estrutura racista e de um país que tem essa herança maldita de ter escravizado nosso povo. Então, ninguém pensa psicologicamente como é que isso se dá, como é que isso acontece”. 

Cinnara Leal e Ailton Graça em entrevista para o Mundo Negro (Foto: Divulgação)

Já a atriz Cinnara Leal, que interpreta Neila, esposa de Mussum, conta para o Mundo Negro como também mudou o seu olhar sobre o humorista após o filme, trazendo inclusive suas experiências pessoais. 

“Eu trabalhava desde cedo. Com 13, 14 anos eu já dava aula para pagar os meus estudos. Mas domingo, a gente estava ali pra ver ‘Os Trapalhões’, então não chegava pra mim com esse olhar [do filme]”, diz a atriz.

Para Cinara, quando as pessoas pretas podem contar a sua própria história, valoriza o artista sem os estereótipos racistas. “Protagonista da sua própria história. É a chance de gerações conhecerem o Antônio Carlos, a história de resistência e de mulheres potentes que tinham na vida dele, e o quanto a arte se tornou um chamado para ele. A partir dessas relações que ele tinha na vida, ele não desistiu e conseguiu seguir esse chamado”, diz.

“Isso é muito difícil até hoje, você conseguir realizar os seus sonhos. Eu, como mulher preta do conjunto habitacional do Rio de Janeiro, tive essa mãe solo que apoiou e me incentivou a estudar para eu poder seguir os meus sonhos, assim como a mãe do Mussum”, conta. “Me chama para minha própria história. Contar a nossa história, ressignifica o nosso passado, para construir um futuro diferente”.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments